Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
Investimentos diretos: no e do Brasil, Asia no circuito
Cleide Silva
O Estado de S.Paulo, 15/02/2011
Depois da Hyundai, que constrói fábrica de carros em São Paulo, empresas de vários segmentos negociam instalações no País
O anúncio, na sexta-feira, da instalação em São Paulo da primeira fábrica do conglomerado Doosan, que vai aplicar R$ 100 milhões na produção de máquinas escavadeiras é mais uma indicação da nova onda de investimentos coreanos no Brasil, a mais forte desde os anos 90, quando chegaram as fabricantes de eletroeletrônicos LG e Samsung.
No ano passado, o País recebeu US$ 1 bilhão em investimentos produtivos de empresas da Coreia, um aumento de 688% em relação a 2009, quando somou R$ 132 milhões. A Kotra, divisão comercial do Consulado da Coreia em São Paulo calcula que o País abriga 70 empresas coreanas, muitas delas inauguradas no ano passado, e que mais 100 estudam ou já negociam instalações locais.
O professor de relações internacionais da Universidade Hankuk, de Seul, Hee Moon Jo, diz que "a estabilidade política e o desempenho econômico crescente do Brasil, além de seu grande mercado interno" tem atraído empresas da Coreia a instalarem bases de produção para abastecer também a América do Sul.
Uma característica dos grandes empreendimentos é atrair os fornecedores mais próximos. No rastro da Doosan, a também coreana Dabo Precision confirmou fábrica em Americana, ao lado da cliente, para fornecer maquinário de injeção plástica.
A Hyundai, maior montadora de veículos na Coreia e quinta no mundo, já garantiu ao seu redor sete empresas coreanas de autopeças no terreno em Piracicaba (SP) onde constrói fábrica para produzir inicialmente 150 mil automóveis por ano, projeto de US$ 600 milhões com previsão de gerar 1.500 empregos.
A Myoung Shin (carrocerias), a Hwashim (para-choques, peças para porta e barra de direção), a Hanil (sistemas interiores), a Doowon (ar condicionado), a THN (chicotes e outros itens), a Mobis (partes interiores) e a Dymos (bancos) vão investir, juntas, cerca de US$ 250 milhões e abrir 1.100 vagas.
Soma-se ao grupo que ficará ao redor da fábrica a francesa Faurecia, que já tem fábrica em Limeira, mas instalará linha de montagem de sistemas de escapamento em Piracicaba. Na vizinha Rio das Pedras está em obras a unidade da Samsong que fará cintos de segurança.
O diretor da empresa, Myoungjoong Lee, diz que também fornecerá componentes para a General Motors, assim como a Mando, outra coreana que se instalará em Limeira para produzir freios ABS. A empresa de logística Glovis, que dará suporte à Hyundai, ainda negocia local para instalação.
"A imagem do Brasil mudou muito lá fora e o País tem sido visto como importante player (jogador) mundial, por isso tem despertado o interesse dos coreanos", avalia Shin Jae Kim, sócia responsável pela região da Ásia do Tozzini Freire Advogados. Foi ela quem assessorou a vinda da Hyundai e da Doosan, entre outras empresas da região.
Celebração em coreano. Além das empresas, a chegada da Hyundai a Piracicaba, com início de produção experimental prevista para o fim do primeiro semestre de 2012, está movimentando outras áreas na cidade de 365 mil habitantes. No início do ano, dois restaurantes de comida típica da Coreia foram abertos e um terceiro está em fase de inauguração.
Um deles é de propriedade de Luiz Lee, coreano que está no Brasil há vários anos. Ele atua em São Paulo na área de importação e exportação de eletrônicos e viu uma nova oportunidade de negócio. O outro restaurante, batizado de Lago Asul (sic), também pertence a famílias coreanas que já viviam no Brasil.
Para atender as famílias coreanas que estão se mudando para a cidade, principalmente de executivos que comandam as instalações das fábricas, um pastor da igreja presbiteriana veio da Coreia e todas as manhãs de domingo faz celebrações no idioma natal.
Imóveis de alto padrão antes alugados a R$ 3 mil passaram para R$ 6 mil. Empresas do ramo tiveram de se adaptar às demandas dos novos moradores. "A maioria quer casa ou apartamento já mobiliado e isso não é comum na cidade", afirma Angelo Frias Neto, dono da maior imobiliária local, a Frias Neto. "Tivemos de convencer proprietários a alugarem imóveis já com mobília", diz ele, justificando em parte o aumento de preços. Frias Neto também preside a Associação Comercial e Industrial de Piracicaba (Acipi).
O prefeito de Piracicaba, Barjas Negri, confirma o efeito em cadeia que a montadora está provocando, mas nega que o município vá abrigar o que alguns chamam de "cidade Hyundai", um conglomerado com infraestrutura própria para anteder os empreendedores coreanos. "Isso é lenda", diz. Ele afirma que vários cursos profissionalizantes em parceria com o Senai e a Fatec estão sendo abertos para preparar mão de obra.
O terreno onde a Hyundai e alguns fornecedores estão se instalando foi adquirido pela Prefeitura em 2007 e doado à Hyundai, que também ganhou infraestrutura e isenção de IPTU, entre outros incentivos.
"O terreno abrigava um canavial e, como área rural, não recolhia IPTU", diz Negri. Ele calcula que a Hyundai vai gerar cerca de R$ 60 milhões ao ano em impostos para o Estado e que 25% do montante ficará com os municípios.
Outro empreendimento inaugurado na cidade no início do mês é o escritório do Demarest & Almeida Advogados, que assessora várias das fabricantes de autopeças. "A proximidade vai facilitar o atendimento", afirma o diretor Mario Roberto Villanova Nogueira.
Os coreanos também querem aproximação maior com os piracicabanos. Um grupo de 60 estudantes esteve na cidade no mês passado e participou de programas sociais. Também no fim de janeiro, a Hyundai levou ao município o time de futebol patrocinado por ela, o Jeonbuk, para partida com o XV de Piracicaba. O jogo terminou em empate, 2 x 2.
Nova investida. Além dos novos negócios, empresas já consolidadas no País estão ampliando atuação. Na semana passada, em anúncio feito na Coreia, a LG Eletronics disse que construirá no Brasil sua primeira fábrica global de módulos de televisão.
O módulo é um importante componente para TVs com tela de cristal líquido (LCD, na sigla em inglês) e hoje a LG o adquire de terceiros. Depois do Brasil, o grupo também produzirá o item no México e na Polônia.
Segundo a LG, o objetivo é reduzir custos e tirar proveito de isenções tributárias locais. A empresa não divulgou investimentos e nem o local da produção. O grupo tem fábrica na Zona Franca de Manaus, que recebe benefícios fiscais e vai construir uma unidade em Paulínia (SP), em terreno doado pela Prefeitura. A LG promete abrir 4 mil vagas.
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Coreia já investe mais que a China no Brasil
Cleide Silva e Melina Costa - O Estado de S.Paulo
A participação da Coreia no ingresso de investimentos estrangeiros diretos no Brasil aumentou de 0,4% para 2% no ano passado, do total de US$ 52,6 bilhões recebidos pelo País, segundo dados do Banco Central. A China, outro país asiático que está de olho no mercado brasileiro teve participação de 0,7%, ante 0,3% em 2009.
O presidente da Sociedade Brasileira de Estudos das Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), Luiz Afonso Lima, lembra que a Coreia passa por amplo processo de internacionalização e certamente o País vai receber ainda mais aportes, principalmente no segmento de bens de consumo.
"Com a rápida internacionalização da Coreia, os investimentos já estão transbordando da Ásia para a América Latina", afirma Lima.
Em sua opinião, em termos qualitativos os investimentos coreanos são mais interessantes que os chineses pois "possibilitam maior transmissão de tecnologia". Os coreanos estão mais focados em produtos como veículos, Eletronics e maquinários. Os chineses apostam mais na extração mineral e atividades ligadas ao petróleo.
Doo Young Kim, diretor-geral da Kotra, a divisão comercial do Consulado da Coreia em São Paulo, confirma que tem "estado muito ocupado" nos últimos meses no atendimento de missões e empresários independentes interessados em se estabelecer no Brasil.
Ele lista investimentos recentemente confirmados, como o da LS Cable, que produzirá cabos especiais no Rio de Janeiro. "O pré-sal representa uma grande oportunidade para as empresas coreanas da indústria de construção naval, que é um destaque na Coreia", justifica.
Kim também cita a Samsung Heavy Industry - que tornou-se sócia do estaleiro Atlântico Sul -, a Dongkuk, que fez parceria com a Vale na área de aços especiais e a CJ Corp, que já tem uma fábrica de produtos para ração animal em Piracicaba e quer ampliar atuação em outros ramos.
"Os brasileiros também precisam olhar mais para a Coreia, que tem grande interesse no carro verde e no etanol", sugere o diretor geral da Kotra.
Ele ressalta que a pergunta que mais ouve de empresas coreanas é: "Como consigo financiamento?". Em sua visão, "esse é o maior desafio para os investidores, pois as taxas de juros dos bancos no Brasil são bem mais altas que na Coreia.
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De Jaraguá do Sul para Hosur, na Índia
Raquel Landim - O Estado de S.Paulo
Depois de uma aposta frustrada na China, WEG inaugura nova fábrica na Ásia
O trânsito em Bangalore, norte da Índia, é tão caótico que alguns brasileiros expatriados pela WEG simplesmente não conseguem dirigir. A empresa alugou carros e contratou motoristas para deixar à disposição dos funcionários. Também conseguiu uma nutricionista para orientar os cozinheiros indianos a não colocar tanta pimenta na comida dos brasileiros.
São pequenos transtornos do dia a dia que ilustram as grandes barreiras culturais que a maior fabricante de motores elétricos da América Latina enfrenta para instalar uma fábrica na Índia. A unidade, que será inaugurada no próximo sábado, um dia considerado "auspicioso" pelos indianos, está localizada em Hosur, a 38 quilômetros de Bangalore.
Embora não seja um investimento tão grande (US$ 60 milhões), a chegada na Índia é um passo crucial na trajetória da empresa sediada em Jaraguá do Sul (SC). Depois de uma aposta até agora frustrada na China, a WEG parte para a conquista da Ásia. Segundo Décio da Silva, presidente do conselho de administração, a empresa entrou na terceira fase da sua "vida" com dois focos estratégicos: crescer no mercado asiático e vencer no segmento de energia renovável.
"A Ásia é um mundo novo. Foi necessário um aprendizado maior do que em outras regiões. Mas agora vai começar a aparecer o resultado do que aprendemos", acredita Harry Schmelzer Jr., presidente-executivo da WEG. Ele conta que, mesmo sem uma unidade local, já vende na Índia, por meio de exportações, mais do que na China.
A WEG desembarcou na China no fim de 2004, quando adquiriu do grupo Weifu uma fábrica na cidade de Nantong, a 250 quilômetros de Xangai. Com essa tacada, a multinacional brasileira entrou no maior mercado do mundo. As metas eram ambiciosas, mas os planos não saíram exatamente como o previsto.
Em cinco anos, a diretoria da filial chinesa foi trocada três vezes. O faturamento não decolou e parte da produção está sendo exportada para outros países, porque é difícil entrar no protegido mercado local. O choque cultural também foi grande. A empresa adquirida tinha uma administração quase estatal e valorizava excessivamente o "guanxi" - palavra em mandarim para rede de relacionamentos.
A China continua sendo um foco importante da estratégia da WEG, mas, na Índia, tudo está sendo feito diferente. Em vez de partir para uma aquisição, a empresa preferiu construir uma fábrica do zero. Desde o início das operações comerciais, em 2005, o diretor-geral é o mesmo: Satyajit Chattopadhyay. O nome impronunciável lhe rendeu o carinhoso apelido de "Chato".
Os produtos também são diferentes. Na China, são fabricados motores de baixa tensão, de menor valor agregado, usados em eletrodomésticos. Na Índia, a empresa vai produzir geradores e turbinas de média e alta tensão, usados em pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e nas obras de transposição de rios. A Índia tem um problema gravíssimo de escassez de água.
Cinquentona. A WEG chega ao mercado indiano cinquentona. Fundada em 1961, surgiu num galpão alugado por um eletricista (Werner Voigt), um administrador (Eggon João da Silva) e um mecânico (Geraldo Werninghaus). Cada um investiu 1,2 milhão de cruzeiros, o suficiente na época para comprar um Fusca novo. WEG são suas iniciais.
Eles comandaram a empresa por 30 anos, ganhando posições no mercado doméstico e desenvolvendo tecnologia própria. Em 1970, iniciaram as exportações. O filho de Eggon, Décio da Silva, assumiu a presidência em 1989 e, durante os 18 anos de sua administração, a WEG multiplicou por seis o seu tamanho.
A empresa fatura hoje R$ 5 bilhões e emprega 22 mil pessoas. A cada ano, fabrica 10 milhões de motores e consome 185 mil toneladas de chapa de aço. Silva iniciou ainda um agressivo processo de internacionalização. Além das nove unidades no Brasil, a WEG possui fábricas em cinco países, incluindo Índia.
No início de 2008, Silva deixou a presidência, pegando de surpresa o mercado e até os próprios colaboradores. Nem mesmo os nomes cotados para o cargo sabiam da mudança, que foi feita por headhunters. Ele passou o bastão para Harry Schmelzer Jr. Na WEG desde 1980, é o primeiro presidente que não é acionista. Mas os laços familiares não foram totalmente rompidos. Ele é filho de um primo de Voigt, um dos fundadores.
Crise. Vencer na Ásia não é apenas uma estratégia inteligente da WEG. Dependendo do desenrolar da crise global, pode ser uma questão de sobrevivência. Hoje, os países asiáticos absorvem apenas 7% das vendas da empresa. " Levar sua internacionalização para os mercados mais dinâmicos da Ásia é muito positivo. A WEG possui uma exposição relativa importante na Europa, que ainda patina por causa da crise", disse Artur Delorme, analista do setor de bens de capital da Ativa Corretora.
A crise global foi um golpe duro para a WEG. A empresa, que não demitia por corte de custos desde 1982, dispensou funcionários. Depois de duas décadas crescendo mais de 20% ao ano, amargou queda de 6,6% na receita em 2009. Os resultados de 2010 ainda não foram divulgados, mas a previsão é de estabilidade ou leve queda.
A expectativa da diretoria é que 2011 seja o ano da recuperação. No futuro, a empresa quer voltar a crescer num ritmo de dois dígitos. Mas, para isso, precisa seguir com a internacionalização. "A WEG vai exportar menos e fabricar mais lá fora", conta Schmelzer. O real forte é um dos motivos: prejudica a rentabilidade das exportações, torna mais baratos os ativos no exterior e aumenta a concorrência no mercado local. Se continuar nesse ritmo, a conquista do mercado asiático está apenas no início
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Melhora global ofusca brilho do Brasil
Leandro Modé, de O Estado de S.Paulo
Cenário favorável de países ricos começa a tirar investidores do País, um dos mercados preferidos por financistas mundiais atualmente
SÃO PAULO - Queridinho dos investidores internacionais nos últimos tempos, o Brasil tem seu posto ameaçado por países desenvolvidos - aqueles que sofreram muito mais com a crise. Desde o início do ano, mercados emergentes como o brasileiro perdem dinheiro para os chamados mercados maduros. Motivo: a melhora das perspectivas de crescimento para países como Estados Unidos e Alemanha, e a provável alta dos juros na zona do Euro e na Inglaterra ainda em 2011.
Mas não é só isso. O risco de superaquecimento em economias como a brasileira e a chinesa, as altas dos juros para conter a inflação nessas e em outras nações em desenvolvimento, a crise no Egito e incertezas em relação ao novo governo brasileiro deixaram investidores com o pé atrás. "As virtudes brasileiras foram exageradamente elogiadas nos últimos anos e as limitações do País foram pouco enxergadas", afirma Paulo Bilyk, sócio da Rio Bravo Investimentos.
Nem todos os analistas são tão ácidos. "O que está havendo é um rebalanceamento (dos investimentos) no mundo, mas nada trágico", pondera o diretor do banco de investimentos do Credit Suisse no Brasil, José Olympio Pereira. Um dos principais executivos do País na área de abertura de capital (IPOs, na sigla em inglês), ele lembra que, apesar do cenário mais nublado, janeiro teve o maior volume de IPOs para o mês desde 2007.
"Pode ser que, no curto prazo, a tendência de migração para desenvolvidos seja dominante. Mas, considerando que os fundamentos de médio e longo prazo dos emergentes são melhores, a situação pode se inverter", completa o diretor de Estratégia para América Latina do Deutsche Bank, Frederick Searby.
Desempenho ruim. Do início do ano até quinta-feira, o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) apresentava um dos piores desempenhos do mundo. Em dólares, perdia pouco mais de 7%, à frente apenas dos mercados das Filipinas, da Tailândia, da Índia e do Chile. Na ponta oposta, encontravam-se indicadores de países desenvolvidos. O índice S&P 500, da Bolsa de Nova York, avançava pouco mais de 5%, porcentual semelhante ao da bolsa eletrônica americana Nasdaq.
Nos nove primeiros dias de fevereiro, o saldo de investimento estrangeiro na Bovespa estava negativo em R$ 1,4 bilhão. No ano, as saídas superavam as entradas em R$ 976 milhões.
Nas últimas quatro semanas, US$ 11,5 bilhões deixaram fundos de investimentos de países emergentes - do Brasil, saíram US$ 390 milhões e da China, US$ 1,4 bilhão. A maior parte da sangria ocorreu nos chamados fundos globais de emergentes, que mesclam ativos de todos os países inseridos nesse conceito.
No mesmo período, os países desenvolvidos acumularam entrada líquida de US$ 21,4 bilhões - os EUA lideram o movimento, com aportes US$ 14,3 bilhões superiores aos saques.
Os direitos dos brasileiros no exterior - Alexandre Barros
Alexandre Barros
O Estado de S.Paulo, 15 de fevereiro de 2011
Recentemente a presidente Dilma Rousseff determinou ao ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, a revisão da política de direitos humanos do governo brasileiro. A providência veio em boa hora. O governo passado escorregou no apoio aos direitos humanos pelo mundo. Seja em Cuba, por um antiamericanismo atávico herdado dos tempos da ditadura militar, seja no Irã, por um cálculo que só a História provará se estava certo ou errado. Ele considerou que era importante defender as pretensões nucleares iranianas como um habeas corpus preventivo em relação à postura brasileira vis-à-vis o poder nuclear.
Explico. Apesar da retórica oficial, o Brasil vem desenvolvendo um programa nuclear que, quase seguramente, nos próximos 10 a 20 anos, colocará o Brasil numa situação internacional semelhante à do Irã hoje: enfrentando oposição das potências nucleares em relação às suas ambições.
Não foi acidente que o aliado brasileiro neste caso foi a Turquia, distante e pouco conhecida do Brasil, mas que tem no cenário internacional uma posição semelhante à brasileira: tem ambições nucleares.
No fundo, Brasil e Turquia quiseram garantir, com a oferta de mediação entre o Irã e os Estados Unidos, um aliado potencial para enfrentar no futuro a oposição que deve ocorrer às políticas nucleares de ambos os países.
Outra área em que a diplomacia brasileira se vem destacando é a comercial. Nesta tem agido com mais velocidade e mais energia em defesa dos investimentos brasileiros no exterior, sejam comerciais, financeiros ou industriais. Pelo andar da carruagem, tudo indica que a expansão financeira, econômica e comercial do Brasil se acelerará, e a diplomacia brasileira vem-se adaptando a esse novo ritmo.
Falta, entretanto, uma área ainda mais fraca - como todas as que congregam consumidores difusos, e não grandes empresas capazes de se organizar e contratar profissionais para defender seus interesses: os cidadãos brasileiros no exterior.
Graças ao progresso de transportes e comunicações no mundo, pessoas viajam mais. Além disso, o crescimento econômico brasileiro, especialmente nos últimos 16 anos, aumentou a capacidade financeira dos brasileiros de viajar para o exterior (melhor distribuição de renda e maior valorização do real), bem como os desejos e as necessidades de viagem de brasileiros, seja por curiosidade turística, por necessidade de estudo, trabalho, aperfeiçoamento ou crenças religiosas.
Nessa área os brasileiros infelizmente ainda estão num estado próximo da orfandade. Já que não fomos parte de um grande ex-império recente, como no caso da França e da Inglaterra, os brasileiros não gozam de algumas proteções que aqueles países estendem a cidadãos de suas ex-colônias. Esse é o lado externo.
Do lado interno, como os brasileiros não viajavam tanto, os consulados brasileiros no exterior levavam uma vida mais tranquila. Não tinham muito o que fazer, em razão mesmo da inexistência de uma grande clientela brasileira para atender no exterior.
Isso está mudando rapidamente. Os disparadores recentes foram a detenção e o repatriamento de uma brasileira, professora da Universidade de Brasília, impedida de entrar na Espanha na última semana de janeiro. Detida, interrogada e repatriada sem nem sequer entrar formalmente em território espanhol. Estamos diante de uma atitude desagradável, mas, até certo ponto, legal, de agentes fronteiriços espanhóis que optaram por exercer suas funções de maneira inflexível. Problema das relações Brasil-Espanha. Pode ser encaminhado pelo governo brasileiro com uma negociação tranquila ou com um aumento do tom na discussão diplomática. O episódio não é novo, tem-se repetido ciclicamente.
Do lado de cá, segundo o depoimento da professora, entretanto, a situação tem nuances envolvendo o governo brasileiro: ela contatou o consulado brasileiro em Madri por telefone e foi informada de que o consulado não poderia fazer muito. No máximo, poderia mandar um fax.
Segundo ela, em algum momento apareceram um homem que se identificou como advogado (não se sabe se mandado pelo consulado ou não) e uma intérprete. Após uma conversa breve e algumas horas de detenção no Aeroporto de Madri, ela foi recolocada sob escolta num avião e mandada de volta para o Brasil.
A afirmação do funcionário do consulado que atendeu o telefonema lembra um desastrado episódio vivido por José Serra na campanha presidencial de 2002, quando, abordado por uma eleitora numa favela de São Paulo, mal ouviu o que ela tinha a dizer e sugeriu que ela lhe mandasse um fax.
Ou seja, mudou o status do Brasil no mundo, está mudando o mundo e os brasileiros têm necessidades diferentes e maiores em suas viagens ao exterior, cada vez mais constantes.
Chegou a hora de estender o recado da presidente Dilma ao ministro da Relações Exteriores para que o Brasil e nossas embaixadas revejam a postura do Estado brasileiro perante os direitos humanos e os consulados. Estes, que são subordinados às embaixadas brasileiras (de facto), também precisam rever rápida e seriamente sua postura em relação à defesa dos brasileiros no exterior.
Brasileiros viajam mais, ganham mais dinheiro, pagam impostos altos e são quem sustenta toda a caríssima estrutura estatal, no Brasil e no exterior.
Não se trata apenas de providenciar que as enchentes não parem as metrópoles brasileiras ou que pessoas não apodreçam nas cadeias nacionais por descuido burocrático, mas também de dar todo o apoio aos cidadãos brasileiros que estão no exterior, passeando, trabalhando, estudando ou cultuando. Todos são direitos civis que temos e são sustentados por impostos que pagamos.
CIENTISTA POLÍTICO, É DIRETOR GERENTE DA EARLY WARNING: RISCO POLÍTICO E POLÍTICA PÚBLICA (BRASÍLIA)
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
Livros: nunca se renda ao primeiro impulso
Worlds at War, The 2,500 Struggle Between East and West, de Anthony Pagden
Ou melhor: eu poderia estar lendo Worlds at War (2008), de Anthony Pagden, mas, infelizmente, estou lendo (ou pelo menos tentando) este aqui:
Mundos Em Guerra: A Luta de mais de 2.500 anos entre o Oriente e o Ocidente
o autor é, tudo leva a crer, o mesmo: Anthony Pagden.
Mas, aqui terminam as semelhanças e começam os problemas: a tradução é de Sally Tilelli (assim mesmo, meio americano, ou inglês, meio italiano, sei lá).
A Editora é a Novo Século Editora, de São Paulo, e o livro foi publicado em 2010.
Eu já tinha ouvido falar desse livro e desse autor, um historiador de Oxford. Mas nunca tinha comprado o livro, por falta de oportunidade.
Sábado, antes de entrar no cinema para assistir à ópera do Metropolitan, Nixon in China, entrei rapidamente na livraria e, vendo o livro, comprei na hora.
Para quê???!!!
Me senti logrado. Não tanto pelo preço, mas pela tradução.
O livro (em sua edição original) é primoroso.
Sua tradução é simplesmente pavorosa, horrorosa, um atentado, um crime, uma barbaridade.
Percebi isso logo na primeira página, que abri ainda antes de começar a ópera filmada e televisionada, ao ler isto, numa luz já quase se apagando:
"O estado de nação no qual a maioria dos povos do mundo ocidental tem vivido desde o século XVII..."
Conclui que era Nation-State, ou Estado-nação... (e anotei o conceito em inglês à margem do texto, pensando tratar-se de um simples erro de revisão).
OK, no intervalo do primeiro para o segundo ato, retomei a leitura: fiquei estarrecido.
Não havia página, parágrafo, que não tivesse um erro de tradução, de Português, de digitação, de estilo, de concordância, de gramática, de qualquer coisa.
Pensei até em devolver o livro à livraria, mas já tinha assinalado à margem aquele primeiro erro de "revisão". Continuei anotando mais alguns, depois desisti.
Me senti lesado.
A tradutora fez um trabalho porco, como se diz, e não conhece Inglês, desconhece o Português, e a editora é calhorda, ao colocar esse crime na praça.
Fui bobo: paguei 89 reais e uns quebrados pelo livro, ou seja, o equivalente a algo como 53 dólares. Por esse preço, eu poderia ter comprado dez livros originais, em inglês, na Abebooks.com, meu sebo predileto. OK, sem o frete, mas ainda que eu acrescentasse 10 dólares de frete, ou 15 que fosse, eu teria o livro por menos de 25 reais.
Sou um estúpido, e jamais vou comprar um livro estrangeiro no Brasil, ou melhor, traduzido e publicado no Brasil.
Só para constatar a minha burrice, acessei agora a Abebooks.com, e coloquei o livro.
Veio isto.
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Anthony Pagden
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OK, OK, paro por aqui, não quero torturar mais ninguém, nem a mim mesmo.
Não é tanto pelo roubo declarado no preço (mas o governo é sócio no assalto), e sim pela pavorosa tradução, correção ortográfica inexistente, atentados linguísticos do mais baixo calibre, gramática pornográfica, um crime contra meus direitos de leitor...
Nunca mais, ou never more...
Alô, Abebooks, aqui me tens de regresso, o boêmio voltou...
(Meio idiota, mas voltou...)
Pausa para... continuando: a voz da sabedoria...
Carta Maior, 10/02/2011
Lula no Fórum Social Mundial e Dakar:
“Aqueles que pregavam o “fim da história” assistem hoje o movimento irresistível dessa história que acreditavam morta...
No discurso proferido no Fórum Social Mundial 2011, em Dakar, o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva destacou que, nos últimos dez anos, muitos dogmas foram quebrados.
“Aqueles que pregavam o “fim da história” assistem hoje o movimento irresistível dessa história que acreditavam morta. É o que se vê na América do Sul, na África, mas sobretudo nas ruas de Túnis e do Cairo e de tantas outras cidades africanas onde renasce a esperança de um mundo novo”. No mundo todo, acrescentou Lula, é cada vez mais forte a consciência de que fracassou o chamado “Consenso de Washington”.
Curvamo-nos à sapiência infinita...
Political Economy of St. Valentine's Day - a economia romantica...
Quer o ótimo paretiano para o amor?
Precisando encontrar a demanda para a sua oferta de romantismo?
Não procure mais. Aqui está...
A Romantic Boom and Bust
by Tho Bishop
Mises Daily, February 14, 2011
As a single, 21-year-old guy living in north Florida, I have found it hard to pick up girls by talking about economics. Perhaps it was an overdose of supply-and-demand charts in high school, but any mention of the E-word typically brings with it glassy eyes and the need to answer a phone that never rang. This is unfortunate. Everyone uses economics on a daily basis, and not just at the store or when you write a check. Our understanding of economics influences every aspect of our lives, whether we realize it or not. Valentine's Day gives me an excuse to demonstrate this truth in regard to romance.
When asked to define economics, I say it is the application of philosophy to the social issue of finite resources. One resource that is both finite and common to all people is time. Any action we take equates to a personal investment of the capital of time. Though time is often overlooked in economic calculation, it has always been a point of emphasis for economists of the Austrian School. It is not surprising that the economics of romance lends itself to Austrian interpretation. In fact an "Austrian romance cycle" would be very similar to the Austrian business cycle.
Romance starts with a first move. Just as Austrians understand that it is the role of the entrepreneur to shoulder the risk of capital investment in order to potentially achieve profit, we can understand that it is the role of an instigator to take the risk in the hope of finding romantic success. Without an entrepreneur, economic growth is unobtainable; without someone making a first move, romantic growth is unobtainable.
So lets take a guy, Adam, who walks into a party looking to find the girl of his dreams. Adam finds a girl, Betty, and instigates a conversation. If Adam has invested enough time in pursuing Betty that she is already interested in him, like an investor who has the money up front to start a business, Adam needs no credit to close the deal. But what if Adam hardly knows Betty? Like an investor using his business plan to earn a bank loan, Adam must now convince Betty that he is worth the risk of everything involved in matters of the heart.
If Adam behaves according to the philosophy of liberalism, if he represents himself honestly and allows his success or failure with Betty to come organically, then he may or may not connect with her, but his romantic life will be (relatively) drama-free; and when he does find a girl interested in him, the interest will be genuine.
But Adam has become frustrated by romantic failure. Fed up with his lack of success in romance, Adam begins to tell every girl who will listen that he saved orphans from the rampaging cannibals of Rojinda, climbed Mount Everest, and once out debated Ron Paul on the House floor. Adam has decided to manipulate his "interest rate."
All of a sudden Adam finds himself as the center of attention. Betty and Chelsea are fighting to get with him; Eve even starts trying to stake her claim when she hears that Adam grew up next to Justin Bieber! Adam finds himself in a romantic boom. As long as Adam can keep spitting out lies, and as long as people believe them, Adam's romantic success will continue.
At some point, however, Adam is going to have to pay the piper. Justin Bieber doesn't accept his Facebook request. No one can find the C-SPAN clip of him and Ron Paul. Wikipedia shows no island of Rojinda. Chelsea's brother was at church camp with Adam the summer he was suppose to be climbing Mount Everest. Adam's bubble has burst.
Betty slaps Adam. Chelsea tells all the girls at school, ruining his chances with all of them. Perhaps worst of all is that Eve, for whom Adam has since developed real feelings, and with whom he actually has a lot in common, never talks to him again. Adam's short-term gain has created long-term consequences far greater than he would have ever encountered by being honest in the first place.
Beyond simply demonstrating the natural fallacies of arbitrary manipulation of interest, economics also allows us to best manage our romantic life. I see firsthand the number of relationships that are based less on love and more on comfort — people staying together not because of how they feel about each other but because they dislike the feeling of being alone. This is once again an issue of long-term consequences for short-term gain. It is also an economic issue.
Time is finite. So every day spent in a relationship of comfort is another day lost that could have been spent in a relationship of love — there are opportunity costs here. In NBC's sit-com The Office, Pam spends the first two seasons engaged to her long-time and incompatible fiancé, Roy, rather than accepting the advances of her best work friend, Jim. Pam's refusal to risk the comfort of her passionless relationship with Roy doesn't change the fact that the two aren't meant for each other. A willingness to settle isn't the same as love. Pam eventually breaks up with Roy and later marries Jim in season six. While Pam and Jim may spend the rest of their fictional lives happily ever after, that happy life lost four years in the process.
Let Them Know How You Feel
Every action we take represents an economic decision. The old phrase "time is money" takes on a new meaning when you start applying economics to all aspects of life. It is also only an Austrian perspective of economics that is consistent with these out-of-the-box applications. And it is this realization that has made me an evangelical Austrian.
Happy Valentine's Day. Use it efficiently.
Tho Bishop is a political consultant for Bishop & Associates in Panama City Beach, Florida. Send him mail See Tho Bishop's article archives
Pausa para... um pouco de besteirol (Forum Social Mundial)
Exemplos de platitudes e idiotices:
FSM termina afirmando importância geopolítica da África
Horas depois da queda do ditador egípcio, cerimônia de encerramento do Fórum é marcada por discursos em defesa das lutas em curso no continente africano como parte essencial do movimento anticapitalista e antiimperialista.
Encontros do G-8 e G-20 na França serão alvos de protestos
Movimentos sociais e ONGs que participam do Fórum Social Mundial 2011 definiram que as reuniões dos países do G-8 e G-20 terão importância central nas mobilizações deste ano. Protestos de rua, cursos de formação e atividades de lobby estão entre as ações previstas para 2011, definidas nas assembléias realizadas pelas organizações nessa quinta-feira (10), em Dacar.
Boaventura: “O mundo precisa de ações sincronizadas."
PRA: Ou seja, more of the same, com todos os atributos idiotas de todas as outras vezes...
Imperio Americano: a velha historia do declinio - Joseph Nye
Seja como for, rumores a este respeito parecer ser altamente exagerados como diria Mark Twain, e como também acredita Joseph Nye.
Um bom artigo.
Paulo Roberto de Almeida
OPINION
The Misleading Metaphor of Decline
Joseph Nye
The Wall Street Journal, February 14, 2011
Rome remained dominant for more than three centuries after the apogee of Roman power.
Is the United States in decline? Many Americans think so, and they are not alone. A recent Pew poll showed that pluralities in 13 of 25 countriesbelieve that China will replace the U.S. as theworld's leading superpower. But describing thefuture of power as inevitable American decline isboth misleading and dangerous if it encourages China to engage in adventurous policies or the U.S. to overreact out of fear.
How would we know if the declinists are correct ornot? First, one must beware of misleading metaphors of organic decline. Nations are not like humans with predictable life spans.
After Britain lost its American colonies at theend of the 18th century, Horace Walpole lamented Britain's reduction to "as insignificant a countryas Denmark or Sardinia." He failed to foresee that the industrial revolution would give Britain a second century of even greater ascendancy. Rome remained dominant for more than three centuries after the apogee of Roman power.
It is also chastening to remember how wildly exaggerated were American estimates of Soviet power in the 1970s and of Japanese power in the 1980s. Today some confidently predict the 21st century will see China replace the U.S. as the world's leading state, while others equally confidently argue that the 21st century will be the American century. A fair assessment is difficult because there is always a range of possible futures.
On American power relative to China, much will depend on the often underestimated uncertainties of future political change in China. China's size and high rate of economic growth will almost certainly increase its relative strength vis-a-vis the U.S. This will bring it closer to the U.S. in power resources, but doesn't necessarily mean that it will surpass the U.S. as the most powerful country.
Even if China suffers no major domestic political setback, many current projections are based simply on GDP growth. They ignore U.S. military and soft-power advantages, as well as China's geopolitical disadvantages in Asia. America is more likely to enjoy favorable relations with its neighbors, allies like Europe and Japan, as well as India and others.
My best estimate is that, among the range of possible futures, the more likely is one described by Lee Kuan Yew as China giving the U.S. "a run for its money," but not passing it in overall power in the first half of this century.
Looking back at history, the British strategist Lawrence Freedman notes two features that distinguish the U.S. from the dominant great powers of the past: American power is based on alliances rather than colonies, and it is associated with an ideology that is flexible and to which America can return even after it has overextended itself. Looking to the future, Anne-Marie Slaughter of Princeton argues that America's culture of openness and innovation will keep it central in an information age when networks supplement, if not fully replace, hierarchical power.
On the question of absolute rather than relative American decline, the U.S. faces serious problems in areas like debt, secondary education and political gridlock. But solutions exist. Among the possible negative futures are ones in which the U.S. overreacts to terrorist attacks by closing inwards and thus cuts itself off from the strength that it obtains from openness.
But there are answers to major American problems that preoccupy us today, such as long-term debt (see the recommendations of recent deficit commissions) and political gridlock (for example, changes in redistricting procedures to reduce gerrymandering). Such solutions may remain forever out of reach, but it is important to distinguish situations where there are no solutions from those that could in principle be solved.
America is likely to remain more powerful than any single state in the coming decades. At the same time, we will certainly face a rise in the power resources of many others — both states and nonstate actors. We will also face an increasing number of issues to which solutions will require power with others as well as power over others. Our capacity to maintain alliances and create networks will bean important dimension of our hard and soft power.
Rather than succumb to self-fulfilling prophecies of inevitable decline, we need a vision that combines domestic reforms with smart strategies for the international deployment of our power in an information age.
Mr. Nye is a professor at Harvard and author of "The Future of Power" (Public Affairs, 2011).
Copyright 2011 Dow Jones & Company, Inc. All Rights Reserved
Diabetes: melhor prevenir do que remediar (Servico de utilidade publica)
Vai postado como informação geral, de utilidade pública
Paulo Roberto de Almeida
SAÚDE
Prevenção é ainda a melhor arma contra o diabetes
Por Camilla Muniz
Opinião e Notícia, 6/02/2011
Avanços no tratamento permitem aos diabéticos levar uma vida normal, mas ainda não trouxeram cura para a doença.
Caracterizada pelo acúmulo de glicose no sangue, o diabetes é hoje uma doença que já atingiu o status de epidemia. Segundo estimativas da Federação Internacional de Diabetes, 285 milhões de pessoas em todo o mundo são diabéticas. Dentro de 20 anos, esse número deve aumentar para 438 milhões, já que mais de 7 milhões de novos casos da doença surgem a cada ano.
No Brasil, a tendência de avanço é a mesma, e embora não haja cura para o diabetes, o controle da doença, quando bem feito, permite que o diabético leve uma vida praticamente normal. A favor dos pacientes está a atualização constante dos tratamentos disponíveis, garante o endocrinologista Saulo Cavalcanti, presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes e do Departamento de Diabetes da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.
Segundo o médico, a introdução das gliptinas na terapêutica do diabetes tipo 2, há cerca de três anos, foi muito benéfica, contribuindo até para a redução dos riscos do paciente desenvolver hipoglicemia (baixo nível de glicose no sangue). Essa possibilidade existe porque as drogas que ajudam a controlar a quantidade de açúcar na corrente sanguínea do diabético atuam continuamente, mesmo quando não é necessário.
As gliptinas são uma classe de medicamentos orais que inibem a ação da enzima DPP-4, que destrói o hormônio incretina. Produzida pelo intestino, a incretina potencializa a produção de insulina pelo pâncreas. Dessa forma, as gliptinas melhoram a síntese e a liberação de insulina e ainda reduzem a produção de glicose pelo fígado.
Para os pacientes com diabetes do tipo 1, as insulinas de ação prolongada foram um ganho significativo. Surgidas há aproximadamente oito anos, elas são feitas através de técnicas de recombinação genética e podem diminuir a quantidade de aplicações diárias do hormônio. “Além disso, os aparelhos medidores de glicose ficaram mais modernos e as agulhas, mais finas, o que reduz a dor na hora da aplicação”, explica Cavalcanti.
Inovações são bem-vindas, mas é preciso cautela
Os médicos agora esperam o lançamento comercial de um medicamento que promete ajudar os diabéticos a excretarem glicose pela urina, facilitando a eliminação do excesso de açúcar da corrente sanguínea. Segundo Saulo Cavalcanti, a droga se mostrou eficaz em testes e deve estar disponível dentro de um ano. No entanto, é preciso ter cautela com essas novidades.
“Quando surge uma nova droga, é como se aparecesse uma nova luz no fim do túnel para o diabético. Mas é preciso ter calma, porque os medicamentos se revelam mais ou menos vantajosos aos poucos, à medida que vão sendo usados pelos próprios pacientes”, destaca o endocrinologista.
Já o transplante de células-beta (células do pâncreas responsáveis pela produção de insulina) e as pesquisas com células-tronco, que ajudariam muito os diabéticos do tipo 1, ainda representam apenas uma esperança. Para Cavalcanti, iniciativas e estudos têm de ser estimulados; no entanto, não podem ser considerados como uma real opção neste momento.
O que já está sendo realizado, mas somente em casos especiais aprovados por comitês de ética e em caráter experimental, é a cirurgia metabólica. No procedimento, é feita a transposição de uma parte do intestino delgado chamada íleo, o que proporciona o aumento da produção das incretinas — substâncias reduzidas no organismo dos diabéticos — e, consequentemente, de insulina.
Evite o diabetes
Como não há cura para o diabetes, pelo menos por enquanto, a prevenção ainda é o melhor remédio, sobretudo porque o tipo 2 (quando o organismo apresenta resistência à insulina, o que impede as células de metabolizarem quantidades suficientes de glicose) é o mais comum e representa 90-92% dos casos.
Enquanto o tipo 2 pode e deve ser prevenido, o diabetes tipo 1 (doença auto-imune caracterizada pela destruição das células-beta) é desencadeado por fatores genéticos — não há prevenção, portanto — e atinge de 8% a 10% dos pacientes.
Segundo Saulo Cavalcanti, a melhor forma de prevenir o diabetes tipo 2 é seguir uma educação alimentar e esportiva, já que a doença tem origem, muitas vezes, na obesidade. O endocrinologista salienta que, hoje, é preocupante que 52% dos brasileiros estejam com excesso de peso.
Além disso, aqueles que pertencem ao grupo de risco — pessoas com hipertensão, colesterol alto, triglicérides elevado, obesidade ou algum caso de diabetes na família — devem fazer o teste de medição de glicemia frequentemente. “Cerca de 40% a 50% dos diabéticos do tipo 2 não sabem que tem a doença, que pode ficar até dez anos sem manifestar sintomas”, afirma Cavalcanti. “Por isso é tão importante ter o controle dos níveis de açúcar no sangue, porque, às vezes, o diabetes é descoberto em um estágio já muito avançado, o que contribui para o desenvolvimento de complicações como perda da visão, disfunção erétil e infarto.”
De acordo com um ranking divulgado pela Federação Internacional de Diabetes em 2004, o Brasil ocupava a oitava posição entre os países com maior número de pacientes diabéticos. Em 1988, o Censo Nacional de Diabetes revelou que 7,6% da população urbana entre 30 e 69 anos sofria da doença.
Teorias do desenvolvimento -- dissertacao de Danilo F. R. da Silva (FEA-USP)
Dissertação de Mestrado
Documento: Dissertação de Mestrado
Autor: Silva, Danilo Freitas Ramalho da
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
Área do Conhecimento: Economia das Instituições e do Desenvolvimento
Data de Defesa: 2005-12-16
Orientador: Santos, Raul Cristovao dos
Banca examinadora: Santos, Raul Cristovao dos (Presidente)
Lima, Gilberto Tadeu
Serrano, Franklin Leon Peres
Título em português: A construção do objeto teórico das teorias do desenvolvimento econômico
Resumo em português:
Este trabalho tem como tema as teorias do desenvolvimento econômico, área da economia que ficou conhecida pelo estudo dos países subdesenvolvidos no período compreendido entre a Segunda Guerra Mundial e o final da década de 1970. Sua finalidade é recuperar as principais idéias dessas teorias de forma a entender a construção de seu objeto teórico e, assim, interpretar a sua relevância para o estudo dos países subdesenvolvidos (em desenvolvimento) nos dias de hoje, como proposto por Krugman (1992). Para essa tarefa foram selecionados textos clássicos de quatro autores representativos das teorias do desenvolvimento econômico, com o intuito de abranger as idéias fundamentais dessas teorias; quais sejam eles: Paul Rosenstein-Rodan, Arthur Lewis, Albert Hirschman e Raúl Prebisch. Suas idéias serão analisadas e interpretadas com o auxílio de textos suplementares que têm como objetivo inseri-las no contexto na qual foram formuladas. Chegar-se-á à conclusão de que as teorias do desenvolvimento econômico constituem um corpo teórico à parte do núcleo da teoria econômica tradicional e que a construção de seu objeto teórico de investigação se dá através da rejeição do arcabouço da teoria econômica tradicional. Isso porque os países subdesenvolvidos apresentariam características sui generis que os legitimariam como objeto de estudo diferente dos países desenvolvidos e, conseqüentemente, tornariam a teoria econômica tradicional inaplicável para o entendimento do seu desenvolvimento. Esse resultado está de acordo com a interpretação das teorias do desenvolvimento econômico feita por Seers (1967) e Hirschman (1982) ao mesmo tempo em que apresenta pontos divergentes à interpretação de Myint (1967). O que se espera, entretanto, é que este trabalho tenha cumprido a sua tarefa de trazer, de volta, à tona algumas idéias presentes nas teorias do desenvolvimento econômico em sua forma original, para que elas façam parte do debate acerca do desenvolvimento dos países subdesenvolvidos, nos dias de hoje.
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domingo, 13 de fevereiro de 2011
Os 20 melhores artigos em 100 anos da American Economic Review
Paulo Roberto de Almeida
100 Years of American Economic Review: The Top 20 Articles
American Economic Review 101 (February 2011): 1–8
http://www.aeaweb.org/articles.php?doi=10.1257/aer.101.1.1
http://pubs.aeaweb.org/doi/pdfplus/10.1257/aer.101.1.1
The Top 20 Committee, consisting of Kenneth J. Arrow, B. Douglas Bernheim, Martin S. Feldstein, Daniel L. McFadden, James M. Poterba, and Robert M. Solow, was appointed by Robert Moffitt with the task of selecting the “Top 20” articles published in the American Economic Review during its first hundred years. We decided against trying to define formally the criteria for inclusion: they surely comprise sheer intellectual quality, influence on the ideas and practices of economists, and general significance or breadth; but it would be fruitless to try to specify the marginal rates of substitution among these and other qualities. We were looking for 20 admirable
and important articles.
As a starting point we used citation counts and numbers of searches in JSTOR. This is obviously important and relevant information, but not decisive on its own. Citation counts are biased in favor of subfields of economics with the largest populations. There is also a bias in favor of moderately recent articles, if only because the number of potential readers and writers has been increasing in time; very recent articles suffer from the fact that citations build up over time. In any case we were expected to use our judgment about quality and significance. So we used the citation and JSTOR data only to give us a large group of eligibles. We worried especially about overlooking articles in the very early days of the AER, some by great names in the history of economics. But we found, just to take one striking example, that although Irving Fisher published several articles in the journal, they were all minor or ephemeral pieces.
In the event, our early ballots showed an encouraging unanimity or near-unanimity, especially about the leading candidates. We very quickly converged on the Top 15 articles. There were occasional differences of opinion, only to be expected from a group with diverse interests, as we filled in the remaining three to five places. Here is our final list, arranged alphabetically, along with a brief reminder about each. There are few, if any, surprises.
100 Years of the American Economic Review:
The Top 20 Articles
By Kenneth J. Arrow, B. Douglas Bernheim, Martin S. Feldstein, Daniel L. McFadden, James M. Poterba, and Robert M. Solow*
Alchian, Armen A., and Harold Demsetz. 1972. “Production, Information Costs, and Economic Organization.” American Economic Review, 62(5): 777–95.
What is the special role of the firm in organizing production? The authors argue that it is the ability to measure inputs and their productivity and to allocate hired resources in production involving the cooperation of many inputs. It is this phenomenon that explains why all ooperation of factors does not take place through market-determined contracts. The firm is made to be the residual claimant because that approach creates the appropriate incentives for management. Many implications of this hypothesis are developed.
Arrow, Kenneth J. 1963. “Uncertainty and the Welfare Economics of Medical Care.” American Economic Review, 53(5): 941–73.
This paper provided a framework for thinking about the economics of the market for medical care using the language and tools of modern microeconomics. It argued that the aforementioned market is beset by market failures because consumers are exposed to risks that are not fully insurable (in large part due to problems of moral hazard), and because they lack the information and expertise required to assess risks and treatments. It hypothesized that various salient features of the institutions governing the provision of medical care are best understood as social adaptations aimed at redressing the resulting inefficiencies. It also noted that in some cases those institutional adaptations undermine competition and perversely contribute to inefficiency. Though written well prior to the emergence of the formal literature on asymmetric information, the paper anticipated many of the central issues that continue to occupy health economists today.
Cobb, Charles W., and Paul H. Douglas. 1928. “A Theory of Production.” American Economic Review, 18(1): 139–65.
The cliché surely applies here: this paper needs no introduction. The convenience and success of the constant-elasticity Cobb-Douglas function has spread its use from representing production possibilities, which was of course its original use, to representing utility functions and to much else throughout empirical and theoretical economics. Cobb and Douglas explored the elementary properties and implications of the functional form, and pointed to the approximate constancy of the relative shares of labor and capital in total income as the validating empirical fact.
Deaton, Angus S., and John Muellbauer. 1980. “An Almost Ideal Demand System.” American Economic Review, 70(3): 312–26.
A vast industry in applied econometrics analyzes the demand for specific products, and the impact on consumers of public and private policies that alter market equilibrium. This paper, building on the traditions of Cobb-Douglas, Stone, and Gorman, introduces a practical system of demand equations that are consistent with preference maximization and have sufficient flexibility to support full welfare analysis of policies that have an impact on consumers. The Deaton-Muellbauer system is now the standard for empirical analysis of consumer demand.
Diamond, Peter A. 1965. “National Debt in a Neoclassical Growth Model.” American Economic Review, 55(5): 1126–50.
Building on Paul Samuelson’s seminal work concerning consumption loans between individuals of different generations, this paper pioneered the analysis of overlapping generations (OLG) models with durable capital goods. It illuminated the properties of such models through two fundamental contributions. First, it demonstrated that the competitive equilibria of infinite horizon OLG models can be inefficient, even in the absence of conventional market failures. Second, it identified the mechanisms through which both external and internal debt can potentially reduce the capital stock. In clarifying the general equilibrium effects of displacing physical capital with government debt in individuals’ portfolios, it resolved a long-standing debate concerning the feasibility of using internal debt to shift the burden of paying for public expenditures to future generations.
Diamond, Peter A., and James A. Mirrlees. 1971. “Optimal Taxation and Public Production I: Production Efficiency.” American Economic Review, 61(1): 8–27.
Diamond, Peter A., and James A. Mirrlees. 1971. “Optimal Taxation and Public Production II: Tax Rules.” American Economic Review, 61(3): 261–78.
This paper, in two parts, is the foundation of the theory of optimal taxation and public production in the presence of second-best limitations on redistribution and private production. Diamond and Mirrlees show how the tax system can be tuned to minimize distortions and disincentives, and eliminate production inefficiencies. By subjecting tax systems to rigorous microeconomic analysis, this paper opened research on tax mechanism design and minimization of the burden of taxes.
Dixit, Avinash K., and Joseph E. Stiglitz. 1977. “Monopolistic Competition and Optimum Product Diversity.” American Economic Review, 67(3): 297–308.
Under monopolistic competition with differentiated goods and increasing returns to scale in each good, is there too much or too little product differentiation? This paper uses classical tools of microeconomics to answer this question, and in doing so, provides the foundation for an entire literature in which products are endogenous in number and attributes, and general equilibrium welfare analysis can be used to examine the consequences of tastes for variety.
Friedman, Milton. 1968. “The Role of Monetary Policy.” American Economic Review, 58(1): 1–17.
This presidential address is the origin of the “vertical long-run Phillips curve,” along with a contemporary paper by Edmund S. Phelps. It introduced the idea of a “natural” rate of unemployment as the only rate compatible with the sustained coincidence of actual and expected rates of inflation. This is the basis of the conclusion that the Phillips curve is vertical in the long run, allowing only a temporary trade-off between unemployment and inflation. From this followed possible implications for the conduct of macro-policy, especially monetary policy. An enormous amount of research and discussion followed.
Grossman, Sanford J., and Joseph E. Stiglitz. 1980. “On the Impossibility of Informationally Efficient Markets.” American Economic Review, 70(3): 393–408.
As pointed out by a number of scholars, in a world of dispersed information, the equilibrium price will itself in general be a source of information to participants, since it incorporates whatever information other participants have. Grossman and Stiglitz examine the implication for the case where information can be acquired at a cost. If there is an equilibrium, some will choose to get informed and others not; the two courses of action must be indifferent. (Very special assumptions are made about the risk aversion characteristics of the population and about its heterogeneity.) In particular, if some individuals can acquire perfect information at a finite cost, then no equilibrium exists, since, if information is acquired by some, it will be reflected in the price and so can be acquired costlessly by others, while if no one acquires
information, it will pay any individual to acquire it.
Harris, John R., and Michael P. Todaro. 1970. “Migration, Unemployment and Development: A Two-Sector Analysis.” American Economic Review, 60(1): 126–42.
This widely cited paper starts with the puzzle that in poor developing countries one observes individuals migrating from agricultural areas to urban areas, even though they would have positive marginal product in agriculture but face a substantial probability of unemployment in the urban area. The first step in the explanation is to note that there are politically determined minimum wages in the urban areas that prevent wages from adjusting to achieve full employment for all those who come to the urban areas. The equilibrium distribution of potential workers between the rural and urban areas equates the marginal product of labor in agriculture to the expected wage in the urban area, i.e., the product of the wage and the probability of employment.
Hayek, F. A. 1945. “The Use of Knowledge in Society.” American Economic Review, 35(4): 519–30.
The author addresses the fundamental question of the nature of the economic system and, in particular, its role in dealing with resource allocation when a fundamental knowledge base is distributed in small bits among a large population. The knowledge needed includes consumer valuations, production relations, and resource availabilities. In particular, general scientific principles, where expert opinion might be best, are only a small part of the knowledge base. The author argues for the importance of a price system in achieving coordination and efficiency in resource use without implying an impossible aggregation of information in a central place.
Jorgenson, Dale W. 1963. “Capital Theory and Investment Behavior.” American Economic Review, 53(2): 247–59.VOl. 101
This paper provided a theoretical framework for investment behavior based on a neoclassical theory of optimal capital accumulation. The paper introduced the user cost of capital as the key variable that combines the cost of finance (interest rates and equity yields) and tax rules (tax rates, depreciation schedules) and combined this user cost measure with the Cobb-Douglas production technology to obtain a desired stock of capital. Jorgenson then used the resulting implied optimal capital stock to derive an econometric equation for investment. Generalizations of the Jorgenson framework (e.g., to allow for more general production functions) made this the standard approach to the empirical study of the determinants of investment. The user cost of capital also became the key concept for the theoretical study of the effects of alternative tax rules.
Krueger, Anne O. 1974. “The Political Economy of the Rent-Seeking Society.” American Economic Review, 64(3): 291–303.
Many government policies, such as import licenses in developing nations, create rents for some market participants. While the presence of such rents and the distortions that they create have long been noted, this paper recognized the importance of “rent-seeking behavior” and explored its welfare implications. The paper’s central finding is that competitive rent-seeking increases the welfare costs of policies such as trade restrictions. In the context of import restrictions, this result strengthens the case for the use of tariffs rather than import quotas, since quotas create the possibility of rent-seeking behavior. By identifying the importance of rent-seeking activities and providing a framework for analyzing their welfare costs, this paper expanded the economic analysis of the government’s choice of policy instrument to achieve particular goals. It also helped to launch a voluminous literature on the role of corruption and governance in the process of economic development.
Krugman, Paul. 1980. “Scale Economies, Product Differentiation, and the Pattern of Trade.” American Economic Review, 70(5): 950–59.
The classical theory that foreign trade is determined by comparative advantage fails to explain some important observations, for example, that there is considerable trade in both directions within what is usually regarded as a single industry, and that countries tend to export goods for which the domestic demand is higher. Krugman investigates the determination of foreign trade under increasing returns; he assumes no difference in production conditions between countries.
Prices are determined by imperfect competition with costless product differentiation. Using Simple models, he formalizes foreign trade. When transport costs are introduced, he shows that each country will specialize, so no two will produce the same goods. The larger country will have terms of trade turned in its favor, and wages will be higher there. Some extensions of the model allow varieties within a single industry. It can then be shown that intra-industry trade can emerge and that countries will tend to export those commodities for which the domestic demand is highest.
Kuznets, Simon. 1955. “Economic Growth and Income Inequality.” American Economic Review, 45(1): 1–28.
Data from developing economies indicate that the earlier phases of economic development tend to be characterized by increasing income inequality, as those engaged in the small but growing modern sector of the economy pull away from those still left in agriculture and other Subsistence activities. The degree of inequality reaches a peak, however, and then diminishes with further development, as the modern sector comes to dominate the economy and perhaps more so if it creates room for redistributive activity. The resulting “Kuznets curve” has been the subject of much empirical research and discussion within development economics.
Lucas, Robert E., Jr. 1973. “Some International Evidence on Output-Inflation Tradeoffs.” American Economic Review, 63(3): 326–34.
This article introduces a tight but stylized model in which market participants must make decisions without knowing whether local changes in price signal changes in relative price or merely reflect changes in the general price level; they do, however, know the statistical properties of both processes. From this basis emerges a naturalrate model in which the ratio of real-output change to price-level change in response to exogenous shifts in aggregate expenditure depends on the relative variance of those processes. Time-series cross-section data for a number of countries provide some weak evidence consistent with the basic conclusion. The underlying assumption has gone out of favor, but the modeling technique has been very Influential.
Modigliani, Franco, and Merton H. Miller. 1958. “The Cost of Capital, Corporation Finance and the Theory of Investment.” American Economic Review, 48(3): 261–97.
A central question in corporate finance is how a firm’s financial choices, such as its use of debt rather than equity financing, affect its cost of capital and consequently its investment Behavior. This paper developed a new framework for addressing this question by asking how different debt-equity choices would affect the total market value of all of the cash flows that the firm provided to its investors, both bond-holders and stock-holders. The paper’s central result is that, in a setting with complete capital markets and in the absence of tax-induced distortions, a firm’s total market value is invariant to its borrowing behavior. This powerful result can be demonstrated constructively, by developing a straightforward set of borrowing or
lending transactions that an equity investor can undertake to offset the consequences of changes in corporate borrowing. The analytical approach in this paper is one of the key foundations for the modern field of financial economics.
Mundell, Robert A. 1961. “A Theory of Optimum Currency Areas.” American Economic Review, 51(4): 657–65.
This paper explains that selecting the optimal geographic area for a single currency involves balancing two considerations. Macroeconomic stability is enhanced if the currency area has a high degree of internal factor mobility relative to the cross-border factor mobility. Taken by itself, this could lead to an excessively large number of currency areas, in the sense that There would be substantial transaction costs and valuation costs involved in making cross-area purchases. The optimal size of a currency area involves balancing these two considerations. Mundell discussed the potential application of this to the European countries some 30 years before the euro was introduced.
Ross, Stephen A. 1973. “The Economic Theory of Agency: The Principal’s Problem.” American Economic Review, 63(2): 134–39.
This paper was the first to describe and analyze the canonical principal-agent problem with moral hazard, which has since become a cornerstone of microeconomic theory. It solved for the optimal compensation scheme using the first-order approach, and compared the solution to the first-best arrangement, noting that the two generally diverge due to the principal’s need to motivate the agent. It characterized the class of utility functions for which the principal’s solution is first-best optimal regardless of the payoff structure, as well as the class of payoff structures for which the solution is first-best optimal regardless of the utility functions. In only a handful of terse pages, it anticipated many of the central issues with which the subsequent literature was concerned.
Shiller, Robert J. 1981. “Do Stock Prices Move Too Much to Be Justified by Subsequent Changes in Dividends?” American Economic Review, 71(3): 421–36.
Standard models of asset market equilibrium imply that the value of a share of corporate stock equals the present discounted value of that stock’s expected future payouts. This paper applied an ingenious test of this present value relationship, which compared the variance of annual stock price movements with the variance in corporate dividend payouts, to the US equity market for the period 1870–1979. The results suggested that historical stock price volatility was much greater than the volatility of dividend payouts would appear to warrant. This empirical finding
stimulated a wide range of follow-on research exploring various aspects of the efficient markets hypothesis, testing for time-varying discount rates in capital markets, and investigating the econometric properties of stock market returns and corporate payouts.
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* Arrow: Stanford Institute for Economic Policy Research (SIEPR), Stanford, CA 94305; Bernheim: Stanford University Department of Economics, Economics Building, 247 Stanford, California 94305; Feldstein: National Bureau of Economic Research, 1050 Massachusetts Avenue, Cambridge, MA 02138; McFadden: University of California, Berkeley, Department of Economics, 508-1 Evans Hall, Berkeley, CA 94720; Poterba: MIT Department of Economics, 50 Memorial Drive, Building E52, Room 350, Cambridge MA 02142; Solow: MIT Department of Economics, 50 Memorial Drive, Building E52, Cambridge MA 02142. We thank Jeffrey Hovis and Andrew McLetchie of JSTOR for their assistance. The 20 articles featured in this paper are available in the online version at
http://www.aeaweb.org/articles.php?doi=10.1257/aer.101.1.1.2
Carreira diplomatica: leituras para o concurso de entrada
Resumo de uma lista de leituras por:
Paulo Roberto de Almeida
(Brasília, fevereiro de 2010)
Um candidato à carreira diplomática, preocupado, como muitos, com a enormidade da lista de leituras requeridas, escreveu-me, no final de 2010, para perguntar-me se eu tinha uma lista resumida de leituras. Eu tinha, ou tive, uma lista desse tipo, mas eu a tinha elaborado em 2005 ou 2006, numa época em que a bibliografia não tinha assumido ainda proporções montanhosas, e quando o concurso tinha, talvez, outras características em relação ao período atual (2010-2011). Minha lista deve figurar no meu site de dicas para a carreira diplomática, que a despeito de necessitar uma boa atualização e reformatação, pode ainda servir para algo (link: http://www.pralmeida.org/04Temas/04AcademiaDiplom/02DiplomaciaGeral.html).
Não tenho a pretensão de fazer a lista perfeita, mas uma vez que fui solicitado a resumir aqueles que considero serem os livros essenciais para uma boa preparação, vou fazê-lo, com base UNICAMENTE na lista oficial de 2010 (já que o Guia de Estudos de 2011 não traz indicação de leituras). Eu o farei exclusivamente naquelas matérias com as quais mantenho certa familiaridade, substantiva e bibliográfica, à exclusão, portanto, de Português e de Inglês, embora eu também teria algo a eliminar do restante e algo a acrescentar (o que não vou fazer para não agregar à agonia dos candidatos.
Esta é, com todas as restrições aplicáveis, a “minha” lista, embora eu alerte, uma vez mais, que uma boa preparação para o Rio Branco vai muito além dessas “leituras obrigatórias”. Desejo bons estudos e boa sorte a todos os candidatos.
Paulo Roberto de Almeida
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Icaro: uma parabola atual? - Paulo Roberto de Almeida
Este aqui, por exemplo, parece que mereceria continuidade...
A pensar...
Paulo Roberto de Almeida
A parabola de Ícaro
Paulo Roberto de Almeida
(www.pralmeida.org)
A lenda de Ícaro se refere, obviamente, ao filho de Dédalo, o construtor do labirinto do rei Minos, de Creta, que, ao revelar o segredo do palácio-prisão a Teseu, permitiu que o terrível Minotauro fosse morto. Condenado ao labirinto com seu filho, Dédalo trama a fuga por via aérea, fabricando asas a partir de plumas de pássaros, untadas com cera. O vôo de Ícaro pode ser descrito como uma parabola: atraído pelo esplendor do sol, ele se eleva em demasia no céu, para cair logo em seguida, devido ao derretimento da cera que prendia as plumas de suas asas.
Há muitas maneiras de interpretar o mito de Ícaro e seu vôo para a queda, mas eu prefiro me ater aos perigos do excesso de exposição, que pode colocar em risco qualquer situação aparentemente bem estabelecida. De fato, em várias circunstâncias da vida, encontramos casos de ascensão fulgurante, seguida de uma rápida queda, o que, aliás, corresponde ao movimento da parábola. Mas, ademais dessa acepção matemática, o termo parábola também pode se referir a uma narrativa de fundo moral, geralmente de origem bíblica, denotando um possível ensinamento virtuoso que devemos retirar de alguma adversidade sofrida. Em suma: uma alegoria de valor espiritual e forma racional.
A despeito da tristeza imediata, e dos dissabores ligados a algum desastre não definitivo – o de Ícaro, obviamente, foi irremediável –, devemos sempre retirar lições morais das frustrações que enfrentamos na vida. Com exceção da punição extrema, da qual não há retorno possível, todas as demais situações de “queda” são suscetíveis de nos trazer algum elemento útil na determinação de nossa própria responsabilidade sobre eventuais desastres incorridos. De certa forma, os desastres são ainda mais “úteis” do que os sucessos, uma vez que estes podem ser devidos à obra do acaso, ao passo que aqueles sempre derivam de erros que cometemos em situações de escolhas alternativas. A despeito da literatura de negócios enfatizar, por exemplo, os grandes casos de sucesso empresarial, com lucros extraordinários e desempenho excepcional de mercado, os casos de fracasso são igualmente significativos, se não mais, no exame ponderado de nossas próprias fraquezas estruturais e debilidades circunstanciais. O sucesso pode ser motivo de embriaguez; o fracasso desperta e estimula.
Gostaria de ver na parábola de Ícaro uma lição moral para um exame honesto e sincero de algum comportamento afoito, eventualmente determinado pela presença de um sol momentâneo que brilha à nossa frente, atraindo-nos pelo calor e pela luz, mas que pode se revelar perigoso para nossa própria sobrevivência (não necessariamente física, mas “espiritual”). Ao fim e ao cabo, Ícaro é o exemplo que queremos evitar, mas só nos lembramos de revisar nossos atos e palavras quando somos confrontados à ameaça de algum desastre iminente, ou, o que é pior, no seu imediato seguimento.
Qual foi a ação que determinou nossa queda, qual foi a palavra impensada que nos levou ao desastre, que seqüência de iniciativas ou gestos desastrados nos levaram à derrota ou à simples frustração, que ensinamento retirar da adversidade (que se espera) momentânea? E sempre nos perguntamos: como pudemos ser tão estúpidos? Salvo os espíritos fracos, em geral saimos mais fortalecidos desse tipo de situação, em todo caso mais modestos e humildes do que no começo, dispostos a reiniciar nossa aventura, desta vez desprovidos de excesso de otimismo e armados de algo mais do que plumas e cera. O distanciamento crítico em relação aos fatores de atração e de queda se torna não apenas recomendável como provavelmente necessário, se quisermos retomar nossa liberdade de iniciativa e de ação.
Em definitivo, o impetuoso Ícaro foi vítima de sua própria afoitez e precipitação. Melhor, talvez, ficar com o exemplo de Ulisses, famoso não apenas por sua força, destreza e bravura, amplamente demonstradas na conquista de Tróia, mas sobretudo por sua tenacidade em face dos mais diversos perigos e trapaças da sorte. Com paciência e cálculo inteligente, ele soube arrostar todas as dificuldades e adversidades que lhe foram apresentadas por monstros e sereias, navegando de forma persistente em direção da ilha de Ítaca. Ao chegar, ele ainda teve de enfrentar os vários pretendentes que disputavam sua Penélope. Mas, isso já é motivo para uma outra estória…
Brasília, 26 de outubro de 2004.
sábado, 12 de fevereiro de 2011
Minitratado da imaginacao - Paulo Roberto de Almeida
Paulo Roberto de Almeida
Diferentemente dos animais – embora aqueles que se consideram “íntimos” dos animais não acreditam que eles sejam uma exceção à regra –, todos nós, humanos, possuímos a faculdade inata da imaginação. Alguns mais do que outros, pois conheço aqueles que sonham acordados (eu mesmo, por exemplo). A imaginação nos foi dada de graça, no ato da criação – e não vai aqui nenhuma interpretação religiosa da criação humana – e ela vem, por assim dizer, no pacote original junto com todos os outros sentidos, aqueles cinco da versão consagrada, e mais alguns – ditos paranormais – que circulam em volta da gente, do nosso cérebro e também do nosso coração (ou que pelo menos se aproveitam da distração de alguns desses sentidos tradicionais para se imiscuir sorrateiramente em nossas vidas).
Mas a imaginação não é um simples sentido natural, e sim um ato da vontade, embora não possamos impedir nossa própria consciência de imaginar “coisas”. Mas essas coisas imaginadas são instruídas, orientadas, criadas e administradas por nós, como se fossemos um diretor de cinema ou de teatro, quando eles dizem aos atores como o script deve ser realmente lido e interpretado. A diferença é que estamos “dirigindo” nossas próprias vidas, ou aquela que imaginamos para nós. A imaginação também é um roteiro, um script que fazemos, que desfazemos, criamos e recriamos, modificamos e apagamos, o tempo todo, embora sempre sobra um resquício do que pensamos no fundo do cérebro, e que de vez em quando emerge contra a nossa própria vontade.
É isso: a imaginação é um script rebelde, que não respeita a direção que acreditamos desempenhar, e que nem aceita nenhuma outra representação, senão aquela mesma que queremos dar, naquele momento, mas que por vezes escapa ao nosso controle, qual um filho rebelde, um adolescente independente. Esse roteiro tem páginas em branco, mas também sofre mudanças imperceptíveis, mesmo contra a nossa vontade. Ela é difícil de domar a imaginação.
Será que, como nos tratados, ou minitratados (como este e alguns outros que já elaborei), a imaginação tem uma ordem pré-determinada, um arranjo fixo que dispõe sobre suas partes e componentes. Quais seriam? Talvez prólogo (ou preâmbulo), disposições preliminares (ou definições de conceitos), disposições principais, duração, membros do enredo (ou Estados partes), solução de controvérsias, cláusula de denúncia, disposições transitórias, local e data, assinatura do autor? Não creio. A imaginação – mesmo sendo objeto de um minitratado como este – não é assim tão burocrática e organizada, e sim caótica, errática, cheia de idas e vindas, conflitos íntimos e tensões externas, enfim, tudo aquilo que estamos no direito de esperar de uma imaginação dotada de plena capacidade para nos entreter, nos embriagar, trazer-nos alguma felicidade momentânea ou mergulhar-nos em algum estado depressivo temporário.
O que move a imaginação? As paixões, certamente. O amor, talvez o ódio, o afeto, a ambição, a cupidez, o egoísmo – enfim, vocês acrescentem os outros pecados capitais – mas também a generosidade, o desprendimento, o interesse, a curiosidade e tudo aquilo que movimenta o cérebro humano, sobretudo e principalmente nosso meio ambiente, a família, as experiências na escola, no trabalho, na rua, na vida, enfim. Tudo suscita e alimenta a imaginação, e houve até um filósofo – minha imaginação não me ajuda agora a relembrar o seu nome – que sugeriu que a própria existência humana era um ato de imaginação. Os surrealistas certamente já produziram obras que são pura imaginação, e por isso fizeram sucesso (alguns até extorquiram muito dinheiro dos incautos, que geralmente têm pouca imaginação).
Os desenhos animados, e até alguns filmes de ficção, costumam representar alguns espíritos malévolos como dotados de muita imaginação, geralmente retratados como aqueles personagens de testa alta, cérebro volumoso, neurônios agitados, quando não ligados a estranhos aparelhos que pretendem transformar essa imaginação – por definição perversa – em poder sobre os homens e sobre o mundo. Não gosto muito dessa “versão” da imaginação, e sim daquela que figura no script dos filmes românticos, das comédias espirituosas e otimistas, quando tudo no final se encaixa, para trazer toda a felicidade esperada aos dois heróis principais da história. Essa é sem dúvida a “imaginação” que todos gostaríamos que acontecesse conosco, pois ficamos o tempo todo torcendo para que o herói ou a mocinha superem os perigos que os cercam, escapem das garras dos vilões ocasionais e, por fim, se reencontrem ao final do script para nosso maior conforto e felicidade imaginária.
Nem todo mundo tem direito a uma versão terrena, ou seja, real, desse roteiro otimista, com música de fundo, cenários coloridos, dos filmes que adoramos assistir em momentos de détente. Sim, nem todo mundo tem condições de se realizar numa vida feliz, sem preocupações materiais e sem angústias amorosas. Mas todos nós, sem exceção, temos direito a nossa quota de imaginação, ou a quanta imaginação pudermos “suportar”, ao longo de uma vida que é também feita de cruas realidades, de notas baixas na escola, de cobranças do chefe no trabalho, de lista de compras a serem feitas imediatamente, de louça na pia e de trastes para jogar fora. Tudo isso não nos impede de sonhar acordados, mesmo quando estamos cuidando da louça na cozinha, saindo para passear os cachorros ou empurrando o carrinho no supermercado (atenção para não se enganar de produto, ou levar o que não precisa...).
A imaginação nos ajuda a suportar um mundo que pode ser momentaneamente insuportável, uma vida aborrecida, feita de frustrações ou de restrições materiais. Todos nós já nos imaginamos ganhando na loteria, com o que TODOS os nossos problemas estariam automaticamente resolvidos (ou pelo menos imaginamos que sim). Todos nós já imaginamos o amor perfeito, sem nenhuma briga, felicidade eterna e juventude idem... Enfim, sabemos que isso não existe, ou pelo menos não todo o tempo, mas não custa imaginar que sim...
Quando é que vamos nos livrar da imaginação, aquela que nos impede de dormir imediatamente de noite, quando precisamos acordar cedo na manhã seguinte? Acho que nunca, pois isso é impossível: mesmo quando a gente se esforça para ficar com a mente limpa, com o cérebro em branco, para adormecermos mais rapidamente, lá vem a imaginação, sorrateira, atrapalhar nossos planos e prolongar a vigília noturna. Bandida imaginação, a roubar-nos horas de sono, a propor coisas impossíveis, realizando nossos desejos de ganhos, de vingança, de conquistas afetivas e de escapadas oportunas. Como é bom imaginar que aquilo possa de fato acontecer!
Em nossa economia política da existência, a imaginação também obedece às misteriosas curvas da oferta e da demanda. Nós, como simples humanos, dotados de carências, vontades e desejos, demandamos imaginação, o tempo todo, numa curva infinita, quase uma reta, para cima, sempre. Nosso cérebro não se faz de rogado, e atende imediatamente a essas carências materiais ou virtuais e fornece todos os insumos de que necessitamos, quase uma cornucópia inesgotável obedecendo ao velho princípio socialista “a cada um segundo suas necessidades”. Mas aí, por algum motivo, nos chocamos com a realidade, com a disponibilidade de “fatores de produção”, e a curva é arrastada dolorosamente para baixo, até se encontrar com as possibilidades de atendimento da demanda. O ponto de equilíbrio – como em todas as equações econômicas – é sempre num nível mais baixo do que desejaríamos, pois como diriam os economistas realistas, não se pode ter canhões e manteiga ao mesmo tempo, pelo menos não nas quantidades desejadas. Temos de fazer escolhas, hélas!
Ao fim e ao cabo, a imaginação também nos ajuda nessas escolhas dolorosas, mas que têm de ser feitas: sabemos, por experiência e aprendizado, que temos de domar a imaginação, pelo menos no domínio dos meios materiais e da existência terrena. Mas nada nos impede de construir um mundo onírico, feito de imagens puras, pessoas ideais (até reais), situações e palavras agradáveis, totalmente submetidas ao nosso controle, como nesses teatros de bonecos, nos quais mexemos os personagens e inventamos as suas vozes, escolhemos suas palavras (que são aquelas que gostaríamos de dizer ou de ouvir, sem qualquer restrição da vontade alheia ou de copyright proprietário).
Como é bom imaginar que somos poderosos ao ponto de dominarmos até a imaginação de terceiras pessoas, que dirão exatamente aquilo que esperamos ouvir delas, e que farão, de vontade própria, tudo aquilo que esperamos que façam em nosso favor, em benefício recíproco, em satisfação mútua. Estou imaginando demais?
Talvez, mas esta é a função de um minitratado como este: superar os limites legais, autorais, ou materiais, e deixar a imaginação correr solta, fazer tudo aquilo que uma imaginação fértil é capaz de fazer. Diferente da realidade, a imaginação não precisa ser alimentada, não depende de combustível ou de um motor de arranque. Só depende de nós mesmos, e de tudo aquilo que ousamos sonhar, de tudo aquilo que faz nossa felicidade, mesmo quando aparentemente não há esperança ou nos faltam os meios. A imaginação supre tudo isso, e é inesgotável, o próprio moto perpétuo.
Imagino, pelo menos, que seja assim...
Paulo Roberto de Almeida
(Brasília, 12 de fevereiro de 2011)
Apagao: uma palavra para apagar - The Economist goza do ministro brasileiro do apagao
Paulo Roberto de Almeida
Electricity in Brazil
The Economist, February 10th 2011
SÃO PAULO - IT WAS not a “blackout”, said Edison Lobão, merely a “temporary interruption of the electricity supply”. Brazil’s energy minister was speaking on February 4th after nearly 50m people across eight states in the country’s north-east had spent most of the night without power. Engineers are still investigating, but their preliminary conclusion is that a component in a substation failed just after midnight. That caused safety systems to malfunction, and transmission lines and then a power station to shut down.
Mr Lobão is trying to reserve the b-word for something more serious, which his government is determined to avoid: a big and sustained mismatch between electricity supply and demand. That last happened in 2001-02, after decades of growing energy use and low investment were followed by drought (70% of Brazil’s power comes from hydroelectric dams.) Back then, only rationing kept the lights on, and the after-effects dampened demand for some years.
Electricity use is growing strongly once more, rising by 7.8% last year. That is partly because Brazil’s economy is booming. But even if this changes, power use is unlikely to fall. Brazilians who have recently levered themselves out of poverty would give up much else before unplugging their first-ever fridges and washing machines. Luz Para Todos (Light for All), a government rural-electrification programme launched by Dilma Rousseff, the president, when she was energy minister, has hooked up more than 2.4m homes since 2003, and is continuing. The government reckons demand for electricity will rise by 5% a year over the next decade. Officials plan to mobilise investment totalling some 214 billion reais ($128 billion), from both private and public sources, in order to meet it.
Some of that will go on new fossil-fuel and nuclear plants, and some on biomass and wind energy. But the biggest chunk is for new hydroelectric projects. They are controversial, particularly the Belo Monte dam approved for the Xingu, a tributary of the Amazon in the northern state of Pará. This has been redesigned to avoid throwing a huge wall across the river. But it will still be Brazil’s second-biggest hydroelectric plant (after Itaipu), generating up to 11,230MW, will flood 500 square kilometres and will displace 20,000 people, mainly Indians.
On January 26th the environment ministry gave contractors the go-ahead to start clearing land for Belo Monte. Like other big projects, it has been repeatedly delayed by legal challenges from environmentalists, who prefer biomass, wind and energy-saving measures, and by the need to obtain environmental licences at each stage. Those are reasons why Brazilian firms want to build dams across the border in Peru (see article). It would be better for Brazil’s government to decide on each scheme according to the overall trade-off between energy security and environmental protection, with the environment ministry thereafter restricting itself to overseeing implementation, says Rodrigo Moita, an energy specialist at Insper, a São Paulo business school.
One way or another, Brazil is likely to avoid a new energy crunch, concluded a recent study by IPEA, a government-linked think-tank. But both cost and reliability are growing problems. Taxes mean that on average electricity costs two-thirds more in Brazil than in the United States. But the IPEA researchers expect the average price to rise further. Relying on hydro-generation in the Amazon means that electricity supply will be vulnerable to droughts and depend on long distribution lines to bring power to the populous south. These will be hard to maintain.
The strain is starting to show. Brazil suffered 91 big blackouts during 2010, up from 48 in 2008. In big cities short, localised power cuts are becoming common. One occurred when The Economist recently visited the research laboratory in Rio de Janeiro of Petrobras, Brazil’s oil giant. They have been happening at least once a week this (southern-hemisphere) summer, said the lab’s boss. Brazilians may have to get used to “temporary interruptions” every time they turn up their air-conditioners.
Ganhos de produtividade: quando os socialistas vao aceitar isso?
Socialistas em geral se interessam pelo nível dos salários, pela distribuição dos ganhos e pela repartição das riquezas, de forma geral, esquecendo-se que tudo isso precisa ser ganho, produzido, criado em primeiro lugar.
Os alemães, que tinham o maior custo salarial unitário da Europa, com benefícios sociais extensíssimos -- colônia de férias com muitas amenidades para todos os trabalhadores e, curiosamente, eram os que menos trabalhavam na Europa, com dezenas de feriados -- aprenderam uma lição, com a unificação e com as diversas crises que eles viveram depois dela: não dá para viver distribuindo sem produzir.
Voltaram aos velhos hábitos de trabalho duro e de ganhos de produtividade.
Os franceses, e os brasileiros, deveriam aprender com isso.
Paulo Roberto de Almeida
Compétitivité allemande, la myopie française
Frédéric Lemaître
Le Monde, 12.02.11
Le contraste est saisissant. Fin 2008, Nicolas Sarkozy ne pouvait cacher sa satisfaction : "La France agit, l'Allemagne réfléchit", ironisait-il, opposant la rapidité de la réaction française à la prudence allemande face à la crise financière. Février 2011 : Nicolas Sarkozy et Angela Merkel présentent le "pacte de compétitivité" que, selon eux, l'Europe devrait adopter, mais nul ne s'y trompe : si l'idée initiale est effectivement française, le contenu dudit pacte est allemand.
Dans le fameux couple, l'Allemagne a pris le leadership. Il est vrai qu'en matière de compétitivité, les chiffres parlent d'eux-mêmes. En 2010, la France affiche son huitième déficit commercial d'affilée : 51,4 milliards d'euros, alors que l'Allemagne présente un excédent de 154,3 milliards, le dix-septième d'affilée.
Pour expliquer cette divergence, gauche et droite avancent la même explication : le coût du travail, qui serait désormais moins élevé de l'autre côté du Rhin. L'institut COE-Rexecode a remis, fin janvier, à Eric Besson, ministre de l'industrie, un énième rapport sur l'écart de compétitivité entre les deux pays. On y lit qu'"il ne fait aucun doute que le coût de l'heure de travail a augmenté plus rapidement en France qu'en Allemagne depuis dix ans, et qu'il s'établit, aujourd'hui, au moins au niveau du coût allemand et plus probablement au-dessus. En outre, les coûts salariaux unitaires (...) qui tiennent compte de l'évolution relative de la productivité, ont progressé d'un peu moins de 3 %, entre début 2000 et fin 2007 en France, alors qu'ils reculaient de 11 % en Allemagne. L'écart qui s'est creusé est ainsi de 14 % et suffit à expliquer très largement la divergence de compétitivité."
En réponse, la fondation Terra Nova, proche du Parti socialiste, expliquait, le 7 février, qu'"on commente le dynamisme économique de l'Allemagne : c'est pourtant son atonie qui est frappante. L'explication est simple : le boom des exportations n'a pas relancé la croissance, car il a été gagé sur la contraction de la demande interne. La logique politique implicite est insoutenable : appauvrir les salariés allemands pour qu'ils soient compétitifs sur le marché mondial. Cet appauvrissement est réel : le revenu par habitant allemand était supérieur de 15 % à la France en 2000 ; il est aujourd'hui inférieur de 10 %."
Que l'Allemagne, après une décennie passée à gérer les conséquences de sa réunification, fasse tout, depuis dix ans, pour redevenir compétitive, en ayant notamment recours à une réelle modération salariale, est évident. Les lois Hartz, adoptées par le gouvernement SPD-Verts au début des années 2000, ont visé à remettre les chômeurs au travail et à accroître la flexibilité. Les demandeurs d'emploi doivent prendre le poste qu'on leur propose, même s'il ne correspond pas à leur qualification et n'est qu'à temps partiel.
Sur une population active de 60 millions de personnes, on compte 5 millions de salariés à temps partiel, plus 5 millions de personnes disposant d'un "mini-job" (400 euros pour vingt heures par semaine) et près de 1 million d'intérimaires. Or ces derniers gagnent environ deux fois moins que les salariés qu'ils sont supposés remplacer. Un intérimaire sur huit a d'ailleurs droit aux prestations sociales réservées aux personnes pauvres. Résultat : 15,5 % des Allemands vivaient en 2008 (derniers chiffres connus) sous le seuil de pauvreté, un chiffre légèrement inférieur à la moyenne européenne, mais en nette augmentation par rapport aux années précédentes.
Cela ne signifie pas que le pays s'appauvrit mais que les inégalités augmentent. Car, globalement, le pays va bien. L'hebdomadaire The Economist (du 5 février) parle même de "miracle allemand". Si l'on prend l'évolution du produit national brut (PNB) par habitant, note le journal, l'Allemagne est le pays du G7 où la croissance a été la plus forte ces dix dernières années : + 0,9 % par an en moyenne, davantage qu'aux Etats-Unis (+ 0,7 %) et en France (+ 0,6 %). Les chiffres du Fonds monétaire international (FMI) ne corroborent pas l'analyse de Terra Nova. En 2000, le PIB par habitant était un peu plus élevé en Allemagne qu'en France (25 130 euros contre 24 430 euros) et cet écart a tendance à croître. En 2010, le PIB par habitant était de 27 470 euros en Allemagne, contre 25 792 euros en France.
Il y a peu de chances que l'écart se réduise en 2011 : le moral des chefs d'entreprise allemands n'a jamais été aussi haut, et les instituts de prévision misent sur une croissance comprise entre 2,5 % et 3 % cette année - plus qu'en France. Les salariés devraient en profiter. Pour la première fois depuis 1994, le pouvoir d'achat réel a augmenté de 1,1 % en 2010, selon l'institut WSI, proche des syndicats. Pour 2011, les négociations salariales avancent rapidement. Volkswagen a conclu, le 8 février, avec le syndicat IG Metall, un accord prévoyant une hausse de 3,2 % des salaires, en 2011, plus une prime comprise entre 500 et 890 euros.
Pour remercier les salariés qui ont accepté, en 2009, de passer à temps partiel pendant la crise, plusieurs entreprises, comme Siemens ou Bosch, ont avancé de plusieurs mois les augmentations de 2011. Daimler va distribuer 125 millions d'euros de primes à ses salariés dans le monde, soit près de 1 000 euros par personne.
Croire que c'est surtout grâce à la modération salariale que l'Allemagne est plus compétitive que la France sur les marchés mondiaux relève, au mieux, de la myopie. Un technicien travaillant dans l'automobile n'a rien à envier à son collègue français. En revanche, les caissières des supermarchés sont encore plus exploitées en Allemagne, et les emplois de services à la personne y sont payés une misère.
Une anecdote résume la différence entre les deux pays. Commentant le déficit du commerce extérieur français, le secrétaire d'Etat Pierre Lellouche a indiqué qu'"il reflète essentiellement l'évolution de la facture énergétique". Nous voilà rassurés. En revanche, Mme Merkel a jeté un froid en indiquant que le monde n'attendait pas l'Allemagne pour innover, et qu'il ne saurait être question de se reposer sur ses lauriers.
Article paru dans l'édition du 13.02.11