O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Getulio Vargas, o maquiavelico - biografia de Lira Neto (Otavio Frias Filho)


GETÚLIO VARGAS

Maquiavelismo à brasileira

Reproduzido do suplemento “Ilustríssima” da Folha de S.Paulo, 10/6/2012
O primeiro volume da biografia do jornalista Lira Neto sobre Getúlio Vargas merece ser recebido com grande interesse. A publicação de Getúlio – Dos Anos de Formação à Conquista do Poder (1882-1930) [Companhia das Letras, 630 págs., R$ 52,50] dá início a uma série de três livros, a ser concluída em 2014, configurando a mais completa biografia sobre o maior líder político brasileiro.
A julgar pela primeira parte, o trabalho vem sendo executado com meticulosidade exaustiva. É gigantesca a massa de documentos oficiais, livros, artigos na imprensa, memórias e testemunhos que o autor e seus auxiliares dominaram para compor uma narrativa decerto prolixa, mas sempre legível e muitas vezes trepidante.
Todo biógrafo acredita que a vida sob seu exame é extraordinária. Mesmo assim, Lira Neto mantém isenção exemplar em meio às paixões que cercaram seu personagem e dividiram o país.
Não escreve para enaltecer ou para detratar, mas como repórter – atividade que exerceu em Fortaleza antes de se mudar para São Paulo, onde se converteu em biógrafo profissional na década passada, ao publicar uma sequência de livros sobre o escritor José de Alencar, o marechal-presidente Castello Branco, a cantora Maysa e o líder messiânico Padre Cícero.
Talvez se possa atribuir a essa disciplina de repórter a principal lacuna em livro tão bem elaborado. Ainda que este não seja um trabalho de história, falta-lhe ambição analítica, alcance de interpretação e densidade explicativa.
Enquanto a camada aparente dos acontecimentos é descrita com suntuosidade de minúcias (ficamos sabendo até a marca da limusine que conduziu o presidente Washington Luís ao sair deposto do Palácio), as relações de força subjacentes são pouco esboçadas. O autor dispensa, assim, muita possibilidade de articular a vida do biografado aos fatores impessoais que ajudaram a moldá-la.
Terá pesado, nessa escolha, o propósito de tornar a leitura atrativa para um público amplo, menos interessado em implicações sociológicas e controvérsias entre historiadores do que no drama pessoal de figura tão hipnótica.
Lira Neto adota a tendência de todo biógrafo contemporâneo à visada cinematográfica, rica em peripécias e lances de expressão imagética, como se concebida para dar base a um futuro roteiro de cinema ou televisão – talvez ambos. Parece ter resistido, porém, à tentação de fantasiar detalhes e turbinar diálogos, que surgem em profusão, mas sempre alicerçados em alguma fonte escrita.
Poder
Getúlio nasceu em São Borja, na fronteira com a Argentina, em 1882, filho de um potentado local. Foi promotor público, deputado, ministro da Fazenda de Washington Luís, governador do Rio Grande do Sul e candidato a presidente da República. Derrotado na eleição de 1930, fraudada como as anteriores, fez-se líder revolucionário e tomou o poder como chefe de um governo provisório.
Foi confirmado presidente pelo voto indireto em 1934. Esmagou uma insurreição liberal (1932), outra comunista (1935) e ainda outra fascista (1938), tornou-se ditador em 1937 com apoio dos militares e foi por eles deposto em 1945. Reconduzido ao cargo pelo voto popular em 1950, suicidou-se em meio à aguda crise política de agosto de 1954.
Contribuiu como ninguém para ampliar e modernizar o aparelho do Estado, impulsionar a industrialização, inaugurar direitos sociais e introduzir a política de massas no cenário brasileiro. Viveu sob a marca da ambivalência: conciliador e autoritário, modernizante e paternalista, conservador e progressista conforme a ocasião.
Distinguiu-se ainda por duas características incomuns. Exerceu uma ditadura feroz entre 1937 e 1945, mas nunca foi pessoalmente acusado de corrupção. Era um político astucioso e manipulador, que obviamente gostava do poder, mas ao exercê-lo parecia ter em mente objetivos nacionais que transcendiam a política miúda.
Formação
Este primeiro volume trata da parte menos conhecida da vida de Vargas, “dos anos de formação à conquista do poder”, conforme o subtítulo. É inevitável ler a obra como se fosse historiografia reversa ou premonitória, à procura de sinais que antecipem o Getúlio que viria depois e que permitam esclarecer retrospectivamente essa personalidade elusiva, apelidada de “Esfinge” por causa das intenções indecifráveis e do laconismo sorridente.
Como foi possível, por exemplo, que um político provinciano, oriundo de um Estado periférico, chegasse ao ápice nacional numa estrutura tão impermeável como a da política daquela época?
O panorama biográfico dessa fase inicial ressalta como o Rio Grande ganhou vulto econômico e militar a partir da década de 1910, credenciando-se a atuar como elemento de arbitragem quando as elites políticas centrais – paulista e mineira – entravam em desacerto.
Essa capacidade se potencializou a partir de 1923, depois que o acordo de Pedras Altas, orquestrado por Vargas, encerrou três décadas de confronto entre as duas facções que disputavam o poder no Estado sulino.
De um lado estavam os liberais, chamados de maragatos ou federalistas, ligados a uma linhagem de descentralização, parlamentarismo e livre-comércio que provinha dos tempos do Império. De outro estavam os republicanos, chamados de chimangos ou pica-paus, influenciados pela doutrina positivista e adeptos de uma concepção “científica” de governo autoritário. Grosso modo, aqueles prevaleciam na região fronteiriça; estes, na litorânea.
Embora os republicanos tenham controlado a política gaúcha na maior parte desse tempo, enfrentaram resistências intermitentes que deram origem a duas guerras civis, em 1893-95 e 1923.
Getúlio, que tinha parentes nos dois lados do conflito, cresceu em meio a essas dissensões, à sombra do governador republicano Borges de Medeiros, eleito cinco vezes para o cargo. Sua escola de conciliação mesclava movimentos de intimidação e apaziguamento.
O regime gaúcho não diferia do coronelismo político vigente no resto do país, mas tinha uma peculiaridade: suas facções se achavam imbuídas de colorido ideológico nítido e coerente. Como se expressassem, de forma concentrada, a oposição mais difusa entre liberalismo elitista e estatismo autoritário que seria o eixo da política nacional de 1930 a finais do século, com ecos que ainda ressoam.
Cálculo
Evidentemente, Vargas não era um político vulgar. Desde cedo, destacou-se pelo cálculo racional e pela metódica acumulação de poder. É notável o contraste com a turbulência impensada dos que o cercam, a começar dos irmãos, arruaceiros cujas trapalhadas criminais Getúlio tratou de abafar, nem sempre por meios legítimos.
Esse aspecto atávico, tribal, violento (seu pai lutara na Guerra do Paraguai, seu avô combatera na Revolução Farroupilha), estaria presente até o paroxismo de 1954, desencadeado pelo atentado contra Carlos Lacerda, canhestramente urdido nos subterrâneos do Palácio do Catete.
Relembramos ao longo do livro como foi lenta a erosão da República Velha, como demorou até que oligarcas dissidentes e líderes das revoltas tenentistas articulassem uma candidatura viável de oposição à Presidência, apoiada no desgaste crescente do governo central, sobretudo na opinião pública das grandes cidades. E ainda assim Getúlio perdeu.
Parece certo que o desfecho revolucionário teria sido evitado se Washington Luís fosse menos intransigente na imposição de seu sucessor e se não sobreviesse o assassinato –num crime passional – do candidato a vice na chapa de Getúlio, João Pessoa, estopim psicológico da deflagração. Mais certo ainda é que somente a crise econômica de 1929 foi capaz de esvair a sustentação social de um regime que já caducava.
É impressionante a cautela quase apática com que Vargas navegou pela vertiginosa sucessão de episódios. Hesita em aceitar a candidatura; candidato, tenta um acordo secreto com o governo central; derrotado, conforma-se. Quem organiza a insurreição é o círculo imediato de assessores, quase todos amigos de juventude – Lindolfo Collor, João Neves da Fontoura, Flores da Cunha e Oswaldo Aranha.
Até semanas antes de romper com a legalidade, a preocupação de Getúlio é evitar que seu controle da política estadual sofra retaliações do futuro presidente Júlio Prestes, que jamais tomaria posse.
Havia maquiavelismo nessa prudência, mas fica evidente que também houve muita sorte ou acaso – “fortuna” – nesse maquiavelismo. A posteriori, quando o encadeamento dos fatos já premiou o vencedor, a trajetória inteira tende a se apresentar como obra de arte política, sem deixar entrever o quanto terá havido de dúvida, imprevisto e balbúrdia.
Da mesma maneira, o que chamamos de “carisma” do líder – como definir ou identificar algo tão etéreo? – só cristaliza simbolicamente o êxito já consolidado.
Exceto quanto à revelação de alguns detalhes inéditos e episódios secundários, o livro de Lira Neto não parece trazer contribuição original ao relato de uma vida já tão esmiuçada e conhecida. Ainda assim é uma colossal reconstituição dessa existência única na história brasileira, expressa num andamento romanesco e palpitante.
Grande parte do mistério que emana do vulto de Getúlio Vargas se esvanece, mas perdura um resíduo irredutível, enigmático, desse homem sobre o qual se disse que podia “tirar as meias sem descalçar os sapatos” e que preconizava, estranhamente, que “na luta, vencer é adaptar-se”.
***
[Otavio Frias Filho é diretor de Redação da Folha de S.Paulo, escreveu Queda Livre (Companhia das Letras) eSeleção Natural (Publifolha)]

Acre: o momento decisivo de Rio Branco - Rubens Ricupero


Vocação acreana para o Pacífico

O Acre tem um defensor de sua história e nem sabe disso. Atualmente, Rubens Ricupero é um dos estudiosos mais especializados nos embates e disputas no campo diplomático que resultaram no ...
O Acre tem um defensor de sua história e nem sabe disso. Atualmente, Rubens Ricupero é um dos estudiosos mais especializados nos embates e disputas no campo diplomático que resultaram no Tratado de Petrópolis.
E falar sobre isso é conhecer em detalhes as estratégias de José Maria da Silva Paranhos, o Barão de Rio Branco. Com intenso trabalho de pesquisa, Ricupero já pode ser considerado um biógrafo do Barão, com mais um livro que deve ser publicado em breve. Em “O Acre - Momento Decisivo de Rio Branco”, ainda sem editora, apresenta de maneira concisa um dos momentos mais importantes da diplomacia brasileira.
Diplomata de carreira, ministro dos governos Tancredo, Sarney e Itamar Franco, ele foi, durante 10 anos, secretário geral da Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio de Desenvolvimento), em Genebra. Hoje, é diretor da Faculdade de Economia e Relações Internacionais da FAAP e esteve no Acre a convite do prefeito de Rio Branco, Raimundo Angelim, para participar das atividades da Escola de Gestão do município.
Por que o Acre chama tanta atenção quando se estuda a diplomacia brasileira?
O Acre não possui uma questão de fronteiras como outras. Ele é um caso único e incomparável. Excepcional.
Por que?
Em todas as três Américas, o único episódio remotamente parecido é o do Texas, com a diferença que lá terminou com uma guerra em que o México acabou perdendo metade do território. E aqui, terminou com uma negociação que permitiu manter a paz. Outra diferença: o Acre era a única questão de fronteira do Brasil em que o Brasil admitia que a soberania era boliviana.
Tomamos o território por uma decisão diplomática?
Nos outros casos todos, o Brasil partiu do princípio de que o território era brasileiro. Aqui no Acre, não. Todos os ministros, do Império e da República, diziam que o Acre era boliviano. Essa diferença era fundamental. Outra diferença do caso daqui era que o Acre já estava povoado por brasileiros e era sede de uma das mais importantes atividades econômicas do século que era a extração e comercialização da borracha. Em todos os seringais, tinha-se investido 700 milhões de mil réis que eram equivalentes, na época, o equivalente a 43 milhões de libras esterlinas. Isso é mais de 20 vezes o que o Brasil vai pagar à Bolívia [2 milhões de libras esterlinas]. A Questão do Acre também se diferencia porque havia multiplicidade de países envolvidos: as pretensões do Peru não era poucas. Iam até Manaus. Outra coisa fundamental que diferencia o Acre: a opinião pública estava favorável à causa dos sublevados.
E o apoio do Amazonas nesse processo?
Pouca gente se dá conta disso. Houve participação do Pará também, mas o Amazonas teve participação importante. Isso não se gosta de dizer, mas as insurreições foram financiadas, armadas pelo Amazonas. Eles achavam que o Acre era parte do seu território. O Governo Federal reconhecia a soberania boliviana. Era contra essa ação do Amazonas que disfarçava o apoio por recear uma intervenção federal. Tudo isso junto, torna essa peça o maior desafio que o Rio Branco teve.
Se o Governo Federal reconhecia a soberania, por que o interesse diplomático?
A discussão não era sob argumentos geográficos. Barão do Rio Branco se torna ministro de Rodrigues Alves que tomou posse em 15 de novembro de 1902, quando a insurreição do Plácido de Castro estava em pleno vigor. A situação estava grave. O presidente da Bolívia, general José Manoel Pando, anunciou que iria marchar para o Acre. Nesse momento era que os bolivia-nos iriam reagir de fato.
Como o Barão de Rio Branco se diferenciou dos demais diplomatas que o antecederam?
Antes dele, os ministros não tinham querido nunca considerar que havia litígio entre Brasil e Bolívia. E isso enfraquecia a causa brasileira. Rio Branco não inventou a ideia de comprar o território ou dar de permuta uma parte do território brasileiro ou pagar os investidores do consórcio [Bolivian Sindicate, uma reunião de capitalistas com interesses econômicos na região que mais produzia borracha no país]. Essas ideias já tinham sido tentadas. Mas, o governo brasileiro não tinha uma estratégia. Se se não reconhecia o litígio, isso enfraquecia muito os argumentos do Brasil. A grande originalidade do Rio Branco foi declarar litigioso o território. E depois, é separar os adversá-rios. Ele exclui os peruanos da negociação. Ele neutraliza o Peru e os banqueiros do Rotchild. Com isso, a Bolívia estava isolada na negociação.
A estratégia dele foi provocar tensão para tentar uma reação da Bolívia?
Os bolivianos cometem dois erros capitais. O primeiro é a assinatura da concessão ao consórcio e o segundo é o anúncio de que vão mandar tropas. A diplomacia é um xadrez. Você move uma peça e o teu adversário outra. Os bolivianos tomaram a decisão infeliz de arrendar o território. Isso tira legitimidade da causa boliviana. Fica patente, por exemplo, que a Bolívia estaria disposta a deixar entrar na região uma ponta do imperialismo americano. Os países da região reagem e, no Brasil, isso galvaniza. E pressiona o Governo Federal a sair de sua paralisia.
Isso sem contar a decisão da Bolívia de radicalizar em plena negociação...
Aí complicou mais. Quando se inicia a negociação no Rio de Janeiro e chega a notícia de que o general Pando vai adiantar as tropas. Isso desencadeia uma reação forte do governo brasileiro que reforçou a presença militar na região. A Questão do Acre tem um caráter refundador da política externa.
Como assim?
A última fase diplomacia do Império levou o país a muitos conflitos, com intervenções no Uruguai, Argentina e, por último, o episódio do Paraguai. A República resolveu romper com essa tradição de conflito e queria cultivar o que os Positivistas chamavam de A Fraternidade das Pátrias Americanas. E o grande momento que essa fraternidade foi ameaçada foi na Questão do Acre. Das obras de Rio Branco, o Tratado de Petrópolis foi a mais importante.
Atualmente, o que as novas configurações na esfera econômica aqui no Acre exigem da diplomacia?
O Acre nasceu em função de uma conjuntura internacional. É, talvez, o estado brasileiro mais internacionalizado. A sua existência vem de um problema que é nacional. E o Acre, no futuro, vai ser marcado por essa vocação. Na medida em que os países do Pacífico se desenvolvem (e o Peru é um dos que mais cresce na região) e perdem o complexo de inferioridade que tinham, o Acre vai ter a vocação de desenvolver os laços com a costa do Pacífico. Cada vez mais o Acre precisa ser dotado de autorização para poder desenvolver uma negociação direta com as zonas limítrofes, seja na área da economia ou da Cultura.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

China "socialista" cobra ambiente para investimentos do Brasil capitalista

Esta é sem dúvida inédita nos anais da história do capitalismo. A China está cobrando do Brasil um melhor ambiente de negócios para poder fazer investimentos capitalistas no país.
Parece que os socialistas somos nós...
Paulo Roberto de Almeida 

China cobra do governo melhora do ambiente de negócios no país

Carga tributária elevada e complexa dificulta a entrada e a ampliação dos investimentos chineses no Brasil

Simone Cavalcanti, de Pequim

Brasil Econômico, 13/06/2012



A subdiretora do Departamento de Américas do Ministério do Comércio chinês, Xu Yingzhen, fez duras críticas ao ambiente de negócios no Brasil e às investidas antidumping do governo brasileiro contra seu país. Para ela, muito embora esteja havendoumaperspectiva positiva a respeito de futuros investimentos e da instalação de empresas chinesas no país, a complexidade do sistema tributário e a elevada carga de impostos são problemas muito reportados ao governo local pelas companhias que buscam o solo verdeamarelo como mais um lugar de sua estratégia de internacionalização. Além disso, afirmou, o processo de obtenção de vistos de trabalho para chineses têm demorado muito, o afeta o funcionamento de muitas empresas.

“Esperamos que o ambiente de investimentos do Brasil seja mais transparente, estável e mais aberto”, disse. “Há o problema do sistema tributário complexo, pois muitas de nossas empresas enfrentam a questão de que em todos os estados a lei para os tributos é diferente e isso geralmente afeta a operação”, disse, ressaltando que as autoridades chinesas estão em negociação com o governo federal brasileiro, além dos governos estaduais para tentar solucionar esse tipo de dificuldade.

No entanto, mostrou-se otimista afirmando que os investimentos chineses devem seguir a tendência de alta pelos próximos anos. Não apenas porque seus parceiros tradicionais, como Estados Unidos e países da União Europeia, estão em dificuldades para reanimar sua atividade, mas porque as companhias chinesas estão vendo a economia brasileira com muita vitalidade e tem acreditado nos esforços do governo de que manterá um nível de crescimento mais alto que a média mundial.

Porém, a subdiretora afirmou que não poderia quantificar o volume a ser investido porque essa decisão cabe somente às empresas. Para ter uma ideia, em 2011, o investimento chinês na América Latina foi em torno de US$ 10 bilhões, o que equivaleu a 16,8% do total da China no mundo. “Sempre incentivamos que as empresas chinesas invistam no Brasil gerando emprego. Ao mesmo tempo, temos interesse que venham empresas brasileiras para China.”

Comércio
Xu Yingzhen mostrou-se insatisfeita também com o crescimento de ações antidumping do Brasil contra a China. Afirmou que o país fica apenas atrás da Argentina no número de casos dentro da América Latina. Nos últimos dois anos, o governo brasileiro de fato intensificou a defesa comercial cercando, inclusive, triangulações de produtos chineses que entravam ilegalmente pelo Uruguai. A elevação pode ser explicada porque, cada vez mais, as relações comerciais têm se intensificado. No ano passado, segundo ela, o volume de trocas entre seu país e a região cresceu 31,5%, chegando a US$ 241,5 bilhões e, em sua maior parte justamente para o Brasil e a Argentina.

A subdiretora fez questão de ressaltar o incômodo do governo chinês com relação às medidas protecionistas argentinas para barrar as importações. Assim como reclama o Brasil, a China também tem visto suas mercadorias paradas nos portos sem permissão para ingressar naquele mercado. “Temos recebido muitas queixas de prejuízos às empresas. Essas medidas aumentarama instabilidade dos negócios e cremos que violam as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC)”, afirmou.

A representante do governo chinês disse ainda que espera ver o compromisso assumido pelo então presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e pelo argentino Néstor Kirchner de reconhecer a China como economia de mercado, o que não ocorreu formalmente até hoje. 

Ninguem tem medo do ridiculo? - Rio+2.000? ($$$)

Confesso que eu tenho medo do ridículo, não por mim, mas pelo país, em face de tantos visitantes estrangeiros e de alguns (poucos) chefes de Estado, devidamente espoliados pela esperteza nacional.
Mais ridículo ainda seria pagar muito para obter muito pouco, uma simples declaração, que depois pode ser esquecida na gaveta...


Entendimento do Itamaraty é de que da Rio+20 deve sair apenas uma declaração conjunta (leia mais)

Redes Sofitel e Othon podem proibir check in até de chefes de Estado se o Itamaraty não confirmar os pagamentos das reservas pela Terramar Viagens e Turismo. Por Leandro Mazzini  (leia mais)

Historiadores exageram nas analogias - Niall Ferguson e Nouriel Roubini

Mesmo historiadores sensíveis, como Niall Ferguson, e economistas sensatos, como Nouriel Roubini (mas ele já cometeu algumas impropriedades, ao acreditar que Marx estava certo ao prever as crises capitalistas), podem se deixar fascinar por falsas analogias da história.
Todos, na verdade, são tentados a comparar a crise atual com a de 1929, que por sua vez deslanchou a crise bancária de 1931 e precipitou o mundo na grande depressão dos anos 1930.
Os dois autores deste artigo, aliás interessante, acreditam que a atual crise bancária europeia poderia levar para a ruptura da democracia na região, o que não só é totalmente falso, como francamente ridículo.
Enfim, eles têm direito de fazerem as analogias que desejam, mas existem regras para isso, e devemos comparar o que é comparável.
Ora, a Europa atual, e o capitalismo de nossos dias, assim como o papel dos Estados, e dos bancos centrais, são totalmente diferentes do que tínhamos nos anos 1920 e 30.
Em todo caso, vale a leitura, se deixarmos de lado esses alertas totalmente desprovidos de fundamento.
Paulo Roberto de Almeida 


 

The Perils of Ignoring HistoryThis Time, Europe Really Is on the Brink

FROM DER SPIEGEL
  • The article you are reading originally appeared in German in issue 24/2012 (June 11, 2012) of DER SPIEGEL.

People line up outside the Postscheckamt in Berlin to withdraw their deposits in July 1931. The 1931 European banking crisis contributed directly to the breakdown of democracy.Zoom
DPA
People line up outside the Postscheckamt in Berlin to withdraw their deposits in July 1931. The 1931 European banking crisis contributed directly to the breakdown of democracy.
The European Union was created to avoid repeating the disasters of the 1930s, but Germany, of all countries, has failed to learn from history. As the euro crisis escalates, Berlin should remember how the banking crisis of 1931 contributed to the breakdown of democracy across Europe. Action is urgently needed to stop history from repeating itself.
Is it one minute to midnight in Europe?
The failure of German public opinion to grasp the dire state of affairs in Europe today is inviting a repeat of precisely the crisis of the mid 20th century that European integration was designed to avoid.
With every increase in the probability of a disorderly Greek exit from the monetary union, the pressure on the Spanish banks increases and with it the danger of a Mediterranean-wide bank run so big that it would overwhelm the European Central Bank. Already there has been a substantial re-nationalization of the European financial system. This centrifugal process could easily continue to the point of complete disintegration.
We find it extraordinary that it should be Germany, of all countries, that is failing to learn from history. Fixated on the non-threat of inflation, today's Germans appear to attach more importance to the year 1923 (the year of hyperinflation) than to the year 1933 (the year democracy died). They would do well to remember how a European banking crisis two years before 1933 contributed directly to the breakdown of democracy not just in their own country but right across the European continent.
Astonishingly few Europeans (including bankers) seem to remember what happened in May 1931 when Creditanstalt, the biggest Austrian bank, had to be bailed out by a government that was itself on the brink of insolvency. The ensuing European bank crisis, which saw the failure of two of Germany's biggest banks, ushered in the second half of the Great Depression. If the first half had been dominated by the American stock market crash, the second was all about European banks going bust.
What happened next? The banking crisis was followed by President Hoover's one-year moratorium on payment of World War I war debts and reparations. Nearly all sovereign borrowers subsequently defaulted on all or part of their external debts, beginning with Germany. Unemployment in Europe reached an agonizing peak in 1932: In July of that year, 49 per cent of German trade union members were out of work.
The political consequences are well known. But the Nazis were only the worst of a large number of extremist movements to benefit politically from the crisis. "Anti-system" parties in Germany -- including Communists as well as fascists -- had won 13 percent of votes in 1928. By November 1932, they won nearly 60 percent. The far right also fared well in Austria, Belgium, Czechoslovakia, Hungary and Romania. Communists gained in Bulgaria, France and Greece.
The result was the death of democracy in much of Europe. While 24 European regimes had been democratic in 1920, the number was down to 11 in 1939. Even bankers know what happened that year.
Those of us who repeatedly warned in the 1990s that the experiment of monetary union would end badly would be gloating now -- if we were not so troubled by the prospect of history repeating itself.
Losing Faith
What is the situation today? Europe's periphery is in depression. According to the IMF, gross domestic product will contract this year by 4.7 percent in Greece and 3.3 percent in Portugal. Unemployment is 24 percent in Spain, 22 percent in Greece and 15 percent in Portugal. Public debt already exceeds 100 percent of GDP in Greece, Ireland, Italy and Portugal. These countries, along with Spain, are now effectively shut out of the bond market.
Now comes the banking crisis. We have warned for more than three years that continental Europe needed to clean up its banks' woeful balance sheets. Next to nothing was done. In the meanwhile, a silent run on the banks of the euro zone periphery has been underway for two years now: cross-border, interbank and wholesale funding has rolled off and been substituted with ECB financing; and "smart money" -- large uninsured deposits of high net worth individuals -- has quietly exited Greek and other "Club Med" banks.
But now the public is finally losing faith and the silent run may spread to smaller insured deposits. Indeed, if Greece were to exit, a deposit freeze would occur and euro deposits would be converted into new drachmas: so a euro in a Greek bank really is not equivalent to a euro in a German bank. Greeks have withdrawn more than €700 million ($875 million) from their banks in the past month.
More worryingly, there was also a surge of withdrawals from some Spanish banks last month. On a recent visit to Barcelona, one of us was repeatedly asked if it was safe to leave money in a Spanish bank. This kind of process is potentially explosive. What today is a leisurely "bank jog" could easily become a sprint for the exits. Indeed, a full run on other PIIGS banks would be impossible to avoid in the event of a Greek exit. Rational people would ask: Who is next?
In the meantime, the credit crunch in the euro-zone banks on the periphery remains severe as banks -- unable to achieve the new 9 percent capital targets by raising private capital -- are selling assets and contracting credit, thus making the euro-zone recession more severe. Fragmentation and balkanization of banking in the euro zone, together with domestication of public debt, is now well underway.
The process of political fragmentation is also speeding up. In the last Greek elections, seven in 10 voters cast their ballots for smaller parties opposed to the austerity program imposed on Greece in return for two EU-led bailouts. Established parties are also losing out to splinter parties in Italy, where the comedian Beppe Grillo's Five Star Movement has just won control of the city of Parma, and in Germany, where a maverick party called the Pirates is all the rage. Less frivolous populists now have substantial support in France, the Netherlands and Norway. This trend is ominous.
Reducing Moral Hazard
The way out of this crisis seems clear.
First, there needs to be a program of direct recapitalization -- via preferred non-voting shares -- of euro-zone banks both in the periphery and the core by the European Financial Stability Facility (EFSF) and its successor the European Stability Mechanism (ESM). The model should be the US's successful Troubled Asset Relief Program (TARP).
The current approach of recapping the banks by the sovereigns borrowing from domestic bond markets -- and/or the EFSF -- has been a disaster in Ireland and Greece. It has led to a surge of public debt and made the sovereign even more insolvent while making banks more risky as an increasing amount of the debt is in their hands.
Direct capital injections would bypass the sovereign and avoid the surge in public debt. In practice, the euro-zone taxpayer would become a shareholder in euro-zone banks and the current balkanization of banking would be partially reversed. This might also help overcome the political resistance to cross-border mergers and acquisitions in coddled domestic banking systems.
Of course, over time, sound banks that restore capital through earnings would be able to buy back the public preferred shares. So this partial nationalization would be temporary.
Second, to avoid a run on euro-zone banks -- a certainty in the case of a "Grexit" and likely in any case -- a EU-wide system of deposit insurance needs to be created.
To reduce moral hazard (and the equity and credit risk undertaken by euro-zone taxpayers through the recap and the deposit insurance scheme), several additional measures should also be implemented:
  • The deposit insurance scheme has to be funded by appropriate bank levies: This could be a financial transaction tax or, better, a levy on all bank liabilities -- both deposits and other debt claims.
  • To limit the potential losses for euro-zone taxpayers, there needs to be a bank resolution scheme in which unsecured creditors of banks -- both junior and senior -- would take a hit before taxpayer money is used to cover bank losses.
  • Measures to limit the size of banks to avoid the too-big-to-fail problem need to be undertaken. In the case of Bankia, the merger of seven smaller caixas merely created a bank that was too big to fail.
  • We also favor an EU-wide system of supervision and regulation. If the euro-zone taxpayer backstops the capital and deposits of euro-zone banks, then supervision and regulation cannot remain at the national level, where political distortions lead to less than optimal oversight of banks.
True, European-wide deposit insurance will not work if there is a continued risk of a country leaving the euro zone. Guaranteeing deposits in euros would be very expensive as the exiting country would need to convert all euro claims into a new national currency, which would swiftly depreciate against the euro. On the other side, if the deposit insurance holds only if a country doesn't exit, it will be incapable of stopping a bank run. So more needs to be done to reduce the probability of euro zone exits.
Part 2: No Alternative to Debt Mutualization
Specifically, three actions are needed:

  • Fiscal austerity policies should not be excessively front-loaded while structural reforms that accelerate productivity growth should be sped up.
  • Economic growth needs to be jump-started in the euro zone. Without growth, the social and political backlash against austerity will be overwhelming. Repaying debt cannot be sustainable without growth.
  • The policies to achieve this include further monetary easing by the ECB, a weaker euro, some fiscal stimulus in the core, more bottleneck-reducing and supply-stimulating infrastructure spending in the periphery (preferably with some kind of "golden rule" for public investment), and wage increases above productivity in the core to boost income and consumption.

Finally, given the unsustainably high public debts and borrowing costs of certain member states, we see no alternative to some kind of debt mutualization.
There are currently a number of different proposals for euro bonds. Among them, the German Council of Economic Experts' proposal for a European Redemption Fund (ERF) is to be preferred -- not because it is the optimal one but rather because it is the only one that can assuage German concerns about taking on too much credit risk.
The ERF is a temporary program that does not lead to permanent euro bonds. It is supported by appropriate collateral and seniority for the fund and has strong conditionality. The main risk is that any proposal that is acceptable to Germany would imply such a loss of national fiscal policy sovereignty that it would be unacceptable to the euro-zone periphery, particularly Italy and Spain.
Giving up some sovereignty is inevitable. However, becoming subject to a "neo-colonial" submission of one's fiscal policy to Germany -- as a senior periphery leader put it to us at a recent meeting of the Nicolas Berggruen Institute (NBI) in Rome -- is not acceptable.
Not Optional
Until recently, the German position has been relentlessly negative on all such proposals. German officials have repeatedly opposed the direct recapitalization of troubled banks. Chancellor Merkel has consistently ruled out euro bonds. Some German spokesmen have made it sound as if they actually want a Greek exit from the euro zone. Others have been over-eager to impose the same fiscal regime on Spain as has already been imposed on Portugal.
We understand German concerns about moral hazard. Putting German taxpayers' money on the line will be hard to justify if meaningful reforms do not materialize on the periphery. But such reforms are bound to take time. Structural reform of the German labor market was hardly an overnight success. By contrast, the European banking crisis is a financial hazard that could escalate in a matter of days.
We have tried to come up with proposals that address German anxieties. But we want to emphasize that action is urgently needed. Germans must understand that bank recapitalization, European deposit insurance and debt mutualization are not optional. They are essential steps to avoid an irreversible disintegration of Europe's monetary union. If Germans are still not convinced, they must understand that the costs of a breakup of the euro zone would be astronomically high -- for themselves as much as for anyone.
After all, Germany's current prosperity is in large measure a consequence of monetary union. The euro has given German exporters a far more competitive exchange rate than the old deutsche mark would have. And the rest of the euro zone remains the destination for 42 percent of German exports. Plunging half of that market into a new Depression can hardly be good for Germany.
Ultimately, as Chancellor Merkel herself acknowledged last week, monetary union always implied further integration into a fiscal and political union.
But before Europe gets anywhere near taking this historical step, it must first of all show that it has learned the lessons of the past. The EU was created to avoid repeating the disasters of the 1930s. It is time Europe's leaders -- and especially Germany's -- understood how perilously close they are to doing just that.


Um Stalin sem Gulag, no Brasil: ainda bem...

Falta o bigode, mas a atitude e o estilo são os mesmos, sem falar do treinamento de inteligência com uma das mais duráveis ditaduras do mundo contemporâneo (e da qual ele se orgulha). Mas que se esclareça: Stalin, não porque ele não quisesse, mas por que ele não pode, e não pôde (se ouso restabelecer o uso do circunflexo, que neste caso me parece necessário).
O homem, que via a si mesmo como um Richelieu do cerrado central, o grão-vizir do Planalto, o déspota do poder despótico que teriam implantado os companheiros, se pudessem, se tivessem podido (bem que eles queriam, não tenho dúvida disso), esse homem é o chefe da quadrilha, o tirano que teríamos tido -- e não tivemos, ainda bem, pois seria igualzinho a um Pinochet tupiniquim, um Fidel Castro de fancaria -- esse homem vai, finalmente, a julgamento.
Talvez queira convocar (já está fazendo) as "massas" para protestar, caso seja condenado; acredito que deveria ser, a menos que alguns juízes do STF se comportem como poltrões, ou subservientes. Em todo caso, seria o último grasnar de um ganso de opereta, um candidato a líder fascista com os atributos que ele próprio acredita ser de esquerda (mas que, na verdade, cada vez mais se parece com o fascismo ordinário).
Estamos próximos de uma conclusão do caso mais criminoso que a República já enfrentou, a ameaça mais grave que tivemos de uma máfia no poder (ainda não está excluída, pois já vivemos em repúbliqueta sindical, em sistema corporativo), um peronismo de botequim, daqueles bem desclassificados.
A sociedade brasileira, na sua parte sã, precisa ver se consegue resistir ao abraço de afogado de um candidato a Stalin tropical. Os vendidos, e os comprados, são muitos, mas a maior parte da sociedade rejeita esse estilo truculento e tendencialmente totalitário de fazer política.
Paulo Roberto de Almeida

Editorial do Estado de S.Paulo, 13/06/2012

A partir de 1.º de agosto, o ex-presidente do PT, ex-ministro da Casa Civil e deputado cassado José Dirceu será julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por formação de quadrilha e corrupção ativa. Pelo primeiro delito, poderá ser condenado a até três anos de prisão. Pelo segundo, a até 12. O então procurador-geral da República que o denunciou ao Supremo em 2005, Antonio Fernando de Souza, apontou Dirceu como “chefe da quadrilha” ou da “sofisticada organização criminosa” que produziu o mensalão, a compra sistemática de apoio de deputados federais ao governo Lula. A denúncia ao STF foi aceita por unanimidade. No ano passado, o atual procurador, Roberto Gurgel, ratificou o pedido de condenação de Dirceu e de 35 outros réus (dos 40 citados da primeira vez, 1 faleceu e outro fez acordo para ser excluído do processo; para 2 outros, um dos quais, Luiz Gushiken, colega de Dirceu no Ministério, Gurgel pediu a absolvição.
Dirceu alega inocência e se diz alvo histórico do “monopólio da mídia”. A imprensa desejaria vê-lo destruído não pelos seus atos no governo Lula, mas pelo que decerto ele considera ser o conjunto da sua obra como o maior líder revolucionário socialista do Brasil contemporâneo, uma espécie atípica de Che Guevara que não fez guerrilha, escapou de ser eliminado e chegou ao poder graças à democracia burguesa. O julgamento que o aguarda, disse dias atrás aos cerca de mil estudantes presentes ao 16.º Congresso Nacional da União da Juventude Socialista, ligada ao PC do B, no Rio, será a “batalha final”. Desde os tempos da militância estudantil, ele sempre se teve em alta conta. “Batalha final” é não só uma expressão encharcada de heroísmo, que pode ser usada da extrema direita à extrema esquerda, mas é consanguínea da “luta final” dos “famélicos da terra”, nas estrofes da Internacional, o célebre hino revolucionário francês de 1871.
Do alto de sua autoestima e na vestimenta de vítima que enverga, até que faria sentido ele propagar que o julgamento no STF representará o momento culminante do confronto de proporções épicas que nunca se furtou a travar em defesa de seus ideais. Mas a arena que ele tem em mente é outra - e outros também os combatentes. “Essa batalha deve ser travada nas ruas também”, conclamou, “se não a gente só vai ouvir uma voz pedindo a condenação, mesmo sem provas (a dos veículos de comunicação).” Em outras palavras, se a Justiça está sob pressão da mídia para condená-lo, que fique também sob pressão do que seria a vanguarda dos movimentos sociais para absolvê-lo. Se der certo, a voz do povo falou mais alto. Se não der, o veredicto da Corte está desde logo coberto de ilegitimidade, como se emanasse de um tribunal de exceção.
Em 2000, dois anos antes da primeira eleição de Lula, Dirceu conclamou o professorado paulista a “mais e mais mobilização, mais e mais greve, mais e mais movimento de rua”, porque eles - os tucanos como o governador Mário Covas - “têm de apanhar nas ruas e nas urnas”. Pouco depois, no dia 1.º de junho, o governador, já debilitado pelo câncer que o mataria no ano seguinte, foi covardemente agredido por manifestantes diante da Secretaria da Educação, no centro de São Paulo. Depois, Dirceu quis fazer crer que não incentivara o ataque: foi tudo “força de expressão”. Não há, portanto, motivo para surpresa quando ele torna a invocar “as ruas”. Na sua mentalidade ditatorial - em privado, desafetos petistas já o qualificaram de “stalinista irrecuperável” -, ele se esquece até do dito marxista de que a história se repete como farsa.
Como já se lembrou, o então presidente Collor conclamou a população a protestar contra a tentativa de destituí-lo. A população, especialmente os jovens, aproveitou para pedir o seu impeachment. Como também já se lembrou, hoje em dia os jovens nem sequer saem de casa em defesa de bandeiras mais nobres, a começar pelo repúdio à impunidade dos corruptos, que dirá para assediar o STF no caso do principal réu de um caso de corrupção comparável apenas, talvez, aos dos escândalos da República de Alagoas. Mas é óbvio que a tentativa rudimentar de intimidação repercutirá no tribunal. Se Dirceu não se deu conta disso é porque, como Lula já disse, ele está mesmo “desesperado”

terça-feira, 12 de junho de 2012

Argentina: na descida continua para a decadencia

Pode-se reconhecer que um país está em decadência quando os patrões não mandam mais em suas empresas, quando a República Sindical, que existe, de fato, decide sobre como devem ser conduzidos os negócios da empresa.
Assisti a esse filme na Inglaterra pré-Tatcher, onde os patrões do Times tampouco podiam decidir quantos gráficos iriam imprimir o jornal.
A Inglaterra se safou da decadência, mas foi difícil. A Argentina vai perseverar na decadência, e não se vê quem terá coragem de inverter o processo.
Ah sim: o Brasil vai pelo mesmo caminho...


Com greve de trabalhadores, jornal 'La Nación' não chega às bancas

Pela primeira vez em 142 anos, o jornal não circulou; os funcionários da gráfica pedem melhores salários e a readmissão de 30 colegas

O Estado de S. Paulo, 12 de junho de 2012

O jornal argentino La Nación não foi impresso nesta terça-feira, 12, pela primeira vez em 142 anos de história. O motivo foi uma greve dos trabalhadores das gráficas do jornal que, de acordo com fontes sindicais, pedem melhores salários e a readmissão de 30 funcionários.
Jornal não chegou às bancas nesta terça-feira - Reprodução
Reprodução
Jornal não chegou às bancas nesta terça-feira
Os operários não trabalharam e bloquearam, durante toda a noite de ontem, a entrada dos setores de impressão do jornal em protesto pela suspensão dos 30 trabalhadores, que ocorreu em meio a um conflito salarial. Durante o último fim de semana, os operários reduziram o ritmo da produção para protestar contra os baixos salários.
Segundo representantes da Federação Gráfica Bonaerense (da província de Buenos Aires), o La Nación suspendeu os 30 funcionários no domingo e contratou outros 20 trabalhadores, o que originou a greve. O veículo de comunicação denunciou que a paralisação impediu a distribuição do jornal para as bancas "pela primeira vez em 142 anos" e considerou a medida "intempestiva e ilegal".
"Estes atos repudiáveis e injustificados ocorrem no âmbito de uma negociação conjunta na qual a empresa tem feito todos os esforços para atender as demandas sindicais", acrescentou o jornal em uma nota publicada em sua página na internet. A nota também ressalta a "vontade permanente de diálogo" por parte da empresa.
Com informações da Efe

Coreia do Norte = Somalia? Nao! Muito pior...

Na Somália, pelo menos existem microempresários da pirataria, que podem se lançar em atividades privadas de alto rendimento, evitando assim a miséria geral da população.
Na Coreia do Norte, esse tipo de atividade de alto risco, totalmente capitalista, não é sequer permitida. Acho que os habitantes desse imenso campo de concentração que é a Coreia do Norte estão pior do que os somalis...


It's official: Dingo did take that baby

Shanghai Daily, June 13, 2012

Millions of North Korean children are not getting the food, medicine or health care they need to develop physically or mentally, leaving many stunted and malnourished, the United Nations said yesterday.

Nearly a third of children under age five show signs of stunting, particularly in rural areas, and chronic diarrhea due to a lack of clean water, sanitation and electricity has become the leading cause of death among children. 

Hospitals are spotless but bare; few have running water or power, and drugs and medicine are in short supply, the UN said in a detailed update on the humanitarian situation in North Korea.

"I've seen babies ... who should have been sitting up who were not sitting up, and can hardly hold a baby bottle," said Jerome Sauvage, the UN's Pyongyang-based resident coordinator for North Korea.

The UN has called for US$198 million in donations this year - mostly to help feed the hungry. 

Last month, North Korea's premier, Choe Yong Rim, urged farmers to do their part to alleviate food shortages, according to a report from the state-run Korean Central News Agency.

Worries of another drought have been raised by a reported shortfall of rain this spring, which will likely lead to a reduced harvest. 

"I have been working at the farm for more than 30 years, but I have never experienced this kind of severe drought," An Song Min, a farmer at the Tokhae Cooperative Farm in the Nampho area, said as he stood in parched fields where the dirt crumbled through his fingers.

North Korea does not produce enough food to feed its 24 million people, and relies on limited purchases of food from other countries as well as outside donations to make up the shortfall. 

About 16 million North Koreans - two-thirds of the country - depend on government rations, the UN report said. There are no signs the government will undertake the long-term structural reforms needed to spur economic growth, it said.

The land in the mountainous north is largely unsuitable for farming, and deforestation and outmoded agricultural techniques - as well as limited fuel and electricity - mean farms are vulnerable to natural disasters, including flooding, drought and harsh, cold winters, the UN report said. Provinces in the southern "cereal bowl" produce most of the country's grains, but the food does not always reach the far northeast. 

A crop assessment last October indicated that 3 million people would need outside food help this year.

Sauvage noted that North Korea, proud of its free health care system, runs spotlessly clean hospitals but with limited facilities. "The proportion of doctors to households is very high," Sauvage said. "Unfortunately, there's not a lot in the doctor's toolkit."

Governo maquia suas contas (como sempre...)


Governo inclui subsídios como despesa de capital

Editorial, O Estado de S.Paulo, 12 de junho de 2012
O Tesouro, ao apresentar suas contas, insistiu em dois pontos: as despesas com pessoal e encargos sociais diminuíram e os gastos de capital cresceram muito. As duas afirmações merecem exame cuidadoso, pois contam apenas meia-verdade.
Os dispêndios com a folha salarial, no documento do Tesouro Nacional, que se refere ao primeiro quadrimestre, revelam um crescimento de 1,7%, caindo porém de 4,59% do PIB, em 2011, para 4,35%, neste ano. Como o Tesouro não fornece sua estimativa do PIB, é difícil saber se foram levados em conta os resultados do PIB do primeiro trimestre, que mostraram um crescimento muito fraco do conjunto da economia. Um aumento de 1,7% da folha, levando em conta a inflação, é aceitável, porém o que se verifica é que no Judiciário e no Legislativo houve redução de 10,2%, mas no Executivo o aumento foi de 5,4%, muito acima da inflação. A conclusão evidente é que aí não chegou a haver um grande exemplo de austeridade.
O exame das despesas de capital é mais complexo, pois, na sua apresentação, o governo mistura despesas de custeio e capital, numa parte, e, em outra, num item chamado "outras despesas de custeio e capital" explicita quais são as de capital propriamente ditas (leia-se investimentos) para as quais se dispõe de mais informações.
No primeiro grupo, as despesas aumentaram R$ 17,2 bilhões em relação ao mesmo período de 2011 e aí se misturam custeio, financiamentos, subsídios e subvenções - esses dois últimos itens somando R$ 6,4 bilhões. Constam também as despesas com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que aumentaram R$ 3,8 bilhões (50%) e podem ser consideradas investimentos, mas que acusam um grande atraso, especialmente no que se refere aos gastos com a infraestrutura.
Nas "outras despesas de custeio e capital", que somam R$ 67,4 bilhões, entram R$ 27 bilhões como despesas de capital, com um aumento de 28,4%. Mas o maior aumento é o do Ministério das Cidades, de 99,6%, que gastou R$ 279,8 milhões. No entanto, grande parte dessa quantia se refere a subsídios do programa Minha Casa,Minha Vida, um programa que funciona melhor porque está nas mãos de empresas privadas.
Ora, os outros subsídios, que visam a diminuir a taxa de juros, como no caso do BNDES e nos créditos para a agricultura, ficaram na lista de subsídios mesmo, sem disfarces. Nesse caso, o governo procurou potencializar de fato seus investimentos por não ter outros exemplos para mencionar.