Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;
Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53
Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks
quinta-feira, 14 de junho de 2012
Getulio Vargas, o maquiavelico - biografia de Lira Neto (Otavio Frias Filho)
Acre: o momento decisivo de Rio Branco - Rubens Ricupero
Vocação acreana para o Pacífico
E falar sobre isso é conhecer em detalhes as estratégias de José Maria da Silva Paranhos, o Barão de Rio Branco. Com intenso trabalho de pesquisa, Ricupero já pode ser considerado um biógrafo do Barão, com mais um livro que deve ser publicado em breve. Em “O Acre - Momento Decisivo de Rio Branco”, ainda sem editora, apresenta de maneira concisa um dos momentos mais importantes da diplomacia brasileira.
Diplomata de carreira, ministro dos governos Tancredo, Sarney e Itamar Franco, ele foi, durante 10 anos, secretário geral da Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio de Desenvolvimento), em Genebra. Hoje, é diretor da Faculdade de Economia e Relações Internacionais da FAAP e esteve no Acre a convite do prefeito de Rio Branco, Raimundo Angelim, para participar das atividades da Escola de Gestão do município.
Por que o Acre chama tanta atenção quando se estuda a diplomacia brasileira?
O Acre não possui uma questão de fronteiras como outras. Ele é um caso único e incomparável. Excepcional.
Por que?
Em todas as três Américas, o único episódio remotamente parecido é o do Texas, com a diferença que lá terminou com uma guerra em que o México acabou perdendo metade do território. E aqui, terminou com uma negociação que permitiu manter a paz. Outra diferença: o Acre era a única questão de fronteira do Brasil em que o Brasil admitia que a soberania era boliviana.
Tomamos o território por uma decisão diplomática?
Nos outros casos todos, o Brasil partiu do princípio de que o território era brasileiro. Aqui no Acre, não. Todos os ministros, do Império e da República, diziam que o Acre era boliviano. Essa diferença era fundamental. Outra diferença do caso daqui era que o Acre já estava povoado por brasileiros e era sede de uma das mais importantes atividades econômicas do século que era a extração e comercialização da borracha. Em todos os seringais, tinha-se investido 700 milhões de mil réis que eram equivalentes, na época, o equivalente a 43 milhões de libras esterlinas. Isso é mais de 20 vezes o que o Brasil vai pagar à Bolívia [2 milhões de libras esterlinas]. A Questão do Acre também se diferencia porque havia multiplicidade de países envolvidos: as pretensões do Peru não era poucas. Iam até Manaus. Outra coisa fundamental que diferencia o Acre: a opinião pública estava favorável à causa dos sublevados.
E o apoio do Amazonas nesse processo?
Pouca gente se dá conta disso. Houve participação do Pará também, mas o Amazonas teve participação importante. Isso não se gosta de dizer, mas as insurreições foram financiadas, armadas pelo Amazonas. Eles achavam que o Acre era parte do seu território. O Governo Federal reconhecia a soberania boliviana. Era contra essa ação do Amazonas que disfarçava o apoio por recear uma intervenção federal. Tudo isso junto, torna essa peça o maior desafio que o Rio Branco teve.
Se o Governo Federal reconhecia a soberania, por que o interesse diplomático?
A discussão não era sob argumentos geográficos. Barão do Rio Branco se torna ministro de Rodrigues Alves que tomou posse em 15 de novembro de 1902, quando a insurreição do Plácido de Castro estava em pleno vigor. A situação estava grave. O presidente da Bolívia, general José Manoel Pando, anunciou que iria marchar para o Acre. Nesse momento era que os bolivia-nos iriam reagir de fato.
Como o Barão de Rio Branco se diferenciou dos demais diplomatas que o antecederam?
Antes dele, os ministros não tinham querido nunca considerar que havia litígio entre Brasil e Bolívia. E isso enfraquecia a causa brasileira. Rio Branco não inventou a ideia de comprar o território ou dar de permuta uma parte do território brasileiro ou pagar os investidores do consórcio [Bolivian Sindicate, uma reunião de capitalistas com interesses econômicos na região que mais produzia borracha no país]. Essas ideias já tinham sido tentadas. Mas, o governo brasileiro não tinha uma estratégia. Se se não reconhecia o litígio, isso enfraquecia muito os argumentos do Brasil. A grande originalidade do Rio Branco foi declarar litigioso o território. E depois, é separar os adversá-rios. Ele exclui os peruanos da negociação. Ele neutraliza o Peru e os banqueiros do Rotchild. Com isso, a Bolívia estava isolada na negociação.
A estratégia dele foi provocar tensão para tentar uma reação da Bolívia?
Os bolivianos cometem dois erros capitais. O primeiro é a assinatura da concessão ao consórcio e o segundo é o anúncio de que vão mandar tropas. A diplomacia é um xadrez. Você move uma peça e o teu adversário outra. Os bolivianos tomaram a decisão infeliz de arrendar o território. Isso tira legitimidade da causa boliviana. Fica patente, por exemplo, que a Bolívia estaria disposta a deixar entrar na região uma ponta do imperialismo americano. Os países da região reagem e, no Brasil, isso galvaniza. E pressiona o Governo Federal a sair de sua paralisia.
Isso sem contar a decisão da Bolívia de radicalizar em plena negociação...
Aí complicou mais. Quando se inicia a negociação no Rio de Janeiro e chega a notícia de que o general Pando vai adiantar as tropas. Isso desencadeia uma reação forte do governo brasileiro que reforçou a presença militar na região. A Questão do Acre tem um caráter refundador da política externa.
Como assim?
A última fase diplomacia do Império levou o país a muitos conflitos, com intervenções no Uruguai, Argentina e, por último, o episódio do Paraguai. A República resolveu romper com essa tradição de conflito e queria cultivar o que os Positivistas chamavam de A Fraternidade das Pátrias Americanas. E o grande momento que essa fraternidade foi ameaçada foi na Questão do Acre. Das obras de Rio Branco, o Tratado de Petrópolis foi a mais importante.
Atualmente, o que as novas configurações na esfera econômica aqui no Acre exigem da diplomacia?
O Acre nasceu em função de uma conjuntura internacional. É, talvez, o estado brasileiro mais internacionalizado. A sua existência vem de um problema que é nacional. E o Acre, no futuro, vai ser marcado por essa vocação. Na medida em que os países do Pacífico se desenvolvem (e o Peru é um dos que mais cresce na região) e perdem o complexo de inferioridade que tinham, o Acre vai ter a vocação de desenvolver os laços com a costa do Pacífico. Cada vez mais o Acre precisa ser dotado de autorização para poder desenvolver uma negociação direta com as zonas limítrofes, seja na área da economia ou da Cultura.
quarta-feira, 13 de junho de 2012
China "socialista" cobra ambiente para investimentos do Brasil capitalista
Parece que os socialistas somos nós...
Paulo Roberto de Almeida
China cobra do governo melhora do ambiente de negócios no país
Brasil Econômico, 13/06/2012
Ninguem tem medo do ridiculo? - Rio+2.000? ($$$)
Mais ridículo ainda seria pagar muito para obter muito pouco, uma simples declaração, que depois pode ser esquecida na gaveta...
|
Historiadores exageram nas analogias - Niall Ferguson e Nouriel Roubini
Todos, na verdade, são tentados a comparar a crise atual com a de 1929, que por sua vez deslanchou a crise bancária de 1931 e precipitou o mundo na grande depressão dos anos 1930.
Os dois autores deste artigo, aliás interessante, acreditam que a atual crise bancária europeia poderia levar para a ruptura da democracia na região, o que não só é totalmente falso, como francamente ridículo.
Enfim, eles têm direito de fazerem as analogias que desejam, mas existem regras para isso, e devemos comparar o que é comparável.
Ora, a Europa atual, e o capitalismo de nossos dias, assim como o papel dos Estados, e dos bancos centrais, são totalmente diferentes do que tínhamos nos anos 1920 e 30.
Em todo caso, vale a leitura, se deixarmos de lado esses alertas totalmente desprovidos de fundamento.
Paulo Roberto de Almeida
The Perils of Ignoring HistoryThis Time, Europe Really Is on the Brink
- The deposit insurance scheme has to be funded by appropriate bank levies: This could be a financial transaction tax or, better, a levy on all bank liabilities -- both deposits and other debt claims.
- To limit the potential losses for euro-zone taxpayers, there needs to be a bank resolution scheme in which unsecured creditors of banks -- both junior and senior -- would take a hit before taxpayer money is used to cover bank losses.
- Measures to limit the size of banks to avoid the too-big-to-fail problem need to be undertaken. In the case of Bankia, the merger of seven smaller caixas merely created a bank that was too big to fail.
- We also favor an EU-wide system of supervision and regulation. If the euro-zone taxpayer backstops the capital and deposits of euro-zone banks, then supervision and regulation cannot remain at the national level, where political distortions lead to less than optimal oversight of banks.
- Fiscal austerity policies should not be excessively front-loaded while structural reforms that accelerate productivity growth should be sped up.
- Economic growth needs to be jump-started in the euro zone. Without growth, the social and political backlash against austerity will be overwhelming. Repaying debt cannot be sustainable without growth.
- The policies to achieve this include further monetary easing by the ECB, a weaker euro, some fiscal stimulus in the core, more bottleneck-reducing and supply-stimulating infrastructure spending in the periphery (preferably with some kind of "golden rule" for public investment), and wage increases above productivity in the core to boost income and consumption.
Finally, given the unsustainably high public debts and borrowing costs of certain member states, we see no alternative to some kind of debt mutualization.
There are currently a number of different proposals for euro bonds. Among them, the German Council of Economic Experts' proposal for a European Redemption Fund (ERF) is to be preferred -- not because it is the optimal one but rather because it is the only one that can assuage German concerns about taking on too much credit risk.
The ERF is a temporary program that does not lead to permanent euro bonds. It is supported by appropriate collateral and seniority for the fund and has strong conditionality. The main risk is that any proposal that is acceptable to Germany would imply such a loss of national fiscal policy sovereignty that it would be unacceptable to the euro-zone periphery, particularly Italy and Spain.
Giving up some sovereignty is inevitable. However, becoming subject to a "neo-colonial" submission of one's fiscal policy to Germany -- as a senior periphery leader put it to us at a recent meeting of the Nicolas Berggruen Institute (NBI) in Rome -- is not acceptable.
Not Optional
Until recently, the German position has been relentlessly negative on all such proposals. German officials have repeatedly opposed the direct recapitalization of troubled banks. Chancellor Merkel has consistently ruled out euro bonds. Some German spokesmen have made it sound as if they actually want a Greek exit from the euro zone. Others have been over-eager to impose the same fiscal regime on Spain as has already been imposed on Portugal.
We understand German concerns about moral hazard. Putting German taxpayers' money on the line will be hard to justify if meaningful reforms do not materialize on the periphery. But such reforms are bound to take time. Structural reform of the German labor market was hardly an overnight success. By contrast, the European banking crisis is a financial hazard that could escalate in a matter of days.
We have tried to come up with proposals that address German anxieties. But we want to emphasize that action is urgently needed. Germans must understand that bank recapitalization, European deposit insurance and debt mutualization are not optional. They are essential steps to avoid an irreversible disintegration of Europe's monetary union. If Germans are still not convinced, they must understand that the costs of a breakup of the euro zone would be astronomically high -- for themselves as much as for anyone.
After all, Germany's current prosperity is in large measure a consequence of monetary union. The euro has given German exporters a far more competitive exchange rate than the old deutsche mark would have. And the rest of the euro zone remains the destination for 42 percent of German exports. Plunging half of that market into a new Depression can hardly be good for Germany.
Ultimately, as Chancellor Merkel herself acknowledged last week, monetary union always implied further integration into a fiscal and political union.
But before Europe gets anywhere near taking this historical step, it must first of all show that it has learned the lessons of the past. The EU was created to avoid repeating the disasters of the 1930s. It is time Europe's leaders -- and especially Germany's -- understood how perilously close they are to doing just that.
Um Stalin sem Gulag, no Brasil: ainda bem...
O homem, que via a si mesmo como um Richelieu do cerrado central, o grão-vizir do Planalto, o déspota do poder despótico que teriam implantado os companheiros, se pudessem, se tivessem podido (bem que eles queriam, não tenho dúvida disso), esse homem é o chefe da quadrilha, o tirano que teríamos tido -- e não tivemos, ainda bem, pois seria igualzinho a um Pinochet tupiniquim, um Fidel Castro de fancaria -- esse homem vai, finalmente, a julgamento.
Talvez queira convocar (já está fazendo) as "massas" para protestar, caso seja condenado; acredito que deveria ser, a menos que alguns juízes do STF se comportem como poltrões, ou subservientes. Em todo caso, seria o último grasnar de um ganso de opereta, um candidato a líder fascista com os atributos que ele próprio acredita ser de esquerda (mas que, na verdade, cada vez mais se parece com o fascismo ordinário).
Estamos próximos de uma conclusão do caso mais criminoso que a República já enfrentou, a ameaça mais grave que tivemos de uma máfia no poder (ainda não está excluída, pois já vivemos em repúbliqueta sindical, em sistema corporativo), um peronismo de botequim, daqueles bem desclassificados.
A sociedade brasileira, na sua parte sã, precisa ver se consegue resistir ao abraço de afogado de um candidato a Stalin tropical. Os vendidos, e os comprados, são muitos, mas a maior parte da sociedade rejeita esse estilo truculento e tendencialmente totalitário de fazer política.
Paulo Roberto de Almeida
terça-feira, 12 de junho de 2012
Argentina: na descida continua para a decadencia
Assisti a esse filme na Inglaterra pré-Tatcher, onde os patrões do Times tampouco podiam decidir quantos gráficos iriam imprimir o jornal.
A Inglaterra se safou da decadência, mas foi difícil. A Argentina vai perseverar na decadência, e não se vê quem terá coragem de inverter o processo.
Ah sim: o Brasil vai pelo mesmo caminho...
Com greve de trabalhadores, jornal 'La Nación' não chega às bancas
Pela primeira vez em 142 anos, o jornal não circulou; os funcionários da gráfica pedem melhores salários e a readmissão de 30 colegas
Pesquisa indica queda na popularidade de Cristina E.F.de Kirchner
Coreia do Norte = Somalia? Nao! Muito pior...
Na Coreia do Norte, esse tipo de atividade de alto risco, totalmente capitalista, não é sequer permitida. Acho que os habitantes desse imenso campo de concentração que é a Coreia do Norte estão pior do que os somalis...
It's official: Dingo did take that baby
Nearly a third of children under age five show signs of stunting, particularly in rural areas, and chronic diarrhea due to a lack of clean water, sanitation and electricity has become the leading cause of death among children.
Hospitals are spotless but bare; few have running water or power, and drugs and medicine are in short supply, the UN said in a detailed update on the humanitarian situation in North Korea.
"I've seen babies ... who should have been sitting up who were not sitting up, and can hardly hold a baby bottle," said Jerome Sauvage, the UN's Pyongyang-based resident coordinator for North Korea.
The UN has called for US$198 million in donations this year - mostly to help feed the hungry.
Last month, North Korea's premier, Choe Yong Rim, urged farmers to do their part to alleviate food shortages, according to a report from the state-run Korean Central News Agency.
Worries of another drought have been raised by a reported shortfall of rain this spring, which will likely lead to a reduced harvest.
"I have been working at the farm for more than 30 years, but I have never experienced this kind of severe drought," An Song Min, a farmer at the Tokhae Cooperative Farm in the Nampho area, said as he stood in parched fields where the dirt crumbled through his fingers.
North Korea does not produce enough food to feed its 24 million people, and relies on limited purchases of food from other countries as well as outside donations to make up the shortfall.
About 16 million North Koreans - two-thirds of the country - depend on government rations, the UN report said. There are no signs the government will undertake the long-term structural reforms needed to spur economic growth, it said.
The land in the mountainous north is largely unsuitable for farming, and deforestation and outmoded agricultural techniques - as well as limited fuel and electricity - mean farms are vulnerable to natural disasters, including flooding, drought and harsh, cold winters, the UN report said. Provinces in the southern "cereal bowl" produce most of the country's grains, but the food does not always reach the far northeast.
A crop assessment last October indicated that 3 million people would need outside food help this year.
Sauvage noted that North Korea, proud of its free health care system, runs spotlessly clean hospitals but with limited facilities. "The proportion of doctors to households is very high," Sauvage said. "Unfortunately, there's not a lot in the doctor's toolkit."