quinta-feira, 8 de maio de 2025

Full text of Pope Leo XIV's first speech: 'Peace be with you' (Reuters)

 Full text of Pope Leo XIV's first speech: 'Peace be with you'

By Reuters

May 8, 20257:03 PM GMT-3Updated 36 min ago


This is the first greeting of the risen Christ, the Good Shepherd, who gave His life for God's

 

'Peace be with you all,' says Pope Leo XIV in first address


VATICAN CITY, May 8 (Reuters) - The following is the full first speech of Pope Leo XIV, given from the central balcony of St. Peter's Basilica shortly after his election as the new pope and leader of the Catholic Church.


"Peace be with all of you!

Dearest brothers and sisters, this is the first greeting of the Risen Christ, the good shepherd who gave his life for God's flock. I too would like this greeting of peace to enter your heart, to reach your families, to all people, wherever they are, to all peoples, to the whole earth. Peace be with you!

This is the peace of the Risen Christ, an unarmed and disarming peace, humble and persevering. It comes from God, God who loves us all unconditionally. We still have in our ears that weak but always courageous voice of Pope Francis who blessed Rome!

The pope who blessed Rome gave his blessing to the world, to the entire world, that Easter morning.

Allow me to follow up on that same blessing: God cares for us, God loves all of us, and evil will not prevail! We are all in God's hands. Therefore, without fear, united hand in hand with God and among ourselves, let us move forward.

We are disciples of Christ. Christ goes before us. The world needs His light. Humanity needs Him as the bridge to reach God and His love.

 

Help us too, then help each other to build bridges - with dialogue, with encounter, uniting all of us to be one people always in peace. Thank you, Pope Francis!

I also want to thank all the fellow cardinals who chose me to be the Successor of Peter and to walk with you, as a united Church always seeking peace, justice - always trying to work as men and women faithful to Jesus Christ, without fear, to proclaim the Gospel, to be missionaries.

I am a son of Saint Augustine, (an) Augustinian, who said: "With you I am a Christian and for you a bishop." In this sense, we can all walk together towards that homeland that God has prepared for us.

To the Church of Rome, a special greeting! We must seek together how to be a missionary Church, a Church that builds bridges (and) dialogue, always open to receive (people), like this square, with open arms - everyone, all those who need our charity, our presence, dialogue and love.

(Switching into Spanish) And if you allow me also, a word, a greeting to all those, and particularly to my beloved diocese of Chiclayo, in Peru, where a faithful people have accompanied their bishop, have shared their faith, and have given so much, so much to continue being a faithful Church of Jesus Christ.

(Switching back to Italian) To all of you, brothers and sisters of Rome, of Italy, of the whole world, we want to be a synodal Church, a Church that walks, a Church that always seeks peace, that always seeks charity, that always seeks to be close especially to those who suffer.

Today is the day of the Supplication to Our Lady of Pompeii. Our Mother Mary always wants to walk with us, to stay close, to help us with her intercession and her love.

So I would like to pray together with you. Let us pray together for this new mission, for the whole Church, for peace in the world, and let us ask for this special grace from Mary, our Mother."

 

Reporting by Joshua McElwee; Editing by Janet Lawrence

Lula celebrará 80 anos da vitória da Europa na Segunda Guerra com Putin e outros ditadores na Rússia - Carinne Souza (Gazeta do Povo)

Viagem à Rússia

Lula celebrará 80 anos da vitória da Europa na Segunda Guerra com Putin e outros ditadores na Rússia

Por Carinne Souza

Gazeta do Povo, 08/05/2025 

https://www.gazetadopovo.com.br/republica/lula-celebrara-80-anos-da-vitoria-da-europa-na-segunda-guerra-com-putin-e-outros-ditadores-na-russia/

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu prestigiar as celebrações dos 80 anos da vitória aliada na Segunda Guerra nesta sexta-feira (9), na Rússia, ao lado de ditadores e autocratas como Vladimir Putin (Rússia), Xi Jinping (China), Miguel Diaz-Canel (Cuba) e Nicolás Maduro (Venezuela). A decisão de celebrar a data em Moscou ignora os eventos realizados em democracias liberais, que comemoram o Dia da Vitória na Europa nesta quinta-feira (8). Para analistas, a escolha é mais um gesto político de aproximação do petista a Putin no contexto da invasão russa à Ucrânia.

A Rússia chama a Segunda Guerra de Grande Guerra Patriótica e celebra o fim dos confrontos no dia 9 de maio, quando tropas nazistas se renderam aos soviéticos em Berlim. A tradição de realizar grandes paradas militares como demonstração de força militar foi resgatada por Putin no ano de 2008, quando ele começou a anunciar que a Rússia criaria mísseis hipersônicos e novos tipos de armas nucleares.

Reino Unido, França, Áustria, Bélgica, Polônia e outros países europeus celebram o Dia da Vitória na Europa em 8 de maio, data que marca o anúncio na imprensa mundial da rendição incondicional do exército alemão ao general aliado Dwight Eisenhower na catedral de Reims, na França – evento que havia ocorrido um dia antes, em 7 de maio.

Os Estados Unidos também comemoram a data em 8 de maio, mas ela tem uma importância relativamente menor para o país, já que o conflito continuou no Pacífico até setembro. Em anúncio feito nas redes sociais, o presidente Donald Trump afirmou que daria à data o nome de "Dia da Vitória na Segunda Guerra Mundial", mas a medida ainda não foi concretizada pela Casa Branca.

A celebração russa em uma data diferente dos demais países, explicam os analistas consultados pela reportagem, é vista como uma manobra para fazer a população crer incorretamente que a vitória contra a Alemanha nazista de Adolf Hitler foi só ou principalmente devido à atuação da União Soviética.

Visita de Lula a Moscou para o Dia da Vitória tem peso político pejorativo

Analistas avaliam com preocupação a decisão de Lula em celebrar a data em Moscou, isso porque o encontro do petista com Putin pode chancelar a percepção de que o mandatário brasileiro tem um "lado" na guerra na Ucrânia. Soma-se a isso ainda o viés político que o ditador russo tem dado ao dia 9 de Maio.

O Brasil não tem tradição em comemorar o Dia da Vitória na Europa. As principais celebrações são homenagens aos Pracinhas (combatentes brasileiros da Segunda Guerra) realizadas na manhã desta quinta-feira (8) em diversas unidades do Exército. Um dos maiores atos é organizado pelo Comando Militar do Sudeste, na Praça Heróis da FEB, em São Paulo. Ele terá a presença de diplomatas europeus que se mobilizaram para dar um recado implícito de desaprovação ao gesto de Lula ir à Rússia. Confirmaram presença diplomatas do Reino Unido, Ucrânia, Bélgica e da representação da União Europeia no Brasil.


Na Rússia, o Dia da Vitória é usado para engajar o espírito nacionalista entre a população russa, mas nos últimos anos, Putin tem utilizado a data para justificar a invasão que fez à Ucrânia em fevereiro de 2022. Neste ano, além de Lula, o ditador russo convidou diversos aliados para participar do evento, em uma tentativa de mostrar força política em um momento que tem sido pressionado pelo fim da guerra no território ucraniano.

"Esse é um evento carregado de muito simbolismo, onde o Kremlin procura fazer prosperar a sua narrativa. É uma parada militar que serve para poder mostrar poder, capacidade e disposição para o conflito por parte do país invasor na guerra da Ucrânia", avalia o professor Elton Gomes, do departamento de Ciência Política da Universidade Federal do Piauí (UFPI).

Na avaliação do diplomata e ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero, a viagem de Lula é inconveniente e pode trazer prejuízos para a diplomacia brasileira no atual contexto geopolítico. "É sinal de uma visão ideológica anacrônica do sistema internacional própria da esquerda envelhecida e desatualizada. Compromete a isenção que a política exterior brasileira deveria manter ao se inclinar em favor da Rússia e da China", avalia.

"Se trata de uma viagem altamente inoportuna e inconveniente pois só pode ser interpretada como apoio implícito a um ditador que é o responsável pela mais grave violação dos princípios da Carta da ONU e do Direito Internacional: a agressão contra a Ucrânia. Em plena guerra da Ucrânia, a visita prestigia um regime alvo de condenações da Assembleia Geral da ONU e de sanções internacionais", pontua Ricupero.

Ricupero, que também foi embaixador do Brasil em Londres e em Washington, aponta ainda para uma certa incoerência de Lula ao participar do evento. Isso porque a agressão russa contra a Ucrânia realizada em fevereiro de 2022 "reintroduziu a guerra no continente europeu 80 anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial".

Lula deve ficar cerca de três dias na Rússia, onde também terá uma reunião bilateral com Vladimir Putin. O encontro com o ditador, conforme informou o embaixador e secretário de Ásia e Pacífico do Itamaraty, Eduardo Saboia, será para tratar assuntos políticos e de interesse dos dois líderes, descartando a possibilidade de temas da agenda bilateral ou dos Brics serem o alvo da reunião.

Além das celebrações do Dia da Vitória, o governo brasileiro pretende assinar acordos de parceria estratégica com a Rússia. A comitiva do mandatário brasileiro conta com o chanceler Mauro Vieira, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e a ministra de Ciências e Tecnologia, Luciana Santos. O ex-chanceler e assessor para assuntos especiais da presidência, Celso Amorim, também acompanha a viagem.

A primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, Janja, também acompanha Lula em seus compromissos em Moscou. Janja chegou à Rússia antes do petista e cumpriu uma agenda exclusiva no país, com visitas a faculdades, museus e encontros com brasileiros que residem em território russo. De Moscou, Lula segue para a China, onde participa do Fórum Celac-China e assina novos acordos com o governo chinês.

Viagem para a Rússia chancela “lado” de Lula na guerra da Ucrânia, dizem analistas 

Para analistas consultados pela Gazeta do Povo, Lula passa uma mensagem equivocada ao se reunir com Putin na Rússia. "Do ponto de vista da imagem do Brasil no exterior, é ruim, porque o Brasil, por ter uma diplomacia muito pragmática e calcada em questões muito objetivas de comércio exterior, procura evitar dar demonstrações ou sinalizações de que teria adesão a qualquer um dos lados e seja qual for a disputa", avalia Elton Gomes sobre a viagem de Lula a Moscou.

Desde que retornou ao Planalto para seu terceiro mandato, o petista tem feito declarações sobre seu desejo de intermediar o conflito e encontrar uma solução pacífica para a guerra. O Brasil chegou a apoiar, ao lado da China, um plano em seis pontos para promover um cessar-fogo no território ucraniano. Apesar das iniciativas, Lula adotou discursos que vão na contramão do Ocidente e que foram vistos como acenos a Putin.

Até então, o mandatário brasileiro e seus aliados vinham defendendo que sua postura deveria ser interpretada como equilibrada, já que Lula mantinha diálogos com as duas partes da guerra. Por outro lado, analistas chamam atenção para evidências do contrário. Além de evitar condenações à Rússia, Lula recusou encontros com Zelensky.

Apesar dos esforços ucranianos para uma aproximação com Lula, o mandatário brasileiro vinha mantendo contatos frequentes com Vladimir Putin. No ano passado, o petista foi um dos confirmados para a Cúpula de Líderes dos Brics que a Rússia sediou em Kazan – o encontro só não ocorreu porque Lula sofreu um acidente às vésperas da viagem e ficou impossibilitado de realizar viagens aéreas.

O petista também chegou a afirmar que não via problema em Vladimir Putin participar presencialmente da Cúpula do G20, que o Brasil sediou no Rio de Janeiro no ano passado. “Se eu for presidente do Brasil, e se ele [Putin] vier para o Brasil, não tem como ele ser preso. Não, ele não será preso. Ninguém vai desrespeitar o Brasil”, disse Lula.

Putin é alvo de um mandado de prisão expedido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes de guerra após ser considerado responsável pela deportação de ao menos 19 mil crianças ucranianas que viviam em territórios atualmente ocupados pela Rússia. O Brasil como signatário do Tratado de Roma, deve cumprir a prisão do ditador russo caso ele pise em território brasileiro.

Isso não impediu, no entanto, o Brasil de tentar aprovar, junto às Nações Unidas, uma regra de imunidade para chefes de Estado de países não signatários do Estatuto – como é o caso da Rússia, por exemplo. Para os analistas, todos esses fatos são precedentes da viagem de Lula para a Moscou, além de corroborarem para o afastamento da neutralidade da diplomacia brasileira na primeira guerra continental em solo Europeu em 80 anos.

"Na prática, o Lula apoiou a Rússia em todos os momentos, não militarmente, mas politicamente, diplomaticamente e economicamente de forma expressa. Houve um aumento exponencial das importações brasileiras de combustíveis e de fertilizantes russos, ou seja, são bilhões de dólares que ajudaram a chamada "Operação Militar Especial da Rússia na Ucrânia", como Putin chama a guerra", analisa o diplomata aposentado Paulo Roberto de Almeida.

Além disso, Lula barrou uma compra bilionária de centenas de blindados ambulância que seria produzidos pela Iveco no Brasil e enviados à Ucrânia.

Simpatia pela Rússia trouxe prejuízos para relação do Brasil com a Ucrânia

Esta é a primeira visita de Lula à Rússia neste mandato. A viagem havia sido anunciada ainda em janeiro, quando o petista foi convidado por Vladimir Putin para participar das celebrações do dia 9 de maio por meio de um telefonema. Ainda na ocasião, Lula afirmou sobre o interesse de realizar uma visita de Estado à Rússia.


O anúncio do mandatário brasileiro, contudo, causou incômodo no governo ucraniano. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, já havia feito diversas tentativas de estreitar o relacionamento com Lula, incluindo convites formais para que o petista visitasse Kyiv. Mas nunca houve um retorno positivo do governo brasileiro, fosse para uma visita de Lula à Ucrânia ou uma viagem de Zelensky ao Brasil.



Zelensky também expressou publicamente o desejo de contar com o apoio diplomático do Brasil para promover um diálogo internacional sobre a paz, e já buscou reuniões bilaterais com Lula em encontros internacionais – alguns dos quais acabaram não se concretizando. As tentativas frustradas se somaram ainda a declarações desastrosas de Lula sobre a guerra, como a relativização de culpa entre Rússia e Ucrânia pelo conflito.  


Na avaliação do diplomata e professor Paulo Roberto de Almeida, as negativas de Lula em se reunir com Zelensky, além de suas declarações sobre o conflito, podem ser interpretados como sinais implícitos de apoio a Putin. As afirmações do petista foram alvos de críticas de Zelensky e dos aliados da Ucrânia na guerra, o que deteriorou a relação entre os dois países.

Após o anúncio da viagem para a Rússia, o relacionamento entre os dois países passou por uma nova degradação. Durante passagem de Lula pela Ásia no mês de março, o petista anunciou que teria uma conversa por telefone com presidente ucraniano para discutir o plano de paz sino-brasileiro para um cessar-fogo na Ucrânia.  

A ligação, porém, não ocorreu após uma recusa de Zelensky, em sinal de descontentamento com a decisão do mandatário brasileiro visitar a Rússia. A decisão de Lula de visitar o país invasor sem previsão de uma viagem à Ucrânia, país que foi invadido pela Rússia, foi vista com preocupação por autoridades ucranianas, que temem um desequilíbrio na postura brasileira em relação ao conflito em curso no Leste Europeu.

Na última semana, o embaixador da Ucrânia no Brasil, Andrii Melnyk, se reuniu com o vice-presidente, Geraldo Alckmin, e fez críticas sobre visita de Lula a Moscou. Melnyk sugeriu que Lula poderia aproveitar a viagem à Rússia, na próxima semana, para ir antes a Kiev. O embaixador afirmou que Zelensky ainda "está esperando" por Lula.

"A ideia principal também nesta reunião foi confirmar, da nossa parte, o convite do meu presidente Volodymyr Zelensky, do meu governo, mas também do povo ucraniano, ao presidente Lula e pessoalmente ao vice-presidente Alckmin para [Lula] aproveitar esta oportunidade histórica e visitar Kiev o mais breve possível", disse o embaixador. 

Ainda em sinal do descontentamento com a gestão Lula, Kyiv avalia deixar o Brasil sem um embaixador. Conforme havia adiantado a Gazeta do Povo, a embaixada da Ucrânia em Brasília não deve ter um novo responsável pela representação até o ano que vem. Andrii Melnyk deixou o posto no início deste mês de maio para assumir a representação do país nas Nações Unidas. Até lá, um encarregado de negócios responderá pela embaixada ucraniana.

A saída de um embaixador sem um novo para substituí-lo não é bem-vista no meio diplomático. Deixar as relações entre dois países sob a responsabilidade de um encarregado é sinal de rebaixamento na relação bilateral, indicando descontentamento, esfriamento político ou desacordo significativo entre os países envolvidos.

Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/republica/lula-celebrara-80-anos-da-vitoria-da-europa-na-segunda-guerra-com-putin-e-outros-ditadores-na-russia/ 

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EUA articulam acesso estratégico a Fernando de Noronha e Natal sob alegação de direito histórico e investimento bélico - DefesaNet


https://www.defesanet.com.br/geopolitica/agenda-trump/eua-articulam-acesso-estrategico-a-fernando-de-noronha-e-natal-sob-alegacao-de-direito-historico-e-investimento-belico/

 Repetindo a retórica usada no Canal do Panamá, diplomacia ligada ao entorno de Donald Trump pressiona por acesso irrestrito às infraestruturas de Noronha e da Base Aérea de Natal. Interesses logístico-operacionais no Atlântico Sul e ativos ISR motivam nova campanha de influência.

Portal DefesaNet
Brasília, 7 de maio de 2025

Diplomatas vinculados a setores republicanos dos Estados Unidos, diretamente associados ao núcleo político do presidente Donald Trump, vêm articulando informalmente com interlocutores brasileiros o uso irrestrito do Aeroporto de Fernando de Noronha (SBFN) e da Base Aérea de Natal (BANT), no Rio Grande do Norte. O argumento empregado remete ao conceito de “direito histórico de retorno operacional”, com base em investimentos realizados pelos EUA durante a Segunda Guerra Mundial e o período da Guerra Fria.

O mesmo argumento foi recentemente utilizado em declarações sobre o Canal do Panamá, onde setores trumpistas passaram a defender publicamente que os EUA deveriam reivindicar o controle técnico-operacional da estrutura interoceânica, sob a alegação de que “foram os Estados Unidos que construíram, pagaram e defenderam a instalação durante o século XX”.

No caso brasileiro, trata-se de ativos geoestratégicos de alto valor: Fernando de Noronha como sensor-forward base no Atlântico Sul equatorial, e Base Aérea de Natal como hub logístico de trânsito transcontinental, compatível com operações aéreas interteatrais e como base de prontidão para projeção sobre África Ocidental e litoral norte sul-americano.

Racional técnico-operacional por trás da pressão

Segundo analistas de defesa consultados pelo DefesaNet, tanto Fernando de Noronha quanto a Base Aérea de Natal oferecem vantagens operacionais tangíveis para a arquitetura C4ISR (Comando, Controle, Comunicações, Computadores, Inteligência, Vigilância e Reconhecimento) dos Estados Unidos, sobretudo no contexto de projeção hemisférica e contenção estratégica no Atlântico Sul.

No caso de Fernando de Noronha, sua localização equatorial posiciona o arquipélago como um ponto ideal para vigilância oceânica de longo alcance. A ilha funciona como plataforma natural para a instalação de sensores eletro-ópticos, radares de superfície marítima e equipamentos ELINT/SIGINT, voltados para o monitoramento de rotas navais e aéreas entre a América do Sul, a África Ocidental e o Atlântico médio. A proximidade com o corredor marítimo entre o Atlântico Sul e o Golfo da Guiné — hoje alvo de crescente atividade naval chinesa, russa e de embarcações de bandeira de conveniência — torna Noronha um vetor avançado de interdição e coleta de inteligência.

Além disso, o aeroporto do arquipélago possui capacidade de operar como ponto de apoio tático para aeronaves de vigilância marítima e UAVs de média altitude e longa duração, como os MQ-9 Reaper ou os SeaGuardian, permitindo cobertura persistente sobre áreas de interesse. A viabilidade técnica de integração com satélites de comunicações, bem como com redes de monitoramento oceânico baseadas em dados abertos e sinais AIS/SAR, amplia o valor estratégico da posição para operações de vigilância marítima e domínio situacional regional.

Já a Base Aérea de Natal, situada na região metropolitana de Natal (RN), possui relevância histórica consolidada. Conhecida durante a Segunda Guerra Mundial como o “Trampolim da Vitória”, a BANT foi utilizada pelas forças aliadas como ponto de trânsito logístico entre o continente americano e os teatros de operações da África e Europa. A base continua sendo uma instalação robusta, com pista de pouso capaz de receber aeronaves estratégicas como o C-17 Globemaster III, o KC-135 Stratotanker e o novo KC-46 Pegasus. Sua posição geográfica oferece acesso facilitado tanto a rotas transatlânticas quanto ao porto de Natal, o que a qualifica como um hub logístico de alto valor para operações conjuntas ou expedicionárias.

Do ponto de vista operacional, Natal apresenta condições ideais para reabastecimento em voo, evacuação médica, mobilização rápida de forças de reação e apoio a missões aerotransportadas em cenários de crise na costa ocidental africana, Caribe ou litoral norte da América do Sul. Sua proximidade com o Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI) também permite sinergia para operações de inteligência para o monitoramento e rastreio de vetores brasileiros que estão sendo lançados.

FAB Super Tucano A-28 com pintura Comemorativa do 1º Grupo de Aviação de Caça que combateu na Itália durante a segunda Guerra Mundial Foto SO Johnson FAB

Ambas as infraestruturas, se combinadas sob um conceito de presença avançada, permitiriam aos Estados Unidos estabelecer um arco de contenção atlântico que complementariam sua atual malha de bases e pontos de apoio, como Ilha de Ascenção, a Ilha de São Tomé e instalações em Dakar. Este cinturão de vigilância e prontidão ampliaria substancialmente a capacidade de inteligência, vigilância e reconhecimento (ISR) dos EUA sobre o Atlântico Sul — uma região tradicionalmente fora do alcance direto da OTAN, mas onde se observa crescente atividade de potências extrarregionais, inclusive por meio de embarcações de pesquisa, pesqueiros industriais e plataformas marítimas de duplo uso, potencialmente vinculadas a operações de coleta de dados sensíveis.

Base legal e precedentes

A fundamentação jurídico-estratégica apresentada por representantes e analistas próximos ao governo Trump para justificar o pleito sobre Fernando de Noronha e Natal repousa sobre três eixos principais — todos baseados em interpretações ampliadas da história da cooperação militar hemisférica, em dispositivos legais do aparato de segurança dos EUA e em doutrinas geopolíticas mantidas de forma contínua desde a Segunda Guerra Mundial.

O primeiro vetor é de natureza histórico-operacional. Ambas as infraestruturas foram incorporadas ao esforço de guerra dos EUA durante a Segunda Guerra Mundial:      A Base Aérea de Natal operou entre 1942 e 1945 como base logística sob comando direto americano, sendo uma das maiores plataformas aéreas aliadas fora do território continental dos EUA. Já Fernando de Noronha foi adaptada para servir como ponto avançado de apoio à aviação naval, com reforço da infraestrutura local por parte da Marinha dos Estados Unidos. Essa participação incluiu aportes financeiros, fornecimento de equipamentos, obras de engenharia e construção de pistas, tudo amparado pela Lend-Lease Act (Lei de Empréstimo e Arrendamento de 1941), que permitia aos EUA financiar ou construir infraestruturas militares em países aliados, sob a cláusula implícita de utilidade comum.

O segundo eixo refere-se àquilo que think tanks de defesa nos EUA vêm definindo como “direito de retorno funcional”. Embora não reconhecida no direito internacional público, essa doutrina informal vem sendo ensaiada desde os anos 1990 e ganhou força com o ressurgimento de visões neomonroeístas no entorno da administração Trump. A tese sustenta que ativos militares financiados pelos EUA em países parceiros — especialmente em contextos de ameaça global ou competição estratégica — poderiam ser “reativados” com base em acordos tácitos ou no princípio de reciprocidade hemisférica. A retórica dessa doutrina ecoa elementos da Doutrina Monroe (1823) e da Western Hemisphere Defense Zone, proclamada por Franklin D. Roosevelt em 1941 e reafirmada informalmente durante a Guerra Fria como área de interesse vital para a segurança marítima norte-americana.

O terceiro elemento mobilizado pelos EUA envolve precedentes contratuais e legislativos. O extinto Acordo de Assistência Militar Brasil-EUA (1952), embora formalmente encerrado, segue sendo frequentemente citado em documentos técnicos e análises da RAND Corporation, CSIS e Heritage Foundation como referência à “tradição de interoperabilidade hemisférica”. Já o Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST) de 2019, firmado no governo Bolsonaro para viabilizar o uso da Base de Alcântara, é mencionado como precedente político e diplomático que abre margem para novas modalidades de acesso militar a instalações sensíveis sob controle brasileiro.

A esse quadro somam-se ainda marcos legislativos internos dos EUA que reforçam a tese de mobilização extraterritorial. O Mutual Defense Assistance Act de 1949 — base legal para o fornecimento de apoio militar a países fora da OTAN — e o ainda vigente Defense Production Act de 1950, que autoriza o Executivo norte-americano a mobilizar meios logísticos e industriais fora do território nacional em caso de emergência, são frequentemente evocados como dispositivos que sustentariam juridicamente operações avançadas. Complementarmente, os National Defense Authorization Acts (NDAA) dos últimos anos, sobretudo os aprovados entre 2017 e 2023, incorporaram cláusulas específicas de forward basing e cooperative security locations em zonas extrarregionais, como o Atlântico Sul, autorizando o Departamento de Defesa a empregar recursos para manter presença estratégica em regiões não formalmente cobertas pela OTAN.

A interpretação que emerge desse conjunto jurídico-doutrinário é a de que, diante da intensificação da competição sino-russa no Atlântico Sul e da necessidade de resiliência logística hemisférica, os EUA estariam legitimados — ainda que sem base legal explícita no Brasil — a pleitear o uso prioritário ou irrestrito de infraestruturas que, a seus olhos, fazem parte de uma malha estratégica herdada da lógica aliada da Segunda Guerra Mundial e reforçada pela arquitetura normativa da Guerra Fria.

O nome disso é colônia

Fontes da diplomacia e das Forças Armadas confirmaram ao DefesaNet que representantes da missão diplomática dos Estados Unidos no Brasil ventilaram, em reuniões reservadas, a proposta de retomada operacional das instalações em Fernando de Noronha e Natal, sob a justificativa de “direito funcional de reuso estratégico”. O Itamaraty, pressionado, mantém silêncio. No Ministério da Defesa, a resposta de algumas fontes — lacônica — limitou-se a classificar a sugestão como “juridicamente inviável” e “inaceitável sob o marco constitucional vigente”. Nos bastidores, no entanto, o tom é de inquietação.

A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 49, inciso I, veda expressamente a cessão de instalações militares a forças estrangeiras sem prévia autorização do Congresso Nacional e formalização em decreto legislativo. Trata-se de um dispositivo de salvaguarda de soberania — ignorá-lo equivaleria a permitir, sob pretexto diplomático, a instalação de postos de controle militar externo em território nacional, à margem do Estado brasileiro.

Juristas especializados em direito internacional e oficiais de Estado-Maior ouvidos pelo DefesaNet foram categóricos: a aceitação, mesmo tácita, da proposta americana equivaleria à criação de enclaves militares operacionais estrangeiros em pleno território brasileiro — zonas blindadas à autoridade nacional, nas quais a soberania constitucional estaria, de fato, suspensa. Seria o equivalente a permitir que o Brasil abrigasse — voluntariamente — compartimentos de comando militar subordinados ao Pentágono.

Mais do que anomalia jurídica, trata-se de uma humilhação estratégica. O Brasil, se ceder, assumirá o papel de satélite militar subordinado no Atlântico Sul, prestando seu território a operações sobre as quais não terá controle. Seria um cão-de-guarda à margem da OTAN, usado para fins logísticos e operacionais, sem contrapartidas nem cláusulas de reciprocidade. E o mais grave: sem meios militares ou diplomáticos para impor qualquer condição de negação.

Esse é o custo de uma negligência histórica e coletiva. Nenhuma geração política brasileira, de nenhuma corrente ideológica, jamais estruturou um projeto nacional de Defesa compatível com o peso geopolítico do país. Entre 1945 e 2025, o Brasil oscilou entre o descaso orçamentário e a submissão doutrinária. O resultado é um Estado desdentado, com Forças Armadas subfinanciadas, sem dissuasão real, sem autonomia tecnológica e sem arcabouço estratégico para enfrentar pressões de potências globais.

Caso o governo brasileiro aceite, ainda que indiretamente, a operação técnica de Fernando de Noronha ou Natal por meios norte-americanos, abrirá um precedente gravíssimo, cujas repercussões podem desestabilizar a confiança regional. Parceiros históricos verão o gesto como submissão colonial travestida de cooperação hemisférica, corroendo qualquer pretensão de liderança estratégica do Brasil no Atlântico Sul.

Neste cenário, o Brasil não apenas entregará posições geográficas críticas — entregará o símbolo último de sua soberania: o controle sobre seu próprio território.

Membros da U.S. Air Force que participaram da CRUZEX com um F15C Eagle da  Louisiana Air National Guard 159th Fighter Wing e um KC-46 na Base Aérea de Natal. Foto USAF

quarta-feira, 7 de maio de 2025

Associação Livres envia carta a senadores pedindo que condenem ida de Lula à Rússia (FSP)

 

Associação Livres envia carta a senadores pedindo que condenem ida de Lula à Rússia

Presidente brasileiro viaja a convite de Putin em meio à guerra na Ucrânia

FSP, 7/05/2025


O grupo liberal Associação Livres enviou uma carta aos senadores que compõem a Comissão de Relações Exteriores da Casa pedindo que se manifestem contrariamente à visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Rússia.

O petista irá ao país a convite do presidente Vladimir Putin, para participar das comemorações dos 80 anos do final da Segunda Guerra Mundial.

A carta, assinada pelo diretor da entidade, Magno Karl, critica a viagem em meio à invasão russa contra a Ucrânia.

"Triste ironia ver Lula, uma liderança que surgiu em oposição ao regime militar no Brasil, emprestar sua imagem ao associar-se a uma figura tão militarista como Putin, que se utiliza da força para perseguir, torturar e assassinar opositores, e que desde 2008 agride países vizinhos com suas tropas", diz Karl.

O Livres aponta o fato de que Lula, em diversas ocasiões, pendeu mais para o lado do agressor russo do que dos agredidos ucranianos.

"Durante os três anos de guerra, o governo Lula não demonstrou qualquer solidariedade à parte agredida, tendo acatado diversas das teses russas sobre as origens do conflito, bem como suas ‘soluções’ para o fim do conflito –todas contrariando disposições da Carta da ONU e diferentes instrumentos do direito internacional humanitário".

Em 2022, em uma entrevista à revista Time, o presidente brasileiro chegou a dizer que Putin e o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, eram igualmente responsáveis pela guerra.


Xi’s Visit to Russia Complicates China’s Courtship of Europe - David Pierson, Paul Sonne (The New York Times)

 VISITA DE XI À RUSSIA COMPLICA O CORTEJO DA CHINA PELA EUROPA 

(Grato a Olympio Pinheiro)

Xi Jinping, líder chinês, está fortalecendo seus laços com o presidente russo, Vladimir V. Putin. 

Mas isso pode prejudicar os esforços de Pequim para restaurar os laços com a Europa.

[Ler artigo do New York Times  no original]: 

 

Xi’s Visit to Russia Complicates China’s Courtship of Europe.

Xi Jinping, China’s leader, is reinforcing his bond with President Vladimir V. Putin of Russia. But that could hurt Beijing’s efforts to repair ties with Europe.

David Pierson, Paul Sonne

The New York Times, May 7, 2025


As Donald J. Trump has injected chaos into the world by roiling America’s alliances and threatening economic turmoil with his wall of tariffs, China has tried to sell a consistent message: We will be a force of global stability during a turbulent time.

That pitch will be more difficult to square as Xi Jinping visits Moscow this week for talks with President Vladimir V. Putin of Russia, who will honor the Chinese leader as the “main guest” at a military parade on Friday marking the 80th anniversary of the Soviet Union’s victory over Nazi Germany in World War II.

For Mr. Xi and Mr. Putin, the visit is a chance to burnish their legitimacy as leaders of countries that defeated fascist Germany and imperial Japan. Mr. Xi wants to use the anniversary to draw parallels between fascism and what he has described as American bullying.

“We must learn from history, draw wisdom and strength from the profound lessons of the Second World War and the great victory of the anti-fascist war, resolutely oppose all forms of hegemony and power politics, and jointly create a better future for mankind,” Mr. Xi said in a signed article published in Russian media on Wednesday.

But his presence alongside Mr. Putin at Red Square will also inevitably remind the world of China’s support for Russia’s war in Ukraine, which has been grinding on for more than three years, killing hundreds of thousands and upending European security.

The optics of the visit could undermine China’s efforts to repair its relationship with Europe to try to offset the pain of its punishing trade war with the United States. American and Chinese officials will hold initial trade talks this weekend in Switzerland, but the likelihood of a prolonged fight remains high. China needs to maintain access to, or even expand, markets like Europe, for its exports that had previously been destined for American buyers.

“Xi’s presence in Moscow, alongside Putin, will serve as a stark reminder to Europe of just how close this relationship has become, and the threat that it could one day pose to NATO’s eastern flank,” said Noah Barkin, a senior adviser at Rhodium Group and a visiting senior fellow at the German Marshall Fund of the United States based in Berlin.

That closeness may have been overshadowed recently by Mr. Trump’s attempts to strike a peace deal in Ukraine that heavily favored Russia, Mr. Barkin added, but it will come back into focus now that China is trying to court Europe.

Beijing has long sought to peel the affluent nations of the European Union from Washington’s influence. Those efforts have been stymied by tensions over human rights; a yawning trade imbalance fueled by the flood of Chinese exports like electric vehicles; and most significantly, China’s continued diplomatic and economic support for Russia despite the war in Ukraine.

In recent days, Beijing has been trying to initiate a thaw with Brussels, sensing an opening from the fracturing of the trans-Atlantic alliance because of the Trump administration’s antagonism toward Europe. In a statement on Tuesday, Mr. Xi called for a “healthy and stable China-E.U. relationship.”

On Tuesday, the Chinese foreign ministry said China and the European Parliament had agreed to remove restrictions on exchanges between their officials, and confirmed that China had lifted sanctions on members of the European Parliament. China’s moves have been seen by analysts as an attempt to persuade the Europeans to restart talks on a stalled investment agreement, though there appears to be little enthusiasm in Brussels for doing so.

Mr. Xi is trying to strike a “risky diplomatic balance,” hoping that he can exploit divisions in Europe between those who view China as a threat, and those that view it as a vital business partner, said Alicja Bachulska, an expert on Chinese foreign policy at the European Council on Foreign Relations.

But in Beijing on Tuesday, the European Union’s ambassador to China, Jorge Toledo, used a speech at a reception celebrating ties between the European Union and China to pointedly highlight how Russia’s war on Ukraine weighed heavily on the 27-nation bloc.

“The E.U. will stand with Ukraine, whatever it takes and for how long it takes,” Mr. Toledo said at an event that was attended by one of China’s most senior diplomats, Hua Chunying.

To show off China’s friendship with Russia, the Chinese People’s Liberation Army’s honor guard will perform at Friday’s Victory Day parade in Moscow. Mr. Putin has long attached great importance to May 9, the day when Moscow celebrates its victory over the Nazis. The Soviet Union lost an estimated 27 million soldiers and civilians during the war, a staggering death toll, which many Russians view as the high cost Moscow had to bear to save the world from the fascist threat.

The Russian leader has drawn upon that emotional history to motivate his forces fighting against Ukraine, falsely casting the Ukrainian leader, President Volodymyr Zelensky, who is Jewish, as the head of a Nazi government that once again must be defeated, regardless of the cost.

Perhaps no foreign leader has been more helpful to Mr. Putin in that war than Mr. Xi. As Russia faced isolation from the West, China increased its engagement with Moscow, keeping the Russian economy afloat through purchases of oil and other natural resources and supplying Russia with critical dual-use technology and components to sustain the war effort. China also eased shocks to the Russian consumer economy, becoming a top seller of cars and other durable goods, as Western brands retreated from the Russian market.

As much as Mr. Xi may want to win over Europe, his relationship with Mr. Putin is paramount. He views Russia as a critical counterweight to the United States and a partner in forging an alternative world order suspicious of Western dominance.

“Standing next to Putin will signal that he has leverage, he has bet on the right horse, and the audience will be domestic and in the global south,” said Alexander Gabuev, the director of the Carnegie Russia Eurasia Center, referring to developing countries.

Mr. Putin said last month that Mr. Xi would be Russia’s “main guest” at the Victory Day celebrations. Moscow will also treat the Chinese leader’s trip, stretching from May 7 to 10, as a “separate visit” complete with bilateral talks and events, Mr. Putin said. The leaders are expected to sign agreements, and, in September, Mr. Putin will visit China when Beijing marks the anniversary of the end of World War II.

Mr. Putin and Mr. Xi, who have met dozens of times in the past decade, regularly speak of a stable, enduring and long-term relationship between their countries. Projecting solidarity with Russia is crucial for China at a time when President Trump has pursued an attempted rapprochement with Moscow while launching a trade war against Beijing.

“The priority was to signal to the U.S. that China and Russia share an unbreakable bond. There have been some moments of doubts and suspicion in the past few months, especially given the direct engagement between the United States and Russia,” said Yun Sun, the director of the China program at the Stimson Center in Washington. Now with American efforts to mediate a peace deal in Ukraine at a stalemate, “there are more incentives between China and Russia to present a solid image of their alignment.”


Zixu Wang contributed research from Hong Kong.

David Pierson covers Chinese foreign policy and China’s economic and cultural engagement with the world. He has been a journalist for more than two decades.

Paul Sonne is an international correspondent, focusing on Russia and the varied impacts of President Vladimir V. Putin’s domestic and foreign policies, with a focus on the war against Ukraine.


Lula em Moscou: o erro estratégico de legitimar a guerra de Putin - Luis Favre

Lula em Moscou: o erro estratégico de legitimar a guerra de Putin

Luis Favre

7/05/2025


A presença do presidente Lula no desfile militar do Dia da Vitória, em Moscou, marca um dos momentos mais controversos da política externa brasileira. A cerimônia, tradicionalmente dedicada à memória da vitória soviética contra o nazismo, foi transformada por Vladimir Putin em espetáculo de propaganda militar, destinado a legitimar sua guerra de conquista contra a Ucrânia. 


Participar deste evento — presidido por um réu do Tribunal Penal Internacional (TPI), responsável por crimes de guerra e a deportação de crianças ucranianas — representa não apenas um desvio da trajetória diplomática brasileira, mas um erro estratégico com impactos negativos tanto no plano nacional quanto internacional, ainda mais pleiteando Brasil um lugar no Conselho de Segurança da ONU.


A lista dos líderes presentes evidencia o isolamento da Rússia. Apenas cerca de 20 chefes de Estado e governo compareceram, em sua maioria ditadores ou autocratas: os presidentes de Belarus, Tajiquistão, Guiné Equatorial, Laos, entre outros. Com exceção dos presidentes da África do Sul e do Brasil, os demais pertencem a regimes repressivos, alguns acusados de crimes contra a humanidade. A cena contrasta com o passado, quando o 9 de maio reunia chefes de Estado das democracias ocidentais e das ex-repúblicas soviéticas em memória do sacrifício coletivo contra o nazismo. Hoje, Putin instrumentaliza essa memória para justificar uma nova forma de imperialismo, com tanques russos atravessando fronteiras e bombardeando cidades.


O gesto de Lula se torna ainda mais grave quando se considera o contexto internacional. Desde 2022, o Brasil condenou repetidamente a invasão da Ucrânia nas Nações Unidas e reafirmou seu compromisso com os princípios da Carta da ONU. Mais ainda: é signatário do Estatuto de Roma, base do Tribunal Penal Internacional. O próprio TPI emitiu mandado de prisão contra Putin, o que obrigaria juridicamente o Brasil a prendê-lo caso ele pisasse em território nacional. 


Ao legitimar, por sua presença, um desfile que glorifica essa guerra ilegal, Lula coloca em xeque a coerência da política externa brasileira e enfraquece sua credibilidade junto à comunidade internacional.


Alguns diplomatas do Itamaraty, segundo apurou a imprensa nacional, teriam manifestado desconforto com a decisão presidencial. É sintomático que a visita tenha sido mantida apesar do repúdio silencioso de setores da política externa profissional, tradicionalmente orientados por valores de multilateralismo, solução pacífica de conflitos e defesa dos direitos humanos. Como destaca Marcelo Ninio no jornal O Globo “Lula... de certa forma é um ativo até mais valioso para o presidente russo ter a seu lado na Praça Vermelha. Afinal, entre os cerca de 20 chefes de Estado amigos convidados pela Rússia, o Brasil é uma exceção democrática no elenco de líderes autoritários simpáticos ao Kremlin — do venezuelano Nicolás Maduro a autocratas de ex-repúblicas soviéticas, como Bielorrússia e Azerbaijão. É um risco e tanto para o presidente brasileiro tornar-se um mero figurante de luxo no show de Putin.

Por isso, a viagem de Lula à Rússia para o Dia da Vitória causa divisões no Itamaraty. O cancelamento da presença do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, deu mais argumentos para a turma do “não”, pois eliminou a hipótese de justificar a vinda de Lula como uma oportunidade de juntar os líderes do grupo Brics original num evento histórico.” (O Globo 06/05/2025).


A crítica é pertinente. Putin não oferecerá investimentos, nem apoio comercial significativo, nem vantagens estratégicas ao Brasil. O que o Kremlin busca é romper o isolamento diplomático imposto pelas sanções, e encontrou na visita de Lula uma oportunidade para manipular o prestígio de um líder popular do Sul Global.


A porta para essa reaproximação foi aberta por Donald Trump. Ao elogiar publicamente Putin como “um grande líder” e anunciar que, caso volte ao poder, encerrará o apoio à Ucrânia, ainda como ex-presidente dos EUA, conferiu legitimidade à posição russa que abertamente apoia agora, servindo de escudo para governos hesitantes como o do Brasil. Lula elogiou Trump por isto. Mas a postura de Trump abertamente inclinada em favor de Putin, não deveria servir de justificativa para um líder democrático de centro-esquerda.

 

Lula tem trajetória própria. E o Partido dos Trabalhadores, em outros tempos, sustentava uma posição internacionalista muito distinta da atual.


Nos anos 1980, o PT apoiou ativamente o movimento Solidarność na Polônia contra o regime pró-soviético e condenou a repressão ao movimento democrático na Praça Tiananmen, em 1989. Hoje, entretanto, o partido celebra acordos bilaterais com o partido de Putin, partido de direita de um governo que promove perseguições, censura à imprensa, repressão à dissidência e expansão imperialista. Trata-se de uma clara involução.


A presença de Lula na Praça Vermelha, portanto, não é apenas um equívoco tático. Ela expressa uma contradição profunda entre os valores democráticos que o Brasil historicamente defendeu — inclusive na Constituinte de 1988 — e os interesses de um regime que viola sistematicamente esses mesmos valores.


O governo brasileiro deu um tiro no pé. Não terá ganhos objetivos, mas perde prestígio em democracias liberais e fortaleceu a narrativa de que estaria se alinhando a uma nova “Internacional Autoritária”. O gesto pode repercutir negativamente nas relações com a União Europeia — em plena negociação do acordo Mercosul-UE — e com os Estados Unidos, cujos setores mais progressistas viam em Lula um contraponto ao trumpismo. Além disso, a guerra na Ucrânia continua, a resistência ucraniana persiste, e o apoio da sociedade civil internacional a Kiev permanece vigoroso. O Brasil se arrisca a estar do lado errado da história.


Não surpreende que alguns tenham destacado com perplexidade a participação brasileira no evento. Meses atras, o Financial Times já tinha abordado a complexidade da posição internacional do Brasil sob a liderança de Lula, destacando os desafios de sua política externa não alinhada, especialmente em relação à guerra na Ucrânia. O jornal observou que, embora essa postura seja impopular no Ocidente, ela é compartilhada por outras nações em desenvolvimento, como Índia, China, México e África do Sul. O artigo também mencionou críticas internas à política externa de Lula, sugerindo que o Brasil pode estar se afastando de seus parceiros tradicionais. Parece mais flagrante hoje ("Para onde o Brasil está caminhando? Ele mantém uma posição equidistante ou está se voltando para o Leste?", pergunta um alto funcionário europeu. In “Brazil’s global balancing act is trickier than ever”, Nov 13 2024 FT)


O governo brasileiro ainda pode e deve corrigir esse rumo. Reafirmar publicamente o compromisso com o TPI, condenar com clareza a agressão russa e restabelecer a coerência da diplomacia brasileira são passos necessários para que o país volte a ser respeitado como um ator independente, defensor da paz e do direito internacional. 


Luis Favre

7/05/2025

Yuan digital baseado em ouro é um grande desafio à velha dominância do dólar- Marjanul Islam

 🔴 America's greatest fear has finally come True.

Marjanul Islam


The biggest weapon of America—the US Dollar—is now being directly challenged by the new gold-backed Chinese Yuan.

Saudi Arabia is an energy-exporting nation, while China is an energy-importing nation.

Saudi Arabia used to sell oil to China in dollars and reinvest the money in US government bonds.

China also earned dollars from its global exports and invested them in US Treasury bonds.

But both countries faced a similar problem with US Treasury bonds.

What’s the problem?

US Treasury bonds are failing to retain their real value. Their purchasing power is deteriorating due to consistent inflation in the dollar.

So what Saudi Arabia saves now by selling oil, it won’t be able to use to buy the same quantity of oil 50 years from now with that money in US Treasuries.

The same goes for China. It’s saving its export earnings in US Treasuries but will not be able to buy the same amount of energy in the future that it can today. In simple terms, they are losing money in energy value.

So both came up with a solution: trading OIL using GOLD instead of the US dollar.

How does that help?

In the past 100 years, oil prices haven’t increased in gold terms. Gold has preserved its purchasing power.

But there’s a problem with using gold for payments.

What is it?

There are 2 serious issues: one is the high security risk, and the other is the high transaction cost.

Carrying 10 tonnes of gold from Shanghai to Dubai costs about 1% of the gold’s value per trip. So if you do that 100 times, the total cost equals the entire value of the gold.

So, physical gold transactions every time are not viable.

Instead, a credit or token is issued backed by gold. Parties exchange these tokens or promises and can convert them into physical gold from a vault when needed.

But the problem is - all of China’s gold is in vaults in Shanghai.

China has strict capital controls, meaning dollars or gold can’t leave the mainland without government permission. So no one fully trusts that China will provide physical gold in exchange for paper or digital Yuan.

Even China understands this, which is why the Chinese government took a new initiative.

They created an offshore Yuan, which isn’t strictly controlled by the government and can move freely.

China says it will provide real physical gold in exchange for offshore Yuan.

Most importantly, the gold vault won’t be in Shanghai—it will be in Riyadh, Saudi Arabia.

The Chinese government will build it, and Saudi Arabia will manage the convertibility between gold and Yuan.

This is a clear threat to the US dollar.

America will never willingly give up its dollar dominance.

Trump started the trade war by imposing tariffs; now Xi is waging a currency war against the US.

The worrying part is that historically, currency wars are the final stage before direct conflict between great powers.

Trump is visiting Riyadh in 3 days—will he try to stop MBS from doing such business with China?

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