domingo, 8 de junho de 2008

883) I Wish You Love - Que reste-t-il de nos amours?

I Wish You Love - Que reste-t-il de nos amours?

Musique originale: Charles Trenet; English Lyrics: Albert A. Beach
(June 7, 2008)

Goodbye, no use leading with our chins
This is where our story ends
Never lovers, ever friends
Goodbye, let our hearts call it a day
But before you walk away
I sincerely want to say

I wish you bluebirds in the spring
To give your heart a song to sing
And then a kiss but more than this
I wish you love

And in July, a lemonade
To cool you in some leafy glade
I wish you health and more than wealth
I wish you love

My breaking heart and I agree
That you and I could never be
So with my best, my very best
I set you free

I wish you shelter from the storm
A cozy fire to keep you warm
But most of all when snowflakes fall
I wish you love

Youtubes:
From the movie

Only lyrics and song: (Rachael Yamagata Album Version)

Another version with slides

Paris

Frank Sinatra (Followed by “And That’s Life”)
Frank Sinatra (with Count Basie):

Rod Stewart

Michael Bublé (with: I’ll never smile again)

Chaka Khan (with George Duke and Stanley Calrk at Montreux Jazz Festival)

Judy Garland

Chrissie Hynde (from Eye of the Beholder)

Chrissie Hynde

Que reste-t-il de nos amours?
Charles Trenet
http://www.youtube.com/watch?v=cu9bXqpR5Gk&feature=related
Patrick Bruel

Paroles françaises par Charles Trenet:

Ce soir, le vent qui frappe à ma porte
Me parle des amours mortes
Devant le feux qui s’éteint
Ce soir, c’est une chanson d’automne
Dans la maison qui frissone
Et je pense aux jours lointains

Que reste-t-il de nos amours
Que reste-t-il de ces beaux jours
Une photo, vieille photo
De ma jeunesse

Que reste-t-il des billets doux
Des mois d' avril, des rendez-vous
Un souvenir qui me poursuit
Sans cesse

Bonheur fané, cheveux au vent
Baisers volés, rêves mouvants
Que reste-t-il de tout cela
Dites-le-moi

Un petit village
Un vieux clocher
Un paysage
Si bien caché
Et dans un nuage
Le cher visage
De mon passé

Les mots, les mots tendres qu’on murmure
Les caresses les plus pures
Les serments au fonds des bois
Les fleurs, qu’on retrouve dans un livre
Dont le parfum nous enivrent
Ce sont envolés pourquoi?

Que reste-t-il de nos amours
Que reste-t-il de ces beaux jours
Une photo, vieille photo
De ma jeunesse

Que reste-t-il des billets doux
Des mois d' avril, des rendez-vous
Un souvenir qui me poursuit
Sans cesse

Bonheur fané, cheveux au vent
Baisers volés, rêves mouvants
Que reste-t-il de tout cela
Dites-le-moi

Un petit village
Un vieux clocher
Un paysage
Si bien caché
Et dans un nuage
Le cher visage
De mon passé

Dalida (avec Charles Trenet)

Dalida avec Johnny Mathis

Nana Mouskouri

Francoise Hardy et Bashung

I wish you love / Que reste-t-il de nos amours – Quintet Robert Fourgo

882) Curso em SP: A ordem mundial e as relações internacionais do Brasil

ESCOLA SUPERIOR DE PROPAGANDA E MARKETING
Curso de Férias (noturno): São Paulo, SP

A ordem mundial e as relações internacionais do Brasil

Objetivo:
Informar, analisar e debater com os participantes do curso os aspectos políticos, econômicos e tecnológicos da ordem internacional contemporânea. Serão enfocados os principais problemas da agenda diplomática mundial e a forma como o Brasil interage com cada uma de suas vertentes, no contexto da globalização e da internacionalização de seu sistema econômico.

A quem se destina:
A estudantes de humanidades em geral, de cursos de Relações Internacionais, em particular, mas também a todos os que estudam temas de alguma forma afetos aos negócios globais, em nível de graduação ou especialização em administração (com foco em global business). Deve interessar, igualmente, a homens de negócio, assim como a quaisquer outros profissionais interessados em atualizar conhecimentos sobre a agenda internacional (negociações comerciais multilaterais e regionais, crises financeiras, temas globais) e sobre a diplomacia brasileira em particular.

Metodologia:
Distribuição preliminar de apostila e de ampla bibliografia sobre os pontos selecionados, exposição em classe e interação com os alunos sobre as questões selecionadas e outras sugeridas durante o próprio curso .

Programa:
1) A ordem política mundial do início do século XXI e a posição do Brasil (Segurança estratégica e equilíbrios geopolíticos: interesses do Brasil; Relações entre as grandes potências e conflitos regionais: a América do Sul; Cooperação política e militar nas zonas de conflitos: o Conselho de Segurança)
2) A ordem econômica mundial e a inserção internacional do Brasil
(Regulação cooperativa das relações econômicas internacionais; Assimetrias de desenvolvimento: crescimento e investimentos estrangeiros; Cooperação multilateral e Objetivos do Milênio: o fracasso da ajuda oficial; Recursos energéticos e padrões de sustentabilidade: o papel do Brasil)
3) O Brasil e as economias emergentes: desafios e perspectivas
(Evolução recente das economias emergentes no contexto mundial; Acesso a mercados e negociações comerciais multilaterais; O Brasil no contexto das economias emergentes: desafios e limitações)
4) O regionalismo sul-americano e o papel político-econômico do Brasil
(Contexto político da América do Sul em perspectiva histórica; Os processos de integração regional e a evolução da posição do Brasil; Integração regional: origens e evolução do Mercosul, crise e estagnação; Desafios do Mercosul no contexto regional e mundial: perspectivas)

Professor:
Paulo Roberto de Almeida: Doutor em Ciências Sociais (Universidade de Bruxelas), Mestre em Economia Internacional (Universidade de Antuérpia); Diplomata de carreira; Professor orientador no Mestrado em Diplomacia do Instituto Rio Branco do Ministério das Relações Exteriores; Professor de Economia Política Internacional no Mestrado em Direito do Centro Universitário de Brasília – Uniceub. Ex-Assessor no Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República; Ministro-Conselheiro na Embaixada do Brasil em Washington (1999-2004).
Link para CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/9470963765065128; pralmeida@mac.com; www.pralmeida.org.

Duração:
Dias 7 e 8 e 10 e 11 de Julho de 2008; quatro noites de 3:30hs cada uma (das 19 às 22:30hs; total: 14hs).

Inscrições / Vagas Limitadas
On-line no site da ESPM – www.espm.br/ferias

Maiores informações neste link:
http://www.espm.br/ConhecaAESPM/Cursos/Pages/Default.aspx?CodigoUnidade=1&CodigoCursoDetalhe=271

sexta-feira, 6 de junho de 2008

881) E agora, sobre a Realpolitik...

Pequena lição de Realpolitik
(Brasília, 2 junho 2008, 5 p.) Digressões rápidas sobre esse conceito e o seu oposto, a Idealpolitik.
Publicado em Mundorama e em Meridiano 47.

Seria totalmente justificado o mau (pré)conceito que carrega a Realpolitik no plano das atitudes possíveis de serem adotadas pelos estadistas e outros responsáveis pelas relações internacionais dos Estados modernos? Leva ela, necessariamente, a um comportamento egoísta no confronto com alternativas menos estado-cêntricas e mais voltadas para o bem comum da comunidade internacional? Mas será que existe, de fato, uma coisa chamada “comunidade internacional”? Estadistas responsáveis podem adotar outra postura que não a pragmática, focada no interesse nacional, quando se trata de administrar as relações exteriores de seus países? Vejamos o que seria possível argumentar em torno desse conceito numa espécie de curso concentrado.
Realpolitik é mais um método do que uma doutrina, completa e acabada. Ela pode ser vista como uma escola de pensamento que não é boa, ou má, em si, e sim que pode, ou não, servir os interesses daqueles que presumidamente se guiam por seus “princípios”, algo vagos, de análise e de ação. O que ela quer dizer, finalmente? A rigor, trata-se de um simples cálculo utilitário, baseado nos interesses primários de um país, um Estado, um indivíduo. Ela tende a considerar os dados do problema e não se deixa guiar por motivações idealistas, generosas ou “humanitárias” de tal decisão ou ação, mas apenas e exclusivamente pelo retorno esperado de um determinado curso de ação, que deve corresponder à maior utilidade ou retornos possíveis para o seu proponente ou condutor da ação.
Como tal, ela responde a objetivos estritamente pragmáticos e “racionais”, num sentido estrito, de uma determinada interação humana, social ou estatal. Ela parte de um pressuposto básico, na vida ou na sociedade: indivíduos e grupos sociais guiam-se, basicamente, por seus instintos de sobrevivência ou por seus interesses imediatos de conforto, bem-estar, segurança, maximização de satisfação, de prazer ou de riqueza e poder, no caso de sociedades mais complexas. Não se pode negar que, nessa perspectiva, ela corresponde, aparentemente, à natureza humana, ou pelo menos a certa concepção da natureza humana, tal como vista pelos filósofos utilitaristas ou individualistas.
O que oferece, em seu lugar, aquela que seria, presumivelmente, sua contrapartida teórica, ou até prática, a Idealpolitik? Esta, supostamente, se deixaria guiar por nobres ideais, altruística em seus princípios e motivações, generosa nas suas interações e ações, voltada para o bem comum, a solidariedade, a elevação moral da humanidade e a promoção de valores vinculados aos direitos humanos, à democracia, ao primado do direito sobre a força, à construção de uma institucionalidade que supere, justamente, o interesse egoísta de indivíduos e Estados. Ainda que se possa conceber a existência, e mesmo a atuação, de indivíduos, instituições e Estados que se deixem guiar por tal conjunto de princípios e valores, não tenho certeza de que eles são seguidos na prática quando se trata do interesse maior de indivíduos e sociedades organizadas, que são os da sua segurança e da sua sobrevivência física.
Em qualquer hipótese, algumas distinções são possíveis, e passíveis, de serem feitas e elas têm a ver com a organização geral das ações do Estado no plano exterior. Teoricamente, a “doutrina” idealista seria mais comprometida com a cooperação internacional – no plano bilateral ou multilateral – e com a promoção de instituições comprometidas com tal finalidade, atualmente representadas pela ONU (mesmo com toda a corrupção e desvios comprovados), ao passo que a “doutrina” realista teria unicamente como base o interesse egoísta dos Estados, fechados, portanto, a esforços de cooperação ampliada, assistência a necessitados ou promoção de interesses comuns da humanidade. Tal dicotomia é dificilmente encontrável na prática, pois todos os Estados, e indivíduos, acabam cooperando na prática, ainda que tratando de cuidar, primariamente, de seu interesse próprio.
Finalmente, pode-se conceber uma Realpolitik “esclarecida” que, voluntariamente ou não, busca, de forma ativa ou secundária, a promoção de valores “altruísticos”, uma vez que eles poderiam ser funcionais, em última instância, para a promoção e a manutenção do interesse próprio do Estado ou do indivíduo em questão. Ou seja, a busca do “bem” redundaria em maior bem primeiramente para o seu promotor.
Estas considerações, necessariamente de cunho generalizante ou conceitual, não têm muito a ver com realizações práticas, ou correntes, de alguma Realpolitik em ação, “esclarecida” ou não. Normalmente se tende a identificar o exercício desse tipo de política com manifestações práticas de “diplomacia blindada” de alguma grande potência, na suposição de que apenas potências dominantes têm condições de cuidar de seu interesse próprio de maneira egoísta ou arrogante, o que é um entendimento enviesado, ou capcioso, do que seja Realpolitik. Por certo, pequenos Estados ou indivíduos desprovidos de poder próprio não têm condições de impor sua vontade aos demais, daí a identificação da Realpolitik com a política de poder. A rigor, qualquer indivíduo ou Estado pode tentar exercer seu quantum de Realpolitik, embora dentro de limites próprios à sua liberdade de ação (ou de reação).
Para tocar num exemplo sempre invocado de doutrina “realista” do interesse nacional, num sentido estreitamente egoísta e unilateral, referência é feita à chamada “doutrina Bush” de ação preventiva, com vistas a antecipar a qualquer iniciativa por parte de Estados inimigos ou grupos terroristas de atacar os EUA, o que justificaria, aos olhos de seus dirigentes, um ataque preventivo contra esses supostos inimigos. Ao mesmo tempo, caberia lembrar que essa doutrina vem sendo apresentada ou vem “envelopada” num conjunto de argumentos justificadores da ação americana, condizentes, supostamente, com uma visão mais “altruística” das relações internacionais, posto que identificada com a promoção da democracia, a defesa dos direitos humanos – em especial da mulher –, a capacidade de iniciativa individual no plano econômico, a liberdade religiosa e vários outros elementos de natureza supostamente “iluminista”.
Que isto esteja sendo feito por bombas e ocupação militar, e não por professores e missionários, poderia ser visto como secundário do ponto de vista da escola “realista”, embora não o seja para os “destinatários” da ação: afinal de contas, parece difícil implementar a democracia na ponta dos fuzis, ou mediante canhões e mísseis. Desse ponto de vista, a visão e a ação de Kissinger pareciam sinceras, ainda cinicamente realistas: ele não pretendia “melhorar” o mundo, apenas torná-lo suportável no plano dos interesses nacionais americanos, o que já lhe parecia um programa realisticamente enorme (em face dos perigos percebidos, reais ou ilusórios).
A Realpolitik, portanto, recomendaria deixar cada povo cuidar dos seus afazeres, sem interferência dos demais, até o limite dos efeitos indiretos sobre a segurança de outros da soberania exclusiva assim exercida (ou seja, eventuais spill-overs da potestade interna exercida de maneira excludente). Atualmente se invoca, ao lado do “dever de ingerência” – que seria a intervenção direta nos assuntos internos de outros Estados em caso de graves atentados aos direitos humanos – o chamado princípio da “não-indiferença”, que seria uma motivação altruística para exercer a cooperação ativa em prol do bem estar de povos menos bem aquinhoados pela natureza ou pela sua organização estatal ou social. A diferença entre um e outro estaria em que, no primeiro caso, a intervenção se daria contrariamente aos desejos ou capacidade de reação do Estado em questão, ao passo que no segundo, em total concordância e em cooperação com seus dirigentes.
Num primeiro caso, teríamos, então, a Realpolitik bem intencionada, no segundo a Idealpolitik explícita e aberta. O que se deve julgar, na verdade, é a eficiência das ações empreendidas com relação a objetivos bem determinados: no primeiro caso, o possível resultado é o salvamento de pessoas que de alguma forma pereceriam na ausência de intervenção, o que significa, simplesmente, a diferença entre a vida e a morte. No segundo caso, as ações altruísticas empreendidas podem ser rigorosamente inócuas, caso a não indiferença se exerça em direção de objetivos secundários ou totalmente marginais em relação aos verdadeiros problemas do país ou sociedade assim beneficiados com tal ação humanitária.
Não há, como se vê, um critério uniforme para se julgar princípios de ação, ou suas motivações teóricas: o que existem são situações objetivas e resultados tangíveis, em função dos quais julgar da efetividade de iniciativas e empreendimentos tomados por estadistas. O realismo e o idealismo podem ser invocados em circunstância diversas, e produzirem resultados totalmente contraditórios, em função dos objetivos pretendidos e dos meios mobilizados.
O que teria Kissinger a ver com isto, finalmente? Provavelmente nada, a não ser a perspectiva da história profunda e o sentido da razão, sempre bons conselheiros em matéria de políticas de Estado, em qualquer área que se pretenda atuar. Com todo o seu realismo cínico, Kissinger foi provavelmente um estadista altamente eficiente do ponto de vista dos interesses egoístas – portanto realistas – dos EUA. Teria sido ele tão eficiente assim caso tivesse sido, hipoteticamente, guindado à frente das Nações Unidas, num papel de cunho profundamente altruístico e humanitário? Provavelmente não, pois lhe faltaria a alavanca necessária para ser bom (ou mau, com os ditadores), segundo as circunstâncias: o poder de ordenar e de ser obedecido.
Não é segredo para ninguém que a ONU, com todos os seus bons princípios – e a despeito de uma maquinaria emperrada, por vezes corrupta – não é sequer capaz de fazer cumprir seus objetivos prioritários, e ela não o será pelo futuro previsível. Isto talvez seja uma demonstração cabal de que o realismo prático, com todos os seus supostos defeitos congenitais, ainda constitui uma boa alavanca para a ação.
Talvez, então, a melhor combinação possível, se as escolhas nos são dadas, fosse armar-se de uma doutrina inspirada nos bons princípios da Idealpolitik, ao mesmo tempo em que, no terreno da ação prática (e efetiva), buscaríamos guiar-nos pelos velhos e surrados princípios da Realpolitik. Acredito que mesmo um cínico como Kissinger não desgostaria desta combinação. Provavelmente é mais fácil propor do que implementar tal tipo de mini-max, ou seja, uma mistura de boas intenções com uma mão de ferro na sua consecução: poucos seriam capazes de fazê-lo, talvez apenas os “realistas-idealistas”. Ou serão os “idealistas- realistas”? Grande questão...

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 2 de junho de 2008

880) O legado do Kissinger

Um dos meus trabalhos mais recentes:
O legado de Henry Kissinger
Brasília, 1 junho 2008, 5 p.
Comentários sobre a obra prática e intelectual do estadista americano.
Publicado em Mundorama e na Meridiano 47.

Não, o velho adepto da realpolitik ainda não morreu. Mas tendo completado 85 anos em maio de 2008, o ex-secretário de Estado e ex-conselheiro de Segurança Nacional dos EUA Henry Kissinger aproxima-se das etapas finais de sua vida. Seus obituários – não pretendendo aqui ser uma ave de mau agouro – devem estar prontos nas principais redações de jornais e revistas do mundo inteiro, e os comentaristas de suas obras preparam, certamente, revisões de análises anteriores para reedições mais ou menos imediatas, tão pronto este “Metternich” americano passe deste mundo terreno para qualquer outro que se possa imaginar (na minha concepção, deverá ser o mundo das idéias aplicadas às relações de poder).
Talvez seja esta a oportunidade para um pequeno balanço de seu legado, que alguns – por exemplo Cristopher Hitchens, em The Trial of Henry Kissinger – querem ver por um lado unicamente negativo, ou até criminoso, como se ele tivesse sido apenas o inimigo dos regimes “progressistas” e um transgressor consciente dos direitos humanos e da autodeterminação dos povos. Ele certamente tem suas mãos manchadas de sangue, mas também foi o arquiteto dos acordos de redução de armas estratégicas e da própria tensão nuclear com a extinta União Soviética, além de um mediador relativamente realista nos diversos conflitos entre Israel e os países árabes, no Oriente Médio. Sua obra “vietnamita” é discutível, assim como foi altamente discutível – ou francamente condenável – o prêmio Nobel da Paz concedido por um simplesmente desengajamento americano, que visava bem mais a resolver questões domésticas do que realmente pacificar a região da ex-Indochina francesa.
Pode-se, no entanto, fazer uma espécie de avaliação crítica de sua obra prática e intelectual, como reflexão puramente pessoal sobre o que, finalmente, reter de uma vida rica em peripécias intelectuais e aventuras políticas. Sua principal obra de “vulgarização” diplomática, intitulada de maneira pouco imaginativa Diplomacia simplesmente, deve constituir leitura obrigatória em muitas academias diplomáticas de par le monde. Seu trabalho mais importante, uma análise do Congresso de Viena (1815), é mais conhecido pelos especialistas do que pelo grande público, mas ainda assim merece ser percorrido pelos que desejam conhecer o “sentido da História”.
O legado de Henry Kissinger é multifacético e não pode ser julgado apenas pelos seus atos como Conselheiro de Segurança Nacional de Richard Nixon, ou como Secretário de Estado desse presidente e do seguinte, Gerald Ford, quando ele esteve profundamente envolvido em todas as ações do governo americano no quadro da luta anti-comunista que constituía um dos princípios fundamentais da política externa e da política de segurança nacional dos EUA. Esse legado alcança, necessariamente, suas atividades como professor de política internacional, como pensador do equilíbrio nuclear na era do terror – doutrina MAD, ou Mutually Assured Destruction –, como consultor do Pentágono em matéria de segurança estratégica, e também, posteriomente a seu trabalho no governo, como articulista, memorialista e teórico das relações internacionais.
A rigor, ele começou sua vida pública justamente como teórico das relações internacionais, ou, mais exatamente, como historiador do equilíbrio europeu numa época revolucionária, isto é, de reconfiguração do sistema de poder no seguimento da derrocada de Napoleão e de restauração do panorama diplomático na Europa central e ocidental a partir do Congresso de Viena (1815). Sua tese sobre Castlereagh e Metternich naquele congresso (A World Restored, 1954) é um marco acadêmico na história diplomática e de análise das realidades do poder num contexto de mudanças nos velhos equilíbrios militares anteriormente prevalecentes. Depois ele foi um fino analista dessas mesmas realidades no contexto bipolar e do equilíbrio de terror trazido pelas novas realidades da arma atômica. Ele se deu rapidamente conta de que não era possível aos EUA manter sua supremacia militar exclusiva, baseada na hegemonia econômica e militar e no seu poderio atômico, sem chegar a algum tipo de entendimento com o outro poder nuclear então existente, a União Soviética, uma vez que, a partir de certo ponto, a destruição assegurada pela multiplicação de ogivas nucleares torna ilusória qualquer tentativa de first strike ou mesmo de sobrevivência física, após os primeiros lançamentos.
Daí sua preocupação em reconfigurar a equação dos poderes – aproximando-se da China, por exemplo – e em chegar a um entendimento mínimo com a URSS, através dos vários acordos de limitações de armas estratégicas. O controle da proliferação nuclear também era essencial, assim como evitar que mais países se passassem para o lado do inimigo principal, a URSS (o que justifica seu apoio a movimentos e golpes que afastassem do poder os mais comprometidos com o lado soviético do equilíbrio de poder). Numa época de relativa ascensão da URSS, com governos declarando-se socialistas na África, Ásia e América Latina, a resposta americana só poderia ser brutal, em sua opinião, o que justificava seu apoio a políticos corruptos e a generais comprometidos com a causa anti-comunista. Não havia muita restrição moral, aqui, e todos os golpes eram permitidos, pois a segurança dos EUA poderia estar em jogo, aos seus olhos.
Ou seja, todas as acusações de Christopher Hitchens estão corretas – embora este exagere um pouco no maquiavelismo kissingeriano – mas a única justificativa de Henry Kissinger é a de que ele fez tudo aquilo baseado em decisões do Conselho de Segurança Nacional e sob instruções dos presidentes aos quais serviu. Não sei se ele deveria estar preso, uma vez que sua responsabilidade é compartilhada com quem estava acima dele, mas certamente algum julgamento da história ele terá, se não o dos homens, em tribunais sobre crimes contra a humanidade. Acredito, pessoalmente, que ele considerava as “vítimas” de seus muitos golpes contra a democracia e os direitos humanos como simples “desgastes colaterais” na luta mais importante contra o poder comunista da URSS, que para ele seria o mal absoluto.
O julgamento de alguém situado num plano puramente teórico, ou “humanista” – como, por exemplo, intelectuais de academia ou mesmo jornalistas, para nada dizer de juizes empenhados na causa dos direitos humanos ou de “filósofos morais” devotados à “causa democrática” no mundo –, tem de ser necessariamente diferente do julgamento daqueles que se sentaram na cadeira onde são tomadas as decisões e tem, portanto, de julgar com base no complexo jogo de xadrez que é o equilíbrio nuclear numa era de terror, ou mesmo no contexto mais pueril dos pequenos golpes baixos que grandes potências sempre estão aplicando nas outras concorrentes, por motivos puramente táticos, antes que respondendo a alguma “grande estratégia” de “dominação mundial”. Desse ponto de vista, Kissinger jogou o jogo de forma tão competente quanto todos os demais atores da grande política internacional, Stalin, Mao, Kruschev, Brejnev, Chu En-lai, Ho Chi-min e todos os outros, ou seja, não há verdadeiramente apenas heróis de um lado e patifes do outro. Todos estão inevitavelmente comprometidos como pequenos e grandes atentados aos direitos humanos e aos valores democráticos.
Não creio, assim, que ele tenha sido mais patife, ou criminoso, do que Pinochet – que ele ajudou a colocar no poder – ou de que os dirigentes norte-vietnamitas – que ele tentou evitar que se apossassem do Vietnã do Sul (e, depois, jogou a toalha, ao ver que isso seria impossível cumprir pela via militar, ainda que, na verdade, os EUA tenham sido “derrotados” mais na frente interna, mais na batalha da opinião pública doméstica, do que propriamente no terreno vietnamita). Ou seja, Kissinger não “acabou” com a guerra do Vietnã: ele simplesmente declarou que os EUA tinham cumprido o seu papel – qualquer que fosse ele – e se retiraram da frente militar.
Seu legado também pode ser julgado como “comentarista” da cena diplomática mundial, como memorialista – aqui com imensas lacunas e mentiras, o que revela graves falhas de caráter – e como consultor agora informal de diversos presidentes, em geral republicanos (mas não só). Ele é um excelente conhecedor da História – no sentido dele, com H maiúsculo, certamente – e um grande conhecedor da psicologia dos homens, sobretudo em situações de poder. Trata-se, portanto, de um experiente homem de Estado, que certamente serviu ardorosamente seus próprios princípios de atuação – qualquer que seja o julgamento moral que se faça deles – e que trabalhou de modo incansável para promover os interesses dos EUA num mundo em transformação, tanto quanto ele tinha analisado no Congresso de Viena.
Desse ponto de vista, pode-se considerar que ele foi um grande representante da escola realista de poder e um excelente intérprete do interesse nacional americano, tanto no plano prático, quanto no plano conceitual, teórico, ou histórico. Grandes estadistas, em qualquer país, também são considerados maquiavélicos, inescrupulosos e mentirosos, pelos seus adversários e até por aliados invejosos. Esta é a sina daqueles que se distinguem por certas grandes qualidades, boas e más. Kissinger certamente teve sua cota de ambas, até o exagero. Não se pode eludir o fato de que ele deixará uma marca importante na política externa e nas relações internacionais – dos EUA e do mundo – independentemente do julgamento moral que se possa fazer sobre o sentido de suas ações e pensamento.
Por uma dessas ironias de que a História é capaz, coube a um dos presidentes mais ignorantes em história mundial (Ronald Reagan) enterrar, praticamente, o poder soviético com o qual Kissinger negociou quase de igual para igual durante tantos anos. Ele, que considerava o resultado de Viena um modelo de negociação – por ter sido uma paz negociada, justamente, não imposta, como em Versalhes – deve ter sentido uma ponta de inveja do cowboy de Hollywood, capaz de desmantelar o formidável império que tinha estado no centro de suas preocupações estratégicas – e que ele tinha poupado de maiores “desequilíbrios” ao longo dos anos. Seu cuidado em assegurar o “equilíbrio das grandes potências” saltou pelos ares com o keynesianismo militar praticado por Reagan, um desses atos de voluntarismo político que apenas um indivíduo totalmente alheio às grandes tragédias da História seria capaz. Talvez Kissinger tivesse querido ser o arquiteto do grande triunfo da potência americana, mas ele teve de se contentar em ser apenas o seu intérprete tardio. Nada mau, afinal de contas, para alguém que foi, acima de tudo, um intelectual...

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 2 de junho de 2008

terça-feira, 3 de junho de 2008

878) Teste a sua orientacao politico-economica

O politicômetro é um teste de opinião que o situa no campo das liberdades individuais e da relação entre o estado e a economia. Com a ajuda do sociólogo Alberto Almeida, VEJA preparou um questionário com vinte perguntas. Assim que terminar de respondê-las, você saberá a sua posição política em um quadrante que tem como eixos os extremos esquerda-direita e liberal-antiliberal.

Veja onde você se posiciona:

click no link abaixo:

http://veja.abril.com.br/idade/testes/politicometro/politicometro.html

quinta-feira, 29 de maio de 2008

877) A linguagem da globalizacao

Perhaps not, or better, broken English for sure...

What Will Globalization Do to Languages? A Freakonomics Quorum
By Stephen J. Dubner
May 28, 2008, 2:46 pm

The headline says it all, although the unspoken question is: will globalization indeed result in the hegemony of English, as has long been promised/threatened?

We gathered up some wise people who spend their time thinking about such things -- Christian Rolling, Mark Liberman, Henry Hitchings, and John Hayden -- and asked them to answer our question. Many thanks for their insights.

Christian Rolling, senior interpreter and next chief of the French interpretation section at the U.N. in New York.

"The Internet has helped curtail English language domination."

As an interpreter, I tend to focus more on spoken words; and I suspect (being French) that you would love to read that English is (finally) going to be the universal language thanks to globalization.

But No! The Internet has helped curtail English language domination: Just over half the number of Web pages are in English.

Rudimentary English might still be the most convenient means of oral or written communication between strangers of different cultures on planet Earth, but globalization is giving a new (virtual) planetary presence to hundreds of languages and cultures through millions of Web sites, mixing text and videos.

The big loser? Grammar.

With the proliferation of text messages, e-mails, emoticons, strange abbreviations (The French love CUL, which means a**) why bother about style or form?

Web sites are more polished, but even there, spelling mistakes abound.

John Hayden, president of Versation, parent company of English, baby!, a social networking site for English language learners around the world.

"English is like a cell phone provider offering the best plan. But if the dollar continues to drop, the most viable option could shift."

Globalization is synonymous with homogenization. What does this mean for languages?

We'll be losing all but one of them, and guess which one.

Although ludicrous, this point of view is common. My friends and colleagues question me from time to time about whether a website like mine that helps people around the world learn English is necessarily a good thing.

But last I checked, learning one language doesn't cause you to forget another. More than half the world plays soccer, but other sports continue to thrive. Why should languages be any different?

In fact, it seems widely agreed upon that a person who speaks more than one language is worthy of admiration. The fact that nearly two billion people are learning English means that there are more bilingual people than ever before.

Though shared languages between countries are necessary for globalization to thrive, the popularity of English is incidental and could change.

English is a tool, just like a piece of technology. Much of the world's economy is tied up in English-speaking countries and for that reason, English is like a cell phone provider offering the best plan. But if the dollar continues to drop, the most viable option could shift. Mexico and Korea don't need English to communicate if Korea begins to find it profitable to learn Spanish.

This flexibility exists because other languages aren't going away. It's important to understand that English is growing as a second or
third language.

I've yet to hear of a country changing its first language to English to better compete globally and I doubt that will happen.

A Bulgarian woman might fly to the U.S. for a meeting, but will still walk to the grocery store. She might send American partners news via e-mail, but will still gossip on her neighbor's porch, read and sing in Bulgarian, and speak it with her family -- and with you if you're smart.

Don't underestimate the value of knowing languages other than English in a globalized world. Nothing makes a trip to Japan better than knowing Japanese and if you're bidding on a contract in India, the proposal written in Hindi is sure to stand out. A philosopher who can read German articles before they're translated has an edge on his peers.

In fact, globalization means that we have more reason than ever to learn a language. While globalization has its benefits and drawbacks, learning a language, like almost any other skill, is at best useful and at least a bit of personal edification (like learning Ancient Greek or fly fishing).

But at the moment, English is about as valuable as a computer in terms of the amount of cultural exchange and access to information it affords. Of course, the two are most powerful together, which is why we started English, baby!. It was a reaction to a demand.

More often than not, a new member's first blog is something to the effect of, "This is the first day of my life," which demonstrates a mind-boggling enthusiasm for, and faith in this language and technology.

Mark Liberman , professor of linguistics at the University of Pennsylvania, blogs at Language Log.

"If you're going to combine many countries with different national languages -- and do it by political compromise rather than by military conquest -- then you can't impose any single national language on the result."

The obvious things to say about this are, well, obvious. But not everything that's obvious is entirely true, and there are some surprises behind the "duh"s.

It's obvious that English promotes American power in the global linguistic marketplace -- but a slogan of Li Yang's Crazy English movement is "Conquer English to Make China Stronger!"

It's obvious that globalization will tend to wipe out smaller languages and cultures -- but if you search the web for "soomaaliya" or "gabay ka," you'll find more text from the world-wide Somali diaspora than was ever produced in the horn of Africa. It's obvious that globalized communications and popular culture will tend to homogenize local language varieties -- but some varieties of English seem to be diverging more rapidly than ever.

Much of today's linguistic politics are rooted in the residues of colonial rule, itself an earlier form of globalization -- but paradoxically, the recent spread of former colonial languages is sometimes driven by local resistance to domination by outsiders.

In 1950, the Indian constitution established Hindi as the official language of the central government, and the use of English as a "subsidiary official language," inherited from the days of British colonial rule, was supposed to end by 1965. However, less than a sixth of the Indian population speaks Hindi natively, and for elite speakers of India's other 400-odd languages, especially in the south, the imposition of Hindi felt like a kind of conquest, whereas continued use of English was an ethnically neutral option. So today, the authoritative version of acts of parliament is still the English one, Supreme Court proceedings are still in English, and so on.

The rise of English as the language of global economic opportunity just reinforces this pattern, which also applies in Pakistan, in Nigeria, and in several other former British colonies.

A particularly intense version of this sort of thing is happening in Iraq.

Kurdish officials resist being forced to do business with the central government in Arabic, and sometimes insist on English, even if their command of Arabic is excellent. They recognize that they can't force the central government to deal with them in Kurdish, but they see English, the language of the former colonial power, Britain -- and of the current occupying power, the United States -- as a symbol of resistance to the cultural and political hegemony of the Arabic-speaking majority.

The situation in former French colonies is more subtle. French is the ethnically-neutral lingua franca there, and the linguistic gateway to opportunity and migration. But many individuals in the Francophone world are starting to see English as a better opportunity -- and the rulers of some Francophone countries have begun to feel the same way -- to the immense chagrin of the French government, which works hard by various means to keep the former colonies in La Francophonie. In that context, promoting (for example) English-language schools can become a form of resistance to neocolonialism.

And at the same time that big languages like English, French, Chinese, and Arabic have been spreading among present or past imperial subject populations, local linguistic nationalism has been increasing in strength, and winning some victories.

In Belgium -- which is number one in the 2007 KOF Index of Globalization -- Flemish cultural nationalism, very much based on language, is threatening to split the country in two.

Less dire versions of the same process have been happening elsewhere in Europe. Anyone who's been in Barcelona recently knows that the dominance of Catalan there has been officially acknowledged, and Spain's ratification of the European Charter for Regional or Minority Languages has also led to co-official status for Basque and Galician in their regions.

As a result of the same European Charter, two centuries of French official suppression of minority languages came to an end, at least officially, in 2001. (Actually, France rejected the charter as contrary to its constitution, but the Ministry of Education decided anyhow that education in Occitan, Corsican, Breton, Basque, and so on could at least in principle be allowed.)

Paradoxically, the force that freed "regional and minority" languages throughout Europe was exactly the economic and political unification created by that poster child of globalization, the European Union.

If you're going to combine many countries with different national languages -- and do it by political compromise rather than by military conquest -- then you can't impose any single national language on the result. And once you admit a dozen or so national languages to official status in the resulting union, why not throw in a hundred more -- even if the local nation-states have been busily trying to promote national unity by suppressing them for the past few centuries?

Henry Hitchings, author of Dr. Johnson's Dictionary: The Extraordinary Story of the Book that Defined the World, and his most recent, The Secret Life of Words: How English Became English.

"One of the intriguing consequences of globalization is that English's center of gravity is moving."

"It's interesting that we think of nature conservation as something rather sexy, but language conservation on the whole gets dismissed as naïve and backward-looking. "

This isn't a question that belongs in the future tense; it's happening right now, and we're seeing dramatic change in the whole global system of languages. So the succinct answer would be "a lot." But I'd like to expand on this.

Today there are about 6,500 different natural languages. Eleven of them account for the speech of more than half the world's population. Those eleven are Mandarin Chinese, Spanish, Hindi, French, Bengali, Portuguese, Russian, German, Japanese, Arabic, and -- of course -- English.

English is distinguished from the others in this list by having very significant numbers of non-native speakers, and, for reasons I'll come back to, I think it's going to be the one most affected by globalization.

At the opposite end of the scale there are languages teetering on the brink of extinction. More than half the world's languages have fewer than 5,000 speakers, and there are many hundreds that have as few as a dozen. Languages are disappearing all the time -- it's estimated that a language becomes extinct roughly every two weeks. Some of those under threat are American languages -- the likes of Kashaya, spoken in a small part of northern California, and Menominee in Wisconsin.

I think we can say that almost everywhere is part of the "world system" now, and the thing about any system that integrates people is that it benefits its architects. Yes, you're going to see cultural cross-pollination, but, fundamentally, imported cultures are going to push out indigenous ones. We can look at the example of Canada: when it was colonized, more than sixty languages were spoken there, but English and French wiped almost all of them out, and only one, Inuktitut, has really clung on at all.

In the future, things that don't happen in the world's major languages are likely to be marginalized in favor of very possibly less worthy things that do happen in them. We see this a good deal already. For instance, we know that by and large a book published in English is going to have a far wider reach than one published in Czech, regardless of their respective merits.

One of the consequences is that, as students and scholars look to enhance their credentials and the visibility of their work, universities, which used to be national institutions, have become an international marketplace.

It's clear that globalization is making English especially important not just in universities, but in areas such as computing, diplomacy, medicine, shipping, and entertainment. No language is currently being learned by more people -- there may soon be 2 billion actively doing so -- and the desire to learn it reflects a desire to be plugged into a kind of "world brain."

To many people, then, the spread of English seems a positive thing, symbolizing employment, education, modernity, and technology. But to plenty of others it seems ominous.

They hold it responsible for grinding down or homogenizing their identities and interests. It tends to equalize values and desires, without doing the same for opportunities.

While English-speakers may think the spread of their language is simply a force for good, opening up the world and helping to advance things like feminism and human rights awareness in places they might not otherwise reach, to many other people this spread is a symptom of things they don't want: the Christian faith, for instance, and political paternalism.

So far, so unsurprising, you might say; but globalization may well have a kind of revenge effect. There's a distinct chance, I think, that it will actually undermine the position of the very native speaker who, by virtue of having a mastery of this obviously valuable language, thinks he or she is in a strong position.

Why? Because one of the intriguing consequences of globalization is that English's center of gravity is moving. Its future is going to be defined not in America or Britain, but by the new economies of places like Bangalore, Chongqing, and Bratislava.

Internationally, English is becoming the language of the urban middle classes, and as the ability to use English becomes a kind of basic skill for such people, the prestige that attaches to being able to speak it with native fluency is going to shrink. People who have a stripped-down, second-language knowledge of it may start to cut native speakers out of the equation. At the same time we're going to see a proliferation of what are sometimes called 'glocal' Englishes -- noticeably different forms of the global language that preserve their local roots. One of the ultimate effects may be that native speakers of English will be at a professional disadvantage, because they're seen as obstructions to the easy flow of business talk and they're competent in just this one "basic" language.

Branching out beyond English, I think it's safe to say that one of the things we are seeing, as technology breaks down borders, is that it is no longer sensible to think of a precise association between particular languages and particular territories.

Nobody owns languages any more. And this is likely to be especially troubling for anyone whose language is widely used by people who aren't native speakers.

As it advances, globalization seems to be whipping up its own backlash, and I'm sure we are soon going to see language learning and language conservation become more contentious political issues. It's interesting that we think of nature conservation as something rather sexy, but language conservation on the whole gets dismissed as naïve and backward-looking. My hunch is that if there's one language in the top eleven I mentioned earlier that is really going to get squeezed, it's German.

Realistically, fifty years from now the world's big languages may be as few as three: Mandarin Chinese, Spanish, and English. Hindi, Bengali, Urdu, and Punjabi will also be pretty big -- but chiefly because of massive population growth on their home turf. Arabic, too, will have grown -- for religious reasons at least as much as economic ones.

At the other end of the scale, many languages will have disappeared, irrecoverably, and with them will have disappeared their cultures.

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...