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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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quarta-feira, 25 de abril de 2018

Tratado Geral da Mafia - Paulo Roberto de Almeida

Como se diz nos romances envolvendo crimes especialmente escabrosos, qualquer semelhança dos treze postulados abaixo enunciados com a realidade é mera coincidência.

Paulo Roberto de Almeida

  Tratado Geral da Máfia


1. A Máfia é uma associação entre iguais, sendo que alguns desses iguais são mais iguais que os demais. 

2. Os mais iguais da Máfia são inimputáveis e, nessa condição, não reconhecem leis ou regras de não membros, ou de quaisquer outras origens, que pretendam torná-los imputáveis, o que retiraria, na visão deles, o prefixo deste último conceito. Os mais iguais ficam particularmente irritáveis com as limitações legais que os comuns tentam implementar e que possam contrariar os objetivos gerais da Máfia.

3. A Máfia é uma associação voltada exclusivamente para o seu interesse próprio. O interesse próprio da Máfia e dos mafiosos é o poder, de preferência absoluto, sua conquista e sua manutenção. Eventualmente, eles contam com aliados subordinados, contra quaisquer outras forças ou fatores que possam resistir aos seus objetivos. 

4. A defesa do interesse próprio da Máfia é o dever principal e primordial dos iguais e dos mais iguais, sobre quaisquer outros objetivos gerais ou particulares de todos e cada um. Os mais iguais é que dispõem sobre o interesse da Máfia; os demais têm o direito e o dever de segui-los, mais o segundo do que o primeiro.

5. O objetivo geral da Máfia prima sobre os interesses individuais dos mafiosos, que, em nome da obediência estrita a esse objetivo primordial, a ele sacrificarão seus interesses pessoais em favor desse objetivo geral. Tal código de disciplina não é exclusivo da Máfia, sendo comum a determinadas associações corporativas, mas é nela implementado de maneira particularmente eficaz (por vezes hedionda, mas não destinada a ser do conhecimento de almas sensíveis ou de menores de idade).

6. Em contrapartida à fidelidade absoluta e obediência cega às suas principais regras, os membros da Máfia dela recebem total solidariedade, em quaisquer circunstâncias, mesmo quando temporariamente ausentes – geralmente contra a sua vontade – das atividades concebidas e implementadas em favor do objetivo geral da corporação. 

7. Os mais iguais constituem uma família original ou forjam laços similares aos de uma família, havendo solidariedade implícita entre os seus membros, que respondem pelo comportamento de qualquer um dos demais integrantes da família. Os menos iguais terão de ter seu estatuto aprovado por alguma família, antes de poderem ser reconhecidos como membros não originais da família maior, mas a ela deverão solidariedade e obediência, como igualmente exigido de qualquer membro original. Uma vez consolidado esse vínculo, ele se torna indelével e indestrutível. 

8. Como em outras corporações da espécie, os membros da Máfia devem observar as normas de silêncio obsequioso e de estrito cumprimento às ordens dos mais iguais, observadas as regras de disciplina e de hierarquia que costumam imperar nesses meios. A não observância dessas regras pode submeter o inadimplente às sanções habituais em vigor na Máfia, eventualmente de forma definitiva. 

9. A Máfia não professa qualquer religião que não a sua própria, que é estritamente confessional e baseada nas regras gerais e nos princípios da Máfia. Os mais iguais são os altos sacerdotes dessa religião laica, que não possui textos sagrados nem ritos particulares, apenas aqueles que são fixados aleatoriamente pelos mais iguais. A Máfia só deve obediência a um deus: o seu próprio interesse totalitário de manter, ampliar, preservar e eternizar o seu poder. Esse deus é particularmente vingativo.

10. A Máfia tampouco adere a um culto humano qualquer, a não ser ao da seleção determinista dos mais iguais, que devem ser preservados a despeito de quaisquer acidentes naturais e contra quaisquer imponderáveis da fortuna e da sorte. Os demais iguais, como formigas ou abelhas da comunidade, estão ali para preservar o poder dos mais iguais, e assegurar que a espécie tenha continuidade e expansão.

11. A Máfia não se vincula a qualquer ideologia política, a não ser a do seu interesse próprio, que pode conviver com diversas orientações no campo dos regimes políticos e dos sistemas econômicos. Numa analogia superficial, a Máfia se coaduna bem mais com regimes corporativos, fascistas, autoritários, ou mesmo totalitários, e menos com sistemas abertos e transparentes. A Máfia e os mais iguais não pretendem prestar contas de suas atividades e iniciativas a qualquer autoridade que não a dela.

12. Os membros da Máfia têm o dever de contribuir para o fortalecimento, sobretudo financeiro, da corporação, que assume várias formas associativas e identidades. Se algum membro da Máfia enfrentar dificuldades no mundo dos comuns, a corporação lhe presta total solidariedade em quaisquer circunstâncias, determinação ainda mais enfática no caso dos mais iguais, que podem contar com todos os recursos da Máfia. A contrapartida, seguida invariavelmente por todos os membros, é o silêncio e a proteção dos interesses da corporação, de seus negócios e de suas atividades. 

13. A Máfia sempre tem razão, e essa razão é exclusivamente aquela expressa pelos mais iguais. Eventuais opiniões em contrário devem ser confrontadas, e seus emissores devem ser convencidos de que a verdade da Máfia é sempre a melhor, independentemente de quaisquer fatos contrários ou provas circunstanciais. Na ausência de convencimento, ou de reconhecimento explícito, a corporação e seus membros têm o dever de corrigir os recalcitrantes e os obstrutores da verdade da Máfia. Perdas colaterais, por vezes até internas, são admitidas nesse processo, que é estritamente controlado pelos mais iguais. A decisão última sobre a verdade da Máfia pertence aos mais iguais, mas, em última instância, quem decide sobre a melhor verdade é o mais igual dentre os mais iguais.

sábado, 23 de agosto de 2014

Corrupcao companheira: a ponta do iceberg da mafia na Petrobras

O que se sabe, provavelmente, é uma parte mínima de toda a corrupção, montantes reduzidos em relação aos valores efetivos. Por isso os companheiros demonstram tanto empenho em continuar isolando a sua principal caixa-forte, a vaca petrolífera da Petrobras e os negócios escusos associados, assim como também tentam preservar a caixa-preta do BNDES, outra vaca corrupta e corruptora.
Volto a afirmar: nunca antes no Brasil, tinhamos tido uma máfia no poder.
Paulo Roberto de Almeida 
Não vai ter eleição?
Coluna de Merval Pereira, no jornal O Globo, diz que há um fato novo que pode interferir nas eleições de outubro. Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, ameaça: se abrir a boca, "não vai ter eleição".


Diz-se em política que somente dois fatos são importantes: o fato novo e o fato consumado. O fato consumado da morte trágica do ex-governador Eduardo Campos produziu o fato novo da candidatura de Marina Silva, que mudou a eleição. Agora, outro fato novo pode interferir nas eleições de outubro. Atribui-se ao ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso na sede da Polícia Federal em Curitiba, a ameaça de que, se abrir a boca, não vai ter eleição . Seria uma maneira de mandar um recado para seus muitos amigos políticos para que o tratassem bem, e à sua família.

Como nos melhores filmes da máfia, ao ver que não tem chance de se livrar da prisão, e de que empresas de seus filhos começaram a ser investigadas ontem pela PF, Paulinho , como Lula o chamava, resolveu negociar com a Justiça delação premiada, incentivado pela mulher, Marici - que há tempos vinha se desentendendo com o advogado Nélio Machado, ontem trocado pela advogada paulista Beatriz Catta Preta, especialista em delações premiadas.

O depoimento de Costa será para o juiz Sergio Moro, especialista em processos de lavagem de dinheiro que assessorou a ministra Rosa Weber no julgamento do mensalão. Com fama de rigoroso, Moro não soltou imediatamente os doleiros e pediu mais esclarecimentos ao Supremo tribunal Federal quando o ministro Teori Zavascki deu uma liminar soltando todos os acusados pela Operação Lava-Jato.

Deu tempo, assim, para que Zavascki recuasse da decisão inicial, mantendo todos presos por oferecerem perigo de fugir do país. Tudo indica que Costa vai falar o que sabe, o que pode, sim, influenciar as eleições de outubro, não a ponto de inviabilizá-las, mas de atingir políticos importantes em diversos partidos.

Costa é fruto de um dos mais perversos efeitos colaterais do presidencialismo de coalizão, distorcido na era Lula. Indicado por consórcio partidário composto por PP, PMDB e PT, esteve à frente da Diretoria de Abastecimento da Petrobras de 2004 a 2012, saindo de uma espécie de geladeira em que fora colocado por sucessivas diretorias anteriores ao lulismo. Entre outros negócios da estatal, ele estava na diretoria que concretizou a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, contestada pelo Tribunal de Contas da União.

Nos documentos encontrados em sua casa e em empresas pela PF, há muitas indicações de negociatas envolvendo empreiteiras e políticos, tudo junto e misturado com a ajuda do doleiro Alberto Youssef, também preso.

Um deles é o deputado federal André Vargas (sem partido), que está tendo sua cassação pedida pelo Conselho de Ética da Câmara por ter usado jatinho fretado por Youssef para um passeio com a família. Outro, o secretário nacional de Finanças do PT e tesoureiro da campanha de 2010 da presidente Dilma, João Vaccari Neto, acusado de ser um dos contatos de fundos de pensão com a CSA Project Finance Consultoria e Intermediação de Negócios Empresariais, empresa que Youssef usou para lavar R$ 1,16 milhão do mensalão, segundo a PF.

O ex-deputado José Janene, um dos 40 réus no processo do mensalão no STF, morto em 2010, era acusado de ter se apropriado indevidamente de R$ 4,1 milhões, usando como laranja o advogado Carlos Alberto Pereira da Costa, também preso e que fez as acusações a Vaccari Neto dentro de uma negociação de delação premiada.

Ele é réu em duas ações penais: uma sobre supostas remessas fraudulentas para o exterior do laboratório Labogen, de propriedade de Youssef e que pode causar mais danos ao candidato do PT ao governo de SP, Alexandre Padilha; outra de lavagem de dinheiro de Janene por investimentos em uma empresa paranaense. Padilha foi acusado de, como ministro da Saúde, ter aprovado o Labogen, que servia de fachada para o doleiro enviar dinheiro para o exterior.

Documentos apreendidos com Costa, e que ele tentou destruir, mostram uma contabilidade detalhada sobre repasses de empreiteiras para campanhas políticas. Anotações do ex-diretor registram, por exemplo, o repasse, em 2010, de R$ 28,5 milhões ao PP, partido da base aliada cujo líder à época do mensalão era Janene, um dos responsáveis pela indicação de Costa ao cargo.

As empreiteiras citadas no documento são Mendes Júnior, UTC, Constran, Engevix, Iesa, Toyo Setal e Andrade Gutierrez. Mesmo que fale tudo o que sabe, vai haver eleição, assim como houve a Copa. Resta saber com que candidatos.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

A mafia, ou o PT, uma unica e mesma coisa - Merval Pereira

Alguma surpresa nisso?
Leiam o meu Tratado Geral da Mafia: http://diplomatizzando.blogspot.com/2013/12/tratado-geral-da-mafia-treze-rapidos.html
Paulo Roberto de Almeida 

POLÍTICA

A banalização do crime

Merval Pereira, O Globo, 13/08/2014

Sem ter como desmentir as recentes denúncias de manipulação criminosa, os governistas e sua vasta rede de militantes que atuam na internet passaram a uma bem orquestrada ação de banalização dessas atividades ilegais, como se fossem corriqueiras. É o caso da preparação dos ex-diretores da Petrobras para depoimentos na CPI que apura a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, acusada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) de prejudicial aos cofres da empresa.
A própria presidente Dilma abriu essa discussão ao acusar publicamente o ex-diretor Nestor Cerveró de ter produzido um relatório falho tecnicamente, que induziu o Conselho Administrativo da Petrobras, presidido por ela na ocasião, ao erro de aprovar uma transação que se mostrou equivocada. Pois bem, como é sabido a Petrobras demitiu Cerveró, que à época trabalhava na BR Distribuidora, e a própria presidente da estatal, Graça Foster, admitiu no Congresso que aquela não fora uma boa compra. Descobre-se agora que a Petrobras está pagando as multas com que os ex-diretores foram punidos pelo TCU, e que todos eles, inclusive o culpado pelo prejuízo, estavam recebendo orientações especiais e treinamento para o depoimento na CPI da Petrobras.
Não bastasse a estranheza de a estatal prejudicada bancar a defesa de ex-diretores acusados de malversação de dinheiro público, gravações de uma reunião na sede da Petrobras revelaram que a chegada de Cerveró à sede da empresa foi cercada de preocupações e cautelas para que sua presença não fosse notada. E que as perguntas que seriam feitas a ele e a outros diretores já estavam previamente preparadas pelos próprios membros da CPI da base aliada do governo.
O ministro das Comunicações Paulo Bernardo, para justificar essa tramoia, deu uma declaração absolutamente absurda: segundo ele, desde Pedro Álvares Cabral, as CPIs são arranjadas. Esqueceu-se de que a CPI que derrubou o então presidente Collor foi liderada pelo PT, e que outras, como a dos Correios, acabaram levando à cadeia diversos líderes petistas envolvidos no mensalão.
Na verdade, as CPIs, um instrumento das minorias, sempre tiveram papel importante no desvendar de atos corruptos, e só quando a maioria resolve boicotá-la é que se transforma em uma farsa como a da Petrobras. Na própria gravação é possível ouvir os advogados da Petrobras procurando uma maneira segura de enviar as perguntas a José Gabrielli, ex-presidente da Petrobras, o que não seria necessário se não fosse um ato escuso. Treinar os depoentes em CPIs é uma coisa, montar uma farsa com perguntas previamente combinadas é outra muito diferente. A mesma coisa acontece com o caso dos perfis da Wikipédia alterados por pessoas de dentro do Palácio do Planalto.
Que a Wikipédia é um ambiente aberto a todos, ninguém discute. Mas a inclusão de informações inverídicas e calúnias no perfil de alguém não pode ser considerada normal. Especialmente se essas ações são feitas no Palácio do Planalto, de onde saíram mais de 200 alterações em diversos perfis, muitas para incluir elogios a pessoas do governo, outras para atacar jornalistas independentes como Míriam Leitão ou Carlos Alberto Sardenberg.
A própria presidente Dilma, ao repudiar a ação, cometeu um ato falho ao dizer que “nesse caso específico, é algo que quem quiser fazer individualmente que faça, mas não coloque o governo no meio.” A fala da presidente é reveladora de uma maneira de pensar a luta política: distorcer informações sobre pessoas consideradas inimigas do governo pode ser uma atividade política que alguns utilizam, desde que não coloque embaraços para o governo.
Que a guerrilha virtual é uma atividade corriqueira dos petistas, já é sabido. A novidade, que agrava a situação, é que agora essa prática criminosa está sendo feita de dentro do Palácio do Planalto, numa demonstração de que não há mais um mínimo de separação entre o governo e a campanha eleitoral, até mesmo nas ações mais baixas. É uma ação de guerrilha de dentro do palácio do governo. Como a presidente pode lavar as mãos? Não há cadeia de comando? Nem dentro do Planalto? Como o Gilberto Carvalho pode dizer que foi “uma bobagem” e ficar tudo bem?
Nesse caso, pelo menos politicamente, o ônus da prova se inverte. É a Presidência que precisa entregar o culpado e provar que era um aloprado celerado agindo por conta própria. Caso contrário, é como se o Nixon dissesse que quem instalou aquelas escutas no prédio Watergate foram uns aloprados do Partido Republicano. 

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Tchan, tchan, tchan: com voces, os sovietes brasileiros, em carne eosso...

Atualmente, bem mais carne do que osso, obviamente, com as gordas tetas do Estado (isto é, o seu, o meu, o nosso dinheiro), alimentando suas bocas glutonas, e seus bolsos ávidos de reais, de dólares, de cargos, de prebendas, enfim, burgueses do capital alheio, como já disse um jornalista muito conhecido...
Abaixo, a lista dos órgãos companheiros que vão nos representar, caso passe o decreto bolivariano.
Paulo Roberto de Almeida 

UMA MOSTRA DE QUEM SÃO OS MOVIMENTOS SOCIAIS QUE VÃO NOS "REPRESENTAR" NO SISTEMA ESTATAL DE PARTICIPAÇÃO DO GOVERNO

Está rolando por aí uma tal Cartilha Plebiscito por um Novo Sistema Político. Trata-se de uma publicação da Plenária Nacional dos Movimentos Sociais editada pela CUT.

Muito interessante ver os signatários do documento para termos uma ideia do tipo de movimentos sociais que o governo quer que representem o povo nas instâncias participativas previstas no Decreto 8.243/14.

É incrível que o PT seja o único partido presente (ele também se acha movimento social). Mas mesmo que o PT não tivesse a cara de pau de assinar a lista, não importa: examinem a composição desses movimentos, procurem saber quem dirige cada um deles, em que partido militam e em quem votaram essas pessoas nas últimas quatro eleições presidenciais.

Perda de tempo, é claro. É tudo aparelho do PT (ou dos partidos marxistas-leninistas aliados). Alguns autointitulados movimentos sociais (como o MST) são, na verdade, organizações políticas marxistas-leninistas disfarçadas. E nenhum deles é, stricto sensu, movimento social: são organizações hierárquicas regidas por modos autocráticos. Seus dirigentes, via de regra, apoiam ditaduras como a cubana e a venezuelana.

São esses "movimentos sociais" que vão participar em nosso nome? Ei! Calma lá! Vamos perguntar aos redatores do decreto (aqueles que defendem ditaduras como a cubana e a venezuelana): afinal é participação ou representação?

Estão entendendo o embuste? Façam uma pesquisa na lista abaixo:

• Agenda Pública/SP
• Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB)
• Assembleia Popular
• Assembleia Popular/PB
• Associação Brasileira de ONGs (ABONG)
• Associação Brasileira dos Pesquisadores pela Justiça Social (ABRAPPS)
• Central de Movimentos Populares (CMP)
• Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)
• Central Única dos Trabalhadores (CUT)
• Centro de Direitos Humanos e Cidadania do Imigrante (CDHIC)
• Comissão Pastoral da Terra (CPT)
• Confederação Nacional das Associações de Moradores (CONAM)
• Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimento de Ensino (CONTEE)
• Conselho Indigenista Missionário (CIMI)
• Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB)
• Consulta Popular
• Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS)
• Coordenação dos Movimentos Sociais Paraná (CMS/PR)
• Coordenação Nacional de Entidades Negras (CONEN)
• Federação dos Sindicatos de Engenheiros (FISENGE)
• Federação dos Trabalhadores Urbanitários do Estado de São Paulo/SP
• Federação Nacional dos Urbanitários (FNU)
• Federação Única dos Petroleiros (FUP)
• Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES)
• Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC)
• Frente de Lutas de Juiz de Fora
• Frente Nacional dos Torcedores
• Grito dos Excluídos
• Instituto de Estudos Socioeconômicos (INESC)
• Jubileu Sul
• Juventude Revolução
• Levante Popular da Juventude
• Marcha Mundial de Mulheres
• Movimento Camponês Popular (MCP)
• Movimento de Combate a Corrupção Eleitoral (MCCE)
• Movimento de Mulheres Camponesas (MMC)
• Movimento de Pequenos Agricultores (MPA)
• Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)
• Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Campo (MTC)
• Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST)
• Movimento Nacional pela Soberania Popular Frente a Mineração (MPMPL - Juiz de Fora/MG)
• Movimento Popular Pró Moralização do Legislativo (MAM)
• Movimento Reforma Já
• Partido dos Trabalhadores (PT)
• Pastoral da Juventude Rural (PJR)
• Pastoral da Moradia
• Pastoral do Imigrante
• Pastoral Fé e Política
• Pastoral Fé e Política de Jundiaí/SP
• Pastoral Fé e Política de Salto/SP
• Pastoral Fe e Política de Várzea Paulista/SP
• Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma Política
• Rede fale
• Rede Nacional de Advogados Populares (RENAP)
• Sindicato dos Advogados de São Paulo (SASP)
• Sindicato dos Eletricitários (SINDIELETRO/MG)
• Sindicato dos Energéticos do Estado de São Paulo (SINERGIA)
• Sindicato dos Engenheiros (SENGE/PR)
• Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte (SINDIBEL)
• Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba (SISMUC)
• Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente (SINTAEMA)
• Sindicato Unificado dos Petroleiros de SP
• União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES)
• União de Negros pela Igualdade (UNEGRO)
• União Estadual dos Estudantes (UEE/MG)
• União Nacional de Estudantes (UNE)
• Via Campesina Brasil

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Copa-estadios superfaturados: sim, vivemos na Republica Federativa da Mafia...

Uol Notícias, 4/04/2014
O estádio Mané Garrincha, propagandeado pelo governo federal e pelo Distrito Federal como um exemplo de sucesso de público e renda, pode levar até cerca de mil anos para recuperar aos cofres do DF o valor investido na obra. A arena teve um resultado operacional de R$ 1,371 milhão no primeiro ano de funcionamento -- um período em que o estádio recebeu 30 eventos entre jogos e shows, incluindo uma apresentação da cantora norte-americana Beyoncé e a partida de maior renda na história do Campeonato Brasileiro. O custo total da obra é até agora calculado em R$ 1,6 bilhão pelo TC-DF (Tribunal de Contas do Distrito Federal). Neste ritmo o estádio irá levar exatos 1.167 anos para recuperar o que custou. 
Considerada a previsão do tribunal de contas de que o custo chegará a R$ 1,9 bilhão quando todas as obras de sustentabilidade e no entorno do local estiverem concluídas e a taxa de ocupação se mantenha no mínimo como neste primeiro ano -- tido como "um êxito" pelo ministro do Esporte, Aldo Rebelo, e "um exemplo contra o derrotismo" pelo secretário-executivo da pasta, Luis Fernandes -- o tempo para retorno do investimento chega a 1.385 anos. A conta não considera oscilações nas taxas de câmbio, inflação e outras variantes no período.
O Mané Garrincha em Brasília é o estádio mais caro dentre os 12 construídos ou reformados para a Copa do Mundo, e irá receber sete partidas da competição este ano. Até agora, o local recebeu uma média de um evento a cada duas semanas e meia.
De acordo com o governo do DF, de maio, quando a arena foi inaugurada, até agora, a arrecadação para os cofres públicos com aluguel e taxas de uso do espaço foi de R$ 2,871 milhões. Como a conta de luz e água custou R$ 1,5 milhão ao governo no mesmo período, o Mané Garrincha rendeu R$ 1,371 milhão líquido nos primeiros 11 meses de funcionamento.
Segundo a Secopa-DF (Secretaria Especial da Copa do Mundo do Distrito Federal), na conta não está incluído o custo de manutenção do espaço, já que a construção possui cinco anos de garantia e outros 20 anos para a cobertura. Dos custos também está excluído o que é gasto com pessoal e material de segurança e limpeza.
"Estes serviços são realizados por contrato celebrado pela Secretaria de Planejamento, para atender a diversos órgãos do GDF. Ou seja, não se trata de um contrato exclusivo para atender a arena brasiliense", afirma a Secopa-DF por meio de sua assessoria de imprensa. "É importante destacar que a grande demanda por serviços de limpeza e segurança no estádio ocorre durante os eventos e, portanto, as despesas são de responsabilidade dos organizadores", completa a nota enviada à reportagem.
Assim, se incluirmos o preço fixo de limpeza e segurança e o fato de que daqui a cinco anos a manutenção ficará por conta do governo do DF, o custo operacional deve elevar-se ainda mais. Até o final de 2014, está prevista a inauguração do sistema e captação de energia solar, o que deve baratear a conta de luz.
'Elefante dourado'
No dia 26 de maio, o Mané Garrincha recebeu a partida de maior renda na história do Brasileirão: o jogo entre Santos e Flamengo, despedida de Neymar do time da Baixada Santista, gerou uma arrecadação na bilheteria de R$ 6,9 milhões de acordo com a CBF. Foi também o maior público da edição do campeonato, com 63.501 torcedores. Apesar disso para o dono do estádio de 72 mil lugares, o governo do DF, a renda com o aluguel foi de apenas R$ 4 mil. 
Em 2013, o Mané Garrincha recebeu 10 jogos do Brasileirão e, com eles, também obteve a melhor média de público do campeonato, com cerca de 36 mil pessoas por jogo. Desde inaugurado, o estádio já recebeu 655 mil pessoas ao todo. Foram 24 partidas de futebol -- entre campeonatos Brasileiro e Brasiliense, abertura da Copa das Confederações e um torneio internacional de futebol feminino -- três shows e dois eventos institucionais.
Os números autorizaram o ministro do Esporte a referir-se à arena como "elefante dourado" em entrevistas e pronunciamentos oficiais, para contrapor o sucesso ao temor que o estádio de Brasília se tornasse um "elefante branco".
"Já está consagrado o êxito da reconstrução do Mané Garrincha. Isso é importante para Brasília, e muito mais para o Brasil", afirmou Aldo Rebelo nesta terça-feira (1), durante inspeção da Fifa e do COL (Comitê Organizador Local) no local. "A Copa, para nós, é uma oportunidade de ouro que significa a geração de milhares de empregos", emendou o governador do DF, Agnelo Queiroz. "Sempre que somos questionados sobre elefantes brancos, apresentamos como grande exemplo o Mané Garrincha, contra esse derrotismo", arrematou o secretário-executivo do Ministério do Esporte.
Na ocasião o titular da Secopa-DF, Claudio Monteiro, irritou-se com a pergunta de jornalistas sobre a suspeita do TC-DF de que a obra da arena tenha tido um superfaturamento de pelo menos R$ 400 milhões. "É a turma do fura-bolo, que quer estragar a festa", disse, prometendo que vai responder um a um os questionamentos do órgão de controle.
Contradição
O que existe é uma contradição: enquanto o estádio gera lucros para quem usa o espaço  -- sejam jogos de futebol de times grandes ou shows internacionais -- a arrecadação é baixa para o governo, tendo em vista que conseguiu para os cofres públicos apenas R$ 2,871 milhões em quase um ano, mesmo com todo esse sucesso. Até agosto do ano passado, o aluguel da arena possuía um custo fixo de R$ 4 mil, independentemente do porte do evento.
A partir de então, um decreto assinado pelo governador definiu uma nova tabela de preços. Além dos custos operacionais, quem quiser usar o estádio para um jogo de futebol tem de pagar 15% do valor da renda bruta a título de aluguel. No caso dos clubes fecharem pacotes de quatro ou mais jogos, a taxa cai para 13%. As seleções brasileiras não pagam nada para jogar ali.
O decreto prevê ainda uma tabela de preços para utilização do Mané Garrincha em eventos culturais, religiosos, artísticos, educacionais e recreativos. Para uso apenas do gamado e da arquibancada inferior o aluguel sai por R$ 200 mil. Com a inclusão da área VIP, sobe para R$ 250 mil. Para utilização também dos camarotes o valor é de R$ 300 mil. O custo para uso de todo o estádio é de R$ 500 mil ou 13% da renda bruta do evento, considerado o maior valor entre os dois.
Futuro incerto
Além dos sete jogos da Copa do Mundo, que não geram renda ao governo, e outras seis partidas anunciadas nesta semana pelo titular da Secopa-DF (finais do Candangão, a final da Copa Verde, em abril, Botafogo x Goiás pelo Brasileirão, um jogo da Copa do Brasil e uma partida ainda indefinida), o calendário está indefinido para o Mané Garrincha após a Copa.
De acordo com a Secopa-DF, há conversas para mais partidas do Campeonato Brasileiro e para shows, mas nada concreto. Em 2016 a arena deve receber partidas do futebol olímpico, e em 2019 a Universíade.
No que depender do futebol brasiliense, o estádio só não fica vazio em uma final. "Para abrir o estádio precisa de uma empresa de limpeza com 50 funcionários, e mesmo para usar apenas o anel inferior você precisa de pelo menos 200 brigadistas", diz Regis de Carvalo, gerente de futebol do Brasília, time local.
"A média de um jogo, por baixo, é R$ 60 mil. Numa partida final você até consegue fazer uma renda superior a esse valor. Mas num jogo local entre times do Campeonato Brasiliense você não consegue", diz. A média de público do time no campeonato local foi de 500 pessoas. 
De acordo com a FBF (Federação Brasiliense de Futebol), os ingressos custam de R$ 1 a R$ 20. "Geralmente acabamos com jogos deficitários, isso sem usar o Mané Garrincha", resume a situação Josafá Dantas, presidente da entidade. "Outros campeonatos também têm rendas baixas. E se você comparar nosso futebol com o de outras regiões, ainda somos debutantes. Somos mais novos. Isso não quer dizer que não tenhamos de lutar para melhorar", completa.
'Não se paga a curto prazo'
"Ressaltamos que os resultados financeiros de shows, partidas de futebol e demais eventos realizados no Mané Garrincha não devem ser mensurados tendo em vista tão somente o retorno para a arena. Nem o Estádio Nacional de Brasília nem qualquer outra arena do mundo se paga em curto prazo", diz a assessoria de imprensa da Secopa-DF. "Não se pode aferir a eficiência do estádio se baseando, apenas, na geração de lucro financeiro. O estádio é um instrumento de desenvolvimento econômico e social para todo o Distrito Federal. E já vem demonstrando isso".
Segundo o governo do DF, cada evento no estádio injeta cerca de R$ 12 milhões na economia local e gera pelo menos dois mil empregos. Diz que quando há atividade no local, o faturamento do comércio no entorno da arena aumenta em até 30%. 

A Secopa-DF afirmou, em diversas repostas ao UOL Esporte ao longo do último ano, que prepara um edital de licitação para fazer uma concessão do local à iniciativa privada, mas até agora não há prazo para isso acontecer nem apareceram interessados no projeto.
Veja Também

Petrobras-Pasadena: vivemos na Republica Federativa da Mafia? - Valor Economico

A avalanche de dados impressionantes sobre esses escândalo de Pasadena vai muito além, MUITO ALÉM, de Pasadena. Começou antes, continuou durante toda a gestão companheira, e continua ainda agora, pois os mesmos companheiros continuam à frente da companhia, e de seus Conselho, e atuam desesperadamente para impedir que a sociedade tome conhecimento desses... "malfeitos", como diria alguém.
Não querem que a sociedade saiba, não querem que o Parlamento examine essa podridão, não querem sequer que se discuta a questão.
Os fundamentalistas do partido totalitário fazem apenas o seu trabalho de disciplina cega. Os responsáveis são os donos do empreendimento, infelizmente muito conhecido por outro nome em outras circunstâncias.
Em que país vivemos?
Paulo Roberto de Almeida

Gastos com refinaria ultrapassam US$ 1,5 bilhão
Por Cláudia Schüffner | Do Rio/
Valor Econômico, 4/04/2014

Os bastidores das negociações na Petrobras para a compra da refinaria de Pasadena, em 2005, mostram que a negociação causou uma série de negócios ruinosos para a estatal que ainda não foram totalmente esclarecidos. Vários documentos produzidos pela Petrobras, inclusive relatórios em resposta a auditores, e um conjunto de atas das reuniões da diretoria executiva e do conselho de administração às quais o Valor teve acesso, mostram que logo depois da compra já era possível notar que a refinaria de Pasadena tinha sérios problemas operacionais e ambientais. E eles poderiam ter sido detectados no período de "due dilligence", quando se estudam os ativos e que normalmente ocorre no período após o acerto para compra e antes do pagamento. No caso de Pasadena, esse período durou de fevereiro até setembro de 2006.
Uma auditoria da empresa Sage Environmental Consulting feita em maio de 2005 tinha detectado vários problemas. Essa avaliação foi mencionada sete anos depois da compra, em documento da área internacional produzido em 2012 e que respondia a uma auditoria interna da estatal. Investimentos posteriores da Petrobras na refinaria, que até hoje não produz gasolina nos padrões exigidos pela regulação americana, elevaram o investimento da Petrobras na refinaria texana para cerca de US$ 1,6 bilhão. Mas o valor pode superar os US$ 2 bilhões quando forem conhecidos os resultados de Pasadena, que não são divulgados separadamente mas sim dentro do resultado de todas as áreas internacionais reunidas em uma subsidiária no exterior.
Os problemas ambientais e a necessidade de investimentos na refinaria foram obscurecidos pela briga entre os sócios, cujos detalhes começaram a vir a público no último mês. Os primeiros pedidos de recursos para investimento na refinaria americana surgiram em 2006, quando a Astra ainda era sócia. Pela sequência de investimentos e contratos subsequentes, fica difícil compreender por que essa refinaria não foi vendida antes.
Na reunião do dia 21 de setembro de 2006, um ano depois da compra de Pasadena, o então diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, propôs que a diretoria autorizasse "investimentos típicos de fases mais avançadas do Revamp [expansão] de Pasadena" e que os representantes da Petrobras no "board e superboard" (esse último o comitê gestor formado por representantes dos sócios) aprovassem orçamento de gastos de US$ 61,87 milhões. O Revamp é um investimento para ampliação e modernização da refinaria, para que ela pudesse processar o óleo pesado brasileiro extraído do campo de Marlim.
O representante da Petrobras no comitê gestor que a presidente da estatal Graça Foster disse recentemente desconhecer era o ex-diretor de Refino e Comercialização Paulo Roberto Costa, preso pela Polícia Federal em 20 de março, em uma operação para desbaratar um esquema de lavagem de dinheiro. O valor proposto por Cerveró para início do obra, segundo a ata, correspondia à participação acionária da estatal, podendo atingir um máximo de US$ 123 milhões.
Dois meses depois, na reunião de diretoria do dia 16 de novembro de 2006, foi proposta a assinatura de uma carta de intenção, sem licitação, com a construtora Norberto Odebrecht para essa obra. A proposta foi levada à diretoria pelo então gerente executivo de engenharia, Pedro Barusco, representando o diretor de Serviços, Renato Duque, e não o diretor internacional (Cerveró). Barusco submeteu o pedido de autorização para que o representante no superboard (Paulo Roberto Costa) atuasse "de modo a obter a concordância" daqueles colegiados para assinatura da carta de intenção com a Odebrecht.
Em fevereiro daquele ano, o assunto veio à tona novamente. Outra ata mostra que Cerveró recomenda à Petrobras America Inc (PAI) que "participe nos investimentos de adaptação da refinaria de Pasadena ao processamento de petróleo Marlim". O custo avaliado então era de US$ 588 milhões para a Petrobras. Considerando-se que a brasileira tinha 50%, é possível supor que o investimento total - a ser feito pela Odebrecht sem concorrência - seria de US$ 1,176 bilhão. A ampliação e adaptação da planta nunca ocorreram.
Cerveró deixou a Petrobras em março de 2008. Em maio daquele ano, seu sucessor, Jorge Zelada, fez sua estreia no colegiado com proposta para obras do chamado Plano de Ação na Área de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS). A diretoria aprovou, mas submeteu o assunto ao conselho de administração. Graça Foster, então diretora de Gás e Energia, não participou da segunda reunião. Em setembro de 2009, o assunto SMS voltou à pauta. Jorge Zelada pediu que a diretoria recomendasse à Petrobras América "a continuidade" do plano de SMS e "confiabilidade operacional da Refinaria de Pasadena".
Na exposição de motivos Zelada afirmava ainda que o desembolso previsto no plano anual de negócios da Petrobras de 2009 era de US$ 89 milhões, provavelmente em referência aos valores destinados aos Estados Unidos. Não fica claro se esse gasto aconteceu. Um ano depois, na reunião de diretoria de 30 de setembro de 2010, Zelada já apresentou a Odebrecht como vencedora de uma licitação que posteriormente foi questionada pela auditoria interna. O preço era de US$ 825,66 milhões para fazer serviços em nove países. Esse valor já trazia um "desconto" com relação ao preço inicial, de US$ 850 milhões.
Um dado curioso sobre esse contrato de SMS é que a Petrobras já tinha manifestado a intenção de vender vários ativos internacionais em alguns dos países contemplados pelo contrato "guarda-chuva". Mesmo assim, a Odebrecht assinou o contrato em outubro de 2010. Previa serviços de SMS para a Petrobras, como limpeza e troca de tanques de armazenamento nos vários postos de combustíveis nos diversos países e também em gasodutos, oleodutos e refinarias. Os países atendidos eram Paraguai, Uruguai, Argentina, Equador, Chile, Colômbia, Bolívia, Japão e Estados Unidos.
A refinaria San Lorenzo, na Argentina, tinha sido vendida em maio de 2010 por US$ 36 milhões que somados a 386 postos de serviços e estoques renderam à estatal brasileira US$ 110 milhões, restando apenas a de Bahía Blanca. Mesmo assim, o preço estabelecido no contrato de SMS para a Argentina previa investimento inicial de US$ 305 milhões - quase três vezes o custo de San Lorenzo e da rede de postos vendida. O valor foi reduzido posteriormente para US$ 182 milhões. Em novembro daquele ano o então presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, informava ao Valor que analisava a venda das refinarias no exterior para ajuste de portfólio.

Em alguns casos, o valor dos serviços a serem pagos para a Odebrecht estava próximo do preço de aquisição dos ativos. É o caso da rede de postos do Paraguai, Uruguai e Colômbia, que juntos custaram US 140 milhões em dezembro de 2005 e cujo SMS custaria quase US$ 86 milhões, somando-se os valores estipulados inicialmente para cada um dos três países. Uma fonte informa que o contrato não foi efetivado na Colômbia (onde estavam previstos US$ 31,3 milhões), enquanto que no Paraguai foram gastos US$ 47 milhões, mais que os US$ 38 milhões aprovados inicialmente, devido a problemas ambientais encontrados.
Voltando à gênese desse contrato, o colegiado aprovou os US$ 825,6 milhões ressalvando que os serviços relativos às refinarias Bahía Blanca (Argentina), Okinawa (Japão) e Pasadena (Estados Unidos) fossem apresentados aos demais diretores antes de sua execução e que os serviços executados fossem os "essenciais à segurança operacional, pessoal, da saúde e do meio ambiente". Nas atas às quais o Valor teve acesso, não se vê nenhum estranhamento com o fato de a licitação ter sido desenhada para um bloco de países, quando é possível imaginar que empresas no Japão teriam custo menor para qualquer obra em Okinawa, o mesmo acontecendo no Texas, um dos berços da indústria de petróleo ocidental.
Como o conselho pediu apresentação prévia dos orçamentos para as refinarias, em março de 2011 Zelada submeteu ao colegiado contrato de US$ 175,959 milhões para Pasadena. Na ata, o ex-diretor internacional explica que o contrato com a Odebrecht Construction Inc pedindo que a controladora recomendasse à Petrobras America, subsidiária integral da Petrobras nos Estados Unidos, fosse orientada a contratar "de imediato", a empresa da Odebrecht para o início dos trabalhos.
A ata diz ainda que o diretor financeiro, Almir Barbassa, registrou a "necessidade de avaliação prévia acerca da viabilidade econômica da refinaria". A execução do contrato de SMS nos Estados Unidos tinha orçamento inicial de US$ 191 milhões, mas com desconto o valor caiu para US$ 175 milhões, todos para a refinaria Pasadena. Do total, uma fonte explicou que nem tudo foi executado, porque um equipamento chamado Sistema de Lavagem de Gás foi comprado, mas não foi instalado. Com isso, faltaram ser executados US$ 14 milhões, segundo a fonte, que foram deduzidos no final.
Um dos inúmeros problemas no contrato de SMS apontados em 2012 pela auditoria interna da Petrobras, quando Graça Foster já ocupava a presidência da estatal e interinamente a diretoria da área internacional (que ela acumula até hoje), é que a licitação foi feita às pressas. O prazo inicial era de 20 dias, que foram esticados para 35 dias. Entre os vários vícios apontados pela auditoria interna da estatal realizada em outubro de 2012, estava a inexistência de uma cópia do edital em língua inglesa (numa concorrência internacional) e a exigência de preenchimento manual de 8,8 mil itens das planilhas de preços, só para citar alguns. Participaram as gigantes japonesas Mitsui e Marubeni, o mesmo acontecendo com as americanas KBR (novo nome da Halliburton) e a Bechtel. Mas as estrangeiras perderam, assim como as brasileiras Construtora Andrade Gutierrez e Construtora OAS. A Construtora Camargo Corrêa declinou do convite.
Uma fonte envolvida disse, no ano passado, que o chefe da auditoria da Petrobras, Gerson Luiz Gonçalves, considerou esse o pior contrato que ele tinha visto em seus 35 anos na estatal. Lendo o relatório, vê-se o porquê. Segundo dados da auditoria interna, a Atnas Engenharia, empresa contratada pela Petrobras para fiscalizar o contrato com a Odebrecht - pelo qual foram pagos R$ 29 milhões - fez um diagnóstico concluindo que "80% dos projetos analisados não possuíam dados suficientes para a sua execução". Os auditores também consideraram que houve superdimensionamento de custos entre as diversas irregularidades identificadas. Os auditores apontaram ainda o fato de o contrato definir pagamentos de 11% para mobilização e 29% para supervisão do contrato, uma quantia equivalente a US$ 330,9 milhões "dissociados de qualquer dos serviços contratados".
Também foram encontrados gastos de mobilização no Brasil de US$ 33 milhões, onde não havia nenhuma obra a ser feita. Na resposta aos auditores, a área internacional informou que a centralização dos serviços em nove países possibilitaria "ganhos de escala, com serviços geridos sob uma única estrutura de gestão", ressaltando ainda redução de custos indiretos. Sobre a mobilização no Brasil, a área explicou que "uma vez que o contrato possua um caráter não permanente em diversos países a serem mobilizados, espera-se também uma quantidade de expatriações e movimentações de funcionários da contratada através do seu referente custeio a partir dos custos de supervisão, como por exemplo, adicionais por transferência, pagamento de aluguéis, escolas, retorno à base a partir da política de expatriação e outros".
Em 2012, Graça Foster passou a investigar esse contrato e forçou uma redução e o valor final pago para a Odebrecht, que em janeiro de 2013 acabou ficando em US$ 481 milhões. Como não haviam sido feitos desembolsos na Colômbia, Bolívia, Equador e Japão, uma parte dos valores referentes a esses países puderam ser deduzidos do preço inicial. No Brasil, por exemplo, o orçamento de US$ 83,2 milhões ficou por US$ 62,9 milhões. Já tinham transcorridos os três anos previstos inicialmente e o contrato foi encerrado em fevereiro de 2014, apesar da possibilidade de ser prorrogado.
Em nota enviada ao Valor sobre a diminuição dos valores, a Odebrecht Engenharia Ambiental afirma que "a redução foi consequência da diminuição do escopo dos contratos, decorrência do plano de desinvestimentos da Petrobras no exterior, no qual a prestação de serviços, originalmente prevista para nove países, foi reduzida para quatro". E esclareceu ainda que "as obras contratadas já foram concluídas e entregues".
Na nota, a Odebrecht negou irregularidade nos contratos com a Petrobras, que segundo a empresa foram "conquistados legitimamente por meio de concorrências públicas". A companhia também afirma que sua proposta "foi elaborada com base no processo licitatório lançado pela Petrobras, com informações necessárias para a formação de preços". A Odebrecht disse ainda que "desconhece o relatório da auditoria interna da Petrobras em relação aos contratos".

Considerando-se apenas os contratos aprovados nas reuniões cujas atas o Valor teve acesso, a "conta" de Pasadena já chega a quase US$ 1,6 bilhão. Além dos US$ 1,18 bilhão gastos na aquisição de 100% da refinaria de Pasadena, os gastos da estatal foram bem acima desse valor. É preciso acrescentar, por exemplo, os US$ 175 milhões gastos só no contrato de SMS (para adequar as instalações para atender as normas de saúde, meio ambiente e segurança dos funcionários) com a Odebrecht. Mas não é só. Diversas atas das reuniões da diretoria executiva da Petrobras obtidas mostram aprovações para investimentos diversos em Pasadena com pedidos de autorização para remessas ou a contratação de serviços que somam US$ 218 milhões com diversas empresas. Com elas e mais o SMS, chega-se à quantia de US$ 400 milhões gastos pela Petrobras.
Atas das reuniões do colegiado entre outubro de 2008 e janeiro de 2011 mostram pedidos de autorização para contratação de diversas empresas que fariam reparos nos sistemas de tancagem, para fornecimento de gás, serviços de manutenção e até para conserto da unidade de craqueamento catalítico fluido (FCC) que é um dos sistemas mais importantes de uma unidade de refino. Não fica claro porque esses investimentos, que deviam ser resolvidos pelos executivos da empresa nos Estados Unidos, tiveram que ser levados à diretoria no Rio de Janeiro.

Na página da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, na internet, aparecem várias autuações do órgão ambiental contra Pasadena. A agência, que é equivalente ao Ibama brasileiro, aplicou multas de US$ 322,269 mil na refinaria de Petrobras por violações à regulação ambiental e que mostram que essa refinaria continua sendo um pesadelo para a Petrobras. Ela já teve dois incêndios e em dezembro de 2011 houve um de grandes proporções na unidade de coque que, segundo documento produzido na estatal ao qual o Valor teve acesso, causou "praticamente a destruição total da unidade". Mas não foi o único. Mesmo assim a refinaria foi retirada da lista de ativos à venda, pois o preço baixo da oferta recebida pela Petrobras, próxima de US$ 100 milhões, faria com os prejuízos da estão nessa unidade sejam cristalizados no balanço.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

A frase da semana, do mes, do ano...

“É assim que essa gente age… como a Máfia, primeiro tentam desqualificar o denunciante, depois, partem para cooptá-lo, por fim, no desespero, partem para coisa pior…” 
Romeu Tuma Jr.
10/12/2013

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Veja os crimes "politicos" dos presos "politicos": meteram a mao na grana, com a little help do guia genial dos povos

Reinaldo Azevedo, 22/11/2013

Pois é… Que José Genoino se recupere plenamente! Até para que possa responder à Justiça pelos crimes do mensalão pelos quais já está condenado — por corrupção ativa (4 anos e 8 meses), pena executada, e formação de quadrilha (2 anos e 3 meses), objeto de embargos infringentes. Só que as coisas não param por aí. Lembram-se dos empréstimos fraudulentos do BMG às empresas de Marcos Valério e ao PT? Pois é. Resultaram na Ação Penal 420. Corria no Supremo. Só que José Genoino, único réu que tinha foro especial por prerrogativa de função, deixou de tê-lo. Então o processo foi enviado para a 4ª Vara Federal de Belo Horizonte. Ocorre que ele voltou a ser deputado, e a ação retornou ao Supremo.
ATENÇÃO! NESSE PROCESSO DO BMG, GENOINO FOI CONDENADO NA PRIMEIRA INSTÂNCIA A QUATRO ANOS DE PRISÃO POR FALSIDADE IDEOLÓGICA. Aliás, esse é o caso em que as digitais de ninguém menos do que Luiz Inácio Lula da Silva aparecem de modo insofismável. O relator dessa ação no Supremo é o ministro Marco Aurélio. O revisor é Gilmar Mendes.
Se a pena for confirmada pelo Supremo, mesmo que Genoino escape da imputação de quadrilha, sua condenação será superior a oito anos — o que rende, em circunstâncias normais, regime fechado.
O caso BMG
- No dia 17 de fevereiro de 2003, o BMG “emprestou” ao PT R$ 2,4 milhões. José Genoino assinou pelo partido.
- No dia 20 de fevereiro, Marcos Valério levou Ricardo Guimarães, presidente do banco, para um encontro como Palácio do Planalto com… José Dirceu.
- Cinco dias depois dessa reunião, o BMG liberou um empréstimo de R$ 12 milhões, desta vez para uma empresa de Valério. O publicitário confessou depois que era dinheiro para pagar a turma indicada por Delúbio — vale dizer: era dinheiro para o PT.
- Entre o “empréstimo” feito diretamente ao partido e aqueles oficialmente concedidos às empresas de Valério, o BMG repassou ao esquema R$ 43,6 milhões.

Trecho da Ação Penal 420. Olhe o José Dirceu aparecendo ali
E tudo isso por quê? Eis o pulo do gato. Ou do sapo barbudo. Reproduzo uma síntese que foi publicada no site Consulor Jurídico, com base nos dados da Ação Penal 420:
Em 2004, cinco dias após o presidente Lula assinar o Decreto 5.180, que abriu a todos os bancos o mercado de crédito consignado a aposentados e pensionistas do INSS, o BMG pediu oficialmente para entrar nesse mercado. Oito dias depois, recebeu autorização do INSS. Outros dez bancos fizeram pedido igual, na mesma época. Todos levaram pelo menos 40 dias para receber a mesma autorização.
Com condições favoráveis, o BMG operou com pouca concorrência num mercado em que a demanda era abundante. Sua carteira de crédito consignado para aposentados e pensionistas do INSS engordou e, três meses depois, o BMG a vendeu à Caixa Econômica Federal por R$ 1 bilhão. O BMG, que já operava com crédito consignado desde 1998, tornou-se um gigante nesse mercado. Fechou o ano de 2004 com lucro de R$ 275 milhões — um crescimento de 205% em relação ao lucro de R$ 90 milhões no ano anterior. No ano seguinte, o lucro foi de R$ 382 milhões.
Àquela altura, o BMG se tornara o 31º banco do país. (Em 2002, antes do governo Lula, o BMG não estava entre as 50 maiores instituições financeiras brasileiras.) No ano passado, o BMG lucrou R$ 583 milhões, comprou outro banco e se tornou o 17º do país em ativos totais. No mês passado, enquanto o Rural se preparava para o julgamento do mensalão no Supremo, o BMG se tornava sócio do Itaú Unibanco, o maior banco da América Latina, cedendo a ele 70% de suas operações no mercado consignado.
Em 2005, após o chamado escândalo do mensalão, o Tribunal de Contas da União examinou a entrada do BMG no mercado de empréstimos consignados do INSS. A Polícia Federal investigou as operações de lavagem de dinheiro do mensalão envolvendo o BMG. O Banco Central analisou a lisura dos empréstimos liberados pelo BMG ao PT e a Marcos Valério. A CPI dos Correios e a Procuradoria-Geral da República centraram-se no nexo entre a concessão desses empréstimos e as vantagens obtidas pelo BMG no crédito consignado do INSS.
De volta a Genoino
Entenda, leitor. O dinheiro do BMG não era bem um empréstimo. Digamos que o banco tinha a grana, o PT tinha seus mensaleiros, e Lula tinha a caneta para autorizar as operações de empréstimos consignados, que permitiram à instituição fazer depois aquele negócio bilionário com a Caixa Econômica Federal.
Aqueles R$ 2,4 milhões que o BMG repassou diretamente ao PT foi tendo o pagamento adiado, adiado, adiado… Genoino e Delúbio passaram a figurar como avalistas e devedores solidários. A Justiça considerou que era outra evidência de fraude porque eles não tinham bens para fazer frente a um eventual calote. A propósito: Delúbio também foi condenado a quatro anos. Se quiser ler a integra da sentença, clique aqui.

Nos dois trechos acima, a condenação de José Genoino

Eis todos condenados pela juíza Camila Franco e Silva Velano com base na do Art. 4°, Caput, da Lei 7492/86 (Lei do Colarinho Branco) Ricardo Annes Guimarães, João Batista Abreu, Márcio Alaôr de Araújo e Flávio Guimarães. Foram condenados por falsidade ideológica José Genuíno Neto, Delúbio Soares De Castro, Marcos Valerio Fernandes de Souza, Ramon Hollerbach Cardoso, Cristiano de Mello Paz e Rogério Lanza Tolentino.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

"Xefe" de quadrilha quer impor sua versao da historia...

Nem precisa impor, para os já convencidos de que o agente cubano é um "heroi" (de que povo mesmo?).
Os fraudadores e mentirosos não conseguem cumprir o que diz o estatuto do seu ajuntamento de totalitários aprendizes, que comanda expulsão para quem for pego com a boca na botija.
Ainda querem construir uma versão falsa da história. Pode ser que consigam em certos arraiais da embromação, da mentira e da fraude política.
Não com a ajuda, sequer com a omissão, deste blog.
Paulo Roberto de Almeida 

'Ninguém me tira a palavra', diz Dirceu

Em jantar na casa do advogado Hélio Madalena, o ex-ministro diz que Barbosa foi movido pelo 'ódio' e que recebeu solidariedade até dos EUA

Vera Rosa
O Estado de S.Paulo, 23 de novembro de 2012
José Dirceu, João Gomes, Luiz Sérgio e Paulo Rocha - Arquivo Pessoal
Arquivo Pessoal
José Dirceu, João Gomes, Luiz Sérgio e Paulo Rocha
Na véspera da posse de Joaquim Barbosa na presidência do Supremo Tribunal Federal, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu - condenado a 10 anos e 10 meses de prisão - fez duras críticas a seu algoz. "Vou para a prisão, mas o direito a palavra ninguém me tira", afirmou Dirceu, durante jantar em sua homenagem, na quarta-feira, em Brasília.

O ex-todo poderoso ministro do governo Lula mostrou inconformismo com o julgamento do mensalão e disse que "o ódio imperou" na decisão de Barbosa. Na conversa com amigos e parlamentares do PT, na casa do advogado Hélio Madalena, no Lago Sul, Dirceu contou que já recebeu manifestações de apoio de autoridades de vários países, até mesmo dos Estados Unidos.

Os petistas prometeram organizar atos de desagravo a ele e ao ex-presidente do PT José Genoino, além de debates públicos sobre o julgamento. Hoje mesmo haverá uma reunião assim, em Osasco (SP), promovida pelo deputado João Paulo Cunha (PT), outro condenado no mensalão, com a participação de Dirceu e de Genoino.

O formato desses encontros foi tema do almoço de Dirceu com deputados do PT, também na quarta-feira, na casa do líder do partido na Câmara, Jilmar Tatto, futuro secretário dos Transportes da Prefeitura de São Paulo.

Nas duas reuniões, Dirceu disse que se sente um "preso político" como nos tempos da ditadura e, mais uma vez, atacou a imprensa. Para ele, o Supremo foi influenciado por "forte pressão" da mídia no julgamento e fez uma interpretação "esdrúxula" da teoria do domínio funcional do fato - que dispensa atos de ofício - apenas para condená-lo.

O deputado distrital Chico Vigilante (PT), presente ao jantar, disse que haverá vários movimentos em defesa de Dirceu e de Genoino, em dezembro, além daqueles organizados pela União Nacional dos Estudantes (UNE), União da Juventude Socialista e Juventude do PT. Ninguém falou no ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, também condenado.

"Vamos fazer um trabalho de formiguinha para provar à sociedade que esse julgamento foi político", comentou Vigilante. Questionado se Dirceu estava deprimido, ele respondeu que até se espantou com a tranquilidade do amigo. "Desde que conheço o Zé ele é do mesmo jeito. Nos momentos de dificuldade, quando a gente vai confortá-lo, é ele que conforta a gente."

terça-feira, 31 de julho de 2012

Mensalao (2): um julgamento historico - Reinaldo Azevedo

De fato, o mensalão existe, e não apenas sob a forma daquele processo espúrio de compra de votos, denunciado em 2005. Ele continua todos os dias, com as transferências de dinheiro para a UNE, para os sindicatos, para ONGs de fachada, para supostos movimentos sociais, e sobretudo para esse conjunto de mercenários das comunicações, que mantém uma rede de difamação e ofensas, a favor de certas causas.
Abaixo mais um comentário apropriado. 
Paulo Roberto de Almeida 

Reinaldo Azevedo, 31/07/2012

Qual é o artigo do Código Penal que prevê pena para o “mensalão”? Nenhum! Esse crime não está tipificado, mas corrupção ativa, corrupção passiva, peculato e formação de quadrilha, ah, estes estão, sim! O Globo trouxe ontem uma entrevista com o ex-procurador-geral Antonio Fernando de Souza, e ele faz justamente essa observação. De saída, vamos notar uma coisa: quando o ex-deputado Roberto Jefferson cravou o termo “mensalão”, criava-se ali uma marca, que contribuiu para popularizar o escândalo. Mas também se abriu uma janela devidamente aproveitada por Márcio Thomaz Bastos, então ministro da Justiça e hoje advogado de um dos acusados — o que é, convenham!, do balacobaco! Além disso, é uma espécie de mentor espiritual de muitos defensores. Adiante!
Há espertinhos por aí que tentam negar a existência do mensalão afirmando que não havia o pagamento regular, todo mês… Ora, todo mundo sabe disso! “Mensalão” é aquele que as estatais pagam para a rede suja da Internet, né? Sigamos. Também se sustenta que o imbróglio nunca existiu porque não faria sentido pagar parlamentares da base, que estariam com o governo de qualquer jeito. Huuummm… Estariam, é? O fato é que receberam dinheiro na boca do caixa. O que faziam com o seu voto não tem a menor importância.
Assim, é evidente que o crime, em si, não é o “mensalão”. Não existe um artigo pra ele. As práticas criminosas têm outros nomes. E com que objetivo? Arrecadar dinheiro para pagar a súcia. Atenção para isto: ainda que aqueles patriotas tivessem usado toda a grana para construir creches para as criancinhas pobres ou  abrigos para os velhinhos desamparados, teriam incorrido nas mesmas ilegalidades. A destinação do dinheiro não muda a natureza do que se praticou. Os fins não alteram a natureza do assalto aos cofres públicos. Como disse Antonio Fernando Souza, mesmo que tivessem queimado o dinheiro, o fato criminoso continuaria na origem dos recursos.
Quando Bastos tirou do colete a tese do “caixa dois de campanha”, pretendeu, com ela, admitir um crime eleitoral, mas não os outros. Vamos ver. Se  aquelas práticas eram inaceitáveis ainda que o intento fosse proteger criancinhas e velhinhos, por que haveriam de ser admitidas com o propósito de pagar as dívidas eleitorais dos companheiros e seus aliados? Entenderam o ponto? Negar o caráter mensal dos pagamentos ou a sua relação com votações no Congresso é puro diversionismo, coisa para distrair tolos.
O que importa é saber como o dinheiro do Banco do Brasil, por exemplo, foi usado para constituir o fundo do mensalão, por intermédio das agências de Marcos Valério, segundo constatou a CPMI dos Correios. Transcrevi ontem um trecho do relatório. Trata-se de uma lambança asquerosa. Se o dinheiro ilegal que chegou às mãos das pessoas indicadas por Delúbio Soares foi usado para comprar Chicabom ou para pagar dívidas, isso não tem a mais remota importância.
A propósito: quando estava na corda bamba, Lula admitiu os erros do PT — também era uma tática; fazia de conta que não tinha nada a ver com o rolo — e pediu desculpas. Desculpou-se, afinal de contas, por qual coisa? Por algo que nunca existiu?
Na Folha de hoje, Janio de Freitas volta a defender os mensaleiros. Acusa a imprensa de parcialidade — menos ele próprio e, suponho, aqueles que pensam como ele e que negam não a existência do mensalão (isso é só um nome e não tem importância), mas dos crimes. Mais uma vez, volta a sugerir que estamos diante de um confronto entre progressistas (os réus) e conservadores. De novo, Carlos Lacerda (???) apanhou. Talvez eu tenha notado aquele grão de loucura no texto que Machado de Assis narraria com enorme graça, mas não me estenderei a respeito.
A tese de Janio é menos inocente do que parece. Nada poderia estar mais afinado com José Dirceu, o “chefe de quadrilha” (segundo a PGR). Ao se inventar a patacoada de que estamos, no fundo, diante de um confronto de natureza ideológica, pretende-se forçar os ministros a deixar de lado os crimes e os criminosos em favor de uma escolha política, que só seria justa e legítima se buscasse, então, uma saída à esquerda.
Sabem o mais nojento disso tudo? O mensalão continua. Hoje ele sustenta o subjornalismo a soldo, regiamente pago com dinheiro público para difamar a oposição, a imprensa livre e parte do Judiciário. E para defender criminosos.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Um Stalin sem Gulag, no Brasil: ainda bem...

Falta o bigode, mas a atitude e o estilo são os mesmos, sem falar do treinamento de inteligência com uma das mais duráveis ditaduras do mundo contemporâneo (e da qual ele se orgulha). Mas que se esclareça: Stalin, não porque ele não quisesse, mas por que ele não pode, e não pôde (se ouso restabelecer o uso do circunflexo, que neste caso me parece necessário).
O homem, que via a si mesmo como um Richelieu do cerrado central, o grão-vizir do Planalto, o déspota do poder despótico que teriam implantado os companheiros, se pudessem, se tivessem podido (bem que eles queriam, não tenho dúvida disso), esse homem é o chefe da quadrilha, o tirano que teríamos tido -- e não tivemos, ainda bem, pois seria igualzinho a um Pinochet tupiniquim, um Fidel Castro de fancaria -- esse homem vai, finalmente, a julgamento.
Talvez queira convocar (já está fazendo) as "massas" para protestar, caso seja condenado; acredito que deveria ser, a menos que alguns juízes do STF se comportem como poltrões, ou subservientes. Em todo caso, seria o último grasnar de um ganso de opereta, um candidato a líder fascista com os atributos que ele próprio acredita ser de esquerda (mas que, na verdade, cada vez mais se parece com o fascismo ordinário).
Estamos próximos de uma conclusão do caso mais criminoso que a República já enfrentou, a ameaça mais grave que tivemos de uma máfia no poder (ainda não está excluída, pois já vivemos em repúbliqueta sindical, em sistema corporativo), um peronismo de botequim, daqueles bem desclassificados.
A sociedade brasileira, na sua parte sã, precisa ver se consegue resistir ao abraço de afogado de um candidato a Stalin tropical. Os vendidos, e os comprados, são muitos, mas a maior parte da sociedade rejeita esse estilo truculento e tendencialmente totalitário de fazer política.
Paulo Roberto de Almeida

Editorial do Estado de S.Paulo, 13/06/2012

A partir de 1.º de agosto, o ex-presidente do PT, ex-ministro da Casa Civil e deputado cassado José Dirceu será julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por formação de quadrilha e corrupção ativa. Pelo primeiro delito, poderá ser condenado a até três anos de prisão. Pelo segundo, a até 12. O então procurador-geral da República que o denunciou ao Supremo em 2005, Antonio Fernando de Souza, apontou Dirceu como “chefe da quadrilha” ou da “sofisticada organização criminosa” que produziu o mensalão, a compra sistemática de apoio de deputados federais ao governo Lula. A denúncia ao STF foi aceita por unanimidade. No ano passado, o atual procurador, Roberto Gurgel, ratificou o pedido de condenação de Dirceu e de 35 outros réus (dos 40 citados da primeira vez, 1 faleceu e outro fez acordo para ser excluído do processo; para 2 outros, um dos quais, Luiz Gushiken, colega de Dirceu no Ministério, Gurgel pediu a absolvição.
Dirceu alega inocência e se diz alvo histórico do “monopólio da mídia”. A imprensa desejaria vê-lo destruído não pelos seus atos no governo Lula, mas pelo que decerto ele considera ser o conjunto da sua obra como o maior líder revolucionário socialista do Brasil contemporâneo, uma espécie atípica de Che Guevara que não fez guerrilha, escapou de ser eliminado e chegou ao poder graças à democracia burguesa. O julgamento que o aguarda, disse dias atrás aos cerca de mil estudantes presentes ao 16.º Congresso Nacional da União da Juventude Socialista, ligada ao PC do B, no Rio, será a “batalha final”. Desde os tempos da militância estudantil, ele sempre se teve em alta conta. “Batalha final” é não só uma expressão encharcada de heroísmo, que pode ser usada da extrema direita à extrema esquerda, mas é consanguínea da “luta final” dos “famélicos da terra”, nas estrofes da Internacional, o célebre hino revolucionário francês de 1871.
Do alto de sua autoestima e na vestimenta de vítima que enverga, até que faria sentido ele propagar que o julgamento no STF representará o momento culminante do confronto de proporções épicas que nunca se furtou a travar em defesa de seus ideais. Mas a arena que ele tem em mente é outra - e outros também os combatentes. “Essa batalha deve ser travada nas ruas também”, conclamou, “se não a gente só vai ouvir uma voz pedindo a condenação, mesmo sem provas (a dos veículos de comunicação).” Em outras palavras, se a Justiça está sob pressão da mídia para condená-lo, que fique também sob pressão do que seria a vanguarda dos movimentos sociais para absolvê-lo. Se der certo, a voz do povo falou mais alto. Se não der, o veredicto da Corte está desde logo coberto de ilegitimidade, como se emanasse de um tribunal de exceção.
Em 2000, dois anos antes da primeira eleição de Lula, Dirceu conclamou o professorado paulista a “mais e mais mobilização, mais e mais greve, mais e mais movimento de rua”, porque eles - os tucanos como o governador Mário Covas - “têm de apanhar nas ruas e nas urnas”. Pouco depois, no dia 1.º de junho, o governador, já debilitado pelo câncer que o mataria no ano seguinte, foi covardemente agredido por manifestantes diante da Secretaria da Educação, no centro de São Paulo. Depois, Dirceu quis fazer crer que não incentivara o ataque: foi tudo “força de expressão”. Não há, portanto, motivo para surpresa quando ele torna a invocar “as ruas”. Na sua mentalidade ditatorial - em privado, desafetos petistas já o qualificaram de “stalinista irrecuperável” -, ele se esquece até do dito marxista de que a história se repete como farsa.
Como já se lembrou, o então presidente Collor conclamou a população a protestar contra a tentativa de destituí-lo. A população, especialmente os jovens, aproveitou para pedir o seu impeachment. Como também já se lembrou, hoje em dia os jovens nem sequer saem de casa em defesa de bandeiras mais nobres, a começar pelo repúdio à impunidade dos corruptos, que dirá para assediar o STF no caso do principal réu de um caso de corrupção comparável apenas, talvez, aos dos escândalos da República de Alagoas. Mas é óbvio que a tentativa rudimentar de intimidação repercutirá no tribunal. Se Dirceu não se deu conta disso é porque, como Lula já disse, ele está mesmo “desesperado”

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Mafiosos oficiais, corruptos assumidos, prevaricadores profissionais e adesistas envergonhados...

O mundo comporta milhares de espécies, todos sabemos, animais, vegetais e minerais (ops, acho que estes últimos não se dividem em espécies, mas deixemos estas filigranas para os geólogos e naturalistas).
Das espécies animais, temos diversas tribos (ops, desculpem os antropólogos), a maior parte formada por inocentes batalhadores pela sobrevivência diária, pela resistência aos acasos da vida.
Algumas são formadas por predadores, e estes também são tão variados quanto são os desejos humanos, dos mais elementares e básicos aos mais sofisticados e refinados.
Poucos, dentre todos esses, são masoquistas, ou seja, se contentam com o próprio sofrimento.
Alguns, em menor número ainda, frequentam ou percorrem estes posts, aparecem ocasionalmente neste blog, e ficam indignados com o que lêem: "Como?!" "Esse sujeitinho se arvora em moralizador acima de tudo e de todos e se permite criticar os gregos e goianos que nos governam, que vendem seus produtos e serviços para este povo maravilhoso, que escolheu os melhores governantes possíveis, comprometidos com as causas populares, a justiça social, a igualdade real dos cidadãos?" "Como é que é? E ele ainda trabalha para esse Estado que paira acima de nós e nos enche de benesses e benfeitorias?" "Quem ele está pensando que é?"


Pois é, poucos, um número mínimo dentre esses poucos masoquistas que ainda se dão ai trabalho de ler estas páginas, se dedicam a me responder, a me xingar, quando lêem minhas criticas -- algumas sutis, outras diretas -- a todos os personagens incluídos no título deste post; esses são os adesistas anônimos, outros menos anônimos, mas que todos eles não suportam ler críticas ou insinuações aos mafiosos, corruptos, prevaricadores e outros bandidos que pululam no ou em volta dos cenáculos oficiais desta república e sociedade que nos cerca.
Eles não suportam que alguns, eu no caso, venham a destruir suas falcatruas subintelectuais, suas mentiras deslavadas, suas fraudes disfarçadas, seu autoengano coletivo, enfim, sua desonestidade proverbial.


O que posso fazer?
Dar pasto aos masoquistas? Certamente.
Não preciso fazer nada para isto, apenas transcrever o que anda todos os dias pela imprensa, a mesma imprensa que está repleta de militantes da causa, de mentirosos contumazes, de deformadores da realidade.
Não importa, basta citar ou transcrever alguma matéria, acrescentando comentários cáusticos -- como costumam ser os meus -- para deslanchar a raiva incontida dos adesistas anônimos -- cujos comentários, mesmo aqueles ofensivos, eu transcrevo aqui, menos os manifestamente fora de propósito, apenas para confirmar como é baixa a estatura moral da maior parte deles -- esses críticos de fancaria, que não conseguem escrever um único argumento em defesa dos mafiosos, mas que se comprazem em atacar o neoliberalismo, a direita, os conservadores, os opositores, os críticos, enfim, os adesistas que não suportam críticas, que não conseguem suportar a opinião alheia, que são intolerantes a ponto de pretender silenciar os não adesistas, como é o meu caso.


O que posso fazer?
Continuar transcrevendo matérias, para deixar os AAs mais furiosos ainda.


E não preciso nem citar nomes, ou casos concretos. Basta fazer alusões...


Por exemplo: as máfias sindicais (e não me refiro, desta vez, às dos trabalhadores, mas às patronais, mesmo, que eram outrora inimigas dos militantes da causa, mas que hoje já são fieis companheiros, que contribuem financeiramente para as boas causas, que engordam os amigos do capital alheio).
Existe uma máfia patronal que pagou UM MILHÃO para um companheiro para ele supostamente prestar assessoria. Como é que um empresário decente justifica perante seus colegas de Conselho a entrega disfarçada em "consultoria" dessa soma a um companheiro que no passado pretendia enforcar a burguesia?
Vejamos: "Caros colegas, precisamos nos aproximar (ou seja, comprar) esse fulaninho, que vai ser importante no próximo governo; é um investimento, vocês sabem; alguém aí contra? Ninguém, ótimo; vou mandar fazer um contrato, vocês por favor assinem a prestação de contas, e não se esqueçam de avisar os assessores que o fulaninho prestou realmente a consultoria."


Existe outra máfia, a das corporações profissionais, que não enxerga o enriquecimento desmesurado de tal  político, pois ele pertence ao partido no poder. "Melhor não mexer nisso, depois a gente vê...".


Existem também desembargadores, procuradores, juízes que passam a mão em todo tipo de falcatrua, já que isso não atinge ninguém em particular: "É só um pouco de dinheiro público, mixaria, deixa prá lá, e depois esse cara vota pelo nosso aumento de salário no parlamento..."


Existem também outras máfias, que não querem controle sobre suas atividades, que não querem cobrança de resultados, que não querem ouvir falar em produtividade, essas coisas burguesas. As nossas universidades estão cheias delas, mas o mesmo mal se estende a todas as categorias do serviço público.


Adesistas anônimos ficam doentes quando me vêem transcrevendo casos concretos de todas essas patifarias, e pensam que estou acusando a eles mesmos (de certa forma estou). Escrevem indignados, procuram rebater-me, se pudessem me calariam.


A caravana passa...
Paulo Roberto de Almeida