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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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terça-feira, 10 de novembro de 2009

1493) Acabou a dependencia do gas da Bolivia

Por razoes de boa vizinhança, se pretende continuar a importar o gás boliviano, mas a dependência acabou...

Sem a dependência de Evo
Editorial O Estado de S.Paulo, 7.11.2009

Com a entrada em operação, no próximo ano, do Gasduc III - o gigantesco gasoduto da Petrobrás que ligará a Bacia de Santos aos principais centros consumidores, o País estará livre da incômoda dependência do gás boliviano. Recorde-se que em 2006, quando o governo Evo Morales nacionalizou o setor de petróleo e gás, o fornecimento às indústrias brasileiras foi ameaçado.

Com capacidade de transportar 40 milhões de m³/dia, o Gasduc III, construído ao custo de R$ 2 bilhões, ligará a Estação de Cabiúnas, em Macaé, a Duque de Caxias. Sua capacidade é maior que a do Gasoduto Bolívia-Brasil, que transporta até 30 milhões de m³/dia e não opera a plena carga. 


A exploração do gás da plataforma continental altera a relação de forças com o governo boliviano. O embaixador em La Paz, Frederico Cezar de Araujo, por exemplo, precisou tranquilizar as autoridades bolivianas, declarando que as compras de gás não sofrerão corte depois do vencimento do contrato assinado entre os dois países em 1999, com prazo de 20 anos, para assegurar a oferta mínima de 24 milhões de m³/dia e máxima de 30 milhões de m³/dia. "Os volumes de exportação de gás da Bolívia para o Brasil não diminuirão", disse ele.
Só que, agora, comprar ou não será uma decisão exclusiva do Brasil.

Mas o mercado de gás natural está superofertado - e esta situação tende a se agravar. A produção brasileira é de 57 milhões de m³/dia de gás natural, dos quais 12 milhões de m³ são reinjetados nos poços; 10 milhões de m³, queimados ou perdidos; e a Petrobrás consome ou absorve 14 milhões de m³, restando 21 milhões de m³ para oferecer ao mercado. Acrescentando os 23 milhões de m³/dia importados da Bolívia - bem abaixo dos quase 31 milhões de m³/dia adquiridos no ano passado -, o consumo local total é da ordem de 44 milhões de m³/dia, contra os quase 59 milhões de m³/dia consumidos em 2008.

Com os investimentos previstos de US$ 39,9 bilhões, no período 2009/2013, os polos de Mexilhão, Uruguá, Merluza e Sul deverão assegurar o aumento da oferta de gás extraído da Bacia de Santos de 600 mil m³/dia, hoje, para 22,2 milhões de m³/dia.
Estão em fase avançada de construção 170 km de dutos submarinos que vão ligar Uruguá à plataforma MXL-1, e, desta, mais 145 km até Caraguatatuba, de onde serão distribuídos para o Sudeste, o Sul e o Nordeste - por intermédio do gasoduto Gasene. Outros 216 km de dutos vão unir a MXL-1 à área de Tupi. Já estão prontos 212 km do gasoduto marítimo de Merluza, entre a plataforma MLZ-1 e a unidade de tratamento RPBC, que receberá o gás dos Campos de Merluza e de Lagosta, também no litoral paulista.

Os investimentos em gás natural foram acelerados com o Plano de Antecipação da Produção de Gás, anunciado em 2007. Além de levar o Brasil à autossuficiência, a execução do plano resultará num excesso de oferta de gás da ordem de 20 milhões de m³/dia - ou mais.
"Há uma conjugação de fatores contribuindo para a baixa da demanda", afirmou o diretor da consultoria Gas Energy, Marco Tavares. Além dos preços elevados do gás, que levam as indústrias a dar preferência ao óleo combustível, as usinas termoelétricas deixaram de ser acionadas, porque sobra energia hidráulica.

Agora, em vez de economizar, será preciso estimular a produção e o consumo de veículos a gás. "Hoje temos nova oferta de gás e novo contrato de suprimento com a Petrobrás que permitem garantir o crescimento do mercado", declarou o gerente da Gás Natural, Marcelo Napolitano.
A empresa controla distribuidoras em São Paulo e no Rio. Como o consumo de gás natural veicular é pequeno, o maior desafio é estimular o consumo de gás em indústrias, comércio e na cogeração de energia. Um projeto da Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) prevê o consumo de 1,5 milhão de m³/dia, capazes de gerar 150 a 200 MW de energia elétrica, além de vapor. Os contratos de curto prazo de venda de gás já mostram um recuo de preços entre 30% e 40%.


Com a autossuficiência em gás, ficarão afastados os riscos inerentes ao relacionamento político e comercial com o regime bolivariano de Evo Morales.

1492) Um ambientalista cetico, ou um negacionista racionalista

A proposito desta matéria do The Guardian, dando ao ambientalismo um status de religião no Reino Unido (link), um membro de uma lista de discussão de que também participo, Fabio Polli Rodrigues, escreveu o que segue.

"Meu irmão se formou em Geografia e defendeu no trabalho de conclusão de curso que o aquecimento global antrópico é uma fraude científica. Por incrível que pareça, isso foi defendido na USP e ele foi aprovado com nota máxima. Agora está fazendo mestrado em climatologia com o mesmo tema. Tive curiosidade de ler alguns trabalhos científicos (e outros nem tanto) do material de pesquisa e os achei muito interessantes.

Existem fortes evidências científicas contra a tese do aquecimento causado pelo homem. Quando essas evidências se tornam boas e fortes demais para serem ignoradas como coisa de lunáticos (para usar uma expressão do Al Gore), os aquecimentistas apelam para o chamado princípio da precaução: seria melhor presumir que o aquecimento esteja acontecendo e sendo causado pelo CO2, para o caso de isso estar correto. Não posso aceitar o "princípio da precaução" como científico, mas apenas como político.

Além do mais, as medidas mitigatórias custam muito para a humanidade. Verbas de pesquisa que poderiam estar sendo direcionadas para causas importantes estão sendo desperdiçadas. Os povos mais pobres são compelidos a usar "energia limpa", mesmo que isso seja muito caro e insuficiente para seu desenvolvimento. Um exemplo interessante é o de um posto de saúde no interior da África, que é abastecido por energia solar suficiente apenas para uma geladeira de vacinas, mas que não permite a instalação de qualquer outro equipamento. As verbas internacionais para o posto estão condicionadas à "energia limpa", então um simples gerador à gasolina está fora de cogitação.

A maior parte do material é de difícil compreensão para o público leigo, mas eu consegui encontrar alguma coisa mais simples, que eu pudesse entender. O Björn Lomborg, autor de "O Ambientalista Cético", publicou um livro interessante chamado "Cool It!", no qual ele demonstra que, mesmo que o aquecimento exista e seja causado pelo homem (ele acredita nisso), não vale a pena gastar dinheiro taxando as emissões de dióxido de carbono ou tomando qualquer outra medida mitigatória, pois mais vidas podem ser melhoradas (e salvas) se os recursos forem investidos em outras áreas. Ele é jornalista, mas não dá palpite em questão científica, usando sempre o que já foi produzido por quem entendia do assunto. O argumento econômico é impressionante e ele consegue escapar muito bem do que chama de "contabilidade macabra".

Outro que mostra evidências científicas muito interessantes é o Lawrence Solomon em "The Deniers". Ele fez uma compilação de quem são os cientistas que duvidam das conclusões do IPCC e demonstra que eles não são malucos nem pessoas de pouca expressão, mas gente qualificada e respeitada em seus campos de estudo. Aliás, ao contrário, muitas das evidências a favor do aquecimento global são obra de excelentes cientistas também, mas geralmente atuando fora de seu campo de especialização. Isso explica como gente da mais alta qualidade pode produzir facilmente respostas incorretas. No final ele fica em dúvida sobre quem está correto, mas fornece um material muito bom para início de pesquisa.

Por tudo isso, apesar de a decisão judicial ser lamentável (em vários aspectos), acho que o aquecimento se parece mesmo uma religião: mais uma questão de crença e de valores do que uma tese científica."
Fábio Polli

1491) Edital do Concurso do Itamaraty - 2010

CONCURSO DE ADMISSÃO À CARREIRA DE DIPLOMATA
COMUNICADO


O Instituto Rio Branco (IRBr) e o Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da Universidade de Brasília (CESPE/UnB) comunicam que o candidato poderá solicitar a inscrição exclusivamente via Internet, no endereço eletrônico http://www.cespe.unb.br/concursos/diplomacia2010, solicitada no período entre 15 horas do dia 10 de novembro de 2009 e 23 horas e 59 minutos do dia 13 de dezembro de 2009, horário oficial de Brasília/DF.

Brasília/DF, 9 de novembro de 2009.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

1490) A maioria dos brasileiros quer mais Estado

Um visitante, ou leitor, deste blog me sugere um tema para desenvolver neste espaço, ou em qualquer outro, relevante pelo seu próprio título"

No Brasil, 64% querem maior controle do governo na economia
BBC Brasil, 09/11/2009 - 06h48

A pesquisa feita a pedido da BBC em 27 países e divulgada nesta segunda-feira revelou que 64% dos brasileiros entrevistados defendem mais controle do governo sobre as principais indústrias do país.

Não apenas isso: 87% dos entrevistados defenderam que o governo tenha um maior papel regulando os negócios no país, enquanto 89% defenderam que o Estado seja mais ativo promovendo a distribuição de riquezas.

A insatisfação dos brasileiros com o capitalismo de livre mercado chamou a atenção dos pesquisadores, que qualificaram de "impressionante" os resultados do país.

"Não é que as pessoas digam, sem pensar, 'sim, queremos que o governo regulamente mais a atividade das empresas'. No Brasil existe um clamor particular em relação a isso", disse Steven Kull, o diretor do Programa sobre Atitudes em Políticas Internacionais (Pipa, na sigla em inglês), com sede em Washington.

O percentual de brasileiros que disseram que o capitalismo "tem muitos problemas e precisamos de um novo sistema econômico" (35%) foi maior que a média mundial (23%).

Enquanto isso, apenas 8% dos brasileiros opinaram que o sistema "funciona bem e mais regulação o tornaria menos eficiente", contra 11% na média mundial.

Para outros 43% dos entrevistados brasileiros, o livre mercado "tem alguns problemas, que podem ser resolvidos através de mais regulação ou controle". A média mundial foi de 51%.

"É uma expressão de grande insatisfação com o sistema e uma falta de confiança de que possa ser corrigido", disse Kull.

"Ao mesmo tempo, não devemos entender que 35% dos brasileiros querem algum tipo de socialismo, esta pergunta não foi incluída. Mas os brasileiros estão tão insatisfeitos com o capitalismo que estão interessados em procurar alternativas."
A pesquisa ouviu 835 entrevistados entre os dias 2 e 4 de julho, nas ruas de Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Goiânia, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.

Globalização
O levantamento é divulgado em um momento em que o país discute a questão da presença estatal na economia.

Definir para que caixa vai a receita levantada com a exploração de recursos naturais importantes, como o petróleo da camada pré-sal, divide opiniões entre os que defendem mais e menos presença do governo no setor econômico.

Steven Kull avaliou que esta discussão não é apenas brasileira, mas latino-americana. Para ele, o continente está "mais à esquerda" em relação a outras regiões do mundo.

A pesquisa reflete o "giro para a esquerda" que o continente experimentou no fim da década de 1990, quando o modelo de abertura de mercado que se seguiu à queda do muro de Berlim e à dissolução da antiga União Soviética dava sinais de esgotamento.

Começando com a eleição de líderes como Hugo Chávez, na Venezuela, em 1998, o continente viu outros presidentes de esquerda chegarem ao poder, como o próprio Luiz Inácio Lula da Silva, Evo Morales (Bolívia) e Rafael Correa (Equador).

Mas Kull disse não crer que o ceticismo dos brasileiros na pesquisa "seja necessariamente uma rejeição do processo de abertura dos anos 1990".

"Vimos em pesquisas anteriores que os brasileiros não são os mais entusiasmados com a globalização", disse.

"Eles ainda são bastante negativos em relação à globalização, e o que vemos aqui (nesta pesquisa) é mais o desejo de que o governo faça mais para mitigar os efeitos negativos dela, melhorar a distribuição de renda e colocar mais restrições à atividade das empresas."

Mas ele ressalvou: "Lembre-se de que a resposta dominante aqui é que o capitalismo tem problemas, mas pode ser melhorado com reformas. A rejeição ao atual sistema econômico e à abertura econômica não é dominante, é que há um desejo maior de contrabalancear os efeitos disto".

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Meu comentário preliminar (PRA):
Eu não tinha nenhuma dúvida quanto a isso: os brasileiros amam o Estado, acham o estado o máximo, querem mais Estado, querem estar no Estado, viver no Estado, morrer no Estado (de preferência tornar-se imortais no Estado).
Eles não se dão conta de que estão pagando tudo isso. Não todos claro.
Hoje mesmo uma pesquisa informa que o setor público ganha o dobro do setor privado, para tarefas iguais. Os brasileiros talvez não saibam disso, pois do contrário a maioria que é do setor privado se revoltaria. Ou não?
Pode ser que isso os incite a fazer concurso e a viver no Estado, com o dobro de salário do que ganham atualmente. Pode ser...
Enfim, vou escrever sobre isso, certamente.

1489) 43 mil visitantes de 110 paises??? - deve ser engano...

O contador colocado na coluna da direita, abaixo, me avisa que tive mais de 43 mil visitantes de 110 países, inclusive Sudão e Belarus, o que me deixa perplexo.
Como é que pessoas desses paises visitam um blog desconhecido, redigido majoritariamente em Portugues, com temas absolutamente anódinos?
Deve ser brincadeira... ou uma estratégia comercial para me fazer upgradear (ugh!) para a versão Premium, paga, claro...
Don't believe...

1488) Cronica de um sequestro...

Secuestro estilo camorra
Yoani Sánchez
Licenciada en Filología. Reside en La Habana y combina su pasión por la informática con su trabajo en el Portal Desde Cuba.
yoani.sanchez@gmail.com

Cerca de la calle 23 y justo en la rotonda de la Avenida de los Presidente, fue que vimos llegar en un auto negro –de fabricación china– a tres fornidos desconocidos: “Yoani, móntate en el auto” me dijo uno mientras me aguantaba fuertemente por la muñeca. Los otros dos rodeaban a Claudia Cadelo, Orlando Luís Pardo Lazo y una amiga que nos acompañaba a una marcha contra la violencia. Ironías de la vida, fue una tarde cargada de golpes, gritos y malas palabras la que debió transcurrir como una jornada de paz y concordia. Los mismos “agresores” llamaron a una patrulla que se llevó a mis otras dos acompañantes, Orlando y yo estábamos condenados al auto de matrícula amarilla, al pavoroso terreno de la ilegalidad y la impunidad del Armagedón.

Me negué a subir al brillante Geely y exigimos nos mostraran una identificación o una orden judicial para llevarnos. Claro que no enseñaron ningún papel que probara la legitimidad de nuestro arresto. Los curiosos se agolpaban alrededor y yo gritaba “Auxilio, estos hombres nos quieren secuestrar”, pero ellos pararon a los que querían intervenir con un grito que revelaba todo el trasfondo ideológico de la operación: “No se metan, estos son unos contrarrevolucionarios”. Ante nuestra resistencia verbal, tomaron el teléfono y dijeron a alguien que debió ser su jefe: “¿Qué hacemos? No quieren subir al auto”. Imagino que del otro lado la respuesta fue tajante, porque después vino una andanada de golpes, empujones, me cargaron con la cabeza hacia abajo e intentaron colarme en el carro. Me aguanté de la puerta… golpes en los nudillos… alcancé a quitarle un papel que uno de ellos llevaba en el bolsillo y me lo metí en la boca. Otra andanada de golpes para que les devolviera el documento.

Adentro ya estaba Orlando, inmovilizado en una llave de kárate que lo mantenía con la cabeza pegada al piso. Uno puso su rodilla sobre mi pecho y el otro, desde el asiento delantero me daba en la zona de los riñones y me golpeaba la cabeza para que yo abriera la boca y soltara el papel. En un momento, sentí que no saldría nunca de aquel auto. “Hasta aquí llegaste Yoani”, “Ya se te acabaron las payasadas” dijo el que iba sentado al lado del chófer y que me halaba el cabello. En el asiento de atrás un raro espectáculo transcurría: mis piernas hacia arriba, mi rostro enrojecido por la presión y el cuerpo adolorido, al otro lado estaba Orlando reducido por un profesional de la golpiza. Sólo acerté a agarrarle a éste –a través del pantalón– los testículos, en un acto de desespero. Hundí mis uñas, suponiendo que él iba a seguir aplastando mi pecho hasta el último suspiro. “Mátame ya” le grité, con la última inhalación que me quedaba y el que iba en la parte delantera le advirtió al más joven “Déjala respirar”.

Escuchaba a Orlando jadear y los golpes seguían cayendo sobre nosotros, calculé abrir la puerta y tirarme, pero no había una manilla para activar desde adentro. Estábamos a merced de ellos y escuchar la voz de Orlando me daba ánimo. Después él me dijo que lo mismo le ocurría con mis entrecortadas palabras… ellas le decían “Yoani sigue viva”. Nos dejaron tirados y adoloridos en una calle de la Timba, una mujer se acercó “¿Qué les ha pasado?”… “Un secuestro”, atiné a decir. Lloramos abrazados en medio de la acera, pensaba en Teo, por Dios cómo voy a explicarle todos estos morados. Cómo voy a decirle que vive en un país donde ocurre esto, cómo voy a mirarlo y contarle que a su madre, por escribir un blog y poner sus opiniones en kilobytes, la han violentado en plena calle. Cómo describirle la cara despótica de quienes nos montaron a la fuerza en aquel auto, el disfrute que se les notaba al pegarnos, al levantar mi saya y arrastrarme semidesnuda hasta el auto.

Logré ver, no obstante, el grado de sobresalto de nuestros atacantes, el miedo a lo nuevo, a lo que no pueden destruir porque no comprenden, el terror bravucón del que sabe que tiene sus días contados.

1487) Recomendações aos comentaristas: alguns criterios...

Recomendações aos comentaristas
Paulo Roberto de Almeida
(9.11.2009)

Tenho recebido um número crescente de comentários neste e em meus outros blogs – sim, tenho vários, mas eles são voltados para objetivos diversos: resenhas de livros, eleições, textos de referência, etc. – e muito frequentemente nesses comentários surge um problema de postagem apropriada ou de pertinência quanto ao assunto.
Por essas razões, e tendo em vista preservar um ambiente de cordialidade e de saudável debate acadêmico neste espaço, permito-me fazer as seguintes recomendações quanto aos critérios que vou observar em relação aos eventuais comentaristas aqui aparecendo:

1) Evite linguagem vulgar ou depreciativa, pelo menos própria; por vezes a linguagem ofensiva faz parte do próprio texto que se pretende citar, de um terceiro, mas preferiria não ter um vocabulário muito “ofensivo”;

2) Concentre-se no foco do post, pois isto evita desvios muito grandes do assunto que está sendo tratado. Se desejar me escrever por qualquer outro motivo, mande uma mensagem pelo formulário de contato de meu site: www.pralmeida.org;

3) Você pode discordar de mim, mesmo em termos veementes, mas procure concentrar-se em argumentos objetivos, atacando as minhas idéias ou opiniões, não a minha pessoa, que não tem nada a ver com os argumentos (sou apenas o transportador material de certas idéias que existem na sociedade e raramente reivindico direito de autor sobre elas); evite adjetivos exclamativos, prefira substantivos contundentes, se for preciso; o importante, como sabemos, é a busca de um argumento embasado em fatos e também sustentado na possibilidade de verificação empírica (como se faz em trabalhos científicos), sem muitos impressionismos ou subjetivismos;

4) Não creio que necessite me ameaçar de algo; sou absolutamente transparente quanto a minhas opiniões e idéias; elas estão expostas em todos os meus trabalhos, quase sempre disponíveis em meu site. Portanto, se você não gostou de algumas delas, procure escrever o seu próprio artigo, embasado, segundo as regras clássicas do scholarly work; terei prazer em publicá-lo, mesmo contra as minhas idéias, desde que seja bem escrito e contenha argumentos de qualidade;

6) Nunca faço propaganda de ninguém, nem pretendo trabalhar para qualquer partido ou movimento de opinião; não assino manifestos e não participo de qualquer tipo de corrente. Portanto, não pretenda ver em mim o porta-voz de qualquer grupo, tendência ou partido. Escrevo o que eu mesmo penso, e jamais subscrevo às idéias de outrem, a menos que concorde com elas e assim o direi expressamente;

7) Sou absolutamente antiracista e não religioso (ou irreligioso), as duas únicas coisas absolutas que acredito ser. Portanto, não veja em minhas idéias qualquer defesa de grupos sociais ou étnicos ou qualquer defesa ou ataque a religiões. Não sou contra religiões, apenas indiferente a elas, a todas elas. Considero-as no mesmo plano antropológico, ou seja, crenças desenvolvidas pelas sociedades humanas ao longo da história, apenas isto. Não tenho nenhum sentimento religioso e não pretendo ter e este não é o espaço para debater crenças religiosas, a não ser no plano puramente histórico ou intelectual;

8) Outras “surpresas” sob forma de comentários serão resolvidas por mim em bases ad hoc. Tenho princípios e valores, mas não regras fixas para todas as situações da vida e acredito que devamos aplicar a racionalidade para tratar de casos imprevistos.

Uma última palavra aos “Anônimos” (eles são inúmeros a freqüentar estas paragens): eu não tenho objeção ao anonimato, pois entendo que muitas pessoas, por posição pessoal ou profissional, preferem não se expor a possíveis retaliações; escrevendo anonimamente, elas se sentem inclusive mais livres para expressar posições ou inquirir este blogueiro, do que o fariam de modo aberto; portanto, o anonimato pode servir à “economia política” da boa argumentação. No entanto, não abuse do seu direito de ser anônimo para ser grosseiro ou tentar fazer propaganda indevida, ou veicular idéias pouco recomendáveis (racistas, por exemplo) neste espaço. Eu tampouco me presto a propaganda política, mas aceito debater de boa fé questões políticas relevantes para o Brasil, não para grupos ou movimentos.
Eu lhe desejo satisfação intelectual ao freqüentar este espaço, pois esta é a única motivação que me leva a escrever, a transcrever, a copiar, a refletir sobre coisas importantes da vida social e a tentar fazer deste mundo um espaço melhor do que o que existe atualmente. Meus objetivos, aqui e alhures, são essencialmente didáticos e pedagógicos: acredito na melhoria das pessoas pelo poder do estudo, da reflexão, da convivência intelectual...

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 9 de novembro de 2009

domingo, 8 de novembro de 2009

1486) Argentina: nao temos de chorar por ela; eles é que deveriam chorar ao contemplar o que fizeram do país...

Argentina: “Corto y preciso”
Mario Vargas Llosa
8.11.2009

“Argentina, un país que era democrático cuando tres partes de Europa no lo eran, un país que era uno de los más prósperos de la Tierra cuando América Latina era un continente de hambrientos, de atrasados".
El primer país del mundo que acabó con el analfabetismo no fue Estados Unidos, no fue Francia, fue la Argentina con un sistema educativo que era un ejemplo para todo el mundo. Ese país, que era un país de vanguardia.
¿Cómo puede ser que sea el país empobrecido, caótico, subdesarrollado que es hoy?
¿Qué pasó?¿Alguien los invadió? ¿Estuvieron enfrascados en alguna guerra terrible?.
No, los argentinos se hicieron eso. Los argentinos eligieron a lo largo de medio siglo las peores opciones.
Eso es. El peronismo es elegir el error, perseverar en el error a pesar de las catástrofes que se le han ido sucediendo en la historia moderna del país. ¿Cómo se entiende eso?. Un país con gentes cultas, absolutamente privilegiado, una minoría de habitantes en un enorme territorio que es un continente que concentra todos los recursos naturales.
¿Por qué no son el primer país de la Tierra? ¿Por qué no tienen el mismo nivel de vida que Suecia, que Suiza?
Porque los argentinos no han querido. Han querido en cambio ser pobres. Han querido vivir bajo dictaduras, han querido vivir dentro del mercantilismo más espantoso. Hay en esto una responsabilidad del pueblo argentino.
Para mí es espantoso lo que ha ocurrido en Argentina.
La primera vez que fui allí quedé maravillado. Un país de clases medias, donde no había pobres en el sentido latinoamericano de la pobreza.
¿Cómo puede estar una pareja como los Kirchner gobernando ese país?
¡Qué degradación política, qué degradación intelectual!
¿Cómo es eso posible?

Mario Vargas Llosa (2009)

1485) Milovan Djilas: um profeta esquecido

Recebi o texto abaixo de uma amiga de lista, Regina Caldas, e confesso não saber quem é L Valentim. Apenas recomendo a leitura de seu texto, um resumo do que escreveu, em 1957, Milovan Djilas, um dos primeiros dissidentes do sistema comunista, na então Iugoslávia titoista.
Incrivel como, quarenta ou cinquenta anos depois das denuncias sobre a disfuncionalidade economica intrinseca, sobre a tirania e a perversidade humana do regime comunista, ainda tenhamos entre nós -- como no PCdoB, no PSOL, ou em outros movimentos, como na universidade, de maneira geral -- pessoas ingenuas a ponto de se deixarem embalar pelas supostas benfeitorias de regimes socialistas, essencialmente motivadas pela suposta "desigualdade" do capitalismo.
O veredito da Historia ha muito tempo foi proclamado. Mas existem pessoas que preferem nao ver...
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Paulo Roberto de Almeida

A Queda do Muro
L Valentin
08/11/2009

Hoje estamos comemorando os 20 anos da queda do muro de Berlim, evento que colocou a pá de cal na revolução bolchevista de 1917 na Rússia.

A lição que fica é que o comunismo e o socialismo NÃO RESOLVEM o problema social de ninguém, antes pelo contrário, resolvem apenas os problemas da elite dirigente enquanto transforma as massas populacionais em massa mesmo. Um ajuntamento amorfo de braços escravos – sem consciência, pensamento ou liberdade - trabalhando até a morte para dar prazer, riqueza e poder à cúpula dirigente.

Nessa ocasião nada melhor que lembrar trechos do livro lançado em 1957, A Nova Classe, de Milovan Djilas, ex-dirigente do PC da Iugoslávia, que pagou caro por tê-lo escrito.

Djilas, com 17 anos, se tornou inflamado líder de estudantes radicais em Montenegro. Entrou para o minúsculo Partido Comunista da Iugoslávia e, com Tito e outros, trabalhou na ilegalidade, tendo sido jogado na prisão como conspirador. Foi solto com o advento da segunda Guerra Mundial.

Nos anos em que se desenvolveu a campanha dos guerrilheiros, tornou-se lendário por sua destemida coragem. O fim da guerra o encontrou no quadrunvirato (juntamente com Tito, Kardelj e Rankovic) que dominou o partido e o novo governo, sendo geralmente reconhecido como o herdeiro aparente de Tito. Como chefe da propaganda e da imprensa era efetivamente o ditador do pensamento da Iugoslávia.
Mas, teve a coragem de manifestar dúvidas quanto à ditadura do tipo russo e ao terror à maneira de Stalin. Os seus acirrados ataques ao Kremlin contribuíram decisivamente para a condenação de Tito por Moscou em 1948, quando a Iugoslávia rompeu com a Rússia Soviética.
Em janeiro de 1954, Djilas escreveu uma sátira particularmente franca sobre a arrogância dos círculos governamentais, que forçou Tito a agir. Ordenou que Djilas fosse privado de todos os seus cargos e proibiu-o de escrever. Alguns meses depois, Djilas foi expulso do partido. Reduzido ao silêncio em sua terra, achou meios de publicar artigos completamente francos, na imprensa ocidental. Em princípios de 1955, foi preso e condenado a 18 meses com sursis. Mal havia expirado o prazo, foi de novo preso em conseqüência da revolta húngara, sendo condenado a três anos de prisão. Julgado novamente por ter escrito A Nova Classe, foi condenado a mais sete anos.

Os sucessores de Stalin foram obrigados a revelar um lodaçal de crimes repulsivos que caracterizaram a era de Stalin—25 dos 40 anos soviéticos. Até os mais encarniçados adeptos do comunismo não podiam deixar de ver que o idealismo fora substituído pela força bruta. Os levantes na Alemanha Oriental, nos campos soviéticos de trabalho escravo, na Polônia e especialmente na Hungria, mostraram a extensão e o vigor dos descontentamentos populares. Considerados em conjunto, esses fatos geraram uma “crise de consciência” em milhões de comunistas e simpatizantes dos dois lados da Cortina de Ferro. Perguntavam eles em voz alta e ainda mais no íntimo dos seus pensamentos por que foi que o sonho comunista se transformou no pesadelo soviético.

Milovan Djilas fornece algumas explicações significativas. A sua devastadora conclusão é que males como o terror dos expurgos, o trabalho escravo, o controle das consciências, decorrem inevitavelmente da ideologia comunista. Diz ele que quando o comunismo alcança a vitória tem de produzir “uma nova classe de proprietários e exploradores, formada por aqueles que têm privilégios especiais e prioridade econômica em virtude do monopólio administrativo que exercem”.

O mal básico do regime, em sua opinião, é que o mesmo grupo tem nas mãos “um monopólio da propriedade, da ideologia e do governo. O monopólio que a nova classe exerce em nome da classe trabalhadora sobre toda a sociedade é essencialmente um monopólio sobre a própria classe trabalhadora... É uma classe cujo poder sobre os homens é o mais completo que a história conhece... Havendo conseguido a industrialização, a nova classe nada mais pode fazer senão consolidar a sua força bruta e saquear o povo. Ela cessa de criar... O seu método de controle é dos mais vergonhosos da história. Os homens se assombrarão com as aventuras empreendidas e se envergonharão com os meios empregados para empreendê-las. Quando a nova classe se afastar da cena histórica—e isso deve acontecer—haverá menos tristeza com o seu desaparecimento do que houve em relação a qualquer outra classe precedente.”

Djilas mostra que quase não resta margem para a decência individual. As pessoas “que aceitavam as idéias e as divisas da revolução ao pé da letra, acreditando ingenuamente na sua concretização, são habitualmente eliminadas”.

“No regime comunista a insegurança é a regra de vida para o indivíduo. O Estado lhe dá oportunidade de ganhar a vida, mas sob a condição de submeter-se... O PODER OU A POLÍTICA É O IDEAL DAQUELES QUE TÊM O DESEJO OU A PERSPECTIVA DE VIVER COMO PARASITAS À CUSTA DOS OUTROS... Em conseqüência disso, a ambição sem escrúpulos, a bajulação e a inveja inevitàvelmente aumentarão. A ambição de fazer carreira e uma burocracia cada vez mais vasta são as moléstias incuráveis do comunismo.
O mundo tem visto poucos heróis tão dispostos ao sacrifício e ao sofrimento como foram os comunistas antes da revolução e durante a mesma. E provavelmente nunca viu indivíduos tão sem caráter como eles se tornaram depois que subiram ao poder.”

“A doença de que está atacada a economia Soviética não pode ser curada sem o único remédio que a oligarquia não tem coragem de ministrar—a liberdade. Nos termos mais simples da saúde econômica o problema insolúvel do comunismo é a “ausência de liberdade”.

“A tirania sobre o espírito” sob o comunismo: “É o tipo mais brutal de tirania; todas as outras tiranias começam e terminam por ela. A história perdoará os comunistas de muita coisa. Mas o estrangulamento de todos os pensamentos discrepantes com o objetivo de defender os seus interesses pessoais os pregará numa cruz infamante.”

O povo: “Os regimes comunistas são uma forma de guerra civil latente entre o governo e o povo. O espontâneo e não organizado descontentamento das massas populares nunca cessa nem diminui. A menos que desistam do poder, os governantes não terão outro recurso senão proceder como conquistadores estrangeiros na sua própria terra. Na superfície tudo parece tranqüilo, mas abaixo da superfície novas tempestades se preparam”... “Nenhum outro regime provocou ainda tão profundo e extenso descontentamento... um descontentamento total em que todas as diferenças de opinião pouco a pouco se perdem, salvo o desespero e o ódio. A insatisfação espontânea de milhões com os detalhes da vida quotidiana é uma forma de resistência que os comunistas não têm conseguido dominar.”

A atualidade (1957): “A idade heróica do comunismo passou, a época dos seus grandes líderes terminou. O comunismo está no auge do seu poder e da sua riqueza, mas sem novas idéias. Nada tem de novo para dizer ao povo. O processo de desintegração moral está bem adiantado. A unidade do movimento comunista mundial está incuravelmente ferida. Não há absolutamente possibilidades de que se restaure.”

Djilas acredita que o comunismo se opõe à tendência do resto do mundo e que portanto, o seu colapso é inevitável: “... o mundo seguirá o rumo em que vem vindo e deve continuar—no sentido de maior unidade, progresso e liberdade. O poder da realidade e o poder da vida sempre foram mais vigorosos do que qualquer espécie de força bruta e mais reais do que qualquer teoria.”

O “eixo do mal” formado agora - 20 anos depois da queda do muro e mais de 50 anos depois de Djilas - é comunista. A “Nova Classe” liderada por Lula contrariando Djilas, descobriu como contornar o descontentamento do povo e se firmar de uma forma espetacular. Sem mais nenhum comentário.

L Valentin
08/11/09

1484) Helmuth Kohl: o triunfo da liberdade (muro de Berlim)

Um extrato das memórias do arquiteto da unificação alemã, Helmut Kohl, sobre os episódios momentosos de 1989.
Sobre este tema, permito-me recomendar meu artigo recém publicado:
“Outro mundo possível: alternativas históricas da Alemanha, antes e depois do muro de Berlim”
Revista Espaço Acadêmico
(ano 9, n. 102, Novembro 2009, ISSN: 1519-6196, p. 25-29).

El triunfo de la libertad
Helmuth Kohl
El País, 08/11/2009

El ex canciller, figura clave en la unificación de Alemania, cuenta en este texto los pasos dados para lograr la unidad de su país, un camino que siempre vio en paralelo al de la unidad europea

El 9 de noviembre de 1989 cayó el muro de Berlín. Habían pasado más de cuatro decenios desde del comienzo de la guerra fría y 28 años desde el momento de su construcción.

De entre nuestros aliados europeos, sólo uno estuvo desde el principio a favor de la unidad: Felipe González
Me gusta citar a Bismarck: "Cuando el manto de Dios pasa por la historia, hay que saltar y agarrarse a él"

En los años setenta, una mayoría de la clase política alemana ya había renunciado a la idea de unificar su país

Gorbachov pagó un alto precio por su línea pacífica. Los alemanes jamás podremos estarle bastante agradecidos

Yo seguí la lógica de Konrad Adenauer. Quería una Alemania libre y unida en una Europa libre y unida

Durante décadas, el muro de Berlín no sólo desgarró familias, una ciudad y un país en dos partes, lo que ya es bastante malo. También era un símbolo de la guerra fría. Representaba la división de Berlín, de nuestro país, de Europa y del mundo en una parte libre y en una no libre.
Finalmente, el muro cayó de forma completamente pacífica, sin un tiro, sin derramamiento de sangre. Fue como un milagro. La protesta pacífica de las personas de la República Democrática Alemana (RDA) había ido cobrando impulso de forma lenta, pero continuada, a lo largo de los meses; y finalmente, era ya incontenible. El obstinado régimen del Partido Socialista Unificado (SED) de la RDA, que hasta el último momento había rechazado reformas fundamentales, fracasó por la voluntad de libertad de las personas, tal como Konrad Adenauer, el primer canciller de la República Federal de Alemania (RFA), había pronosticado hacía 40 años.
Después de la caída del muro, en noviembre de 1989, no iba a transcurrir ni siquiera un año hasta que alcanzáramos la reunificación en paz y libertad, con la aprobación de nuestros socios y aliados en el mundo. El 3 de octubre de 1990 pudimos celebrar el día de la unidad alemana. Fue un triunfo de la libertad.
Por tanto, el 20º aniversario de la caída del muro es para nosotros, los alemanes, sobre todo un día de gran alegría y gratitud. Al mismo tiempo, también representa para nosotros una fecha importante para tomar conciencia del contexto histórico en el que cayó el muro y en el que posteriormente se produjo la unidad alemana. Porque ni la caída del muro ni la reunificación son acontecimientos inevitables de la historia, que se dieron de ese modo, sin más.
Antes bien, la caída del muro y la reunificación son el resultado de un permanente y difícil acto de equilibrio político que se remontaba a 1945-1949 y que siempre fue extremadamente discutido. Era el constante equilibrio entre el distanciamiento y el acercamiento. Por un lado, se trataba de mantener abierta la cuestión alemana. Por otro, se trataba de construir, en la medida de lo posible y sin renunciar a las propias posiciones fundamentales, unas "relaciones normales" entre la República Federal de Alemania y la RDA, de facilitar la vida a las personas de la parte oriental de nuestro país y de contrarrestar el extrañamiento entre los alemanes del Este y del Oeste.
Yo jamás dudé de que el muro caería en algún momento y de que Alemania volvería a unirse. Pero siempre fue una pregunta abierta cómo y cuándo ocurriría esto. Durante largo tiempo ni siquiera supe si esto sucedería mientras viviera. Siempre estuvo claro que para que eso ocurriera debían concurrir muchas cosas; tal como sucedió durante los años 1989 y 1990. No sólo la voluntad de libertad de las personas de la RDA; no sólo la glásnost y la perestroika; no sólo la política de distensión entre Oriente y Occidente; no sólo el presidente de EE UU, George Bush; no sólo el secretario general soviético, Mijaíl Gorbachov; no sólo el canciller alemán: nadie se habría bastado por sí solo para llevar a cabo la caída del muro y la reunificación. Se requería más bien una feliz -me gustaría decir histórica- constelación de personas y acontecimientos.
También forma parte de la conciencia histórica saber que con la caída del muro aún no se había conquistado la unidad. Al contrario, nada estaba aún decidido el 9 de noviembre de 1989. Es cierto que se había abierto una rendija en una puerta, pero nada estaba decidido todavía en el día en que cayó el muro. La reunificación de nuestro país era más bien una lucha de poder político en torno al statu quo europeo y a los intereses de seguridad en el Este y el Oeste. Hasta el último momento, fue un acto de equilibrio en el campo de tensión de la guerra fría.
Para describir la situación en la que yo me encontraba entonces me gusta citar a Otto von Bismarck, porque no hay una imagen mejor: "Cuando el manto de Dios pasa por la historia, hay que saltar y agarrarse a él".
Para eso tienen que darse tres requisitos: en primer lugar, hay que tener la visión de que se trata del manto de Dios. En segundo lugar, debe sentirse el momento histórico; y en tercer lugar, hay que saltar y (querer) agarrarse a él. Para esto no sólo se requiere valor. Se trata más bien de valor e inteligencia. Porque en la política no se puede actuar como el general Zieten, que decidió batallas a favor de Federico el Grande de Prusia irrumpiendo desde el bosque y arrollando al enemigo en un ataque por sorpresa; eso no es ningún modelo para la política.
La política requiere sentido de lo factible, y también sentido para saber lo que es tolerable para los demás. Esto se aplicaba en especial a la cuestión alemana, y de forma muy singular a la época posterior a la caída del muro. El proceso de unificación política era sensible en extremo, porque nosotros, los alemanes, no estábamos solos en el mundo. En el momento en que la unificación parecía al alcance de la mano, hablar en defensa de la unidad alemana o embarcarse en discursos nacionalistas hubiera sido perjudicial en alto grado para la causa de los alemanes. Interiormente yo estaba, especialmente tras la caída del muro, mucho más adentrado en el camino de la unidad de lo que podía manifestar externamente.
Un ejemplo especialmente pertinente de lo que digo es mi programa de diez puntos, que presenté en solitario -es decir, sin someterlo a consulta alguna en el ámbito de la política nacional o internacional- en el Bundestag dos semanas y media después de la caída del muro, el 28 de noviembre de 1989. Como objetivo, en el punto décimo mencionaba expresamente la recuperación de la unidad estatal de Alemania, pero renunciaba conscientemente a fijar sus plazos. Con la hoja de ruta expuesta en diez puntos tomé la iniciativa en el camino hacia la unidad alemana y marqué inequívocamente la dirección. Esto era entonces lo máximo a lo que podía atreverme. Las reacciones lo volvieron a dejar claro.
(...) Yo siempre había trabajado en el sentido de una reunificación de mi país. Mi más profunda convicción era que teníamos que dejar abierta la cuestión alemana hasta que llegara el momento. A este respecto siempre me he visto en la continuidad de Konrad Adenauer. El primer canciller de la República Federal de Alemania marcó los cambios de aguja decisivos en la cuestión alemana. Desde el principio, Adenauer tenía un rumbo claro. Tras la Segunda Guerra Mundial, quería devolver a Alemania a la comunidad de los pueblos libres, quería una Europa libre y unida con una Alemania libre y unida. Estaba claramente al lado del Occidente libre, no deambulaba entre Occidente y Oriente. Para él, la integración de la República Federal en el Occidente libre y la vinculación a EE UU eran inequívocamente prioritarias a la reunificación alemana, que jamás perdió de vista tampoco.
Así, el 5 de mayo de 1955, día en el que las potencias occidentales declararon la soberanía de la República Federal, en el que la República Federal entró en la Unión Europea Occidental y en el que fue aceptada en la OTAN, Konrad Adenauer proclamó: "Vosotros nos pertenecéis, nosotros os pertenecemos. Siempre podéis confiar en nosotros, porque junto con el mundo libre no tendremos descanso ni pausa hasta que también vosotros hayáis reconquistado los derechos humanos y estéis pacíficamente unidos con nosotros en el mismo Estado".
También defendió obstinadamente que se reservara en exclusiva a la República Federal el derecho de representación de Alemania. Hoy hay a quien esto le parece una obviedad; pero en los inestables años posteriores a la Segunda Guerra Mundial era extremadamente incierto.
(...) La brutal represión del levantamiento popular de la RDA el 17 de junio de 1953 por las tropas soviéticas reafirmó a Konrad Adenauer en la idea de que no había una alternativa responsable a la integración en Occidente. Fue correcto que, en respuesta a la Nota de Stalin de marzo de 1952, los aliados occidentales, de acuerdo con el canciller federal, exigieran elecciones libres en toda Alemania como requisito para dar pasos ulteriores, pues la condición de Stalin era una Alemania neutral. Adenauer partía, con razón, de que una Alemania neutral crearía un vacío de poder en Europa que llenaría la Unión Soviética. El hecho de que durante su periodo de gobierno lograra, a pesar de todo, que en 1955 los últimos prisioneros de guerra alemanes retornaran de la Unión Soviética, subraya que para él la vinculación a Occidente no era un dogma que obstaculizara la salvaguardia de los intereses nacionales en el Este.
Desde mi punto de vista, las convicciones de Adenauer nunca habían perdido actualidad: una reunificación sin una firme integración en las alianzas occidentales hubiera llevado a nuestro país a la neutralidad. La consecuencia hubiera sido en última instancia una Alemania no libre en el ámbito de poder de la Unión Soviética. Por consiguiente, la caída del muro del 9 de noviembre de 1989 y la reunificación alemana del 3 de octubre de 1990 son, no en último término, la impresionante confirmación tardía del consecuente rumbo de Adenauer de vinculación a Occidente con la reserva de la reunificación, rumbo al que nos hemos mantenido firmes a lo largo de los años.
Es también cierto que mantener la firmeza en la cuestión alemana se fue haciendo más y más difícil, porque el espíritu de la época se oponía a ello cada vez con mayor fuerza. Cuanto más duraba la división, mayor era en la República Federal el grupo de quienes, cuando menos, se acomodaban a los dos Estados y querían aceptar la división de Alemania como realidad. Ya en los años setenta, la unidad era asunto primordial sólo para unos pocos en nuestra nación. No la mayoría de la gente, pero sin duda una mayoría de la clase política de nuestro país había renunciado hacía tiempo a la idea de la unidad. Esta postura era común a todos los partidos; la diferencia entre ellos estribaba en dónde estaba la mayoría del partido y dónde sus líderes.
Quien defendiera entonces la unidad era considerado o trasnochado o agitador de la guerra. Aún me acuerdo muy bien de aquella época en la que llegué a Bonn como líder de la oposición, en 1976. Como yo era uno de los pocos que aún creían en la unidad alemana, me gané la fama de ser un halcón. Cuando tomé posesión como canciller en 1982, mis adversarios políticos dentro de Alemania atizaron de inmediato los temores a que conmigo como jefe de Gobierno se iniciaría una supuesta "nueva edad del hielo" entre el Este y el Oeste. Mis adversarios se equivocaron, porque ocurrió lo contrario: bajo mi liderazgo político se fijaron los cambios de agujas esenciales en el camino hacia la unidad. Impulsé el proceso de integración europeo en tándem con el presidente francés, François Mitterrand. Me esforcé en lograr mejoras muy concretas de las condiciones de vida de los habitantes de la RDA, intenté no dar ningún motivo para las tensiones entre el Este y el Oeste, también mostré disposición al diálogo con la Unión Soviética, abrí posibilidades de cooperación y me mantuve firme, sin embargo, en mis posiciones básicas respecto a la política sobre la unificación alemana.
Con mi política seguí la lógica de Adenauer: la unificación europea y la unidad alemana son las dos caras de la misma moneda. Al principio de mi etapa como canciller, el proceso de unificación europea pasaba por una de sus horas más bajas. Muchos habían dejado de creer en la idea de Europa como casa común. (...) Cuando en 1989 la reunificación pasó a la agenda política, quedaban muchas cosas por hacer, pero con mi participación se habían logrado progresos esenciales: en los años ochenta habíamos firmado el Acta Única Europea con la que, entre otras cosas, se completaba el mercado único europeo. Ya desde mediados de los años ochenta, junto con el presidente francés, Mitterrand, habíamos marcado el camino para la introducción de una moneda común europea.
En cuanto a la política sobre la unificación alemana, al acceder a la cancillería dispuse que se ampliara el informe anual sobre el estado de la nación y que al título se le añadiera "en la Alemania dividida". Consideraba que se enviaba así una señal importante, tanto hacia el interior como hacia el exterior. Con el crédito de miles de millones a la RDA, gestionado principalmente por Franz Josef Strauss -con mi cobertu-ra-, retomamos las conversaciones con la RDA y logramos como contraprestación considerables mejoras humanitarias, como el desmantelamiento de las minas antipersona en la frontera entre las dos Alemanias, así como facilidades para la reunificación familiar y los intercambios comerciales mínimos.
La decisión de todas las decisiones en el camino hacia la unidad alemana fue el doble acuerdo de la OTAN [oferta a los países del Pacto de Varsovia de un acuerdo para limitar los misiles de alcance medio, combinada con la amenaza de desplegar armas nucleares de alcance medio en territorio europeo en caso de no llegar a un compromiso] que mi predecesor, Helmut Schmidt, impulsó contra la voluntad de su partido y que yo impuse en nuestro país frente a todas las resistencias. Hoy sigo tan convencido del acierto de esa decisión, como de lo difícil que fue tomarla en su momento. Fue una decisión muy solitaria. Todavía hoy tengo ante los ojos la imagen de los cientos de miles de manifestantes que salieron a la calle contra el doble acuerdo de la OTAN. Todavía me acuerdo del gesto gélido de los socialdemócratas cuando el socialista Mitterrand, en un discurso ante el Bundestag, se puso incondicionalmente de nuestra parte, incluso en contra de sus correligionarios alemanes... que con su rechazo estaban completamente aislados en Europa occidental.
Estoy convencido en lo más hondo de que sin el doble acuerdo de la OTAN el muro no habría caído en 1989 y de que en 1990 no habríamos alcanzado la reunificación. El mundo habría tomado un curso completamente distinto. El riesgo era evidente. Sin el doble acuerdo de la OTAN [el estacionamiento de nuevos misiles nucleares en territorio de la RFA, que fue considerado una señal fuerte de alianza con Occidente], la amenaza era un masivo desplazamiento del poder en Europa a favor de la Unión Soviética. La OTAN, con los estadounidenses, se habría retirado paso a paso de Europa central. La consecuencia habría sido que al menos la República Federal de Alemania, Austria y la RDA, y tal vez los países del Benelux e Italia, se hubieran convertido en las denominadas "zonas libres de armas nucleares y desmilitarizadas", mientras que la Unión Soviética habría extendido su ámbito de influencia y, sobre todo, se habría beneficiado de la potencia económica de la República Federal. (...)
Mi Gobierno también defendió las posiciones fundamentales de nuestra política sobre la unidad de Alemania. Entre ellas se contaba, sobre todo, la cuestión sobre la nacionalidad alemana. Me acuerdo muy bien del encendido debate que se desarrollaba precisamente en la época en la que accedí a la cancillería. El reconocimiento de la nacionalidad de la RDA sería, a lo largo de los años, una de las exigencias más tozudas de Honecker al Gobierno de la RFA. Yo tenía buenas razones para mi rotundo rechazo. Al renunciar a una sola nacionalidad alemana, habríamos renunciado de forma simultánea a la idea de una sola nación alemana, y habríamos disuelto con ello el lazo decisivo de comunidad entre las personas de ambas partes de Alemania y habríamos privado a las personas de la RDA una protección esencialísima y una buena medida de esperanza. Entre las consecuencias prácticas, habría estado que en 1989 Hungría no habría tenido base alguna en el derecho internacional para posibilitar de forma "legal" a nuestros conciudadanos el camino hacia la libertad. Y las personas de la RDA tendrían que haber solicitado asilo entre nosotros, como extranjeros.
Mantuve la invitación de mi predecesor Helmut Schmidt a Erich Honecker cuando accedí a la cancillería. Era necesario mantener el diálogo con la otra parte de Alemania. Cuando el secretario general del SED visitó finalmente Bonn en 1987, ligué la visita a la condición de que nuestros discursos en la zona oficial fueran emitidos en directo en la parte occidental y, sobre todo, en la parte oriental de nuestro país. Millones de personas de la RDA miraron aquella noche a través del telón de acero y pudieron ver en el televisor cómo le dije a Honecker: "La conciencia de la unidad de la nación está tan viva como siempre, y es inquebrantable la voluntad de mantenerla. En lo que respecta al Gobierno federal repito: el preámbulo de nuestra Ley Fundamental no es negociable porque responde a nuestra convicción. Ésta quiere una Europa unida, y llama a todo el pueblo alemán a completar la unidad y libertad de Alemania en libre autodeterminación".
(...) Como la CDU, también los socialdemócratas se sintieron siempre obligados a la cuestión alemana. Sin embargo, la diferencia entre ellos y nosotros consistía en que el SPD tenía una orientación cada vez más acusadamente nacional, y nunca aceptó la prioridad de la integración en Occidente con todas sus consecuencias. Mientras que la CDU, en su acto de equilibrio entre el acercamiento y la distancia, mantuvo siempre un claro distanciamiento, el SPD más bien mantuvo un curso de acercamiento al SED. (...) Naturalmente, también había entre las filas de la CDU, conforme al espíritu de los tiempos, defensores de un mayor acercamiento a la RDA y al régimen del SED, pero fueron marginales, nunca mayoritarios.
(...) Los aliados decisivos en nuestro camino fueron los estadounidenses. Una vez más, mostraron ser más una potencia protectora que una potencia ocupante, y se acreditaron como amigos de los alemanes. Desde el punto de vista del contenido, el discurso más importante de un presidente estadounidense respecto a la relación germano-estadounidense fue el que sostuvo George Bush a finales de mayo de 1989 en Maguncia, pocos meses después de ser elegido presidente de Estados Unidos. Fue una proclamación muy consciente, dirigida también a nuestros socios europeos y a la Unión Soviética, cuando Bush, en el contexto de las transformaciones geopolíticas, llamó a Estados Unidos y Alemania "partners in leadership" [socios en el liderazgo]. Durante la totalidad del proceso de unificación, siempre pude confiar personalmente en mi amigo George Bush, con quien durante todo el tiempo me concerté de forma estrecha. (...)
Muy similares eran las cosas con Mijaíl Gorbachov en lo referente a la confianza personal, aunque muy distintas en lo que tocaba a la cuestión alemana. El jefe de Estado de la Unión Soviética en un principio no quería la unidad alemana. (...) Con las palabras glásnost y perestroika abrió el camino a las transformaciones de todo el bloque oriental. Igualmente, y eso he podido constatarlo una y otra vez en mis conversaciones, no quería pensar hasta el final las consecuencias de su rumbo reformista. Quería la apertura del bloque del Este, pero no quería ver o darse cuenta del final que se derivaría necesariamente de él, también para la Unión Soviética. Su gran mérito sigue siendo que amoldó una y otra vez su política a las necesidades. Sobre todo, muestra de esto es que en los agitados días de la caída del muro de Berlín mantuvo los tanques soviéticos en los cuarteles y no hizo reprimir sangrientamente la rebelión. Durante todo el proceso de unificación mantuvo la línea pacífica. Nosotros, los alemanes, jamás podremos estarle lo bastante agradecidos por su valor. Con esto también él se expuso a un gran riesgo personal. En 1989 y 1990, Mijaíl Gorbachov tuvo que vivir bajo el temor constante de ser apartado mediante un golpe de Estado por los enemigos de las reformas en la Unión Soviética. Para nosotros esto habría significado que de la noche al día se volvieran a levantar sobre la frontera el muro y las alambradas, y que la cuestión de la unidad alemana quedara aplazada durante años.
Mijaíl Gorbachov pagó un alto precio por su línea pacífica. Me acuerdo bien de cómo Gorbachov, en su visita de junio de 1989 a Bonn, bajo la impresión de la gorbimanía en la RFA, me dijo que en su visita a la Markplatz de Bonn se había sentido como en la plaza Roja de Moscú. Cuando años más tarde, a finales de los años noventa, después del desmembramiento de la Unión Soviética, crucé con Mijaíl Gorbachov la plaza Roja de Moscú, la gente se apartaba de él.
Nuestros vecinos y socios europeos vivieron la caída del muro y la perspectiva de la reunificación alemana como una conmoción. Muchos contaban con que la unidad alemana llegaría, pero no mientras vivieran, ni desde luego en aquel momento. Por tanto, la caída del muro fue levemente inoportuna para la mayoría de ellos. (...) De entre nuestros aliados europeos, sólo uno estuvo desde el principio firmemente a nuestro lado: el presidente del Gobierno español, Felipe González, que ni un solo minuto permitió que surgiera la duda de dónde estaba su lugar. Margaret Thatcher fue la más franca entre los adversarios de la unidad y afirmó: "Prefiero dos Alemanias a una". También dijo: "¡Hemos derrotado dos veces a los alemanes, y aquí están otra vez!". La jefa del Gobierno británico, que finalmente, comprendiendo la inevitabilidad del proceso, dejó de cerrarse a la reunificación de nuestro país, había apostado equivocadamente por que Gorbachov jamás aceptaría la pertenencia a la OTAN de una Alemania unida. En esto, al menos en un principio, estuvo de acuerdo con François Mitterrand.
También del presidente de la Grande Nation vino alguna palabra poco amistosa antes de que finalmente se decantara por una posición clara y favorable a los alemanes. El cambio de Mitterrand, desde una postura inicialmente crítica hacia la reunificación hasta la aprobación, sin duda se basó de forma fundamental en que una vez más pude convencerle de esto: la unidad alemana y la unidad europea eran para mí las dos caras de la misma moneda.
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Este texto es un amplio extracto del prólogo de Helmut Kohl a su libro De la caída del Muro a la reunificación. Mis Memorias, que acaba de publicar Knaur Taschenbuch Verlag. La versión en castellano es responsabilidad de EL PAÍS. Traducción de Jesús Albores.

sábado, 7 de novembro de 2009

1483) Grandes ditaduras sempre tem medo de pequenos resistentes

Triste constatar que os totalitarismos se parecem, o que parece óbvio, mas não me refiro à repressão política, que é uma constante nesses regimes, mas a burrice, à estupidez consumada, que faz com que enormes aparatos repressivos se precipitem sobre cidadãos comuns, simples indivíduos que gostariam de levar uma vida normal, mas não conseguem, pois a vida em ditaduras comunistas é uma miséria moral e material.
Ditaduras de direita procuram reprimir o pensamento, oferecendo ao menos certas compensações materiais, típicas do capitalismo.
Ditaduras de esquerda, ademais da repressão intelectual, da ausência completa de liberdade, não conseguem sequer suprir os cidadãos com o mínimo indispensável para se viver normalmente.
Ao fim e ao cabo, caem por estupidez e incapacidade, mais até do que pela repressão em si.
Minha solidariedade a quem vocês sabem quem é (que acaba de ser proibida de vir ao Brasil lançar seu livro sobre sua vida numa pequena ditadura comunista).
Gostaria de ler uma dessas notas de governo, sempre atentas para lamentar episódios condenáveis em certos países, pronunciando-se, desta vez, sobre uma simples figura objeto de agressões por agentes de uma ditadura ordinária.

1482) Lancamento de livro em SP: Politica dos EUA para a América Latina

A Fundação Memorial da América Latina e o Instituto Nacional de Estudos sobre os Estados Unidos (INEU) convidam para a mesa redonda e lançamento do livro
De Clinton a Obama: políticas dos Estados Unidos para a América Latina,
publicado pela Editora Unesp.
Dia 17 de novembro, às 19h00, no Anexo dos Congressistas - Memorial da América Latina, Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664, Metrô Barra Funda.

Conteúdo do livro:
Apresentação. Luis Fernando Ayerbe.
1. Correntes de pensamento na formulação da política externa estadunidense após o fim da Guerra Fria. A equipe de governo de Barack H. Obama em perspectiva comparada. Ariel Finguerut
2. Concepções estratégicas sobre a segurança internacional dos governos de Bill Clinton, George W. Bush e Barack Obama. Alessandro Shimabukuro
3. Interesses nacionais dos Estados Unidos na América Latina. Os Planos Estratégicos do Departamento de Estado 1999, 2004, 2007. Flavio Contrera e Lílian Ribeiro Lima
4. A evolução da presença militar estadunidense na América Latina: 1993-2009. Bernardo Wahl G. de Araújo Jorge
5. Segurança e livre-comércio: a política comercial dos Estados Unidos para a América Latina. Thiago Lima
6. Segurança Energética dos Estados Unidos: as percepções de desafios na América Latina. Neusa Maria Pereira Bojikian
7. Crime internacional e segurança nacional: aspectos recentes do relacionamento entre Estados Unidos e América Latina. Paulo José dos R. Pereira
8. A influência dos Estados Unidos nos conflitos colombianos: drogas, guerrilhas e terrorismo (1994-2009). Fábio Borges
9. A Guerra Global contra o Terrorismo na América Latina: A Tríplice Fronteira Argentina, Brasil e Paraguai como uma ameaça à segurança dos Estados Unidos? Marcos Alan Fagner dos Santos Ferreira
10. O dimensionamento estratégico da segurança nas agendas latino-americanas de Estados Unidos, União Européia e China. Luis Fernando Ayerbe

1481) Declaração de Praga condena o comunismo por crimes contra a humanidade

Normalmente não assino manifestos. Aliás, não me lembro de jamais ter assinado algum. Seja porque não sou dado a aderir a "causas", quaisquer que elas possam ser (mesmo as mais beneméritas), seja porque nunca me ofereceram diretamente de assinar algum manifesto em favor de alguma causa qualquer. Sim, já recebi muitos, mas não sou, como disse, de assinar manifestos.
O que segue abaixo é um manifesto contra o comunismo, especificamente em sua forma européia, mas que pretende alcançar todas as suas formas (aliás, atualmente existentes fora do continente europeu).
De fato, os experimentos comunistas, desde 1917, são responsáveis por um número inacreditavelmente alto de mortos: fuzilados, massacrados, mortos em prisões, em gulags, assassinados por oposição política, sem esquecer os mortos de fome "fabricada" ou induzida por políticas esquizofrências, posto que também as houve, algumas deliberadas, em todos eles.
Também existiu (ainda existe em seus exemplares remanescentes) a miséria moral, a repressão aos direitos elementares, a censura, o totalitarismo, enfim, todo o cortejo de males bem conhecido de todos aqueles que podem e querem ver a realidade.
Claro, sempre existem aqueles que negam, minimizam ou que pretendem responder com alegações relativas aos "mortos sob o capitalismo" Patético, é o que se pode dizer...
Bem, o manifesto ou declaração abaixo está à disposição de todos aqueles que pretendem juntar-se a essa causa.
Eu não pretendo fazê-lo, pelas razões já expostdas, e por algumas outras sobre as quais elaborarei oportunamente.
Cabe leitura, reflexão, pesquisas adicionais, conscientização, apenas isto...
Paulo Roberto de Almeida


DECLARAÇÃO DE PRAGA

Tendo em conta o futuro digno e democrata de nossa comum pátria européia,

- Considerando que as sociedades que esquecem seu passado carecem de futuro;

- Considerando que a Europa não se unirá a menos que seja capaz de unificar sua história, de reconhecer o comunismo e o nacional-socialismo como um legado comum e de conseguir um debate sincero e profundo sobre todos os crimes totalitários do século passado;

- Considerando que a ideologia comunista é diretamente responsável por crimes contra a humanidade;

- Considerando que a má consciência que se deriva do passado comunista é uma pesada carga para o futuro da Europa e para nossos filhos;

- Considerando que diferentes valorações do passado comunista ainda podem dividir a Europa em Ocidente e Oriente;

- Considerando que a unidade européia foi uma resposta direta às guerras e à violência causada pelos sistemas totalitários no continente;

- Considerando que a consciência dos crimes de lesa-humanidade cometidos pelos regimes comunistas em todo o continente deve informar a todas as mentes européias, na mesma medida que os crimes do regime nacional-socialista;

- Considerando que existem similitudes entre o nacional-socialismo e o comunismo no que se refere a seus caráter horrível e espantoso, e a seus crimes contra a humanidade;

- Considerando que os crimes do comunismo ainda necessitam ser avaliados e julgados desde os pontos de vista jurídico, moral e político, assim como do ponto de vista histórico;

- Considerando que tais crimes foram justificados em nome da teoria da luta de classes e do princípio da ditadura do proletariado, que utilizam o terror como método para preservar o poder dos Governos que o aplicaram;

- Considerando que a ideologia comunista foi utilizada como uma ferramenta em mãos de imperialistas na Europa e na Ásia para alcançar seus planos expansionistas;

- Considerando que muitos dos autores que cometem e cometeram crimes em nome do comunismo ainda não foram levados ante a justiça, e suas vítimas ainda não foram indenizadas nem satisfeitas;

- Considerando que o objetivo de proporcionar informação completa sobre o passado totalitário comunista, que conduza a uma compreensão mais profunda e ao debate é uma condição necessária para a futura integração de todas as nações européias;

- Considerando que a reconciliação definitiva de todos os povos europeus não é possível sem um esforço potente para estabelecer a verdade e para restaurar a memória;

- Considerando que o passado comunista da Europa deve ser tratado a fundo, tanto na academia como ao público em geral, e as gerações futuras devem ter fácil acesso à informação sobre o comunismo;

- Considerando que em diferentes partes do mundo só uns poucos regimes totalitários comunistas sobrevivem, porém que, todavia, oprimem aproximadamente a um quinto da população mundial, e ainda se aferram ao poder cometendo delitos e impondo um alto custo para o bem-estar de seus povos;

- Considerando que em muitos países, apesar de que os partidos comunistas já não estão no poder, não se distanciaram publicamente dos crimes dos regimes comunistas nem os condenaram;

- Considerando que Praga é um dos lugares que sofreu tanto com o nazismo quanto com o comunismo,

Estando convencidos de que os milhões de vítimas do comunismo e suas famílias têm direito a desfrutar da justiça, da solidariedade, da compreensão e do reconhecimento de seus sofrimentos da mesma forma que as vítimas do nazismo foram moral e politicamente reconhecidos,

Nós, os participantes da Conferência de Praga Consciência européia e o comunismo,

- Ante a Resolução do Parlamento Europeu sobre o sexagésimo aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial na Europa, em 8 de maio de 1945, de 12 de maio de 2005,

- Ante a Resolução 1.481 da Assembléia Parlamentar do Conselho da Europa, de 26 de janeiro de 2006,

- Ante as resoluções sobre os crimes comunistas adotadas por vários Parlamentos nacionais,

- Ante a experiência da Comissão pela Verdade e a Reconciliação na África do Sul,

- Ante a experiência dos Institutos da Memória e os Memoriais na Polônia, Alemanha, Eslováquia, República Checa, Estados Unidos, o Instituto para a Investigação de Crimes Comunistas na Romênia, os museus da ocupação da Lituânia, Letônia e Estônia, assim como a Casa do Terror na Hungria,

- Ante as presidências atuais e futuras na UE e no Conselho da Europa.

- Ante o fato de que 2009 é o vigésimo aniversário da queda do comunismo na Europa Central e Oriental, assim como dos assassinatos em massa na Romênia e no massacre da Praça de Tianamen em Pekin,

Pedimos:

1. Chegar a um entendimento entre todos os europeus de que os regimes totalitários nazista e comunista devem ser julgados por seus próprios méritos terríveis, por ser destrutivo em suas políticas de maneira sistemática na aplicação das formas extremas de terror, da supressão de todos os direitos civis e das liberdades humanas, começando pelas guerras de agressão e, como uma parte inseparável de suas ideologias, o extermínio e a deportação de nações inteiras e grupos de população, e que como tais devem ser considerados os principais desastres que frustraram o século 20,

2. O reconhecimento de que muitos crimes cometidos em nome do comunismo devem ser qualificados como crimes de lesa-humanidade, de modo que constituam uma advertência para as gerações futuras da mesma maneira que os crimes nazistas foram julgados pelo Tribunal de Nüremberg,

3. A formulação de um enfoque comum a respeito dos crimes dos regimes totalitários, incluídos os regimes comunistas, e uma versão européia dos crimes comunistas, a fim de definir claramente uma atitude comum frente aos crimes dos regimes comunistas,

4. A introdução de uma legislação que permita aos tribunais de justiça julgar e condenar os culpados pelos crimes comunistas e compensar as vítimas do comunismo,

5. A garantia do princípio de igualdade de tratamento e não-discriminação entre as vítimas de todos os regimes totalitários,

6. A pressão européia e internacional para a condenação efetiva dos crimes do passado comunista e da luta eficaz contra os crimes comunistas em curso,

7. O reconhecimento do comunismo como parte integrante e horrível da história comum da Europa,

8. A aceitação por toda a Europa da responsabilidade pelos crimes cometidos pelo comunismo,

9. O estabelecimento de 23 de agosto, dia da assinatura do pacto Hitler-Stalin, conhecido como o Pacto Molotov-Ribbentrop, como um dia de lembrança das vítimas dos regimes totalitários nazista e comunista, do mesmo modo que a Europa recorda as vítimas do Holocausto em 27 de janeiro,

10. A reclamação aos Parlamentos nacionais para que reconheçam os crimes comunistas como crimes contra a humanidade, e modifiquem a legislação pertinente,

11. O debate público sobre o mal uso comercial e político dos símbolos comunistas,

12. A continuação das audiências da Comissão Européia com respeito às vítimas dos regimes totalitários, com vistas à elaboração de uma comunicação da Comissão,

13. O estabelecimento de comitês compostos por experts independentes nos Estados europeus que foram governados por regimes comunistas totalitários, com a tarefa de recolher informação sobre violações dos direitos humanos sob cada regime comunista totalitário em nível nacional, com o fim de colaborar estreitamente com o Conselho de Comitê de experts da Europa,

14. A elaboração de um claro marco jurídico internacional em relação a um acesso livre e irrestrito aos arquivos que contêm informação sobre os crimes do comunismo,

15. A fundação de um Instituto Europeu da Memória e da Consciência, que teria duas funções:

A) a de um instituto europeu dedicado à investigação dos estudos do totalitarismo, o desenvolvimento de projetos científicos e educacionais e o apoio à criação de redes de institutos de investigação nacionais especializados no tema da experiência totalitária,

B) e a de um museu memorial de âmbito europeu das vítimas de todos os regimes totalitários, com o objetivo de recordar as vítimas destes regimes e de dar a conhecer os crimes cometidos por eles,

16. A organização de uma conferência internacional sobre os crimes cometidos pelos regimes comunistas totalitários, com a participação de representantes de governos, parlamentares, acadêmicos, experts e associações, cujos resultados devem ser difundidos no mundo inteiro,

17. O ajuste e a revisão de livros de texto de história européia, para que as crianças possam aprender e ser advertidas sobre o comunismo e seus crimes, da mesma forma que se lhes ensinou a compreender os crimes nazistas,

18. A abertura de um amplo e profundo debate em toda a Europa sobre a história européia e a herança comunista,

19. A comemoração conjunta do 20º aniversário no próximo ano da queda do Muro de Berlim, do massacre da Praça Tianamen e da matança na Romênia.

Nós, os participantes da Conferência de Praga Consciência Européia e o Comunismo, nos dirigimos a todos os povos da Europa, a todas as instituições políticas européias, inclusive os Governos e os Parlamentos nacionais, o Parlamento Europeu, a Comissão Européia, o Conselho da Europa e outros órgãos internacionais pertinentes, e os exortamos a abraçar as idéias e as propostas enunciadas nesta Declaração de Praga, e a convertê-las em medidas práticas e políticas.

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Para os que desejarem juntar-se a essa causa, existe este link.

1480) O novo muro da vergonha: separar a Europa dos candidatos a imigracao

Sobre este artigo de Jamil Chade, é preciso ressalvar: o muro de Berlim e todas as fronteiras fortificadas da Europa oriental tinham como unico objetivo impedir os seus proprios cidadãos de viajar para fora, de fugir dos seus países, posto que a suposição era que ele nunca mais voltariam e sua fabricas e campos se esvaziariam.
Os novos muros tratam de impedir o ingresso dos miseráveis do mundo, e é um direito dos cidadãos europeus de assim fazê-lo, pois todos os países o fazem, inclusive o Brasil.
Paulo Roberto de Almeida

20 anos depois…um novo muro
Jamil Chade
5 de novembro de 2009|

SOPRON, Hungria - Há 20 anos, a cidade de Sopron, na fronteira entre a Hungria e a Áustria viveu o primeiro rasgo no que parecia ser a impenetrável Cortina de Ferro. Alemães do Leste aproveiram a realização de um picnic organizado pelas autoridades dos dois países para simplesmente furar a barreira. 600 deles conseguiram atravessar para o Ocidente.

Hoje, pensar que uma barreira existia no lugar por onde passei parece algo como um sonho. Ou para muitos um pesadelo. Ruas e estradas atravessam da Áustria para a Hungria, sem qualquer burocracia. Os moradores das pequenas cidades da Áustria que estão perto da fronteira chegam até mesmo a se queixar do movimento de carros que agora passam pelo meio de seus pacatos vilarejos, antes às márgens da Europa Ocidental e quase adormecidos. Na estrada que liga Sopron à Áustria, o movimento de carros é tão grande que um trânsito é formado todos os dias nas horas de pico. Uma revolução para uma região que ficou dividida por arames farpados desde 1971 e, antes, por minas terrestres.

Mas o muro não desapareceu. Ele apenas mudou de lugar. 500 quilômetros ao leste da fronteira aberta entre a Hungria e a Áustria, a realidade é bem diferente. Uma verdadeira barreira foi criada na nova fronteira da Europa para barrar a entrada dos novos imigrantes. Não são alemães tentando fugir do comunismo e da ditadura. São afegãos, iraquianos e paquistaneses tentando escapar da guerra, chineses cruzando o mundo para trabalhar na Europa e milhares de cidadãos da Ucrânia, Sérvia, Bósnia, Moldávia e do Cáucaso fugindo da pobreza.

Por ano, 500 mil estrangeiros entra ilegalmente na UE e, agora, a meta dos europeus é de frear essa explosão da migração. Nos anos da Guerra Fria, a fronteira era formada por arames farpados, muros, cães de ataque, tanques, muitos soldados e minas espalhadas por milhares de quilômetros. A nova fronteira também conta com alguns arames farpados e soldados.

Mas o novo modelo é bem mais sofisticado e não corre o risco de entrar em pane por falta de peças, como o dos soviéticos. No lugar de cães, minas e tanques, a UE investiu de forma pesada na instalação de sensores, barreiras eletrônicas e um sistema informatizado com computadores ligados aos dados da Interpol e das agências de inteligência dos países europeus. No total, são quase 6 mil quilômetros da nova cortina de ferro, separando a UE do resto da Europa, câmeras a cada 150 metros em alguns locais. O patrulhamento das fronteiras é uma das prioridades políticas desses governos, mas que também está transformando a vida da região e de famílias.

Ironicamente, a UE exigiu que os países do Leste Europeu que aderiram ao bloco há 5 anos sejam os novos responsáveis por resguardar a Europa da imigração irregular e de criminosos. O acordo é simples: esses países teriam sua adesão aprovada em um espaço de livre circulação de pessoas se garantissem que poderiam fechar suas fronteiras aos cidadãos de fora da UE. A UE já injetou 2 bilhões de euros para ajudá-los e, hoje, todos os meios tecnológicos e soldados são usados para garantir que a imigração irregular e o tráfico sejam parados na fronteira. Pelas regras estipuladas pela UE – conhecidos como Acordo de Schengen – países dentro do bloco teriam suas fronteiras simplesmente suprimidas e seus cidadãos poderiam circular livremente. Em troca, as fronteiras exteriores da UE seriam reforçadas.

Polônia, Hungria e Eslováquia foram alguns dos países que foram obrigados a se comprometer em criar verdadeiros muros contra seus vizinhos do leste. Mas, para isso, isolaram famílias ucranianas, sérvias, croatas e bielorussas que por décadas estavam próximas às fronteiras que hoje são da UE. Do lado ucraniano, a percepção é de que os países do Leste Europeu que aderiram à UE esqueceram seu passado. Alguns, de dentro da UE, admitem que estão traindo seus vizinhos. “Sinto que estamos fazendo com nossos vizinhos ucranianos o mesmo que sofremos durante décadas”, afirmou diretor do Departamento de Educação da Universidade Eslovaca de Tecnologia, Miroslav Babinsky.

A realidade do novo muro permeia todo o Leste Europeu. Em uma viagem de trem entre Bucareste e Budapeste realizada pela reportagem, os vagões foram barrados na fronteira entre a Hungria e a Romênia por horas durante a madrugada. Policiais fortelemente armados vasculhavam até mesmo a parte inferior do trem, procurando imigrantes ilegais. “Na UE, ainda não somos todos iguais”, lamentou Adrian, um romeno que havia embarcado no mesmo trem em direção a Budapeste. A forma encontrado por muitos para driblar essas barreiras é pagar um “especialista” em cruzar fronteiras. Ou seja, um traficante de seres humanos.

Para entrar na Europa, os imigrantes escondem-se em caminhões, tentam cruzar a floresta que ocupa a região de fronteira e até mesmo se arriscam em câmaras frias que transportam carnes e alimentos de um lado a outro da fronteira. O preço: US$ 15 mil – muitas vezes o equivalente ao preço de suas casas que tiveram de vender para pagar a “passagem” ao traficante – e, claro, muita coragem. Ou seria desespero…

Há 20 anos, o violoncelista russo Mstislav Rostropovich pegou seu instrumento ao ver o Muro de Berlim cair e correu para o local. Fez questão de tocar à beira da obra que simbolizou a divisão da Europa. Rostropovich, falecido em 2007, sempre lutou pela liberdade de expressão, pela democracia e por uma arte sem nacionalismos. Em 1974, fugiu da Rússia e conseguiu atravessar a Cortina de Ferro. Em 1989, sua mensagem aos responsáveis pela divisão era simples: Nunca Mais.

Pena que nem todos escutaram seu recital à beira do muro.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

1479) O que nao faltam sao falacias para analisar...

Uma relação da produção mais recente, em torno de alguns mitos muito comuns nos meios acadêmicos...

Paulo Roberto de Almeida (sim, sou eu...)

Falácias acadêmicas, 9: o mito do socialismo do século 21
Revista Espaço Acadêmico - nº 97 - junho de 2009

Falácias acadêmicas, 10: mitos sobre o sistema monetário internacional
Revista Espaço Acadêmico - nº 98 - julho de 2009

Falácias acadêmicas, 11: o mito da transição do capitalismo ao socialismo
Revista Espaço Acadêmico - nº 99 - Agosto de 2009

Falácias acadêmicas, 12: o mito da exploração capitalista
Revista Espaço Acadêmico - nº 100 - Setembro de 2009

Falácias acadêmicas, 13: o mito do socialismo de mercado na China
Revista Espaço Acadêmico - nº 101 - Outubro de 2009 - DOSSIÊ - 60 ANOS DA REVOLUÇÃO CHINESA

1478) Pausa para humor, que ninguem é de ferro

Indisfarçavelmente machistas, misóginas, politicamente incorretas, estas digressões, mas que não deixam de contemplar situações vividas, reconhecidas, experimentadas (quem sabe?), por muitos dos que lêem este humilde blog...

COLOMBO SÓ DESCOBRIU A AMERICA PORQUE ERA SOLTEIRO!
[PRA: o que, diga-se de passagem, não é correto...]

Se Cristovão Colombo tivesse tido uma esposa, seria obrigado a ouvir coisas assim e teria desistido:

- E por que é você que tem que ir?
- E por que não mandam outro?
- Você está louco ou é idiota?
- Você não conhece nem a minha família e quer ir descobrir o novo mundo!
- E só vai homem nessa viagem? Acha que eu sou idiota?
- E por que eu não posso ir, se você é o chefe ?
- Desgraçado, não sabe mais o que inventar para sair de casa!
- Se cruzar esta porta eu me vou embora para a casa da minha mãe! Seu sem-vergonha!
- Quem é Pinta? E quem é essa tal Nina? Essa María, filha da p#t@ que ainda se diz Santa?
- Tinha tudo planejado, maldito! Vais encontrar-te com umas índias piranhas!
- Pensa que me enganas?
- A rainha Isabel vai vender suas jóias para você viajar? Acha que sou maluca ou o que? O que é que você tem com essa piranha velha?
- Você não vai a lugar nenhum! Você vai é cair num barranco porque o mundo é achatado, seu besta!

Addendum oportuno (de um leitor):
-Não esquece na volta de passar no free-shop e me trazer um perfume francês!

[Piadinhas miseráveis, mas aposto que você esboçou um sorriso com algumas frases. Até parece que Madame Colombo era uma megera, em lugar da fina flor que era...]

terça-feira, 3 de novembro de 2009

1477) A Justiça do sabao que lava mais branco...

Que me perdoem os tiranetes togados, mas não resisti ao charme muito pouco discreto desta gozação em regra do jornalista Reinaldo Azevedo, montada -- esclareça-se -- a partir da inacreditável festa de " congraçamento" (vá lá a palavra) do novo ministro junior (bota junior nisso) do STF, patrocinada por aquele banco que já estuprou a conta bancária de um humilde caseiro (não o banco, obviamente, mas o seu ínclito gerente, presidente, whatever, um grão-petista hoje um pouco diminuido).
Pois o jornalista em questão imagina como seriam os juizes em chuteiras patrocinadas.
Creioo que não preciso pagar direitos autorais pela transcrição não autorizada, mas me disponho a contribuir com uma boa causa apenas pelo prazer que senti de ler uma boa crônica, pesadamente irônica como merecem certos juizes que se julgam super-homens...

JUSTIÇA PATROCINADA
Reinaldo Azevedo, 03/11/09

Ainda sobre Toffoli e sua festinha patrocinada pela Caixa Econômica Federal: eu espero que os ministros do Supremo não venham, no futuro, a ceder a certas tentações, não é?

Vocês estão cansados de ver esportistas com camisetas, jaquetas, bonés e calções estampando o nome do patrocinador. As empresas buscam associar a sua marca a indivíduos bem-sucedidos, admirados pelo público. Um ministro do STF não chega a ser alguém muito popular junto às massas. Costuma ser apreciado em rodas mais restritas. Ainda assim, como se nota, há sempre alguém disposto a fazer um investimento.

Já imaginaram uma sessão no Supremo, com o ministros envergando a respeitável toga preta, decorada com logotipos da Petrobras, da CEF, do Banco do Brasil? Os mais ousados logo começariam a anunciar refrigerante, maionese, batata frita, cerveja…

Seria interessante, né? As excelências poderiam estabelecer no tribunal uma espécie de guerra de slogans publicitários:

— Excelências, temos de ser como o “banco que acredita nas pessoas” e pensar sempre no Artigo 5º da Constituição…
— Máxima vênia, observo que, não obstante, faz diferença “ter um banco que é do Brasil”…
— Pode fazer, ministro, mas o que importa, para os cidadãos, é “ter presença” em todo o país…
— A questão, senhores membros deste egrégio tribunal, é de fundo ontológico. Assim como não se respondeu à dúvida sobre se é fresquinho porque vende mais ou vende mais porque é fresquinho, temos de encarar a natureza original do debate que aqui se trava…
— A questão ontológica, excelência, está sujeita a controvérsias. Por mais evidente que seja, há quem não aceite, por exemplo, a verdadeira maionese!
— Perdoem-me fazer como Horácio e recorrer às musas, ao começo de tudo, mas sou obrigado a lembrar que dura lex, sed lex, no cabelo só Gumex!

E todos se calaram!

1476) Livro sobre relacoes internacionais, UnB, 10.11.2009

O Instituto Brasileiro de Relações Internacionais – IBRI e o Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília – iREL-UnB convidam para o Seminário de apresentação do livro

Concepts, Histories and Theories of International Relations for the 21th Century: Regional and National Approaches
organizado pelo Prof. José Flávio Sombra Saraiva.

O evento acontecerá no dia 10 de novembro de 2009, no Auditório da Reitoria da Universidade de Brasília, das 14 às 16h. (não é necessário fazer inscrição).

Informações adicionais podem ser obtidas pelo e-mail mestrel@unb.br ou ainda pelo telefone 61 33072426.

Programa

PRIMEIRA SESSÃO: 14 – 15 horas

Novas teorias, historiografias e conceitos para as Relações Internacionais do século 21

Presidência: Prof. Dr. Alcides Costa Vaz (Vice-Diretor do Instituto de Relações Internacionais da UnB)
Dois comentários:
Prof. Dr. José Flávio Sombra Saraiva (O sentido da obra)
Prof. Dr. Amado Luiz Cervo (Conceitos em RI)
Comentaristas:
Prof. Dr. Antonio Carlos Lessa, UnB e IBRI (A dimensão institucional da pesquisa em história das RI e o Programa Renato Archer)
Profa. Dra. Cristina Inoue, UnB (A teoria e a história em RI juntas na UnB)
SEGUNDA SESSÃO: 15 – 16 horas

Olhares de condor sobre a obra em lançamento

Presidência: Prof. Dr. Carlos Eduardo Vidigal, UnB e diretor do IBRI
Exposição em torno da obra: Profa. Dra. Tânia Pechir G. Manzur, UCB e IBRI (Conceitos, teoria e novas propostas pedagógicas para o ensino de RI: a importância da obra organizada por Sombra Saraiva)
Comentários:
Profa. Dra. Julie Smith, UnB (Comentário abrangente à obra)
Profa. Dra. Ana Flávia Platiau UnB, diretora da Assessoria de Assuntos Internacionais, Reitoria (Comentário ao capítulo do Prof. Zorgbibe)
Prof. Dr. Antonio Jorge Ramalho, UnB e IBRI (Comentário abrangente à obra)
ACESSO AO LIVRO: O livro estará a disposição dos interessados, na sala de entrada ao Auditório da Reitoria, durante todo o seminário, no valor de R$ 50,00. Estudantes de graduação (desde que apresentam a documentação) podem obter o livro, mas apenas na ocasião do seminário, com 20% de desconto, ou seja pelo valor de R$ 40,00. O livro poderá ser adquirido também na Secretaria da Pós-Graduação em RI, IREL, com Odalva ou Gustavo, no valor de R$50,00 (sem descontos).

O LANÇAMENTO: O livro será autografado, em torno de coquetel, no RESTAURANTE CARPE DIEM, 104 Sul, no dia 13 de novembro, sexta-feira, a partir das 19 horas.

Sumário do livro Concepts, Histories and Theories of International Relations for the 21th Century: Regional and National Approaches

Acknowledgment
Introduction: Alternative Views to International Relations for the Beginning of the 21st Century, por José Flávio Sombra Saraiva
Are There Regional and National Conceptual Approaches to International Relations?, por José Flávio Sombra Saraiva
Concepts of International Relations, por Amado Luiz Cervo
Is There a British or American Approach to International Relations?, por Christopher Coker
Le monde arabe, la theorie et la pratique des relations internationales, por Zidane Zeraoui
Africa, Asia and Latin America’s Concepts to International Relations, por Gladys Lechini
Latin American Concepts and Theories and Their Impacts to Foreign Policies, por Raul Bernal-Meza
Mexico: Constant Priorities, Variable Theoretical Approaches to International Relations, por Jorge Schiavon
Peripheric Realism: An Argentine Building-Theory Experience, por Carlos Escudé
Conclusion: Nouveau bilan, nouvelle perspective, por José Flávio Sombra Saraiva
Apendix – Une contribution europeene pour la theorie et pour la pratique des relations internationales
Vers un nouveau droit de la securité internationale?, por Charles Zorgbibe

1475) Juanita Castro: charlando con sus lectores

Simplesmente transcrevendo matéria do El Pais, neste link:

Juanita Castro
Autora de 'Fidel y Raúl, mis hermanos. La historia secreta'
Lunes, 02 de Noviembre de 2009

La hermana de Fildel Castro saca a la luz la historia de su vida. A través de la periodista María Antonieta Collins, 'Fidel y Raúl, mis hermanos. La historia secreta' recorre su infancia y juventud, pasando por la gesta contra Batista, la Revolución y el posterior desencanto de muchos. Desde 1964, en que desertara en México y se pronunciara en contra del gobierno encabezado por su hermano Fidel, vive en el exilio en Miami alejada de su familia en Cuba y, según acaba de hacer público, llegó a colaborar con la CIA bajo el nombre de la agente 'Donna'. Juanita Castro ha charlado con los lectores sobre su vida y la relación con sus hermanos.

¿Por qué ha mantenido silencio hasta ahora? ¿Qué le ha llevado a publicar su biografía?
En primer lugar, nadie nunca se me había acercado para ofrecerme y hablar y escribir mis memorias hasta este momento. Estas memorias empezaron a escribirse a sugerencia de María Antonieta Collins, la persona que las ha escrito. Este esfuerzo lo empezamos ella y yo en 1999 hasta que a principios de años decidimos continuarlas y terminarlas, como ha sido. Además, este libro fue hecho por mi necesidad de clamar por justicia en relación con el honor de mis padres y de mis abuelitos. Que ha sido mancillado de tal manera que se han ensañado con ellos. Nunca pensé que hubiera mentes tan perversas para insultar solamente por el odio que le tienen a Fidel, a mis padres y abuelos, que no han tenido culpa, ni sin responsables en absoluto de lo que ha pasado en mi país.

¿Cómo fue la infancia de Juanita y Fidel? ¿Cómo la definiría?
Tengo los mejores recuerdos de nuestra infancia. Eramos una familia bien llevada. Nuestros padres nos enseñaron a respetar a todo el mundo, a no ofender jamás a nadie, a que estudiáramos y lucháramos para tener un futuro asegurado. Nos dieron cariño, nos dieron educación y en general, fueron unos padres maravillosos con nosotros. A veces demasiado complacientes, pienso ahora. Porque también nos malcriaron un poco, pero en general el recuerdo que guardo y que llevo en mi corazón en relación con mi familia y en relación con mis hermanos es estupendo.

Estimada Juanita Castro, resulta increíble que todavía hoy en día haya gente en su situación. ¿Qué le diría a todas aquellas personas que siguen defendiendo el tipo de política que llevan a cabo sus hermanos? Parece que estar a favor de sus formas es lo políticamente correcto, en la sociedad española sobre todo, ¿ha sentido esta afirmación alguna vez? Muchas gracias, y mucha suerte!
Yo pienso que las causas injustas o las malas causas tienen seguidores y esto ha sucedido en el caso cubano. Acuérdese que los regímenes de esta naturaleza, como el de Cuba, ha contado siempre con recursos increíbles para llevar adelante esta propaganda en favor de los regímenes comunistas. El caso de Cuba no ha sido una excepción. Mucha gente, inclusive de buena fe y sin la información suficiente, aún a estas alturas después de 50 años de dictadura, piensa que el sistema que impera en Cuba, es bueno. Desafortunadamente, esto no es así. A nosotros se nos ha negado en la mayoría de las ocasiones de aclarar todos estos malos entendidos. No hemos tenido ni los medios, ni el interés de parte de la prensa en el mundo. Por eso tanta confusión. El sistema que impera en mi país no sería nada saludable imitarlo por ningún país del mundo.

¿Qué cree usted que pasó realmente con la desaparicion del comandante Camilo Cienfuegos?
Aunque muchos se han empeñado en hacer ver que fue un atentado lo que terminó con la vida de Camilo Cienfuegos, yo me atrevo a afirmar categóricamente que fue un accidente aéreo lo que terminó con su vida. Camilo era un hombre que a pesar de la posición que tenía dentro de la Revolución que acababa de triunfar, no le tenía miedo a nada, no se preocupaba de su seguridad. Por lo tanto, no le interesaba chequear el avión o el medio que estaba utilizando para transportarse a cualquier parte. Era un hombre muy temerario. Y a pesar de haber sido, desde muy joven simpatizante del Partido Comunista, eso no era razón para dejar de ser un cubanazo bueno. Aunque, equivocado en sus ideas políticas.

¿Detectó usted algún rasgo comunista durante la juventud de Fidel?
Nunca en mi casa, ni en mi familia detectamos ningún rasgo comunista en Fidel. Siempre pensamos que era un demócrata confeso, un idealista, que estaba muy interesado en la política y en llegar a ocupar posiciones muy importantes en el país, para servirlo. Pero por nuestra mente nunca pasó lo que sucedería después del triunfo de la Revolución y que abrazaría las ideas marxistas y el sistema comunista para implantarlo en nuestro país una vez que triunfara la Revolución, que había prometido que sería tan cubana como las palmas reales, una revolución humanista, con justicia social para todos y que habría pan con libertad, pan sin terror en nuestra patria. Esas fueron sus palabras textuales.

De acuerdo que abandondes la Revolución por no estar de acuerdo con la represión, entre otras cosas, pero ¿colaborar con Estados Unidos? ¿Acaso ellos no han ejercido peores crímenes de toda índole en aquella época?
Realmente no creo que sea el momento de estar condenando a Estados Unidos. Debo decir también que fueron los Estados Unidos el único país en el mundo que nos ayudó a luchar contra el sistema marxista que se implantó en Cuba. Si somos gente agradecida tenemos que reconocerlo así. También podemos hablar que Fidel cayó en los brazos de la Unión Soviética para recibir toda la ayuda que necesitaba para los planes que tenía para Cuba y para la expansión del comunismo en el mundo entero. De todos es conocida la cantidad de cubanos que murieron en Africa, en Angola en particular. De eso no se habla. Por lo tanto, si él buscaba ayuda en un extremo, nosotros la teníamos que buscar en el otro. Era una lucha muy desigual donde necesitábamos recursos desiguales también. Los cubanos que luchamos y que cooperamos con los Estados Unidos no fue porque los Estados Unidos nos comprara. Nuestra lucha nunca ha tenido precio, pero sí muchos enemigos de la libertad de Cuba.

¿Desearía volver a hablar con Raúl y Fidel?
Yo desearía hablar con todos los cubanos que están en mi patria. Y que todos los que están en el extranjero también estoy segura que desearían hablar con los suyos en Cuba. Yo desearía que en Cuba se produjera una transición hacia la democracia y este paso, entiendo que solamente lo pueden usar los señores que están en el poder en este momento, como todos los que estamos fuera del país en el exilio. Yo no pido enfrentamientos que puedan costarle una sola vida más al pueblo cubano. Yo estoy pidiendo la transición que nos lleve a tener una patria de nuevo con los gobernantes elegidos democráticamente por el pueblo, sin imposiciones de ninguna clase. Pero que seamos todos los cubanos los que decidamos nuestro futuro. y el futuro de Cuba tiene que ser un futuro de libertad.

Buenas tardes Juanita. Me alegro mucho que pudiese escapar en su día de Cuba y que podamos conocer ahora lo que usted piensa sobre su país y el régimen. ¿Ha tenido desde siempre Raúl un complejo de inferioridad respecto a Fidel? ¿Cómo ha sido la relación entre los dos? Un cordial saludo.
La relación con Raúl siempre ha sido muy buena. Eramos hermanos muy allegados hasta que llegó al país el sistema que lo ha gobernado durante tantos años. El marxismo ha acabado con nuestra familia en la misma forma en que ha acabado con el resto de la familia cubana.

¿Cómo son realmente Fidel y Raúl?
Dos seres humanos que han cambiado el futuro de Cuba pudiendo haber hecho lo contrario.

¿Sra. Juanita como se imagina que hubiera sido Cuba sin Fidel Castro?
Cuba era un país que hasta el golpe de estado de Fulgencio Batista que rompe el orden constitucional del país, era un país democrático, y sus gobernantes elegidos libremente por el pueblo cubano y con sus virtudes y defectos funcionaba bastante bien. Gozábamos de una Constitución progresista, pero también con muchos políticos mediocres que se interesaban más por enriquecerse que por servir al pueblo como era debido. Por lo tanto, a pesar de todo esto, íbamos progresando y mejorando nuestro sistema político. Estábamos seguros que llegaría un gobierno que sería el ideal para todo el pueblo.

Estimada Sra, ¿qué sacaría de positivo de todos estos años de Fidel Castro en el poder?
Ha sido tanto lo negativo que es bastante difícil enumerar lo positivo que ha sucedido en el país. En el campo de la educación, con excepción del adoctrinamiento comunista intensivo que ha recibido la juventud, el analfabetismo fue prácticamente erradicado. Claro, que a un precio muy alto. El régimen habla mucho del sistema de salud. Es cierto que todos tienen atención médica pero ha sido limitada por ellos mismos. Ya que el país no cuenta con los recursos necesarios para dar un buen servicio al país en ese campo.

Hola. Me gustaría saber su opinión sobre si en Cuba volverá a exisitir una democracia.
Hemos estado luchando por lograr una verdadera democracia en nuestro país durante más de 50 años. Es un tiempo muy largo pero tengo la esperanza de que así sucederá en el futuro. Hay un refrán muy antiguo que dice 'No hay mal que dure 100 años ni cuerpo que lo resista'.

¿Qué recuerda usted de la boda de Fidel con Mirta Díaz Balart? ¿Qué tipo de relaciones mantuvo usted con Mirta después del divorcio de ambos?
En mis memorias aparece muy bien explicado esa pregunta que usted me hace. Así que le sugiero que lo lea. Ahí cuento desde el día en que se conocieron hasta su divorcio y lo que vino después.

Veo que en su libro no menciona a Alina, hija de Fidel y de Nati, ¿por qué razón?
No me interesa en absoluto ese personaje. Hace 8 años aproximadamente que inicié un proceso legal contra la editorial que publicó su libro por difamación a mis padres y abuelos y con la sentencia a mi favor he dado por cerrado ese capítulo.

¿Cree usted que vive peor o mejor que sus hermanos?
En Cuba lamentablemente nadie vive bien. Lo más importante para mí que es la libertad, aquí en Estados Unidos donde vivo, la tengo en abudancia.

¿ Es posible un entendimiento entre la gente de Miami y tus hermanos?. ¿Crees que quitando "el bloqueo" se le acabarán las justificaciones de su ineficacia a tus hermanos?
Repito y lo sigo diciendo, el único camino que podemos recorrer es luchar por un proceso de transición democrático y pacífico. Los que amamos de verdad a la patria no podemos pensar en otra forma. Ineficacia es el régimen comunista que ha sido implantado en Cuba sin resultados de ninguna clase.

¿Ha visitado Cuba después que salió del país para el exilio?

Nunca he regresado a Cuba después que salí el 19 de junio de 1963.

¿Estarían sus padres orgullosos del legado de Fidel?

Nadie puede estar orgulloso de lo que ha hecho Fidel, incluidos mis padres si vivieran.

Mensaje de despedida de Juanita Castro:
Muchas gracias por esta oportunidad de conversar con todos los que me han hecho alguna pregunta. Y por estar interesados en la problemática cubana. Espero que disfruten el libro que fue escrito con el espíritu de la reconciliación entre todos los cubanos. Hasta pronto.