O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

quinta-feira, 19 de junho de 2008

891) Ainda na" ordem" parlamentar (mas para limpeza publica)

Deveria ser considerado um serviço de e utilidade pública, mas neste caso precisamos mesmo jogar no lixo alguns elementos puco recomendaveis..
-------------

Recebido de uma lista com a recomendação de quem não beneficiar-se do seu voto nas próximas eleições:

NOME CARGO PARTIDO ACUSAÇÃO OU CRIME A QUE RESPONDE
1 ABELARDO LUPION Deputado PFL-PR Sonegação Fiscal
2 ADEMIR PRATES Deputado PDT-MG Falsidade Ideológica
3 AELTON FREITAS Senador PL-MG Crime de Responsabilidade e Estelionato
4 AIRTON ROVEDA Deputado PPS-PR Peculato
5 ALBÉRICO FILHO Deputado PMDB-MA Apropriação Indébita
6 ALCESTE ALMEIDA Deputado PTB-RR Peculato e Formação de Quadrilha, Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
7 ALEX CANZIANI Deputado PTB-PR Peculato
8 ALMEIDA DE JESUS Deputado PL-CE Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
9 ALMIR MOURA Deputado PFL-RJ Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
10 AMAURI GASQUES Deputado PL-SP Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
11 ANDRÉ ZACHAROW Deputado PMDB-PR Improbidade Administrativa
12 ANÍBAL GOMES Deputado PMDB-CE Improbidade Administrativa
13 ANTERO PAES DE BARROS Senador PSDB-MT Improbidade Administrativa e Formação de Quadrilha
14 ANTÔNIO CARLOS PANNUNZIO Deputado PSDB-SP Crime de Responsabilidade
15 ANTÔNIO JOAQUIM Deputado PSDB-MA Improbidade Administrativa
16 BENEDITO DE LIRA Deputado PP-AL Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
17 BENEDITO DIAS Deputado PP-AP Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
18 BENJAMIN MARANHÃO Deputado PMDB-PB Crime Eleitoral
19 BISPO WANDERVAL Deputado PL-SP Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
20 CABO JÚLIO (JÚLIO CÉSAR GOMES DOS SANTOS) Deputado PMDB-MG Crime Militar, Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
21 CARLOS ALBERTO LERÉIA Deputado PSDB-GO Lesão Corporal
22 CELSO RUSSOMANNO Deputado PP-SP Crime Eleitoral, Peculato e Agressão
23 CHICO DA PRINCESA (FRANCISCO OCTÁVIO BECKERT) Deputado PL-PR Crime Eleitoral
24 CIRO NOGUEIRA Deputado PP-PI Crime Contra a Ordem Tributária e Prevaricação
25 CLEONÂNCIO FONSECA Deputado PP-SE Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
26 CLÓVIS FECURY Deputado PFL-MA Crime Contra a Ordem Tributária
27 CORIALANO SALES Deputado PFL-BA Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
28 DARCÍSIO PERONDI Deputado PMDB-RS Improbidade Administrativa
29 DAVI ALCOLUMBRE Deputado PFL-AP Corrupção Ativa
30 DILCEU SPERAFICO Deputado PP-PR Apropriação Indébita
31 DOUTOR HELENO Deputado PSC-RJ Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
32 EDSON ANDRINO Deputado PMDB-SC Crime de Responsabilidade
33 EDUARDO AZEREDO Senador PSDB-MG Improbidade Administrativa
34 EDUARDO GOMES Deputado PSDB-TO Crime Eleitoral, Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
35 EDUARDO SEABRA Deputado PTB-AP Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
36 ELIMAR MÁXIMO DAMASCENO Deputado PRONA-SP Falsidade Ideológica
37 EDIR DE OLIVEIRA Deputado PTB-RS Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
38 EDNA MACEDO Deputado PTB-SP Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
39 ELAINE COSTA Deputada PTB-RJ Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
40 ELISEU PADILHA Deputado PMDB-RS Corrupção Passiva
41 ENIVALDO RIBEIRO Deputado PP-PB Crime Contra a Ordem Tributária, Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
42 ÉRICO RIBEIRO Deputado PP-RS Crime Contra a Ordem Tributária e Apropriação Indébita
43 FERNANDO ESTIMA Deputado PPS-SP Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
44 FERNANDO GONÇALVES Deputado PTB-RJ Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
45 GARIBALDI ALVES Senador PMDB-RN Crime Eleitoral
46 GIACOBO (FERNANDO LUCIO GIACOBO) Deputado PL-PR Crime Contra a Ordem Tributária e Seqüestro
47 GONZAGA PATRIOTA Deputado PSDB-PE Apropriação Indébita
48 GUILHERME MENEZES Deputado PT-BA Improbidade Administrativa
49 INALDO LEITÃO Deputado PL-PB Crime Contra o Patrimônio, Declaração Falsa de Imposto de Renda
50 INOCÊNCIO DE OLIVEIRA Deputado PMDB-PE Crime de Escravidão
51 IRAPUAN TEIXEIRA Deputado PP-SP Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
52 IRIS SIMÕES Deputado PTB-PR Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
53 ITAMAR SERPA Deputado PSDB-RJ Crime Contra o Consumidor, Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
54 ISAÍAS SILVESTRE Deputado PSB-MG Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
55 JACKSON BARRETO Deputado PTB-SE Peculato e Improbidade Administrativa
56 JADER BARBALHO Deputado PMDB-PA Improbidade Administrativa, Peculato, Crime Contra o Sistema Financeiro e Lavagem de Dinheiro
57 JAIME MARTINS Deputado PL-MG Crime Eleitoral
58 JEFERSON CAMPOS Deputado PTB-SP Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
59 JOÃO BATISTA Deputado PP-SP Falsidade Ideológica, Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
60 JOÃO CALDAS Deputado PL-AL Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
61 JOÃO CORREIA Deputado PMDB-AC Declaração Falsa de Imposto de Renda, Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
62 JOÃO HERRMANN NETO Deputado PDT-SP Apropriação Indébita
63 JOÃO MAGNO Deputado PT-MG Lavagem de Dinheiro
64 JOÃO MENDES DE JESUS Deputado PSB-RJ Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
65 JOÃO PAULO CUNHA Deputado PT-SP Corrupção Passiva, Lavagem de Dinheiro e Peculato
66 JOÃO RIBEIRO Senador PL-TO Peculato e Crime de Escravidão
67 JORGE PINHEIRO Deputado PL-DF Crime Ambiental
68 JOSÉ DIVINO Deputado PRB-RJ Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
69 JOSÉ JANENE Deputado PP-PR Estelionato, Improbidade Administrativa, Lavagem de Dinheiro, Corrupção Passiva, Formação de Quadrilha, Apropriação Indébita e Crime Eleitoral
70 JOSÉ LINHARES Deputado PP-CE Improbidade Administrativa
71 JOSÉ MENTOR Deputado PT-SP Corrupção Passiva
72 JOSÉ MILITÃO Deputado PTB-MG Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
73 JOSÉ PRIANTE Deputado PMDB-PA Crime Contra o Sistema Financeiro
74 JOVAIR ARANTES Deputado PTB-GO Improbidade Administrativa
75 JOVINO CÂNDIDO Deputado PV-SP Improbidade Administrativa
76 JÚLIO CÉSAR Deputado PFL-PI Peculato, Formação de Quadrilha, Lavagem de Dinheiro e Falsidade Ideológica
77 JÚLIO LOPES Deputado PP-RJ Falsidade Ideológica
78 JÚNIOR BETÃO Deputado PL-AC Declaração Falsa de Imposto de Renda, Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
79 JUVÊNCIO DA FONSECA Deputado PSDB-MS Improbidade Administrativa
80 LAURA CARNEIRO Deputada PFL-RJ Improbidade Administrativa e Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
81 LEONEL PAVAN Senador PSDB-SC Contratação de Serviços Públicos Sem Licitação e Concussão
82 LIDEU ARAÚJO Deputado PP-SP Crime Eleitoral
83 LINO ROSSI Deputado PP-MT Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
84 LÚCIA VÂNIA Senadora PSDB-GO Peculato
85 LUIZ ANTÔNIO FLEURY Deputado PTB-SP Improbidade Administrativa
86 LUPÉRCIO RAMOS Deputado PMDB-AM Crime de Aborto
87 MÃO SANTA Senador PMDB-PI Improbidade Administrativa
88 MARCELINO FRAGA Deputado PMDB-ES Crime Eleitoral, Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
89 MARCELO CRIVELA Senador PRB-RJ Crime Contra o Sistema Financeiro e Falsidade Ideológica
90 MARCELO TEIXEIRA Deputado PSDB-CE Sonegação Fiscal
91 MÁRCIO REINALDO MOREIRA Deputado PP-MG Crime Ambiental
92 MARCOS ABRAMO Deputado PP-SP Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
93 MÁRIO NEGROMONTE Deputado PP-BA Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
94 MAURÍCIO RABELO Deputado PL-TO Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
95 NÉLIO DIAS Deputado PP-RN Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
96 NELSON BORNIER Deputado PMDB-RJ Improbidade Administrativa
97 NEUTON LIMA Deputado PTB-SP Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
98 NEY SUASSUNA Senador PMDB-PB Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
99 NILTON CAPIXABA Deputado PTB-RO Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
100 OSMÂNIO PEREIRA Deputado PTB-MG Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
101 OSVALDO REIS Deputado PMDB-TO Apropriação Indébita
102 PASTOR AMARILDO Deputado PSC-TO Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
103 PAULO AFONSO Deputado PMDB-SC Peculato, Crime Contra o Sistema Financeiro e Improbidade Administrativa
104 PAULO BALTAZAR Deputado PSB-RJ Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
105 PAULO FEIJÓ Deputado PSDB-RJ Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
106 PAULO JOSÉ GOUVEIA Deputado PL-RS Porte Ilegal de Arma
107 PAULO LIMA Deputado PMDB-SP Extorsão e Sonegação Fiscal
108 PAULO MAGALHÃES Deputado PFL-BA Lesão Corporal
109 PEDRO HENRY Deputado PP-MT Formação de Quadrilha, Lavagem de Dinheiro e Corrupção Passiva, Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
110 PROFESSOR IRAPUAN Deputado PP-SP Crime Eleitoral
111 PROFESSOR LUIZINHO Deputado PT-SP Lavagem de Dinheiro
112 RAIMUNDO SANTOS Deputado PL-PA Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
113 REGINALDO GERMANO Deputado PP-BA Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
114 REINALDO BETÃO Deputado PL-RJ Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
115 REINALDO GRIPP Deputado PL-RJ Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
116 REMI TRINTA Deputado PL-MA Estelionato e Crime Ambiental
117 RIBAMAR ALVES Deputado PSB-MA Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
118 RICARDO BARROS Deputado PP-PR Sonegação Fiscal
119 RICARTE DE FREITAS Deputado PTB-MT Improbidade Administrativa e Formação de Quadrilha, Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
120 RODOLFO TOURINHO Senador PFL-BA Gestão Fraudulenta de Instituição Financeira
121 ROMERO JUCÁ Senador PMDB-RR Improbidade Administrativa
122 ROMEU QUEIROZ Deputado PTB-MG Corrupção Ativa, Corrupção Passiva e Lavagem de Dinheiro
123 RONALDO DIMAS Deputado PSDB-TO Crime Eleitoral
124 SANDRO MABEL Deputado PL-GO Crime Contra a Ordem Tributária
125 SUELY CAMPOS Deputada PP-RR Crime Eleitoral
126 TATICO (JOSÉ FUSCALDI CESÍLIO) Deputado PTB-DF Crime Contra a Ordem Tributária, Declaração Falsa de Imposto de Renda e Sonegação Fiscal
127 TETÉ BEZERRA Deputado PMDB-MT Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
128 THELMA DE OLIVEIRA Deputada PSDB-MT Improbidade Administrativa e Formação de Quadrilha
129 VADÃO GOMES Deputado PP-SP Improbidade Administrativa e Crime Contra a Ordem Tributária
130 VALDIR RAUPP Senador PMDB-RO Peculato, Uso de Documento Falso, Crime Contra o Sistema Financeiro, Crime Eleitoral e Gestão Fraudulenta de Instituição Financeira
131 VALMIR AMARAL Senador PTB-DF Apropriação Indébita
132 VANDERLEI ASSIS Deputado PP-SP Crime Eleitoral, Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
133 VIEIRA REIS Deputado PRB-RJ Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
134 VITTORIO MEDIOLI Deputado PV-MG Sonegação Fiscal
135 WANDERVAL SANTOS Deputada PL-SP Corrupção Passiva
136 WELLINGTON FAGUNDES Deputada PL-MT Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
137 ZÉ GERARDO Deputado PMDB-CE Crime de Responsabilidade
138 ZELINDA NOVAES Deputada PFL-BA Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
139 Ângela Guadagnin Deputada PT-SP Dançarina do Plenário da Câmara, comemorando absolvição de corrupto
140 Antônio Palocci Ex-Ministro PT-SP Quebra de Sigilo Bancário
141 Carlos Rodrigues Ex-Deputado PL-RJ Bispo Rodrigues
142 Delúbio Soares Tesoureiro PT-GO Ex Tesoureiro do PT
143 José Dirceu Ex-Deputado PT-SP Mensalão
144 José Genoíno Ex-Deputado PT-SP Mensalão, Dólares na Cueca
145 José Nobre Guimarães DeputadoEst. PT-CE Dólares na Cueca (Agora Candidato a Dep. Federal)
146 Josias Gomes Deputado PT-BA Mensalão, CPI dos Correios
147 Luiz Gushiken Ex-Ministro PT-SP CPI dos Correios
148 Paulo Salim Maluf Ex PPB-SP Corrupção, Falcatruas, Improbidade Administrativa, Desvio de Dinheiro Público, Lavagem de dinheiro
149 Paulo Pimenta Deputado PT-RS Compra de Votos, Mensalão, CPI Correios
150 Pedro Corrêa Ex-Deputado PP-PE Cassado em associação ao Escândalo do Mensalão, Compra de Votos
151 Roberto Brant Deputado PFL-MG Crime Eleitoral, Mensalão, CPI Correios
152 Roberto Jefferson Ex-Deputado PTB-RJ Mensalão
153 Severino Cavalcanti Ex-Deputado PP-PE Escândalo do Mensalinho (Renuncio para evitar a cassação)
154 Silvio Pereira SecretárioPT PT Mensalão
155 Valdemar Costa Neto Exc-Deputado PL-SP Mensalão (renunciou para evitar a cassação)

quarta-feira, 18 de junho de 2008

890) Grandes projetos parlamentares (para lamentar...)

De um eminente deputado do PCdoB, partido progressista e até mesmo revolucionário, vem esta série de atentados à mais simples racionalidade econômica, que deveria certamente concorrer a um Prêmio Nobel da inteligência econômica:

- PL. 4502/1994 - Proíbe a adoção, pelos órgãos públicos, de inovação tecnológica poupadora de mão-de-obra (sic);

- PL. 4224/1998 - Proíbe a instalação de bombas de auto-serviço nos postos de abastecimento de combustíveis;

PL. 2867/2000 - Proíbe a instalação de catracas eletrônicas ou assemelhados nos veículos de transporte coletivos.

Estes projetos ficam automaticamente integrados à minha "teoria da jabuticaba", a ser desenvolvida em próxima ocasião.
Para quem quiser ler mais a respeito dessa teoria, ver:
(I) Teoria da jabuticaba, I: prolegômenos
(II) Teoria da jabuticaba, II: estudos de casos

quinta-feira, 12 de junho de 2008

889) Universidades da solidariedade periferica...

Primeiro um artigo do conhecido sociólogo especialista em educação:

Saudades da Universidade Patrice Lumumba
Postado por Simon Schwartzman no Simon's Blog em 6/11/2008

Em 1960, a União Soviética criou a Universidade Patrice Lumumba, hoje a "Universidade Russa de Amizade dos Povos", para estudantes do terceiro mundo. Na mesma inspiração, o governo brasileiro está criando agora a Universidade Latino-Americana, em Foz de Iguaçu, e conforme anunciado hoje pelo Secretário de Educação Superior do MEC, a Universidade da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, para estudantes da África, a ser estabelecida em Redenção, a 60 quilômetros de Fortaleza, considerada a primeira cidade brasileira a abolir a escravidão.

Não sei como anda a Universidade Pratice Lumumba hoje. Olhando na wikipedia, dá para ver que, entre seus ex-alunos notáveis, está Carlos o Chacal; Mahmoud Abbas, dirigente do Fatah; Aziz al-Abub, psiquiatra e torturador do Hezzbolah; o espião da KGB Yuri B. Shvets, hoje refugiado nos Estados Unidos; e a linguista brasileira Lucy Seki, que depois completou seu doutorado na Universidade do Texas. Com o fim da União Soviética, além da mudança de nome, o curriculo também mudou, e a doutrinação leninista foi substituida por cursos de administração de empresas, entre outros. Há alguns anos atrás, a universidade foi palco de ataques racistas violentos contra africanos e orientais, que revelaram o isolamento e as péssimas condições de vida dos estudantes de terceiro mundo que ainda se aventuravam por lá. Na página da universidade na Internet dá para ver que com 25 mil estudantes, todos eles pagantes, e mais de 2000 professores, ela está se esforçando por se transformar em uma universidade de qualidade, embora sua produção acadêmica ("for the last 3 years 167 monographs, 58 textbooks and 485 manuals have been published at the University") não chega a impressionar. Mas ela deve ter coisas boas, sobretudo a localização em uma grande cidade que é Moscou.

Duvido que os idealizadores das universidades de terceiro mundo brasileiras conheçam a experiência da Patrice Lumumba, mas a idéia é a mesma, com o agravante que seus estudantes ficarão exilados em regiões remotas do país. A Universidade Latinoamericana, por exemplo, segundo seus organizadores, tem como propósito "a integração da América Latina através de um novo elo substantivo: a integração pelo conhecimento e a cooperação solidária entre os países do continente mais do que nunca em uma cultura de paz." Lembra alguma coisa?

Não há dúvida de que o Brasil poderia ter um papel muito mais importante do que tem tido em estimular e apoiar a vinda de estudantes da América Latina, África e outras regiões para nossas melhores universidades. Isto seria bom para eles, a nos ajudaria a sair de nosso provincianismo. O melhor instrumento para isto são as universidades já existentes, que precisariam de apoio, estímulo e liberdade – inclusive de cobrar - para atrair possíveis candidatos com o que elas têm de melhor a oferecer - os cursos profissionais de qualidade, os programas de pós-graduação, a capacidade instalada de pesquisa e a interação com seus estudantes e com sociedade mais ampla da qual elas participam, nos principais centros urbanos do país em que estão instaladas. Universidades de primeiro mundo, e não de terceiro.

Agora o comentário de um ex-estudante da Patrice Lumumba:
Comentário sobre "Saudades da Universidade Patrice Lumumba"
Tamo Chattopadhay

As someone who completed his first graduate studies in Patrice Lumumba, I completely agree with Simon's opinion. I was born in India, and in 1983 (at the height of the cold war, when India and USSR were strategic allies) I got a scholarship to study Physics in Russia. I was 19 and was hungry to get out of Calcutta and see the world. I had no control over the university where I could study – it was a lottery (a propaganda stance by the Soviet regime which insisted that ALL its universities are equally good!).

I was admitted to Patrice Lumumba. While there were quite a few good professors in the Physics department, overall, the university had a very poor reputation – especially among ordinary Russians / Soviet citizens, and among Russian scholars / scientists. Indeed, it did not take me a very long time to understand that I was in effect attending a second (or third) tier university of former Soviet Union. The most depressing part of that education was the student body itself – who have been 'selected' from all over the world primarily for their (or their countries') political inclinations. Ultimately there are two most important elements in higher education – a stimulating faculty and a stimulating student body. On both these counts Patrice Lumumba failed miserably. In fact most of the students (from Africa, Asia, Latin America) were not interested in study – the atmosphere was nothing like what one would see in other regular universities of USSR, which I had visited as well, including the famous Moscow State University and Kiev State University (Ukraine). Given the political nature of the university; the administrative leadership was very closely aligned with the political party and this led to academics and research excellence being delegated to a lower priority.

I know what a good university looks and feels like. I attended two of them – later in my life in the United States: City University of New York (where I did an MBA) and Columbia University in New York (where I did my Doctorate). I have been also teaching at Columbia University's School of International and Public Affairs. So I know what a university classroom full of engaged graduate students who really want to learn (because they have paid a lot of money to receive their education) look like. Patrice Lumumba University, in my days (1983 – 1989) was not one of those stimulating environments. It was an environment of overwhelming mediocrity. Indeed, many of my fellow classmates (Indian students) who directly returned to India after their studies at Patrice Lumumba had a very hard time finding proper employment in their professions. Incidentally, two years ago on Avenida N-S Copacabana near Posto 4, I ran into a Peruvian student whom I knew back in 1983 in Patrice Lumumba – who is still re-doing his studies in Physics – and this time as a foreign student in Brazil.

May be with full tuition paying foreign students Patrice Lumumba has improved today. But as a model of "promoting friendship among nations" Brazil should look into other education collaboration alternatives with African countries, than recreating a recipe for mediocrity and political nepotism.

Dr. Tamo Chattoapdhay
Adjunct Assistant Professor
School of International and Public Affairs, Columbia University in New York

quarta-feira, 11 de junho de 2008

888) Retrato de uma outra epoca: polemica na Anpuh

Parece que foi ontem, mas a distância é de quase um século, provavelmente.

Matéria do jornal O Estado de São Paulo sobre minha participacao numa mesa redonda da Anpuh, em outubro de 2003 (retirada do blog Acredite se quiser: link)

24.10.03
Polêmica e bate-boca: é o governo 'no divã'

"Um bate-boca entre o ex-ministro Luiz Carlos Bresser Pereira e o sociólogo Octávio Ianni, num debate que por pouco não virou assembléia estudantil, foi, na quarta-feira à noite, o momento culminante do 27.º Encontro Anual da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciências Sociais (Anpocs), em Caxambu (MG). Na platéia, Ianni acusou Bresser, que estava na mesa, de ter "colaborado com o maior desmonte da máquina pública deste País" quando foi ministro da Administração do governo Fernando Henrique. Bresser, irritado, lamentou, "a manifestação patética". Foi interrompido por Ianni: "Patético não é qualificativo científico. Fiz uma reflexão."

De científico, aliás, a sessão "Por onde tem ido e por onde irá o governo Lula?" teve muito pouco. Com quase mil pessoas no auditório, a mesa não conseguiu impedir que o encontro se transformasse num embate ideológico. O debate mostrou que a maioria petista dos estudantes, pesquisadores e professores da Anpocs já se sente desconfortável com o governo e até aceita reparos, mas resiste a assumir uma posição mais crítica. Junto com a platéia, o PT e o governo tiveram uma noite de divã.

Na primeira manifestação, o ex-ministro condenou a obediência do governo ao mercado e ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e pediu mais coragem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Disse que é preciso "completar a revolução nacional": "Meu medo é de que, talvez por desinformação, Lula não vá enfrentar essa questão."

As primeiras vaias foram foram discretas. O constrangimento aumentou quando o sociólogo e diplomata Paulo Roberto de Almeida analisou a "conversão do PT à social-democracia". Saudou a conversão, mas destacou que seria "inconfessada e envergonhada".

O economista Ricardo Carneiro, petista assumido, confrontou a exposição do diplomata, que fez uma lista das idéias vencedoras, derrotadas e ainda indefinidas. "Vencedor sob o ponto de vista de quem? Temos de começar nos colocando", disse. "O câmbio flutuante ganhou, mas a conseqüência da vitória foi uma perda de 30% nos salários, a maior na história do País."

O presidente da Anpocs, Luiz Werneck Vianna, encerrou lembrando que houve "lucidez" ao manter a política econômica. Mas advertiu que é preciso realizar mudanças logo. A sessão de divã promete continuar fora de Caxambu."
Do Estadão.
----------------
Como recomendou José Genoíno, presidente nacional do PT, aos petistas que não estão entendo o que o govenro está fazendo:
"- Leiam Lênin."

terça-feira, 10 de junho de 2008

887) Revista Interesse Nacional, sumario nr. 2

Revista Interesse Nacional
ano 1 • NÚMERO 2 • julho-setembro de 2008
www.interessenacional.com

Sumário
7 Apresentação

A R T I G O S

9 Recolocando a Defesa na Agenda Nacional: O Plano Estratégico de Defesa
Nelson Jobim
A elaboração do Plano Estratégico de Defesa, aqui avaliado, abre o diálogo entre as Forças Armadas e a sociedade em torno de três temas: a reorganização das Forças, o seu reaparelhamento e o serviço militar. Em todas essas áreas, o diálogo orienta-se pelo objetivo de preparar a defesa nacional para os desafios futuros do desenvolvimento do país.

17 Defesa Nacional: Parâmetros Internacionais e Problemas Internos
Mario Cesar Flores
Este artigo delineia idéias básicas sobre o cenário geoestratégico regional – prioritário – e a inserção do Brasil nele; no cenário global, o Brasil seria ator coadjuvante. Em complemento, aborda a questão da organização das Forças Armadas e do preparo militar do país. Discute ainda a apatia da sociedade frente aos temas da defesa nacional.

27 O Brasil Contra os Direitos Humanos
Demétrio Magnoli
A política internacional de direitos humanos conheceu um período de regressão, deflagrado pelo advento do governo Bush e pela “guerra ao terror”. O Brasil colaborou ativamente para essa regressão, silenciando diante das violações de direitos humanos ou mesmo protegendo e elogiando os piores violadores. O comportamento da política externa do governo Lula reflete uma concepção sobre o sistema internacional que colide com os valores e interesses nacionais.

36 Direitos Humanos: O Debate Internacional e o Brasil
Sergio Abreu e Lima Florêncio
Finda a Guerra Fria, criaram-se altas expectativas quanto à vigência abrangente dos direitos humanos no sistema da ONU . Uma ilusão: as condenações mostraram-se politicamente direcionadas. O novo Conselho de Direitos Humanos é uma tentativa de superar o problema, para a qual o Brasil contribuiu, evitando polarizações e articulando consensos, como é de nossa tradição, às vezes incompreendida, na área internacionial dos direitos humanos. Internamente, temos feitos progressos e sido transparentes no reconhecimento dos problemas.

46 Mitigação da Mudança Climática e Oportunidades para o Brasil
Eduardo Viola
Mais do que para qualquer outro país, o interesse nacional do Brasil coincide com o interesse global de mitigação da mudança climática. O país tem tudo para ser mais desenvolvido e mais eqüitativo numa economia de baixo carbono. Não se justifica, a não ser por ranço ideológico, manter-se na posição defensiva de co-líder de uma coalizão de países emergentes com matriz energética suja.

58 Dez Anos de Reforma da Indústria de Petróleo: Lições e Novos Desafios
David Zilberstejn e Helder Queiroz Pinto Jr.
Em uma década de regulação econômica no setor de petróleo e gás, os resultados foram muito positivos, com investimentos novos que permitiram alavancar os investimentos e possibilitaram a exploração de novas fronteiras petrolíferas. As recentes descobertas de petróleo e gás em águas ultraprofundas representam uma grande oportunidade para o Brasil. O artigo discute como aproveitá-la, aperfeiçoando o marco regulatório existente.

67 A Inovação no Centro da Agenda
Glauco Arbix
Inovação é chave para o desenvolvimento em todos os países do mundo. Para o Brasil, inovação é essencial tanto para acelerar quanto para sustentar o crescimento econômico. Não há como preparar o país para o futuro sem tornar mais inovadores nossa economia, nossas empresas, nossas universidades e nosso Estado. Não é luxo de país rico, mas necessidade de quem enfrenta a competição de gigantes como a China e a Índia.

76 Sobre o Conceito de Interesse Nacional
Renato Janine Ribeiro
Ninguém pensa o interesse nacional se não for para defendê-lo e promovê-lo. “Nacional”, porém, não deve se referir a nação, mas a “Estado independente”, que pretende ser sujeito de sua ação. “Interesse”, por sua vez, é termo que, por sua própria origem e significado na reflexão política, pode levar à idéia de “um só interesse”. O que importa, numa democracia, é tomar o “interesse do Estado independente” como ponto de convergência, racionalmente sugerido, para que valores diferentes floresçam.

domingo, 8 de junho de 2008

886) Liga das Democracia: uma ideia maluca, Moises Naim

Liga de Naciones Democraticas: Buen nombre, mala idea
Moises Naim
El País, Domingo, 1 Junio, 2008

¿Estaría usted de acuerdo con que se formara una alianza mundial de naciones democráticas? Al club sólo serían admitidos países democráticos que se comprometieran a no usar la fuerza para dirimir conflictos entre sí. Además, esta alianza de democracias también podría actuar en concierto para influir sobre países que no son miembros del club, para que abandonen prácticas peligrosas o aborrecibles. Parar la construcción de bombas atómicas en Irán, el genocidio en Darfur (Sudán) o la represión en Myanmar son ejemplos del tipo de objetivos que podría perseguir este grupo. También podría coordinarse para actuar contra el cambio climático o el terrorismo. ¿Suena bien, verdad? Lástima que sea una mala idea.

La primera dificultad es decidir qué países pueden entrar en el club de las democracias

Esta idea no sólo tiene un buen nombre -oponerse a una alianza de democracias produce la misma sensación que estar en contra de una asociación de madres- sino que también tiene importantes padrinos. El más antiguo es Emmanuel Kant, quien en 1795 propuso que para alcanzar lo que llamó "paz perpetua" era necesario un acuerdo entre "republicas" (en esa época la democracia no estaba muy de moda).

El más reciente de los promotores de esto es John McCain, el candidato republicano a la presidencia de Estados Unidos: "Necesitamos un nuevo acuerdo global, una liga de democracias, que pueda movilizar el gran poder de las más de 100 naciones democráticas del mundo con el fin de promover nuestros valores y defender nuestros intereses comunes". Importantes figuras del Partido Demócrata también apoyan la idea. Asesores de Barack Obama la han propuesto y a Madeleine Albright, importante asesora de Hillary Clinton, también le gusta la idea. Tanto que en 1999, como secretaria de Estado, anunció que su prioridad era crear una comunidad global de democracias. Y lo hizo. En 2000 presidió en Varsovia una reunión de 106 países que oficializó la creación de la Comunidad de Democracias. Un primer indicio de que la idea es algo problemática es que ocho años después, el mundo aún no parece haberse enterado de que el club de democracias ya existe.

La Comunidad de Democracias obviamente ha sido más efectiva como foro de discusión que como agente de influencia. Y es que no debe ser fácil poner de acuerdo a los 106 países que integran esta organización. Más aun cuando la comunidad incluye democracias tan ejemplares como las de Egipto, Rusia o Yemen. También hay que reconocer que en los últimos ocho años Estados Unidos no ha tenido un Gobierno particularmente interesado en coordinar sus decisiones (guerra de Irak) en al ámbito internacional con otros países.

Es en parte como reacción al unilateralismo del Gobierno de George W. Bush, que en ciertos círculos tanto conservadores como liberales de Estados Unidos ha renacido el entusiasmo para crear (o re-crear) una liga de naciones democráticas. Quienes no están tan entusiasmados con la idea son las otras grandes democracias del mundo. Ni India, ni Brasil ni Suráfrica, por ejemplo, han mostrado gran interés por el tema. Como escribe el ex diplomático inglés, David Hannay: "¿Se le ha ocurrido a alguno de los promotores de la liga de democracias preguntar a los indios o a los brasileños que piensan de la idea? La repuesta que obtendrían estaría entre la cautela y el rechazo".

Hay muchas razones para no entusiasmarse con la idea. La primera es la dificultad de decidir qué países pueden ser miembros del club. ¿Es Rusia una democracia? ¿Y quién lo decide? Otro problema que tendría un grupo como este es la presunción de que el sistema político de una nación define su política exterior. Esta es la teoría de la paz democrática, según la cual las democracias no inician guerras. Pregúntenle a George Bush.

Otra débil premisa es que los países democráticos tienen más intereses en común con otras democracias que con dictaduras. Esto no es así. La China no democrática comparte muchos intereses con las grandes democracias del mundo y sabemos que ningún gran problema global puede ser eficazmente enfrentado sin la activa participación de China.

¿Pueden las tensiones con el mundo islámico ser aliviadas sin la intensa concertación con países árabes no democráticos? ¿Puede la crisis energética ser frenada sin la colaboración de las monarquías y las dictaduras que más petróleo tienen? Claro que no.

Una liga de democracias que logre coordinar sus actuaciones puede además tener efectos contraproducentes. Como por ejemplo, forzar al creciente número de países no democráticos, o con democracias que son sólo aparentes, a trabajar en bloque para contrarrestar las iniciativas del club de democracias. En fin, no es una buena idea

Qué lastima que un nombre tan bueno como el de alianza de democracias tenga implicaciones tan defectuosas.

Source/Fuente: http://www.elpais.com

885) Rubens Ricupero: A falacia do preco dos alimentos

Primeiro transcrevo um artigo, depois comento mais abaixo:

A falácia do preço dos alimentos
Rubens Ricupero
Folha de S.Paulo, 8.06.2008

É FALSO ou exagerado boa parte do que se alardeia sobre a alta do preço dos alimentos. Nos últimos dez meses, é fato que os preços subiram em termos nominais. Contudo, quando se comparam esses preços com a média histórica e se corrige o efeito da inflação, a realidade é bem diferente.
Levando em conta o colapso no preço das commodities nos anos 1980 e 1990, José Antonio Ocampo, ex-subsecretário econômico da ONU, hoje na Universidade de Columbia, e Maria Ângela Parra publicaram artigo provando que a explosão é de preços minerais, e não agrícolas.
Tomaram como base o período 1945-1980, fase de 35 anos de preços até um pouco abaixo da tendência histórica. Aplicaram depois, como deflator, o índice da ONU/Banco Mundial conhecido como Unidade de Valor de Manufaturas.
Resultado: os números mostram explosão nos preços do petróleo e dos metais, sobretudo do cobre. Todos mais que dobraram, em termos reais, em relação à média de referência. O único ano em que os metais estiveram tão caros foi 1916, no meio da Primeira Guerra.
Já os preços agrícolas apenas se recuperam do abismo em que se tinham precipitado nos anos 80, sem que ninguém vertesse lágrimas pelas perdas dos agricultores. A maioria dos produtos tropicais na verdade ainda se encontra longe de haver recomposto as perdas.
Só existe um alimento de primeira necessidade com preço superior à média do pós-guerra. É o trigo, com índice de 189,7 (o índice 100 corresponde à fase 1945-1980). Os três outros produtos agrícolas acima de 100 são o óleo de palma (260,1), a banana (185) e a borracha (162,8). O Brasil não é grande exportador de nenhum: na banana, ocupamos posição marginal, e na borracha mal atingimos um terço das nossas necessidades. Uma segunda categoria é a dos alimentos que quase recuperaram o nível da média passada: o milho (95,7) e o arroz (78).
Na pior classe, a dos preços ainda deprimidos, encontramos o cacau (60,9), o chá (58,7), o café (58), o algodão (43,5) e o açúcar (41). O fato de que o açúcar nem conseguiu chegar à metade de sua cotação histórica média põe por terra o argumento de pressão direta do álcool de cana sobre o preço de alimentos.
Chega-se ao mesmo resultado pela evolução dos termos de intercâmbio, isto é, a relação entre preços de exportações e de importações. O último relatório da Cepal sobre a economia da América Latina, divulgado em dezembro de 2007, revela que os únicos países cujos termos de intercâmbio no ano passado melhoraram em 90%-100% acima dos de 2003 foram o Chile, exportador de cobre, e a Venezuela, de petróleo.
As outras melhoras significativas foram todas de exportadores de minérios: Bolívia e Peru (40%-60%); Colômbia e Equador (acima de 25%). Os dois maiores exportadores agrícolas, Argentina e Brasil, tiveram melhora de 10% ou menos.
Não é por acaso que Ocampo tenha sido diretor da Cepal e herdeiro do conselho de Raúl Prebisch: temos de olhar para os relatórios econômicos produzidos nos países ricos com espírito crítico e a partir da nossa realidade. Quem come da mão de americanos e europeus vê o que eles querem que vejamos.
A realidade é outra: os preços agrícolas e a renda rural ainda não se recuperaram plenamente da longa fase de colapso, os produtos tropicais continuam deprimidos e a real explosão é a do petróleo e dos metais.

RUBENS RICUPERO , 71, diretor da Faculdade de Economia da Faap e do Instituto Fernand Braudel de São Paulo, foi secretário-geral da Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento) e ministro da Fazenda (governo Itamar Franco). Escreve quinzenalmente, aos domingos, nesta coluna.

==============

Agora comento segundo meu conhecimento econômico e histórico:

É verdade o que diz o Embaixador Ricupero. Porem, essas comparacoes de niveis de precos sempre são problematicas, para dizer o mínimo. Os únicos precos que baixam CONTINUAMENTE, matematicamente, são os de manufaturados de massa, que se tornam cada vez mais baratos e acessiveis.
Quanto às materiais primas, tudo depende, obviamente, das condicoes de oferta e da procura e, em termos historicos, de qual seria a base da serie estatistica para estimar perdas e ganhos e relacoes de troca. Dependendo de onde se coloca o indice 100, voce pode ter um ganho ou uma perda, em funcao dos valores computados ALEATORIAMENTE.
Na longa serie, porem, pode-se dizer que efetivamente que os Minerais, por serem finitos, tendem a ter seu preço aumentado, dependendo da procura. O guano, por exemplo, era extremamente valorizado como adubo natural, ate ser desbancado pela amonia de petroleo no seculo XIX. Dai nao serviu para mais nada.
O cobre pode, teoricamente, ser desbancado por novos materiais condutores de melhor desempenho ou mais baratos.
Quanto aos agricolas, seus precos deveriam se reduzir, NATURALMENTE, em funcao dos ganhos de produtividade e do descarte completo dos fantasmas malthusianos.
Portanto, falar em recuperacao dos precos das commodities agricolas pode ser enganoso: elas deveria, teoricamente, ter o seu preco reduzido, a medida em que mais ofertantes entram no mercado. A Cepal, prebischiana, achava que os precos das commodities sempre iria cair, com a deterioracao inevitavel das relacoes de troca. Não é verdade. As commodities podem sim aumentar de preco: basta faltar oferta, o que depende, basicamente da producao de bens agricolas pelos produtores primarios, segundo os velhos principios ricardianos conhecidos.
Se nao se produz mais alimentos, é por politicas erradas, nao por ausencia de condicoes naturais. Nada disso ocorre com os minerais: ou voce tem ou nao tem. As simple as that...
-------------
Paulo Roberto de Almeida

884) Um tipo diferente de consenso: Copenhagen

REVIEW & OUTLOOK
A Different Consensus
The Wall Street Journal, June 7, 2008; Page A10

Even as the U.S. Senate debates a vast new tax and spend regime in the name of fighting climate change, a more instructive argument was taking place in Copenhagen, Denmark. Some of the world's leading economists met last week to decide how to do the most good in a world of finite resources.

Scarcity is a core economic concept, though politicians and even many economists prefer to ignore it. There isn't an unlimited amount of money to be spent on every problem, so choices have to be made. The question addressed by the Copenhagen Consensus Center is what investments would do the most good for the most people. The center's blue-ribbon panel of economists, including five Nobel laureates, weighed more than 40 proposals to improve the world by spending a total of $75 billion over the next four years.

What would do the most good most economically? Supplements of vitamin A and zinc for malnourished children.

Number two? A successful outcome to the Doha Round of global free-trade talks. (Someone please tell Barack Obama.)
[A Different Consensus]

Global warming mitigation? It ranked 30th, or last, right behind global warming mitigation research and development. (Someone please tell John McCain.) The nearby table lists other rankings.

"It's true that trade doesn't immediately save lives," explains Bjorn Lomborg, the political scientist who heads the Copenhagen Consensus Center. "But it's proven that when people have more money" – as tends to be the case when trade barriers fall – "they improve their health, their education and so on." The resulting prosperity reduces such problems as malnutrition and disease, while improving education. All three of those ranked high on the priority list.

The benefits of freer trade were estimated in a paper presented by Professors Kym Anderson and Alan Winters. They found that a successful Doha Round could generate up to $113 trillion in new wealth during the 21st century, at a cost of $420 billion or less from inefficient industries going bust. If you like ratios, that's a return of $269 for every $1 of cost. A less conservative projection puts the gains three times higher. More than 80% of this global windfall would go to the world's poorest countries.

Meanwhile, providing vitamin A and zinc would help some 112 million children in sub-Saharan Africa and South Asia for merely $60 million a year. The minerals would help prevent blindness and stunted growth – increasing lifetime productivity by an estimated $1 billion. Similar if not quite so bountiful returns apply to investments in iron supplements, salt iodization and deworming, all low-cost measures that the economists in Copenhagen ranked highly. A private charity would be smart to seize on these opportunities, the way that Rotary International led the fight to all but eradicate polio in the 20th century.

No doubt there is room to debate these priorities, and that was the point of the Copenhagen sessions. But it's also instructive that the rich world's political cause du jour, global warming, fell well down the list. Research into low-carbon energy technologies, at No. 14, was the only climate-related proposal to reach even the middle of the priority list.

As Mr. Lomborg recently explained, the costs of mitigating climate change would be enormous for what are highly speculative benefits. He prefers research on new technologies, rather than a global cap-and-trade regime that would raise energy prices and thus reduce overall economic growth. Meanwhile, societies that are wealthier due to free trade will be better able to cope with the consequences of warming, if it occurs.

The Doha trade round has fallen out of the news, largely because there is so little political will to compromise and get a deal. As the Copenhagen Consensus shows, this is a global tragedy that will do far more harm to more people than a modest increase in global temperature.

==========

OPINION

How to Think About the World's Problems
By BJORN LOMBORG
The Wall Street Journal, May 22, 2008; Page A15

The pain caused by the global food crisis has led many people to belatedly realize that we have prioritized growing crops to feed cars instead of people. That is only a small part of the real problem.

This crisis demonstrates what happens when we focus doggedly on one specific – and inefficient – solution to one particular global challenge. A reduction in carbon emissions has become an end in itself. The fortune spent on this exercise could achieve an astounding amount of good in areas that we hear a lot less about.

Research for the Copenhagen Consensus, in which Nobel laureate economists analyze new research about the costs and benefits of different solutions to world problems, shows that just $60 million spent on providing Vitamin A capsules and therapeutic Zinc supplements for under-2-year-olds would reach 80% of the infants in Sub-Saharan Africa and South Asia, with annual economic benefits (from lower mortality and improved health) of more than $1 billion. That means doing $17 worth of good for each dollar spent. Spending $1 billion on tuberculosis would avert an astonishing one million deaths, with annual benefits adding up to $30 billion. This gives $30 back on the dollar.

Heart disease represents more than a quarter of the death toll in poor countries. Developed nations treat acute heart attacks with inexpensive drugs. Spending $200 million getting these cheap drugs to poor countries would avert 300,000 deaths in a year.

A dollar spent on heart disease in a developing nation will achieve $25 worth of good. Contrast that to Operation Enduring Freedom, which Copenhagen Consensus research found in the two years after 2001 returned 9 cents for each dollar spent. Or with the 90 cents Copenhagen Consensus research shows is returned for every $1 spent on carbon mitigation policies.

Focusing first on costs and benefits means that we can reconsider the merits of policies that have gone out of fashion.

The unpopular war in Iraq has undermined rich nations' belief in the success of military intervention as a way of reducing conflict. But Copenhagen Consensus research reveals that a peacekeeping force is even more effective than aid in reducing the likelihood that a conflict-prone nation will relapse into violence.

Four new civil wars are expected to break out in the next decade in low-income nations. Compared with no deployment, spending $850 million on a peacekeeping initiative reduces the 10-year risk of conflict re-emerging to 7% from around 38%, according to Copenhagen Consensus research by Oxford University's Paul Collier.

Because of war's horrendous and lasting costs, each percentage point of risk reduction is worth around $2.5 billion to the world. Thus, spending $850 million each year to reduce the risk of conflict by a massive 30 percentage points means a 10-year gain of $75 billion compared to the overall cost of $8.5 billion, or $9 back on the dollar.

In other areas, too, sound economic analysis suggests solutions that we may at first find unpalatable.

Poor water or sanitation affects more than two billion people and will claim millions of lives this year. One targeted solution would be to build large, multipurpose dams in Africa.

Building new dams may not be politically correct, but there are massive differences between the U.S. and Europe – where there are sound environmental arguments to halt the construction of large dams and even to decommission some – and countries like Ethiopia which have no water storage facilities, great variability in rainfall, and where dams could be built with relatively few environmental side effects. A single reservoir located in the scarcely inhabited Blue Nile gorge in Ethiopia would cost a breathtaking $3.3 billion. But it would produce large amounts of desperately needed power for Ethiopia, Sudan and Egypt, combat the regional water shortage in times of drought, and expand irrigation. All these benefits would be at least two-and-a-half times as high as the costs.

In each of these areas – and in the areas of air pollution, education and trade barriers – the world's scarce resources could be used to achieve massive amounts of benefits.

Next week, some of the world's top economists, including five Nobel laureates, will consider new research outlining the costs and benefits of nearly 50 solutions to world problems – from building dams in Africa to providing micronutrient supplements to combating climate change. On May 30, the Copenhagen Consensus panel will produce a prioritized list showing the best and worst investments the world could make to tackle major challenges.

The research and the list will encourage greater transparency and a more informed debate.

Acknowledging that some investments shouldn't be our top priority isn't the same as saying that the challenges don't exist. It simply means working out how to do the most good with our limited resources. It will send a signal, too, to research communities about areas that need more study.

The global food crisis has sadly underlined the danger of continuing on our current path of fixating on poor solutions to high-profile problems instead of focusing on the best investments we could make to help the planet.

Mr. Lomborg, organizer of Copenhagen Consensus, is the author of "Cool It: The Skeptical Environmentalist's Guide to Global Warming" (Knopf, 2007).

883) I Wish You Love - Que reste-t-il de nos amours?

I Wish You Love - Que reste-t-il de nos amours?

Musique originale: Charles Trenet; English Lyrics: Albert A. Beach
(June 7, 2008)

Goodbye, no use leading with our chins
This is where our story ends
Never lovers, ever friends
Goodbye, let our hearts call it a day
But before you walk away
I sincerely want to say

I wish you bluebirds in the spring
To give your heart a song to sing
And then a kiss but more than this
I wish you love

And in July, a lemonade
To cool you in some leafy glade
I wish you health and more than wealth
I wish you love

My breaking heart and I agree
That you and I could never be
So with my best, my very best
I set you free

I wish you shelter from the storm
A cozy fire to keep you warm
But most of all when snowflakes fall
I wish you love

Youtubes:
From the movie

Only lyrics and song: (Rachael Yamagata Album Version)

Another version with slides

Paris

Frank Sinatra (Followed by “And That’s Life”)
Frank Sinatra (with Count Basie):

Rod Stewart

Michael Bublé (with: I’ll never smile again)

Chaka Khan (with George Duke and Stanley Calrk at Montreux Jazz Festival)

Judy Garland

Chrissie Hynde (from Eye of the Beholder)

Chrissie Hynde

Que reste-t-il de nos amours?
Charles Trenet
http://www.youtube.com/watch?v=cu9bXqpR5Gk&feature=related
Patrick Bruel

Paroles françaises par Charles Trenet:

Ce soir, le vent qui frappe à ma porte
Me parle des amours mortes
Devant le feux qui s’éteint
Ce soir, c’est une chanson d’automne
Dans la maison qui frissone
Et je pense aux jours lointains

Que reste-t-il de nos amours
Que reste-t-il de ces beaux jours
Une photo, vieille photo
De ma jeunesse

Que reste-t-il des billets doux
Des mois d' avril, des rendez-vous
Un souvenir qui me poursuit
Sans cesse

Bonheur fané, cheveux au vent
Baisers volés, rêves mouvants
Que reste-t-il de tout cela
Dites-le-moi

Un petit village
Un vieux clocher
Un paysage
Si bien caché
Et dans un nuage
Le cher visage
De mon passé

Les mots, les mots tendres qu’on murmure
Les caresses les plus pures
Les serments au fonds des bois
Les fleurs, qu’on retrouve dans un livre
Dont le parfum nous enivrent
Ce sont envolés pourquoi?

Que reste-t-il de nos amours
Que reste-t-il de ces beaux jours
Une photo, vieille photo
De ma jeunesse

Que reste-t-il des billets doux
Des mois d' avril, des rendez-vous
Un souvenir qui me poursuit
Sans cesse

Bonheur fané, cheveux au vent
Baisers volés, rêves mouvants
Que reste-t-il de tout cela
Dites-le-moi

Un petit village
Un vieux clocher
Un paysage
Si bien caché
Et dans un nuage
Le cher visage
De mon passé

Dalida (avec Charles Trenet)

Dalida avec Johnny Mathis

Nana Mouskouri

Francoise Hardy et Bashung

I wish you love / Que reste-t-il de nos amours – Quintet Robert Fourgo

882) Curso em SP: A ordem mundial e as relações internacionais do Brasil

ESCOLA SUPERIOR DE PROPAGANDA E MARKETING
Curso de Férias (noturno): São Paulo, SP

A ordem mundial e as relações internacionais do Brasil

Objetivo:
Informar, analisar e debater com os participantes do curso os aspectos políticos, econômicos e tecnológicos da ordem internacional contemporânea. Serão enfocados os principais problemas da agenda diplomática mundial e a forma como o Brasil interage com cada uma de suas vertentes, no contexto da globalização e da internacionalização de seu sistema econômico.

A quem se destina:
A estudantes de humanidades em geral, de cursos de Relações Internacionais, em particular, mas também a todos os que estudam temas de alguma forma afetos aos negócios globais, em nível de graduação ou especialização em administração (com foco em global business). Deve interessar, igualmente, a homens de negócio, assim como a quaisquer outros profissionais interessados em atualizar conhecimentos sobre a agenda internacional (negociações comerciais multilaterais e regionais, crises financeiras, temas globais) e sobre a diplomacia brasileira em particular.

Metodologia:
Distribuição preliminar de apostila e de ampla bibliografia sobre os pontos selecionados, exposição em classe e interação com os alunos sobre as questões selecionadas e outras sugeridas durante o próprio curso .

Programa:
1) A ordem política mundial do início do século XXI e a posição do Brasil (Segurança estratégica e equilíbrios geopolíticos: interesses do Brasil; Relações entre as grandes potências e conflitos regionais: a América do Sul; Cooperação política e militar nas zonas de conflitos: o Conselho de Segurança)
2) A ordem econômica mundial e a inserção internacional do Brasil
(Regulação cooperativa das relações econômicas internacionais; Assimetrias de desenvolvimento: crescimento e investimentos estrangeiros; Cooperação multilateral e Objetivos do Milênio: o fracasso da ajuda oficial; Recursos energéticos e padrões de sustentabilidade: o papel do Brasil)
3) O Brasil e as economias emergentes: desafios e perspectivas
(Evolução recente das economias emergentes no contexto mundial; Acesso a mercados e negociações comerciais multilaterais; O Brasil no contexto das economias emergentes: desafios e limitações)
4) O regionalismo sul-americano e o papel político-econômico do Brasil
(Contexto político da América do Sul em perspectiva histórica; Os processos de integração regional e a evolução da posição do Brasil; Integração regional: origens e evolução do Mercosul, crise e estagnação; Desafios do Mercosul no contexto regional e mundial: perspectivas)

Professor:
Paulo Roberto de Almeida: Doutor em Ciências Sociais (Universidade de Bruxelas), Mestre em Economia Internacional (Universidade de Antuérpia); Diplomata de carreira; Professor orientador no Mestrado em Diplomacia do Instituto Rio Branco do Ministério das Relações Exteriores; Professor de Economia Política Internacional no Mestrado em Direito do Centro Universitário de Brasília – Uniceub. Ex-Assessor no Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República; Ministro-Conselheiro na Embaixada do Brasil em Washington (1999-2004).
Link para CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/9470963765065128; pralmeida@mac.com; www.pralmeida.org.

Duração:
Dias 7 e 8 e 10 e 11 de Julho de 2008; quatro noites de 3:30hs cada uma (das 19 às 22:30hs; total: 14hs).

Inscrições / Vagas Limitadas
On-line no site da ESPM – www.espm.br/ferias

Maiores informações neste link:
http://www.espm.br/ConhecaAESPM/Cursos/Pages/Default.aspx?CodigoUnidade=1&CodigoCursoDetalhe=271

sexta-feira, 6 de junho de 2008

881) E agora, sobre a Realpolitik...

Pequena lição de Realpolitik
(Brasília, 2 junho 2008, 5 p.) Digressões rápidas sobre esse conceito e o seu oposto, a Idealpolitik.
Publicado em Mundorama e em Meridiano 47.

Seria totalmente justificado o mau (pré)conceito que carrega a Realpolitik no plano das atitudes possíveis de serem adotadas pelos estadistas e outros responsáveis pelas relações internacionais dos Estados modernos? Leva ela, necessariamente, a um comportamento egoísta no confronto com alternativas menos estado-cêntricas e mais voltadas para o bem comum da comunidade internacional? Mas será que existe, de fato, uma coisa chamada “comunidade internacional”? Estadistas responsáveis podem adotar outra postura que não a pragmática, focada no interesse nacional, quando se trata de administrar as relações exteriores de seus países? Vejamos o que seria possível argumentar em torno desse conceito numa espécie de curso concentrado.
Realpolitik é mais um método do que uma doutrina, completa e acabada. Ela pode ser vista como uma escola de pensamento que não é boa, ou má, em si, e sim que pode, ou não, servir os interesses daqueles que presumidamente se guiam por seus “princípios”, algo vagos, de análise e de ação. O que ela quer dizer, finalmente? A rigor, trata-se de um simples cálculo utilitário, baseado nos interesses primários de um país, um Estado, um indivíduo. Ela tende a considerar os dados do problema e não se deixa guiar por motivações idealistas, generosas ou “humanitárias” de tal decisão ou ação, mas apenas e exclusivamente pelo retorno esperado de um determinado curso de ação, que deve corresponder à maior utilidade ou retornos possíveis para o seu proponente ou condutor da ação.
Como tal, ela responde a objetivos estritamente pragmáticos e “racionais”, num sentido estrito, de uma determinada interação humana, social ou estatal. Ela parte de um pressuposto básico, na vida ou na sociedade: indivíduos e grupos sociais guiam-se, basicamente, por seus instintos de sobrevivência ou por seus interesses imediatos de conforto, bem-estar, segurança, maximização de satisfação, de prazer ou de riqueza e poder, no caso de sociedades mais complexas. Não se pode negar que, nessa perspectiva, ela corresponde, aparentemente, à natureza humana, ou pelo menos a certa concepção da natureza humana, tal como vista pelos filósofos utilitaristas ou individualistas.
O que oferece, em seu lugar, aquela que seria, presumivelmente, sua contrapartida teórica, ou até prática, a Idealpolitik? Esta, supostamente, se deixaria guiar por nobres ideais, altruística em seus princípios e motivações, generosa nas suas interações e ações, voltada para o bem comum, a solidariedade, a elevação moral da humanidade e a promoção de valores vinculados aos direitos humanos, à democracia, ao primado do direito sobre a força, à construção de uma institucionalidade que supere, justamente, o interesse egoísta de indivíduos e Estados. Ainda que se possa conceber a existência, e mesmo a atuação, de indivíduos, instituições e Estados que se deixem guiar por tal conjunto de princípios e valores, não tenho certeza de que eles são seguidos na prática quando se trata do interesse maior de indivíduos e sociedades organizadas, que são os da sua segurança e da sua sobrevivência física.
Em qualquer hipótese, algumas distinções são possíveis, e passíveis, de serem feitas e elas têm a ver com a organização geral das ações do Estado no plano exterior. Teoricamente, a “doutrina” idealista seria mais comprometida com a cooperação internacional – no plano bilateral ou multilateral – e com a promoção de instituições comprometidas com tal finalidade, atualmente representadas pela ONU (mesmo com toda a corrupção e desvios comprovados), ao passo que a “doutrina” realista teria unicamente como base o interesse egoísta dos Estados, fechados, portanto, a esforços de cooperação ampliada, assistência a necessitados ou promoção de interesses comuns da humanidade. Tal dicotomia é dificilmente encontrável na prática, pois todos os Estados, e indivíduos, acabam cooperando na prática, ainda que tratando de cuidar, primariamente, de seu interesse próprio.
Finalmente, pode-se conceber uma Realpolitik “esclarecida” que, voluntariamente ou não, busca, de forma ativa ou secundária, a promoção de valores “altruísticos”, uma vez que eles poderiam ser funcionais, em última instância, para a promoção e a manutenção do interesse próprio do Estado ou do indivíduo em questão. Ou seja, a busca do “bem” redundaria em maior bem primeiramente para o seu promotor.
Estas considerações, necessariamente de cunho generalizante ou conceitual, não têm muito a ver com realizações práticas, ou correntes, de alguma Realpolitik em ação, “esclarecida” ou não. Normalmente se tende a identificar o exercício desse tipo de política com manifestações práticas de “diplomacia blindada” de alguma grande potência, na suposição de que apenas potências dominantes têm condições de cuidar de seu interesse próprio de maneira egoísta ou arrogante, o que é um entendimento enviesado, ou capcioso, do que seja Realpolitik. Por certo, pequenos Estados ou indivíduos desprovidos de poder próprio não têm condições de impor sua vontade aos demais, daí a identificação da Realpolitik com a política de poder. A rigor, qualquer indivíduo ou Estado pode tentar exercer seu quantum de Realpolitik, embora dentro de limites próprios à sua liberdade de ação (ou de reação).
Para tocar num exemplo sempre invocado de doutrina “realista” do interesse nacional, num sentido estreitamente egoísta e unilateral, referência é feita à chamada “doutrina Bush” de ação preventiva, com vistas a antecipar a qualquer iniciativa por parte de Estados inimigos ou grupos terroristas de atacar os EUA, o que justificaria, aos olhos de seus dirigentes, um ataque preventivo contra esses supostos inimigos. Ao mesmo tempo, caberia lembrar que essa doutrina vem sendo apresentada ou vem “envelopada” num conjunto de argumentos justificadores da ação americana, condizentes, supostamente, com uma visão mais “altruística” das relações internacionais, posto que identificada com a promoção da democracia, a defesa dos direitos humanos – em especial da mulher –, a capacidade de iniciativa individual no plano econômico, a liberdade religiosa e vários outros elementos de natureza supostamente “iluminista”.
Que isto esteja sendo feito por bombas e ocupação militar, e não por professores e missionários, poderia ser visto como secundário do ponto de vista da escola “realista”, embora não o seja para os “destinatários” da ação: afinal de contas, parece difícil implementar a democracia na ponta dos fuzis, ou mediante canhões e mísseis. Desse ponto de vista, a visão e a ação de Kissinger pareciam sinceras, ainda cinicamente realistas: ele não pretendia “melhorar” o mundo, apenas torná-lo suportável no plano dos interesses nacionais americanos, o que já lhe parecia um programa realisticamente enorme (em face dos perigos percebidos, reais ou ilusórios).
A Realpolitik, portanto, recomendaria deixar cada povo cuidar dos seus afazeres, sem interferência dos demais, até o limite dos efeitos indiretos sobre a segurança de outros da soberania exclusiva assim exercida (ou seja, eventuais spill-overs da potestade interna exercida de maneira excludente). Atualmente se invoca, ao lado do “dever de ingerência” – que seria a intervenção direta nos assuntos internos de outros Estados em caso de graves atentados aos direitos humanos – o chamado princípio da “não-indiferença”, que seria uma motivação altruística para exercer a cooperação ativa em prol do bem estar de povos menos bem aquinhoados pela natureza ou pela sua organização estatal ou social. A diferença entre um e outro estaria em que, no primeiro caso, a intervenção se daria contrariamente aos desejos ou capacidade de reação do Estado em questão, ao passo que no segundo, em total concordância e em cooperação com seus dirigentes.
Num primeiro caso, teríamos, então, a Realpolitik bem intencionada, no segundo a Idealpolitik explícita e aberta. O que se deve julgar, na verdade, é a eficiência das ações empreendidas com relação a objetivos bem determinados: no primeiro caso, o possível resultado é o salvamento de pessoas que de alguma forma pereceriam na ausência de intervenção, o que significa, simplesmente, a diferença entre a vida e a morte. No segundo caso, as ações altruísticas empreendidas podem ser rigorosamente inócuas, caso a não indiferença se exerça em direção de objetivos secundários ou totalmente marginais em relação aos verdadeiros problemas do país ou sociedade assim beneficiados com tal ação humanitária.
Não há, como se vê, um critério uniforme para se julgar princípios de ação, ou suas motivações teóricas: o que existem são situações objetivas e resultados tangíveis, em função dos quais julgar da efetividade de iniciativas e empreendimentos tomados por estadistas. O realismo e o idealismo podem ser invocados em circunstância diversas, e produzirem resultados totalmente contraditórios, em função dos objetivos pretendidos e dos meios mobilizados.
O que teria Kissinger a ver com isto, finalmente? Provavelmente nada, a não ser a perspectiva da história profunda e o sentido da razão, sempre bons conselheiros em matéria de políticas de Estado, em qualquer área que se pretenda atuar. Com todo o seu realismo cínico, Kissinger foi provavelmente um estadista altamente eficiente do ponto de vista dos interesses egoístas – portanto realistas – dos EUA. Teria sido ele tão eficiente assim caso tivesse sido, hipoteticamente, guindado à frente das Nações Unidas, num papel de cunho profundamente altruístico e humanitário? Provavelmente não, pois lhe faltaria a alavanca necessária para ser bom (ou mau, com os ditadores), segundo as circunstâncias: o poder de ordenar e de ser obedecido.
Não é segredo para ninguém que a ONU, com todos os seus bons princípios – e a despeito de uma maquinaria emperrada, por vezes corrupta – não é sequer capaz de fazer cumprir seus objetivos prioritários, e ela não o será pelo futuro previsível. Isto talvez seja uma demonstração cabal de que o realismo prático, com todos os seus supostos defeitos congenitais, ainda constitui uma boa alavanca para a ação.
Talvez, então, a melhor combinação possível, se as escolhas nos são dadas, fosse armar-se de uma doutrina inspirada nos bons princípios da Idealpolitik, ao mesmo tempo em que, no terreno da ação prática (e efetiva), buscaríamos guiar-nos pelos velhos e surrados princípios da Realpolitik. Acredito que mesmo um cínico como Kissinger não desgostaria desta combinação. Provavelmente é mais fácil propor do que implementar tal tipo de mini-max, ou seja, uma mistura de boas intenções com uma mão de ferro na sua consecução: poucos seriam capazes de fazê-lo, talvez apenas os “realistas-idealistas”. Ou serão os “idealistas- realistas”? Grande questão...

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 2 de junho de 2008

880) O legado do Kissinger

Um dos meus trabalhos mais recentes:
O legado de Henry Kissinger
Brasília, 1 junho 2008, 5 p.
Comentários sobre a obra prática e intelectual do estadista americano.
Publicado em Mundorama e na Meridiano 47.

Não, o velho adepto da realpolitik ainda não morreu. Mas tendo completado 85 anos em maio de 2008, o ex-secretário de Estado e ex-conselheiro de Segurança Nacional dos EUA Henry Kissinger aproxima-se das etapas finais de sua vida. Seus obituários – não pretendendo aqui ser uma ave de mau agouro – devem estar prontos nas principais redações de jornais e revistas do mundo inteiro, e os comentaristas de suas obras preparam, certamente, revisões de análises anteriores para reedições mais ou menos imediatas, tão pronto este “Metternich” americano passe deste mundo terreno para qualquer outro que se possa imaginar (na minha concepção, deverá ser o mundo das idéias aplicadas às relações de poder).
Talvez seja esta a oportunidade para um pequeno balanço de seu legado, que alguns – por exemplo Cristopher Hitchens, em The Trial of Henry Kissinger – querem ver por um lado unicamente negativo, ou até criminoso, como se ele tivesse sido apenas o inimigo dos regimes “progressistas” e um transgressor consciente dos direitos humanos e da autodeterminação dos povos. Ele certamente tem suas mãos manchadas de sangue, mas também foi o arquiteto dos acordos de redução de armas estratégicas e da própria tensão nuclear com a extinta União Soviética, além de um mediador relativamente realista nos diversos conflitos entre Israel e os países árabes, no Oriente Médio. Sua obra “vietnamita” é discutível, assim como foi altamente discutível – ou francamente condenável – o prêmio Nobel da Paz concedido por um simplesmente desengajamento americano, que visava bem mais a resolver questões domésticas do que realmente pacificar a região da ex-Indochina francesa.
Pode-se, no entanto, fazer uma espécie de avaliação crítica de sua obra prática e intelectual, como reflexão puramente pessoal sobre o que, finalmente, reter de uma vida rica em peripécias intelectuais e aventuras políticas. Sua principal obra de “vulgarização” diplomática, intitulada de maneira pouco imaginativa Diplomacia simplesmente, deve constituir leitura obrigatória em muitas academias diplomáticas de par le monde. Seu trabalho mais importante, uma análise do Congresso de Viena (1815), é mais conhecido pelos especialistas do que pelo grande público, mas ainda assim merece ser percorrido pelos que desejam conhecer o “sentido da História”.
O legado de Henry Kissinger é multifacético e não pode ser julgado apenas pelos seus atos como Conselheiro de Segurança Nacional de Richard Nixon, ou como Secretário de Estado desse presidente e do seguinte, Gerald Ford, quando ele esteve profundamente envolvido em todas as ações do governo americano no quadro da luta anti-comunista que constituía um dos princípios fundamentais da política externa e da política de segurança nacional dos EUA. Esse legado alcança, necessariamente, suas atividades como professor de política internacional, como pensador do equilíbrio nuclear na era do terror – doutrina MAD, ou Mutually Assured Destruction –, como consultor do Pentágono em matéria de segurança estratégica, e também, posteriomente a seu trabalho no governo, como articulista, memorialista e teórico das relações internacionais.
A rigor, ele começou sua vida pública justamente como teórico das relações internacionais, ou, mais exatamente, como historiador do equilíbrio europeu numa época revolucionária, isto é, de reconfiguração do sistema de poder no seguimento da derrocada de Napoleão e de restauração do panorama diplomático na Europa central e ocidental a partir do Congresso de Viena (1815). Sua tese sobre Castlereagh e Metternich naquele congresso (A World Restored, 1954) é um marco acadêmico na história diplomática e de análise das realidades do poder num contexto de mudanças nos velhos equilíbrios militares anteriormente prevalecentes. Depois ele foi um fino analista dessas mesmas realidades no contexto bipolar e do equilíbrio de terror trazido pelas novas realidades da arma atômica. Ele se deu rapidamente conta de que não era possível aos EUA manter sua supremacia militar exclusiva, baseada na hegemonia econômica e militar e no seu poderio atômico, sem chegar a algum tipo de entendimento com o outro poder nuclear então existente, a União Soviética, uma vez que, a partir de certo ponto, a destruição assegurada pela multiplicação de ogivas nucleares torna ilusória qualquer tentativa de first strike ou mesmo de sobrevivência física, após os primeiros lançamentos.
Daí sua preocupação em reconfigurar a equação dos poderes – aproximando-se da China, por exemplo – e em chegar a um entendimento mínimo com a URSS, através dos vários acordos de limitações de armas estratégicas. O controle da proliferação nuclear também era essencial, assim como evitar que mais países se passassem para o lado do inimigo principal, a URSS (o que justifica seu apoio a movimentos e golpes que afastassem do poder os mais comprometidos com o lado soviético do equilíbrio de poder). Numa época de relativa ascensão da URSS, com governos declarando-se socialistas na África, Ásia e América Latina, a resposta americana só poderia ser brutal, em sua opinião, o que justificava seu apoio a políticos corruptos e a generais comprometidos com a causa anti-comunista. Não havia muita restrição moral, aqui, e todos os golpes eram permitidos, pois a segurança dos EUA poderia estar em jogo, aos seus olhos.
Ou seja, todas as acusações de Christopher Hitchens estão corretas – embora este exagere um pouco no maquiavelismo kissingeriano – mas a única justificativa de Henry Kissinger é a de que ele fez tudo aquilo baseado em decisões do Conselho de Segurança Nacional e sob instruções dos presidentes aos quais serviu. Não sei se ele deveria estar preso, uma vez que sua responsabilidade é compartilhada com quem estava acima dele, mas certamente algum julgamento da história ele terá, se não o dos homens, em tribunais sobre crimes contra a humanidade. Acredito, pessoalmente, que ele considerava as “vítimas” de seus muitos golpes contra a democracia e os direitos humanos como simples “desgastes colaterais” na luta mais importante contra o poder comunista da URSS, que para ele seria o mal absoluto.
O julgamento de alguém situado num plano puramente teórico, ou “humanista” – como, por exemplo, intelectuais de academia ou mesmo jornalistas, para nada dizer de juizes empenhados na causa dos direitos humanos ou de “filósofos morais” devotados à “causa democrática” no mundo –, tem de ser necessariamente diferente do julgamento daqueles que se sentaram na cadeira onde são tomadas as decisões e tem, portanto, de julgar com base no complexo jogo de xadrez que é o equilíbrio nuclear numa era de terror, ou mesmo no contexto mais pueril dos pequenos golpes baixos que grandes potências sempre estão aplicando nas outras concorrentes, por motivos puramente táticos, antes que respondendo a alguma “grande estratégia” de “dominação mundial”. Desse ponto de vista, Kissinger jogou o jogo de forma tão competente quanto todos os demais atores da grande política internacional, Stalin, Mao, Kruschev, Brejnev, Chu En-lai, Ho Chi-min e todos os outros, ou seja, não há verdadeiramente apenas heróis de um lado e patifes do outro. Todos estão inevitavelmente comprometidos como pequenos e grandes atentados aos direitos humanos e aos valores democráticos.
Não creio, assim, que ele tenha sido mais patife, ou criminoso, do que Pinochet – que ele ajudou a colocar no poder – ou de que os dirigentes norte-vietnamitas – que ele tentou evitar que se apossassem do Vietnã do Sul (e, depois, jogou a toalha, ao ver que isso seria impossível cumprir pela via militar, ainda que, na verdade, os EUA tenham sido “derrotados” mais na frente interna, mais na batalha da opinião pública doméstica, do que propriamente no terreno vietnamita). Ou seja, Kissinger não “acabou” com a guerra do Vietnã: ele simplesmente declarou que os EUA tinham cumprido o seu papel – qualquer que fosse ele – e se retiraram da frente militar.
Seu legado também pode ser julgado como “comentarista” da cena diplomática mundial, como memorialista – aqui com imensas lacunas e mentiras, o que revela graves falhas de caráter – e como consultor agora informal de diversos presidentes, em geral republicanos (mas não só). Ele é um excelente conhecedor da História – no sentido dele, com H maiúsculo, certamente – e um grande conhecedor da psicologia dos homens, sobretudo em situações de poder. Trata-se, portanto, de um experiente homem de Estado, que certamente serviu ardorosamente seus próprios princípios de atuação – qualquer que seja o julgamento moral que se faça deles – e que trabalhou de modo incansável para promover os interesses dos EUA num mundo em transformação, tanto quanto ele tinha analisado no Congresso de Viena.
Desse ponto de vista, pode-se considerar que ele foi um grande representante da escola realista de poder e um excelente intérprete do interesse nacional americano, tanto no plano prático, quanto no plano conceitual, teórico, ou histórico. Grandes estadistas, em qualquer país, também são considerados maquiavélicos, inescrupulosos e mentirosos, pelos seus adversários e até por aliados invejosos. Esta é a sina daqueles que se distinguem por certas grandes qualidades, boas e más. Kissinger certamente teve sua cota de ambas, até o exagero. Não se pode eludir o fato de que ele deixará uma marca importante na política externa e nas relações internacionais – dos EUA e do mundo – independentemente do julgamento moral que se possa fazer sobre o sentido de suas ações e pensamento.
Por uma dessas ironias de que a História é capaz, coube a um dos presidentes mais ignorantes em história mundial (Ronald Reagan) enterrar, praticamente, o poder soviético com o qual Kissinger negociou quase de igual para igual durante tantos anos. Ele, que considerava o resultado de Viena um modelo de negociação – por ter sido uma paz negociada, justamente, não imposta, como em Versalhes – deve ter sentido uma ponta de inveja do cowboy de Hollywood, capaz de desmantelar o formidável império que tinha estado no centro de suas preocupações estratégicas – e que ele tinha poupado de maiores “desequilíbrios” ao longo dos anos. Seu cuidado em assegurar o “equilíbrio das grandes potências” saltou pelos ares com o keynesianismo militar praticado por Reagan, um desses atos de voluntarismo político que apenas um indivíduo totalmente alheio às grandes tragédias da História seria capaz. Talvez Kissinger tivesse querido ser o arquiteto do grande triunfo da potência americana, mas ele teve de se contentar em ser apenas o seu intérprete tardio. Nada mau, afinal de contas, para alguém que foi, acima de tudo, um intelectual...

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 2 de junho de 2008

terça-feira, 3 de junho de 2008

878) Teste a sua orientacao politico-economica

O politicômetro é um teste de opinião que o situa no campo das liberdades individuais e da relação entre o estado e a economia. Com a ajuda do sociólogo Alberto Almeida, VEJA preparou um questionário com vinte perguntas. Assim que terminar de respondê-las, você saberá a sua posição política em um quadrante que tem como eixos os extremos esquerda-direita e liberal-antiliberal.

Veja onde você se posiciona:

click no link abaixo:

http://veja.abril.com.br/idade/testes/politicometro/politicometro.html

quinta-feira, 29 de maio de 2008

877) A linguagem da globalizacao

Perhaps not, or better, broken English for sure...

What Will Globalization Do to Languages? A Freakonomics Quorum
By Stephen J. Dubner
May 28, 2008, 2:46 pm

The headline says it all, although the unspoken question is: will globalization indeed result in the hegemony of English, as has long been promised/threatened?

We gathered up some wise people who spend their time thinking about such things -- Christian Rolling, Mark Liberman, Henry Hitchings, and John Hayden -- and asked them to answer our question. Many thanks for their insights.

Christian Rolling, senior interpreter and next chief of the French interpretation section at the U.N. in New York.

"The Internet has helped curtail English language domination."

As an interpreter, I tend to focus more on spoken words; and I suspect (being French) that you would love to read that English is (finally) going to be the universal language thanks to globalization.

But No! The Internet has helped curtail English language domination: Just over half the number of Web pages are in English.

Rudimentary English might still be the most convenient means of oral or written communication between strangers of different cultures on planet Earth, but globalization is giving a new (virtual) planetary presence to hundreds of languages and cultures through millions of Web sites, mixing text and videos.

The big loser? Grammar.

With the proliferation of text messages, e-mails, emoticons, strange abbreviations (The French love CUL, which means a**) why bother about style or form?

Web sites are more polished, but even there, spelling mistakes abound.

John Hayden, president of Versation, parent company of English, baby!, a social networking site for English language learners around the world.

"English is like a cell phone provider offering the best plan. But if the dollar continues to drop, the most viable option could shift."

Globalization is synonymous with homogenization. What does this mean for languages?

We'll be losing all but one of them, and guess which one.

Although ludicrous, this point of view is common. My friends and colleagues question me from time to time about whether a website like mine that helps people around the world learn English is necessarily a good thing.

But last I checked, learning one language doesn't cause you to forget another. More than half the world plays soccer, but other sports continue to thrive. Why should languages be any different?

In fact, it seems widely agreed upon that a person who speaks more than one language is worthy of admiration. The fact that nearly two billion people are learning English means that there are more bilingual people than ever before.

Though shared languages between countries are necessary for globalization to thrive, the popularity of English is incidental and could change.

English is a tool, just like a piece of technology. Much of the world's economy is tied up in English-speaking countries and for that reason, English is like a cell phone provider offering the best plan. But if the dollar continues to drop, the most viable option could shift. Mexico and Korea don't need English to communicate if Korea begins to find it profitable to learn Spanish.

This flexibility exists because other languages aren't going away. It's important to understand that English is growing as a second or
third language.

I've yet to hear of a country changing its first language to English to better compete globally and I doubt that will happen.

A Bulgarian woman might fly to the U.S. for a meeting, but will still walk to the grocery store. She might send American partners news via e-mail, but will still gossip on her neighbor's porch, read and sing in Bulgarian, and speak it with her family -- and with you if you're smart.

Don't underestimate the value of knowing languages other than English in a globalized world. Nothing makes a trip to Japan better than knowing Japanese and if you're bidding on a contract in India, the proposal written in Hindi is sure to stand out. A philosopher who can read German articles before they're translated has an edge on his peers.

In fact, globalization means that we have more reason than ever to learn a language. While globalization has its benefits and drawbacks, learning a language, like almost any other skill, is at best useful and at least a bit of personal edification (like learning Ancient Greek or fly fishing).

But at the moment, English is about as valuable as a computer in terms of the amount of cultural exchange and access to information it affords. Of course, the two are most powerful together, which is why we started English, baby!. It was a reaction to a demand.

More often than not, a new member's first blog is something to the effect of, "This is the first day of my life," which demonstrates a mind-boggling enthusiasm for, and faith in this language and technology.

Mark Liberman , professor of linguistics at the University of Pennsylvania, blogs at Language Log.

"If you're going to combine many countries with different national languages -- and do it by political compromise rather than by military conquest -- then you can't impose any single national language on the result."

The obvious things to say about this are, well, obvious. But not everything that's obvious is entirely true, and there are some surprises behind the "duh"s.

It's obvious that English promotes American power in the global linguistic marketplace -- but a slogan of Li Yang's Crazy English movement is "Conquer English to Make China Stronger!"

It's obvious that globalization will tend to wipe out smaller languages and cultures -- but if you search the web for "soomaaliya" or "gabay ka," you'll find more text from the world-wide Somali diaspora than was ever produced in the horn of Africa. It's obvious that globalized communications and popular culture will tend to homogenize local language varieties -- but some varieties of English seem to be diverging more rapidly than ever.

Much of today's linguistic politics are rooted in the residues of colonial rule, itself an earlier form of globalization -- but paradoxically, the recent spread of former colonial languages is sometimes driven by local resistance to domination by outsiders.

In 1950, the Indian constitution established Hindi as the official language of the central government, and the use of English as a "subsidiary official language," inherited from the days of British colonial rule, was supposed to end by 1965. However, less than a sixth of the Indian population speaks Hindi natively, and for elite speakers of India's other 400-odd languages, especially in the south, the imposition of Hindi felt like a kind of conquest, whereas continued use of English was an ethnically neutral option. So today, the authoritative version of acts of parliament is still the English one, Supreme Court proceedings are still in English, and so on.

The rise of English as the language of global economic opportunity just reinforces this pattern, which also applies in Pakistan, in Nigeria, and in several other former British colonies.

A particularly intense version of this sort of thing is happening in Iraq.

Kurdish officials resist being forced to do business with the central government in Arabic, and sometimes insist on English, even if their command of Arabic is excellent. They recognize that they can't force the central government to deal with them in Kurdish, but they see English, the language of the former colonial power, Britain -- and of the current occupying power, the United States -- as a symbol of resistance to the cultural and political hegemony of the Arabic-speaking majority.

The situation in former French colonies is more subtle. French is the ethnically-neutral lingua franca there, and the linguistic gateway to opportunity and migration. But many individuals in the Francophone world are starting to see English as a better opportunity -- and the rulers of some Francophone countries have begun to feel the same way -- to the immense chagrin of the French government, which works hard by various means to keep the former colonies in La Francophonie. In that context, promoting (for example) English-language schools can become a form of resistance to neocolonialism.

And at the same time that big languages like English, French, Chinese, and Arabic have been spreading among present or past imperial subject populations, local linguistic nationalism has been increasing in strength, and winning some victories.

In Belgium -- which is number one in the 2007 KOF Index of Globalization -- Flemish cultural nationalism, very much based on language, is threatening to split the country in two.

Less dire versions of the same process have been happening elsewhere in Europe. Anyone who's been in Barcelona recently knows that the dominance of Catalan there has been officially acknowledged, and Spain's ratification of the European Charter for Regional or Minority Languages has also led to co-official status for Basque and Galician in their regions.

As a result of the same European Charter, two centuries of French official suppression of minority languages came to an end, at least officially, in 2001. (Actually, France rejected the charter as contrary to its constitution, but the Ministry of Education decided anyhow that education in Occitan, Corsican, Breton, Basque, and so on could at least in principle be allowed.)

Paradoxically, the force that freed "regional and minority" languages throughout Europe was exactly the economic and political unification created by that poster child of globalization, the European Union.

If you're going to combine many countries with different national languages -- and do it by political compromise rather than by military conquest -- then you can't impose any single national language on the result. And once you admit a dozen or so national languages to official status in the resulting union, why not throw in a hundred more -- even if the local nation-states have been busily trying to promote national unity by suppressing them for the past few centuries?

Henry Hitchings, author of Dr. Johnson's Dictionary: The Extraordinary Story of the Book that Defined the World, and his most recent, The Secret Life of Words: How English Became English.

"One of the intriguing consequences of globalization is that English's center of gravity is moving."

"It's interesting that we think of nature conservation as something rather sexy, but language conservation on the whole gets dismissed as naïve and backward-looking. "

This isn't a question that belongs in the future tense; it's happening right now, and we're seeing dramatic change in the whole global system of languages. So the succinct answer would be "a lot." But I'd like to expand on this.

Today there are about 6,500 different natural languages. Eleven of them account for the speech of more than half the world's population. Those eleven are Mandarin Chinese, Spanish, Hindi, French, Bengali, Portuguese, Russian, German, Japanese, Arabic, and -- of course -- English.

English is distinguished from the others in this list by having very significant numbers of non-native speakers, and, for reasons I'll come back to, I think it's going to be the one most affected by globalization.

At the opposite end of the scale there are languages teetering on the brink of extinction. More than half the world's languages have fewer than 5,000 speakers, and there are many hundreds that have as few as a dozen. Languages are disappearing all the time -- it's estimated that a language becomes extinct roughly every two weeks. Some of those under threat are American languages -- the likes of Kashaya, spoken in a small part of northern California, and Menominee in Wisconsin.

I think we can say that almost everywhere is part of the "world system" now, and the thing about any system that integrates people is that it benefits its architects. Yes, you're going to see cultural cross-pollination, but, fundamentally, imported cultures are going to push out indigenous ones. We can look at the example of Canada: when it was colonized, more than sixty languages were spoken there, but English and French wiped almost all of them out, and only one, Inuktitut, has really clung on at all.

In the future, things that don't happen in the world's major languages are likely to be marginalized in favor of very possibly less worthy things that do happen in them. We see this a good deal already. For instance, we know that by and large a book published in English is going to have a far wider reach than one published in Czech, regardless of their respective merits.

One of the consequences is that, as students and scholars look to enhance their credentials and the visibility of their work, universities, which used to be national institutions, have become an international marketplace.

It's clear that globalization is making English especially important not just in universities, but in areas such as computing, diplomacy, medicine, shipping, and entertainment. No language is currently being learned by more people -- there may soon be 2 billion actively doing so -- and the desire to learn it reflects a desire to be plugged into a kind of "world brain."

To many people, then, the spread of English seems a positive thing, symbolizing employment, education, modernity, and technology. But to plenty of others it seems ominous.

They hold it responsible for grinding down or homogenizing their identities and interests. It tends to equalize values and desires, without doing the same for opportunities.

While English-speakers may think the spread of their language is simply a force for good, opening up the world and helping to advance things like feminism and human rights awareness in places they might not otherwise reach, to many other people this spread is a symptom of things they don't want: the Christian faith, for instance, and political paternalism.

So far, so unsurprising, you might say; but globalization may well have a kind of revenge effect. There's a distinct chance, I think, that it will actually undermine the position of the very native speaker who, by virtue of having a mastery of this obviously valuable language, thinks he or she is in a strong position.

Why? Because one of the intriguing consequences of globalization is that English's center of gravity is moving. Its future is going to be defined not in America or Britain, but by the new economies of places like Bangalore, Chongqing, and Bratislava.

Internationally, English is becoming the language of the urban middle classes, and as the ability to use English becomes a kind of basic skill for such people, the prestige that attaches to being able to speak it with native fluency is going to shrink. People who have a stripped-down, second-language knowledge of it may start to cut native speakers out of the equation. At the same time we're going to see a proliferation of what are sometimes called 'glocal' Englishes -- noticeably different forms of the global language that preserve their local roots. One of the ultimate effects may be that native speakers of English will be at a professional disadvantage, because they're seen as obstructions to the easy flow of business talk and they're competent in just this one "basic" language.

Branching out beyond English, I think it's safe to say that one of the things we are seeing, as technology breaks down borders, is that it is no longer sensible to think of a precise association between particular languages and particular territories.

Nobody owns languages any more. And this is likely to be especially troubling for anyone whose language is widely used by people who aren't native speakers.

As it advances, globalization seems to be whipping up its own backlash, and I'm sure we are soon going to see language learning and language conservation become more contentious political issues. It's interesting that we think of nature conservation as something rather sexy, but language conservation on the whole gets dismissed as naïve and backward-looking. My hunch is that if there's one language in the top eleven I mentioned earlier that is really going to get squeezed, it's German.

Realistically, fifty years from now the world's big languages may be as few as three: Mandarin Chinese, Spanish, and English. Hindi, Bengali, Urdu, and Punjabi will also be pretty big -- but chiefly because of massive population growth on their home turf. Arabic, too, will have grown -- for religious reasons at least as much as economic ones.

At the other end of the scale, many languages will have disappeared, irrecoverably, and with them will have disappeared their cultures.