Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
[Objetivo: conferir lista dos mais
citados pelo Google Scholar; finalidade:
verificar a disponibilidade e reapresentar por completo]
Introdução
A ferramenta de busca de
artigos publicados do Google Scholar é um poderoso auxiliar das pesquisas acadêmicas,
e sempre recorro a ela quando preciso me atualizar sobre os trabalhos mais
importante numa determinada área. Eu mesmo mantenho o meu link ali: http://scholar.google.com/citations?hl=en&user=OhRky2MAAAAJ. Pois bem: fui verificar o meu “estado da arte” nesta
data (8 de janeiro de 2018), e recolhi a lista abaixo, muito grande, da qual
seleciono os 50 mais citados, mas aproveitando para recompor a informação sobre
cada um deles e atualizando os links de localização. Os números entre parênteses se referem ao ano
de publicação e o volume de citações.
revista Sociologia e Política (Curitiba: UFPR;
ISSN: 0104-4478; nº 20 junho 2003, pp. 87-102; Dossiê Relações internacionais:
organização Rafael A. D. Villa; link: http://www.scielo.br/pdf/rsocp/n20/n20a8.pdf).
in: José Augusto Guilhon de Albuquerque
(org.), Sessenta Anos de Política Externa
Brasileira (1930-1990), Volume I: Crescimento,
modernização e política externa (São Paulo: Cultura Editores associados,
1996), pp. 173-210. Relação de Trabalhos nº 223 (com cortes de notas). Nova
edição, revista e remanejada, preparada em 2005; publicada, sob o título de “A
Diplomacia do Liberalismo Brasileiro” in José Augusto
Guilhon Albuquerque; Ricardo Seitenfus; Sérgio Henrique Nabuco de Castro
(coords.); Sessenta Anos de Política Externa Brasileira (Vol. I - 2ª Edição –
ISBN: 85-7387-909-2; Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2006, p. 211 – 262;
disponível no link: https://www.academia.edu/5661933/223_A_Diplomacia_do_Liberalismo_Econ%C3%B4mico_As_rela%C3%A7%C3%B5es_econ%C3%B4micas_internacionais_do_Brasil_durante_a_Presid%C3%AAncia_Dutra_1992_).
Os
primeiros anos do século XXI: o Brasil e as relações internacionais
contemporâneas (São
Paulo: Editora Paz e Terra, 2002; 286 p.; ISBN: 85-219-0435-5). Relação de
Trabalhos nº 781.
Paulo Roberto de Almeida (Coord.): Mercosul: Textos Básicos (Brasília:
Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais-Fundação Alexandre de Gusmão,
Coleção Integração Regional nº 1, 1992).
Contexto
Internacional (Rio
de Janeiro: Instituto de Relações Internacionais da PUC-RJ; vol. 26, nº 1,
janeiro-junho 2004, p. 7-63; ISSN: 0102-8529; link:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-85292004000100001&script=sci_abstract&tlng=pt).
O site do Google Scholar
também indica, em relação a meus artigos e livros, os seguintes dados: Citações
totais: 1.587; desde 2013: 609; h-index: 18; desde 2013: 11; i10-index: 45;
desde 2013: 15; mas desconheço o significado destes índices.
'Governo dá sinais na
contramão', diz ex-secretário do Ministério da Fazenda”
Entrevista Marcos Lisboa
Folha de São Paulo, 6/01/2018
A proposta em discussão pelo governo de suspender a chamada
"regra de ouro" –que impede a União de captar recursos no mercado em
volume superior aos investimentos– talvez seja inevitável, mas precisa ser
acompanhada de contrapartidas, diz o economista Marcos Lisboa, presidente do
Insper e colunista da Folha. Para ele, que foi secretário de Política Econômica
do Ministério da Fazenda, sem essas contrapartidas o governo vai contratar uma
grave crise e avisa: o Rio não está tão distante assim.
Folha - O que leva o governo a discutir a regra de ouro?
Marcos Lisboa - A realidade. Talvez seja inevitável essa
mudança, mas ela pode ser feita em meio a ajustes mais severos. Junto, é
preciso discutir acabar com as desonerações da folha de salários. Também não dá
para aumentar limites para o Simples [regime tributário das pequenas empresas]
como está sendo feito. Discutir a regra de ouro é extremamente preocupante.
- Mas não é isso que o governo está tentando fazer?
- Espero que a discussão inclua flexibilizar a regra por algum
tempo, mas com contrapartidas. O BNDES também tem que devolver o dinheiro que
recebeu do Tesouro, é preciso fazer a reforma da Previdência e, no âmbito dos
Estados, teremos que discutir o que significa direito adquirido, pois o
problema deles é a folha de pagamentos. O que surpreende é que chegamos a esse
nível de degradação com complacência da sociedade.
- Essa complacência atinge seus pares economistas?
- Todos nós. O governo, junto com o Congresso, teve uma agenda
importante de avanços que têm que ser reconhecidos, como o teto de gastos, mas
há muito a ser feito no ajuste fiscal de mais curto prazo para garantir o
equilíbrio das contas públicas e enfrentar o deficit primário que temos hoje,
na faixa de R$ 150 bilhões por ano.
- O que precisa ser feito?
- Se um policial sem receber há dois meses não desperta um
imenso alerta que reformas importantes têm que ser feitas, eu não sei mais o
que desperta. E o governo dá sinais na contramão quando a Caixa volta a
financiar Estados. Será que não aprendemos nada com o erro dos últimos anos? É
melhor vedar de vez qualquer empréstimo da União aos Estados. A Caixa acabou de
dar R$ 600 milhões para o Estado de Goiás. Será que a gente vai ter que
assistir o Estado de Goiás em 2109 virar um novo Rio de Janeiro?
- O sr. acha que sim?
- Acho. Como a Caixa pode voltar a emprestar para os Estados?
Como é que podem usar dinheiro dos trabalhadores [recursos do FGTS] para
capitalizar a Caixa?
- Mas a Caixa é a grande financiadora imobiliária do país.
- Talvez o país tenha que pensar em outros mecanismos menos
sujeitos a pressões oportunistas ou gestão incompetente como vimos nos últimos
anos. Se não conseguimos fazer uma gestão eficiente da Caixa, talvez o melhor
seja mesmo privatizá-la.
- Incompetência deste governo também?
- Esse governo é dois para lá, dois para cá. Tem tido avanços
importantes em algumas questões, como a discussão da reforma da Previdência,
mas retrocessos também. Grandes. Volta e meia há um retorno ao passado de usar
recursos públicos para empurrar os problemas para 2019. Mais ainda: não se
consegue fazer os ajustes. Acaba se optando por, em vez de tratar o tumor, dar
morfina porque ela tira a dor e dá um barato.
- O prazo político para isso não acabou?
- Temo isso porque, se não fizermos ajustes em 2018, teremos
problemas mais severos em 2019. Mas é sempre possível piorar. A Venezuela que o
diga.
- O próximo passo pode ser atacar o teto de gastos?
- O país pode sempre escolher tomar mais morfina do que
enfrentar a doença. Nós nos acostumamos com tudo. Aprovar mudanças na regra de
ouro sem contrapartida seria contratar uma crise mais grave no futuro. Se isso
não for parte de um pacote que garanta a estabilização da dívida sobre o PIB
nos próximos anos, o cenário pode ser muito ruim. O Rio de Janeiro não está tão
distante assim.
A desigualdade ENTRE países está diminuindo, como já demonstraram muito tempo atrás (2002, 2006), os estudos do economista catalão (e torcedor do Barça), professor em Columbia, Xavier Sala-i-Martin, atualmente economista-chefe e responsável pelos relatórios do World Economic Forum sobre competitividade mundial.
Mas a desigualdade DENTRO dos países está aumentando, tanto nos países desenvolvidos quanto nos emergentes e em desenvolvimento, como já demonstraram vários estudos.
O que isso tem a ver com o comércio internacional? Nada, ou quase nada, como demonstra Jeffrey Frankel. Ou pouco, muito pouco.
A desigualdade aumenta com a qualificação do trabalho e com "prêmios" maiores atribuídos ao capital, relativamente ao trabalho, como diria um pikettiano. Isso é um problema? De forma nenhuma. Apenas demonstra que TODOS deveriam aumentar o seu capital intangível, o que não fizeram os preguiçosos trabalhadores não qualificados dos países avançados. Eles entraram numa "armadilha da renda média": já dispondo de uma remuneração adequada para um padrão de consumo satisfatório, passam as noites na frente da TV em lugar de continuar estudando, como todos devem fazer, para se reposicionar nos mercados de trabalho. Ser operário a vida inteira não é garantia para ninguém.
Esta é a minha "teoria" para a reconcentração de renda dentro dos países.
Portanto, não me venham com protecionismo comercial.
Ao contrário: o comércio exterior LIVRE aumenta as rendas dos cidadãos em todos os países, mesmo entre os não conectados diretamente a ele, pois permite mesmo a um desempregado comprar bens mais baratos.
Em conclusão (e aqui vale para os IDIOTAS que estão defendendo as políticas do Trump): as medidas protecionistas adotadas pelo presidente idiota vao tornar os americanos mais pobres e retirar empregos dos seus próprios eleitores.
Paulo Roberto de Almeida
São Paulo, 7/01/2018
To explain the rise in inequality that began in the 1980s and has accelerated since the turn of the century, many have pointed out that indicators of globalization, such as the trade-to-GDP ratio, have also been rising rapidly over the same period. But does that correlation imply a causal link between trade and inequality?
CAMBRIDGE – Inequality has become a major political preoccupation in the advanced economies – and for good reason. In the United States, according to the recently released World Inequality Report 2018, the share of national income claimed by the top 1% of the population rose from 11% in 1980 to 20% in 2014, compared to just 13% for the entire bottom half of the population. Qualitatively similar, though less pronounced, trends characterize other major countries such as France, Germany, and the United Kingdom.
To explain the rise in inequality that began in the 1980s and has accelerated since the turn of the century, many have pointed out that indicators of globalization, such as the trade-to-GDP ratio, have also risen since 1980. But does that correlation imply a causal link between trade and inequality?
There are certainly reasons to doubt it. The global trade-to-GDP ratio peaked in 2008 at 61%, after a 35-year climb, falling back to 56% by 2016 – at precisely the time when fear of globalization reached political fever pitch.
What if we look at the world as a whole, rather than individual countries? As Columbia’s Xavier Sala-i-Martin pointed out in 2002 and 2006, even as inequality has risen in nearly every country, inequality across countries has decreased, owing largely to the success of developing countries like China and India in raising their per capitaincomes since the 1980s.
Multiple factors, including urbanization, high savings rates, and improved access to education, undoubtedly underlie these countries’ impressive performance. But, if one uses geography to isolate exogenous determinants of trade, it becomes apparent that trade has been among the most powerful drivers of Asia’s economic success, and thus the convergence between the developed and developing worlds.
For someone like US President Donald Trump, this would indicate that Asia’s success has come at America’s expense. This view of trade as a zero-sum game was a feature of the mercantilist theory that reigned three centuries ago, before Adam Smith and David Ricardo made the case that trade would normally benefit both partners, by enabling each to take advantage of their comparative advantages.
But the Smith-Ricardo theory has a key limitation: it does not distinguish among a country’s citizens, and therefore cannot address the question of income distribution within a country. Given this, the Heckscher-Ohlin-Stolper-Samuelson model may be more useful, as it distinguishes between workers and owners of physical, financial, or human (skills) capital.
The HO-SS theory, which dominated international economic thinking from the 1950s through 1970s, predicted that international trade would benefit the abundant factor of production (in rich countries, the owners of capital) and hurt the scarce factor of production (in rich countries, unskilled labor). Workers could command higher wages if they did not have to compete against abundant labor in poorer countries.
Then came the post-1980 revolutions in trade theory. Paul Krugman and Elhanan Helpmanintroduced the previously neglected elements of imperfect competition and increasing returns to scale. Later, in 2003, Marc Melitz showed how trade could shift resources from low-productivity to high-productivity firms.
Critics of globalization latched onto these newer economic theories, claiming that they demanded a rethinking of the traditional case for free trade. It was precisely at that time, however, that the HO-SS trade theory’s prediction that free trade would hurt lower-skill workers in rich countries apparently began to materialize.
Yet not all of the HO-SS theory’s predictions have come true. As Pinelopi Goldberg and Nina Pavcnik reported in 2007, the expectation that trade would reduce inequality in the countries with the most unskilled workers, because their services are in greater demand in an integrated world market, has not been borne out. “There is overwhelming evidence,” they write, “that less-skilled workers in developing countries “are generally not better off, at least not relative to workers with higher skill or education levels.” In the same year, Branko Milanović and Lyn Squire also found that tariff reduction is associated with higher inequality in poor countries.
Ten years later, inequality continues to worsen within developing countries, including the so-called BRICS emerging economies. In Brazil, the top 1% accounts for 25% of national income. In Russia, the income share of the top 1% of the population increased from 4% in 1980 to 20% in 2015. Likewise, in India, that figure rose from 6% in 1982 to 22% in 2013. In China, it surged from 6% in 1978 to 14% in 2015. And, in South Africa, it rose from 9% in 1987 to 19% in 2012. A look at the top 10% of earners shows similar trends.
This does not mean that the forces described by the HO-SS theory are irrelevant. But there is clearly more to current inequality trends than trade. Technological progress – which has raised demand for skilled workers relative to unskilled workers, at a time when the supply of skilled graduates lags – seems to be a major factor everywhere. The growing tendency of many professions to produce winner-take-all outcomes may play a role as well. A lack of redistribution through taxes in a country like the US (compared to major countries in Europe) does not help matters.
Inequality is clearly a serious problem that merits political attention. But focusing on trade is not the way to resolve it.
Jeffrey Frankel, a professor at Harvard University's Kennedy School of Government, previously served as a member of President Bill Clinton’s Council of Economic Advisers. He is a research associate at the US National Bureau of Economic Research, where he is a member of the Business Cycle Dating Committee, the official US arbiter of recession and recovery.