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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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sexta-feira, 22 de novembro de 2013

A Italia gastadora e os "ayatollahs" de Bruxelas: seria comico, se nao fosse patetico...

A Italia quer ter o pudim, e comer o pudim. Assim os ingleses resumem essas histórias de pessoas que querem ter todas as vantagens do consumo e da poupança ao mesmo tempo, como se isso fosse possível no mundo real.
Paulo Roberto de Almeida

Italy Rejects E.U. Warnings
The New York Times, November 22, 2013

BRUSSELS — Finance ministers from the euro area pushed Friday for centralized management of the currency bloc even as Italy rebuffed warnings from European Union authorities about their finances.
The tensions over Italy’s budget grew after Enrico Letta, the country’s prime minister, warned Friday that “ayatollahs” in Europe were seeking to promote austerity even though it was killing Italy’s chances of recovery.
The finance ministers’ meeting in Brussels came one week after Olli Rehn, the E.U. commissioner for economic and monetary affairs, warned that Italy and Spain faced debt and deficit problems under their current spending plans for 2014. The main topic on the agenda was whether the verdicts by Mr. Rehn, who has gained authority to review national spending plans, should be followed.
“Some countries may have to do more, and we will discuss all these countries,” said Jeroen Dijsselbloem, the head of the group of ministers from countries using the single currency. “I think part of the process is also that we question each other on what further measures could be taken and about how the ministers assess the risks in their budgets.”
Italy has pushed back hard against Mr. Rehn’s findings and his refusal to grant the country an exemption that would have enabled it to spend additional billions of euros already included in its budget for next year, saying that he failed to take into account revenue from privatizations and a spending review.
Mr. Rehn dryly rebutted Mr. Letta’s “ayatollahs” comment, rejecting any suggestion he was too tough on Italy. “I trust Mr. Letta meant the negotiations on the Iranian nuclear program,” Mr. Rehn said in an interview Friday with the Finnish broadcaster Yle. “It is very important that all E.U. member states, including Italy, aim at the stability of their public finances.”
Fabrizio Saccomanni, the Italian minister of economy and finance, reiterated Friday that his country’s budget would not need to be modified to comply with the commission’s recommendations. In recent days, Spain has also said the warnings from Mr. Rehn were overdone.
The meeting of the finance ministers was part of a newly introduced process in Europe of vetting budgets of euro area members before they are approved by national parliaments.
European Union states agreed to the new system seeking to do a better job enforcing rules on deficits that were flouted during the past decade by major countries, including Germany. Those lapses were widely seen as setting a bad example to Greece and others that had far more vulnerable economies.
“For European insiders, today’s Eurogroup meeting is historic as it marks the next step of the first implementation of the euro zone’s new fiscal surveillance framework,” said Carsten Brzeski, a senior economist in Brussels for ING Bank. Even so, the commission was being “very cautious in using its newly won powers.”
Mr. Brzeski was referring to Mr. Rehn’s decision earlier this month not to require Italy, Spain or any other country to revise their budget plans.
Concerns about Italy and Spain come amid scant signs that market stability in Europe over the past year is translating into a solid and sustained economic recovery. The euro zone emerged from recession in the second quarter of this year, but growth has since been barely perceptible.
There are also growing concerns about France, which has the second-biggest economy in the euro area. The French economy contracted 0.1 percent in the July to September period, disappointing hopes for a sustained recovery just months after the country broke out of a shallow recession.
Pierre Moscovici, the French finance minister, said Friday that his country was pursuing a vigorous economic policy that would promote growth and allow France to meet an E.U.-mandated target for a budget deficit of less than 3 percent in 2015.
Mr. Moscovici also said meetings of euro area ministers needed a permanent, long-term president — rather than a part-time chairman like Mr. Dijsselbloem — as another step toward formalizing and enhancing management of the currency bloc.

“We have to improve the governance of the euro zone,” said Mr. Moscovici, who noted that the move to appoint a full-time head for the euro zone meetings already had the support of Italian and German leaders.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Sabia Decisao: ficar onde tem comida...

Uma boa e sensata decisão. Ninguém pode acusar os presos portugueses de não agirem com inteligência...


CRISE EUROPEIA

PRESO DE PORTUGAL QUER FICAR NA CADEIA
Prisioneiros têm recusado ida para casa

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Portugal: tentando resolver problemas criados por um Estado grande

Entrevista sensata, sensível, e de bom senso, do Primeiro-MInistro português, Pedro Passos.

07/09/2012
 às 12:00 \ Vasto Mundo

O primeiro-ministro de Portugal: “Nosso objetivo é tirar o Estado da economia, acabar com o Estado patrão, dono de empresas. Pretendemos atrair capital novo e deixar atuar a livre iniciativa”

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Pedro Passos Coelho, primeiro-ministro de Portugal: "As medidas de austeridade que estamos adotando não são a origem do problema. São parte da solução" (Foto: Mario Proença / Bloomberg / Getty Images)
O ESTADO NO SEU DEVIDO LUGAR
(Entrevista a Duda Teixeira, publicada na edição impressa de VEJA)
O primeiro-ministro de Portugal vê na crise a oportunidade para fazer reformas. Ele vai cortar os benefícios sociais de quem não precisa, privatizar estatais e abrir a economia
Para muitos economistas, Portugal está a caminho de se tornar, depois da Grécia, a próxima nação da zona do euro a afundar. A taxa de desemprego é de 15%, superior à média europeia, e o PIB deve encolher 3% em 2012.
O desafio de Pedro Passos Coelho, de 47 anos, primeiro-ministro português, no cargo desde junho de 2011, é reduzir a dívida e os gastos públicos e, ao mesmo tempo, tirar o país da recessão.
Antes de Coelho assumir, Portugal só se salvou da quebra por receber um pacote de ajuda externa no valor de 78 bilhões de euros, um terço do que foi obtido pela Grécia. Com voz de barítono, que usava para cantar fados em ocasiões privadas, Passos Coelho falou a VEJA na residência oficial do chefe de governo, o Palácio São Bento, em Lisboa.
O governo brasileiro quer encarecer e dificultar a importação de vinhos, incluindo os portugueses, para beneficiar os produtores da Serra Gaúcha. Qual sua opinião sobre isso?
O protecionismo, por mais que pareça dar oportunidades imediatas aos grupos nacionais, é pouco eficiente a médio e longo prazo. Quando se diminui a exposição do país à competição externa, os consumidores são obrigados a pagar um preço mais elevado por um determinado nível de consumo ou de realização de serviços.
Ora, se uma parte desse gasto for liberada para a compra de outro produto ou para investimentos, a economia no seu conjunto ganhará mais. Portanto, mais vale privilegiar a competição internacional do que proteger os nossos campeões internos.
O que o senhor diz aos portugueses que culpam a chanceler alemã Angela Merkel e o ex-presidente francês Nicolas Sarkozy pela crise europeia?
Esse é um clichê muito difundido na imprensa. O fato de Alemanha e França procurarem soluções para a crise resultou na ideia errônea de que eles eram de certa forma responsáveis ou até beneficiários dessa situação.
Nada mais exagerado.
Primeiro porque, apesar de serem os líderes de duas das principais economias europeias, as decisões finais sobre os rumos do bloco são tomadas por um comitê mais amplo de chefes de governo e de Estado. Segundo, a situação adversa que Portugal vive hoje não veio em consequência das decisões de Merkel ou de Sarkozy.
Os desequilíbrios existentes em Portugal são resultado de más decisões tomadas por nós mesmos. Usamos mal o dinheiro, selecionamos mal os projetos de obras públicas, aumentamos os impostos para gastar em serviços de pouco valor, não flexibilizamos suficientemente o mercado de trabalho, não abrimos a economia…
Os líderes europeus não agravaram nossos problemas. Ao contrário, eles nos ajudaram a encontrar uma saída para eles.
Sarkozy e Merkel se reúnem em Bruxelas para conversar sobre a crise na UE (Fabrizio Bensch/Reuters)
O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy e a chanceler alemã Angela Merkel: "os líderes europeus não causaram nem agravaram os problemas de Portugal. Os responsáveis foram nós mesmo, os portugueses" (Foto: Fabrizio Bensch / Reuters)
A Grécia está imersa no caos social e ainda negocia para não pagar uma parte de sua dívida. Toda a ajuda em dinheiro vinda de fora parece não ser suficiente para equilibrar as contas e superar a recessão. Alguns analistas dizem que Portugal será a próxima Grécia. Qual o risco de isso ocorrer?
Nosso país tem adotado medidas que a comunidade internacional e a União Europeia consideram bem-sucedidas. Corrigimos algumas deficiências em tempo recorde. Internamente, fizemos um acerto duro nos gastos públicos.
Apesar de a crise econômica ter reduzido a nossa receita tributária e aumentado as nossas despesas com benefícios sociais para os desempregados, conseguimos cortar o déficit estrutural em 4 pontos porcentuais.
Externamente, reduzimos o déficit na balança de pagamentos. Nesse quesito, alcançamos em dezembro de 2011 uma meta que todos esperavam ser possível atingir apenas em dezembro de 2012. Essa conquista ocorreu não apenas por causa da nossa política de austeridade, mas sobretudo porque os setores exportadores, como o têxtil e o automotivo, tiveram um desempenho superior ao previsto.
O turismo, que representa 10% do PIB, também foi muito bem. Até 2013 vamos atingir o equilíbrio nas contas externas. Isso dá aos mercados uma sensação de estabilidade e de confiança em relação a nós.
Portugal vai precisar de mais um pacote de resgate europeu?
Creio que não. De qualquer modo, o Fundo Monetário Internacional e a União Europeia se comprometeram com uma nova ajuda em dinheiro se no futuro subsistir alguma dificuldade. Isso, claro, com a condição de que as medidas de estabilização financeira e macroeconômica sejam bem-sucedidas e que a agenda de reforma estrutural da economia portuguesa seja cumprida.
Como temos feito tudo corretamente, e antes do previsto, a garantia do FMI e da União Europeia nos ajudará a voltar a emitir títulos da dívida a juros baixos no prazo esperado: setembro de 2013.
Como compatibilizar o corte de gastos públicos com a injeção de mais dinheiro na economia para estimular o consumo como medida contra a recessão?
Não são ações excludentes. Primeiro porque, em Portugal, o Estado gastou muito sem que a economia melhorasse. Segundo porque, atualmente, não temos alternativa. Os recursos financeiros para estimular a economia simplesmente não existem.
As medidas de austeridade que estamos adotando não são a origem do problema. São parte da solução. Se Portugal tivesse a oportunidade de decidir de outra maneira, não teria pedido ajuda às instituições internacionais. Tivemos de fazê-lo porque os mercados se fecharam e ninguém mais queria financiar a economia portuguesa.
O senhor vai privatizar a companhia aérea TAP e outras empresas estatais?
Sim.
Nossa lista inclui empresas dos setores energético e de transporte, além dos aeroportos, dos correios, de um canal de televisão e das Águas de Portugal, em que haverá um misto de abertura ao capital privado e concessões públicas.
O objetivo é tirar o Estado da economia, acabar com o Estado patrão, dono de empresas. Pretendemos atrair capital novo para Portugal, recebendo empresas que podem ter relevância para internacionalizar a nossa economia e tornar nossas empresas mais competitivas.
Tap
A companhia aérea TAP: "não queremos o Estado patrão, o Estado dono de empresas. Vamos privatizar" (Foto: TAP)
Como a opinião pública tem reagido aos anúncios de privatização?
Não tem havido resistência. Os portugueses sentem que o Estado não foi um bom gestor de empresas. O custo delas para o país e para os contribuintes é muito elevado. Os cidadãos também sabem que precisamos atrair dinheiro externo para movimentar a nossa economia.
Tanto há um consenso sobre isso que as privatizações já estavam no programa do governo socialista de José Sócrates, meu antecessor.
Com o argumento de que os portugueses precisam trabalhar mais, o senhor acabou com quatro feriados nacionais, incluindo o de Corpus Christi. Funcionou?
Precisamos ser mais produtivos, mais eficientes e, portanto, mais competitivos. As privatizações são somente uma parte desse processo. A questão dos feriados também. Queremos que os empresários tenham menos receio de contratar novos funcionários, tornando mais flexível o número de horas de trabalho e resolvendo melhor os conflitos trabalhistas. A maioria da população está de acordo com essas mudanças, porque a crise a fez refletir sobre isso.
Por que os gastos públicos portugueses cresceram tanto?
Há duas razões para isso. A de natureza conjuntural é a mesma que afetou os outros países da Europa.
Depois da crise econômica de 2008, o nível de emprego caiu, as despesas sociais aumentaram e a arrecadação declinou.
Com o fim da crise, isso muda.
Há também um componente estrutural, que se refere a um alargamento insensato das responsabilidades do Estado na economia. O fato de Portugal ter entrado na zona do euro facilitou o financiamento de obras e tornou a seleção dos projetos frouxa e pouco exigente. Como resultado, Portugal ganhou uma rede de estradas muito além das nossas necessidades. Não há tráfego que justifique todos os investimentos feitos na malha viária.
Desperdiçamos muito dinheiro em projetos sem retorno financeiro. Sucessivos governos também aumentaram as despesas com gasto de pessoal e serviços sociais, como educação, aposentadorias e seguro-desemprego, que hoje equivalem a toda a receita tributária. O resto é déficit.
Se quisermos um país mais competitivo, o que só pode surgir do lado privado, teremos de reduzir o peso do setor público. Teremos de corrigir também a rede assistencialista de tal modo que aqueles que realmente precisam da ajuda social possam recebê-la, sem abusos.
Quando a economia voltar a crescer, os benefícios sociais vão retornar aos níveis anteriores?
Não.
Nos próximos três anos, de 2012 a 2014, não queremos somente superar os problemas conjunturais. Vamos reestruturar a economia. As grandes obras públicas encomendadas pelo Estado português nos últimos anos deslocaram quase todo o crédito disponível para o setor público, quando ele deveria estar sendo usado mais na iniciativa privada.
Temos de deixar a economia respirar, ser mais aberta ao capital externo, mais focada nos mercados globais. Desse ponto de vista, a atual crise econômica é uma oportunidade para corrigir, entre outros, os desvios existentes nos serviços sociais.
Na crise grega, cogitou-se que o país abandonasse o euro para poder adotar uma moeda própria, menos valorizada, de forma a ganhar competitividade nas exportações. Os portugueses também enxergam um futuro fora da zona do euro?
Não existe ninguém em Portugal com peso político advogando uma saída do euro. Há, ao contrário, uma crença de que o nosso futuro está conectado ao da Europa. Não nos vemos na periferia do bloco, mas como membro destacado da União Europeia. Temos uma tradição atlântica muito ligada à nossa política externa, ao nosso relacionamento com os Estados Unidos, com o Brasil e com os países que falam português na África. Essas relações interessam à Europa.
A presidente Dilma Rousseff disse a Angela Merkel que os pacotes de ajuda aos países europeus jogaram dinheiro demais no mercado, o que inunda os países, entre eles o Brasil, com capitais especulativos. O senhor concorda?
O problema dos capitais especulativos se resolve com regras financeiras globais. A fraca regulação foi uma das causas da crise iniciada em 2008. Os principais bancos centrais do mundo precisam reforçar a vigilância mútua e a troca de informações. O FMI deve ser reformado. Tudo isso é parte de uma agenda global que ainda não teve uma resposta satisfatória.
O senhor conhece bem o Brasil?
Quando fui ao Brasil pela primeira vez, há três anos, tive a impressão de ser uma nação em via de grandes transformações e crescimento, com muitas oportunidades. Há uma distribuição de riqueza melhor do que antes, um processo iniciado com o presidente Fernando Henrique Cardoso, e a criação de uma classe média que passou a funcionar como o motor do crescimento da economia interna. Espero conhecer melhor o Brasil nas próximas ocasiões.
Fernando Henrique Cardoso
No Brasil, "há uma distribuição de riqueza melhor do que antes, um processo iniciado com o presidente Fernando Henrique Cardoso" (Foto: Mark Wilson / Getty Images)
A melancolia do fado serve como metáfora do momento econômico vivido por Portugal?
O fado está sempre em evolução. Mesmo os novos nomes do fado fazem interpretações muito clássicas de temas recorrentes da música portuguesa, mas com propostas criativas e inovadoras. Versões tradicionalíssimas e outras modernas convivem harmoniosamente. O fado tem essa qualidade de se renovar continuamente e se reinventar com novos artistas. Não há um fado. Há muitas versões do fado. A atitude geral, porém, mantém-se em qualquer circunstância. Consiste em matar as nossas misérias, os nossos fatalismos. De certa maneira, ao cantar o fado, nós espantamos os nossos fantasmas. É o contrário do que parece quando ouvimos aquelas letras.
O senhor canta com que frequência?
Muito pouca.
Uma vez por mês, pelo menos?
Atualmente, nem isso. 

sábado, 18 de agosto de 2012

Guy Sorman: Why Europe Will Rise Again - Wall Street Journal


Guy Sorman: Why Europe Will Rise Again

France's foremost free-market economist says that Europe's leaders won't let the euro fail, and the EU will save France from the French

The Wall Street JournalAugust 17, 2012
Guy Sorman is an oddity—some might say a walking contradiction. The French economist and writer has for decades championed free markets in the birthplace ofdirigisme. He is a man of the right who is guardedly upbeat about France's future under the first Socialist president in 20 years. And he's decidedly positive on the euro and the European Union.
The latest of his 25-odd books, "Journal of an Optimist," a series of diary-like essays on Europe and France, was published here this spring. His contrarian streak—a virtual job requirement for French public intellectuals going back to Voltaire—flies straight into the gloomiest headwinds. "The consensus is not always the truth," he says without hesitation.
The French economy will fall back into recession this year, says its central bank, and unemployment last month hit a 13-year high. New President François Hollande, who marked 100 days in office on Tuesday, has probably had the shortest honeymoon of any elected leader anywhere: One poll last week found 54% of the French dissatisfied with his job performance. Greece will likely run out of money to pay its bills, putting its financial saviors (the Germans, International Monetary Fund and the EU) on the spot again. Meanwhile, the markets show little faith in the ability of Spain and Italy to handle their economic messes.
Ken Fallin
Mr. Sorman, who is 68, offers his generation's longer perspective to calm nerves. "Governments act like a fireman trying to extinguish the fire of the day," he says. They should instead give the media and bond traders a better sense of where the EU plans to go.
But first he wants to recall where it's come from. "In the U.S. generally there is a kind of misunderstanding about the purpose of Europe," he says. "Europe was not built for economic reasons, but to bring peace between European countries. It is a political ambition. It is the only political project for our generation. We'll pay the price to save this project."
Mario Draghi, the president of the European Central Bank, said in July that the bank "is ready to do whatever it takes to preserve the euro. And believe me, it will be enough." Mr. Sorman seconds that motion on political, moral and—perhaps most surprisingly—free-market grounds.
In maintaining that the euro didn't cause the European crisis, Mr. Sorman echoes other conservative economists. Blame instead overextended welfare states that rang up huge debts, he says, and then the Keynesian stimulus spending after the 2008 global meltdown that added to the burden. Now, hard fiscal adjustments are finally being carried out across Europe. Deregulation in these troubled countries would be nice, too, he adds.
At the EU level, he has pushed loudly for a group of European "wise men," modeled after the EU's founding fathers of the postwar years, to draw up a revitalized "ever-closer union" originally envisioned by the 1957 Treaty of Rome, which created the common market. His new EU would move gradually but firmly toward a common European budget and tax base, and larger fiscal transfers from rich to poor areas.
These ideas were "taboo" before the crisis, he says, but are now openly debated. They remain taboo to jealous defenders of national sovereignty and to most European free-marketeers, not always one and the same group.
Mr. Sorman, who taught economics for three decades at the prestigious Sciences-Po in Paris, knows all the free-market arguments against further empowering Brussels or pooling taxes. "A federation is not the same thing as a super state," he responds. "We're talking about a federation where free-market principles are much better implemented than they ever were when decisions belonged to each nation."
Mr. Sorman says the crisis has usefully brought quick fixes to obvious euro shortcomings. Greece cooked its budget numbers for years; Italy and Spain weren't always open about the rot on their books. After Greece collapsed, the EU introduced transparent national accounting standards. When France and Germany broke through the EU treaty's ceilings on fiscal deficit without any consequences a decade ago, they unwittingly encouraged bad fiscal behavior by others. No one will make that mistake again, says Mr. Sorman, and in any case the EU has strengthened its enforcement powers.
Margaret Thatcher considered Europe to be welfarism by the back door. Contra the Iron Lady, Mr. Sorman says more Europe brings more competition and more prosperity.
Brussels has wrenched open protected markets and broken up state monopolies in transport, telecommunications, energy and more. In the Sorman view, the EU has just gotten started. Its executive arm, the European Commission, "is the major free-market agent we have in Europe," he says. The euro, unveiled a dozen years ago, "is a new kind of gold standard."
By bringing currency stability and taking away the tool of devaluation from politicians who want an easy fix, the single currency has forced "each economy to be more rational, more flexible and more productive." The ECB, he adds, "is even more free-market oriented than the Federal Reserve." Its only job is keep inflation low, while the Fed has a second mandate to bring about full employment.
Doomsday scenarios also overlook differences among EU states. The Berlin Wall was replaced by a sort of sunshine curtain that separates a healthy, growing north from the basket cases of Club Med. Visit Berlin, booming Warsaw or the Estonian capital of Tallinn to escape the depressed mood of Paris. "I think you'll have a European revival coming from Poland, the Baltic States and Finland" says Mr. Sorman. "Just look at what they've achieved."
Mr. Sorman has advised the South Korean president Lee Myung-bak since 2009 ("without much result," he says) and lived for a year recently in China. This up-close look makes him skeptical of the rising East hype and eager to halt Europe's premature burial.
Look at the number of international patents registered annually, he says, a good measure of innovation. America comes first—"the future still belongs to the U.S.," he says. Europe is next. By that reasoning, if a revitalized EU lessens regulatory, tax and other burdens on the private economy, great entrepreneurial energy is waiting to be tapped.
I suggest that he may be whistling past the graveyard, and that Greece, and possibly the single currency, could already be beyond redemption. There isn't enough money in German coffers to save all of southern Europe. The ideas for federation that he supports are long shots.
"The only tomb that's now prepared is for Greece," Mr. Sorman shoots back, But the Greeks won't willingly get into it, and in any case the EU won't let them. Greece's exit from the euro would be an economic and "political disaster," he says. Modern Greek democracy is three decades old. The wounds from the civil war are fresh, and an electoral win by the far left or fascists can't be counted out, he says. Europe can't afford to "lose Greece." He doesn't think Spain or Italy are in any danger of leaving the euro.
Mr. Sorman's case for the EU boils down to something you hear often from an Italian, or a Belgian and other citizens of ill-governed EU states and almost never from, say, a Dane or an Englishman. "Only Europe can protect the French from the French," he says. "If we weren't part of Europe, imagine our electricity bill or our phone bill. We might not even have the Internet."
This cri du coeur pour l'Europe comes three months into Mr. Hollande's presidential term. The men know each other well. In the mid-1980s, during a brief spell as a journalist at the now defunct Le Matin de Paris, the Socialist party operative attacked Mr. Sorman's essays on economic liberalism. At the time Mr. Sorman was a rare French defender of Reagan.
Three years ago, on a television talk show, the future French president suggested that Mr. Sorman take his liberal economic ideas and himself out of France. "This was a kind of anti-Semitic, bourgeois attack," says Mr. Sorman, who is Jewish. He says Mr. Hollande afterward told him he went too far and apologized, "and I said, 'I don't know if you went too far, but it does express your deep conviction.'"
"For me," he adds, "Mr. Hollande is quite the conservative bourgeois type of provincial France—the people who hate money, who hate capitalism, who hate business. They think all these ideas are quite foreign to French culture and French genius." Much of the French right has also stayed faithful to what's called "a certain idea of France." From Charles de Gaulle on, presidents have glorified the small shopkeeper and kept their distance from more cosmopolitan CEOs of multinationals.
As with Europe, Mr. Sorman takes a longer view. Upon coming to power in 1981, France's first and last Socialist president, François Mitterrand, nationalized industry and banking, thrice devalued the franc and threatened to pull France out of the European common market. Two years later, he reversed course. The current crop of Socialists "are not extremists anymore," says Mr. Sorman. "The big difference today with the 1980s is that nobody believes in socialist solutions. This alternative has disappeared. The only alternative is status quo—or a return to traditions of French entrepreneurship."
Mr. Sorman offers two hopeful scenarios. In the first, the new president uses a fresh electoral mandate to liberalize rigid French labor markets, streamline the entitlement state and improve conditions for doing business. His support from public unions can shield against a backlash. Gerhard Schröder, the center-left German chancellor, pulled off this Nixon-to-China trick a decade ago and laid the foundations for Germany's economic renaissance.
The early signs in France aren't encouraging for the small band of free marketers. In addition to various planned tax increases, the new government has proposed to protect industry and resisted spending cuts.
Yet Mr. Hollande's promise to bring the budget deficit to 3% next year from 4.5% to meet the euro-zone fiscal rules shows that the government knows it has to keep financial markets happy. His falling poll numbers reflect growing economic anxiety that might force his hand. The economy is spiraling down so fast, says Mr. Sorman, that France will be forced "to revert to free-market solutions." This is his other optimistic scenario.
"It's very rare that a nation chooses decline," he continues. "I don't think the French will choose decline. It's a young nation with many young people who want to find work."
De Gaulle had a famous line about the impossibility of governing a country with "246 different kinds of cheese." Mr. Sorman sees it differently. "The problem," he says, "is not the number of cheeses. The problem is the false consensus propagated by the chattering classes that the ruling government elite knows best what is good for the country, that the genius of France is to be ruled from above by a clairvoyant state bureaucracy, that the free market does not belong to French history—and if you are against this you are a traitor."
Before French audiences, Mr. Sorman often invokes the names of Frédéric Bastiat, Alexis de Tocqueville and Jean-Baptiste Say to show that liberal economic ideas aren't alien to French soil. "I tend to feel lonely," he says.
Mr. Kaminski is a member of the Journal's editorial board.
A version of this article appeared August 18, 2012, on page A11 in the U.S. edition of The Wall Street Journal, with the headline: Why Europe Will Rise Again.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Cambio e governos: uma mistura patetica...

Um leitor me envia o seguinte comentário a um post econômico (eles são muitos) deste blog:


Essa semana vi a notícia de que a União Européia comemorou a valorização do Euro sobre o Dólar. Me surgiu uma dúvida e gostaria que se você pudesse me respondesse: Por que a UE comemora a valorização da sua moeda e nos lamentamos?
Outra questão que gostaria de fazer é sobre sua opinião se o governo conseguirá ou não segurar essa desvalorização do real ou o mesmo voltará a se valorizar sobre o dólar. 



Respondi inicialmente o seguinte, em comentário ao post em questão, e prometi um post sobre isso: 


Suas dúvidas são pertinentes, mas não existem respostas econômicas para variações cambiais em que se comprazem ou com as quais se preocupam os governos.
Governos sempre têm preocupações políticas e acham que a economia deveria ajudá-los. Ora, a economia é implacável: ela não existe para contentar governos, e sim para expressar relações da realidade.
Vou fazer um post para tentar responder suas questões.
Paulo Roberto de Almeida


Bem, vamos tentar agora, mas o assunto do câmbio é vastíssimo e a patetice dos governos em matéria cambial é maior ainda. Em todo caso, posso oferecer minha visão do problema, e o que eu acho razoável de se fazer em matéria cambial.


Em tempos recuados, muito antes da brilhantina, câmbio era visto com certo respeito por governos responsáveis. Eram os tempos do padrão ouro (século XIX, até 1913), quando os governos de países sérios emitiam moeda com lastro metálico (ouro ou prata, mas o ouro forneceu o padrão da libra, oficialmente desde o final das guerras napoleônicas, até o início da guerra, quando se suspendeu a conversibilidade, por razões ponderáveis, digamos assim.
Desde então, o mundo nunca mais foi o mesmo, embora se tenham feito tentativas para voltar à "idade do ouro".
Mas, como os governos aprenderam a emitir dinheiro sem lastro nenhum, durante a guerra, os políticos se acostumaram a essa solução fácil de prometer muito, acima dos recursos disponíveis, manipulando emissões e a paridade das moedas, quando assim necessário.
Passo por cima da indescritível bagunça que foram os anos de entre guerras, mas recomendo a você a leitura de Liaquat Ahmed, Lords of Finance, que me parece ter uma edição brasileira, chamada Os Donos do Dinheiro. O essencial está em que nos anos 1930 tudo saltou pelos ares e o mundo viveu o caos econômico e monetário: emissões inflacionistas, manipulações cambiais, protecionismo comercial, controle de capitais, enfim, a descida aos infernos na economia.
A grande tentativa de restaurar certa ordem se deu em Bretton Woods, e aí recomendo a você o livro de Barry Eichengreen, Globalizing Capital, ou A Globalização do Capital, em edição brasileira.
Em Bretton Woods, em 1944, se definiu um padrão ouro-dólar, que funcionou durante certo período (enquanto os EUA garantiram a conversão oficial a 35 dólares por onça de ouro), mas logo nos anos 1960 os desequilíbrios se acumularam e os EUA tiveram dificuldades em honrar os compromissos assumidos em Bretton Woods.
O desenlace fatal se deu em 1971, quando os EUA denunciam unilateralmente o arranjo de Bretton Woods, e o mundo nunca mais voltou a ser o mesmo. Ou seja, as moedas já não tinham mais referência em ouro ou em dólar, e cada governo podia fazer os arranjos que desejasse, pois o FMI deixou, em 1973 oficialmente, de exigir dos países uma declaração de paridade (estável, tanto quanto possível) de suas moedas. Cada um deveria se arranjar por si, ou seja, liberdade cambial. 
Isso quer dizer que um país pode deixar sua moeda amarrada a um valor fixo (expresso em ouro, ou em outra moeda forte, mas esta flutua, na maior parte dos casos), pode preferir uma banda de variação, para evitar tanto o compromisso com um valor fixo (que imporia obrigações muito grandes a sua autoridade do setor), quanto as variações muito fortes, assim como pode simplesmente deixar sua moeda variar em função da velha lei da oferta e da procura, ou seja, ao sabor dos mercados.


Governos de países responsáveis e de economias maduras (o que não quer dizer estáveis, pois isso não existe em economia) adotaram essa solução: abrir seus mercados financeiros e permitir o livre câmbio das suas moedas, ou seja, abolição dos controles de capitais e liberdade cambial, o que quer dizer livre conversibilidade. Por vezes existem flutuações muito importantes, e durante certo tempo, os bancos centrais faziam acordos de empréstimos mútuos para intervenção nos mercados e deixar a moeda em torno de certos valores tidos por desejáveis.
Mas isso é praticamente impossível hoje: a magnitude dos movimentos de capitais é de tal monta que NENHUM governo tem capacidade de intervenção suficiente.
Países menores, ou com dificuldades na liberalização econômica, mantém controles de capitais e ausência de conversibilidade, o que evidentemente penaliza empresas e indivíduos que gostariam de dispor livremente de seus ativos financeiros.
Para se ter uma ideia da ordem de grandeza de que estamos falando, bastar ter em mente estas proporções aproximadas:


60 trilhões de dólares: valor do PIB global anual (sendo que uma espécie de G10 da economia mundial deve ter 90% disso);
220 trilhões de dólares: ativos financeiros intercambiados nos diversos mercados do mundo, sob diferentes modalidades, ou seja, aproximadamente quatro vezes a produção de riquezas;
600 trilhões de dólares: valor total de todos os ativos, incluindo dívidas governamentais, valor das ações, etc.; parte desses valores, parte em fumaça quando das crises, que geralmente correspondem a bolhas acumuladas em algum setor (cambial, imobiliário, ações, etc.).


Pois bem, tendo esse quadro, como interpretar o que você me diz?: 
1) "a União Européia comemorou a valorização do Euro sobre o Dólar"
PRA: Pode até ter comemorado, mas isso não tem muito significado econômico, pois a realidade pode mudar. Num momento de crise, as pessoas, os empresários, os especuladores, se afastam dos países em crise -- como a Europa atualmente -- pois significa que as oportunidades de ganho são mais raras e os riscos maiores. Natural, portanto, a desvalorização do euro, o que quer dizer que os europeus ficam mais pobres em face do resto do mundo. Portanto, se existe uma valorização, isso dá certo alívio nos políticos, mas isso é efêmero e enganoso.
Não tenho certeza de que nós lamentamos isso, mas os fenômenos cambiais sempre tem duas pontas: valorização ou desvalorização são sempre relativas às paridades existentes, e podem ocorrer tanto em função de fatores absolutamente econômicos (a velha lei da oferta e da procura), como por manipulações governamentais, que provocam fluxos e contrafluxos de capitais. O que os governos europeus fazem é patético, pois estão se vangloriando por um movimento absolutamente efêmero, provavelmente no imediato seguimento do plano espanhol (afinal, 100 bilhões de euros sempre é alguma coisa), mas o cenário pode mudar, por qualquer motivo, inclusive por fatores totalmente alheios ao cenário europeu (conjuntura americana, por exemplo).


2) "se o governo [brasileiro] conseguirá ou não segurar essa desvalorização do real ou o mesmo voltará a se valorizar sobre o dólar"
PRA: O governo brasileiro também é patético, pois não sabe o que quer, e comemora coisas que não dependeram dele, diretamente.
Como somos um país economicamente fascista, ou perto disso, no qual o Estado controla um pouco todas as vertentes da atividade econômica, é possível, ainda, influenciar o câmbio, que teoricamente, no Brasil, se situa num status de "flutuação suja", ou seja, o governo diz que o câmbio flutua, mas não deixa de intervir quando pode ou quando quer (comprando ou despejando dólares no mercado).
A valorização inédita ocorrida nos últimos anos, mais importante do que na primeira fase do real (quando os petistas acusavam o governo de fazer "populismo cambial) decorreu de vários fatores, mas sobretudo do afluxo de dólares por: (a) juros altos no Brasil; (b) valorização das commodities brasileiras exportadas; (c) expansão das exportações, sobretudo do setor agropecuário; (d) crescimento econômico e oportunidades de investimento estrangeiro no Brasil; (e) diversos outros fatores residuais, que deixo de mencionar.
Ou seja, o governo pode não ter querido essa valorização, ela ser recusada e denunciada pelos exportadores manufatureiros (que sofrem com o encarecimento em dólar de seus produtos), mas mesmo assim ocorrer. 
Governos, em geral, são hipócritas, pois dizem querer favorecer as exportações, mas "adoram", secretamente, essa valorização, pois isso deixa os cidadãos mais ricos, eles podem ir duas vezes por ano a Miami, passear em Paris, etc. Ou seja, todo governo, ainda que não admita, adora "populismo cambial". Daí a razão de deixarem a moeda se valorizar, por vezes até artificialmente.
Mas, digamos que a pressão dos exportadores se tornou insuportável, e que a balança comercial, ou de serviços, apresente déficits preocupantes, e é preciso proceder a pequena desvalorização. Existem muitos meios para isso, mas também depende da capacidade de fogo do governo. 
A desvalorização ajuda a desafogar balança de transações correntes, mas também torna os cidadãos mais pobres e a classe média não gosta.


Em todo caso, o mundo ideal, para os governos, seria um em que existissem dois câmbios, um desvalorizado, para exportações, outro valorizado para importações e farra no exterior. Isso é impossível, pelo menos em situações de mercado, mas já tivemos, no passado, taxas múltiplas de câmbio. É um caminho para a corrupção e a desorganização da economia.


Pois bem, termino com a minha opinião sobre o que eu acharia desejável no mundo econômico, e no Brasil.
O ideal para mim seria um cenário em que o governo fosse amputado da capacidade de influenciar juros e câmbio, em que esses elementos importantes da vida econômica fossem regulados pelos mercados, e aí nos adaptaríamos à realidade da vida econômica.
Se fôssemos muito produtivos e competitivos, nossa moeda se valorizaria naturalmente, e seríamos felizes assim (mas para isso é preciso trabalhar como os alemães, digamos assim).
Se fossemos um pouco como os gregos -- o que somos, na verdade -- o desastre viria: essa coisa de viver de sol e mar, esperando turistas, pagando salários fabulosos para um funcionalismo exacerbado, pensões generosas, não costuma dar certo. Aí, a "solução" natural dos mercados é a fuga de capitais, o desinvestimento, a desvalorização, enfim. A tragédia grega foi que eles não podiam desvalorizar. Mas não vamos achar que foram vítimas, isso não: viveram durante anos à sombra dos juros "alemães", importando capital não para investimento, mas para tapar os rombos orçamentários e os buracos de seu balanço de pagamentos, e mais ainda: manipularam e maquiaram suas contas públicas, escondendo vergonhosamente as estatísticas reais.
O governo brasileiro faz um pouco isso, também, manipulando, maquiando, escondendo dívida pública com dinheiro do Tesouro repassado ao BNDES, a um custo fiscal não revelado e não transparente.
Um dia a casa cai.


Qual deve ser a taxa de câmbio no Brasil?
Eu acho que deve ser aquela de equilíbrio, sem manipulações governamentais.
Qual é essa taxa? Eu não sei, só sei que ela corresponderá à dinâmica econômica brasileira: se formos produtivos, competitivos, ela se valorizará naturalmente, e estaremos ricos e felizes.
Se formos improdutivos, os "gregos" da América do Sul, o câmbio vai desabar um dia, e ficaremos mais pobres, como os gregos descobriram agora.


Qual o caminho para evitar esses dissabores?
Bem, se dependesse de mim: juros e câmbio de mercado, ponto.
Quando vamos ter isso?
Não sei, por enquanto vivemos no fascismo econômico.


Paulo Roberto de Almeida 
Brasília, 19 de junho de 2012

sexta-feira, 15 de junho de 2012

A crise europeia: muito longe de terminar - Moises Naim


Why Is Europe's Crisis Not Abating?

Moisés NaímHUFFINGTON POST, JUNE 7, 2012
 
 
 
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Why does the economic crisis in Europe keep getting broader and deeper? Ignorance? Too much power concentrated in too few hands? Or perhaps just the contrary: that those who ought to be making the necessary decisions lack the power to do so? I think it is a diabolical combination of these three factors.
Ignorance. It is clear that neither governments nor experts agree on what is the best course of action to deal with the crisis. The debate between the proponents of fiscal austerity and those who favor expansionary measures to reignite growth and stimulate job creation dominates the headlines. As the crisis worsens, this debate heats up into a crossfire of clichés and superficial assertions.
Moisés Naím
SENIOR ASSOCIATE
INTERNATIONAL ECONOMICS PROGRAM
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After all, austerity is rarely an optional behavior. The poor do not live austerely because, having thought it over, they decided they prefer frugality to big spending. For many countries -- and families -- austerity is a fierce, unavoidable reality. On the other hand, to impose more austerity on those who are already unable to make ends meet is not a valid or sustainable option either.
In any case, the debate goes on, and the confidence with which renowned economists offer their recommendations stands in sharp contrast with their analytical performance or their predictive skills before and during the crisis. Andrew Lo, an economist at MIT, has just published in the prestigious Journal of Economic Literature a reviewof 21 of the most widely commented-on books on the crisis. His conclusion:
"No single narrative emerges from this broad and often contradictory collection of interpretations, but the sheer variety of conclusions is informative, and underscores the desperate need for the economics profession to establish a single set of facts from which more accurate inferences and narratives can be constructed."
In other words, if the best economists and commentators cannot even agree on what the relevant facts and data are to explain the crisis, we shouldn't be surprised if they disagree on what to do to get out of it. Not that they seem to care. The crisis has revealed that intellectual arrogance is one of the occupational hazards of economic fame.
Too much power in too few hands. It is obvious that bad politics is as much a culprit of Europe's policy inaction as are the disagreements among economists. Politics is about power and it is evident that a few governments and financial institutions have acquired a lot of it -- Germany and Angela Merkel or the European Central Bank, for example. Or even a few large global banks and large hedge funds. Yet, their power has so far not been sufficient to impose widely accepted and durable solutions. Or effective ones.
In fact, the more these powerful actors push their policy preferences, the worse the crisis gets. Their power has worked best to stop or water down initiatives that do not suit their interests. Angela Merkel and Germany do not have the power to maintain their position and the big banks are only being reactive, hedging their bets and profiting from the opportunities created by the crisis.
The decision-making process in Europe is strangled by a multitude of actors with the power to veto, constrain, push back, or derail the decisions of the most powerful actors.
Too little power in too many hands. This dilution of power is, in fact, a paradoxical and contradictory aspect of power in our time. Power is becoming harder to use and easier to lose; it is therefore more precarious and ephemeral. Even the most powerful actors face huge limitations in how they can exert it. Besides, they have learned that they can lose it with surprising frequency, and have seen how erstwhile powerful players have been suddenly replaced by other well established rivals or even strange and unexpected newcomers.
Again: Angela Merkel cannot do everything she would like to do, and her options are restricted by a myriad of micro-powers which, while without the strength to impose their own preferences, do have enough power to truncate the range of options available to the more powerful players. Not even the current masters of the financial universe with unimaginable resources at their command can relax and assume that they and their institutions are immune to the strong winds that have upturned leaders and institutions that seemed unassailable and secure.
In today's world, power is greatly fragmented, and the European crisis is the clearest evidence of this trend. Even those who have the most power can influence the course of events only tenuously and indirectly. The crisis keeps going on, because in Europe, nobody has the power to contain it.