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terça-feira, 20 de maio de 2014

As perspectivas (e o reverso) do pre-sal - Jose Goldemberg

O eminente especialista em energia da USP traça um panorama realista da exploração inteligente do pré-sal, mas em condições "normais" de atividade empresarial, no que acredito que ele incorre em grande erro. A Petrobras, desde 2003, não é mais uma companhia normal, nem as políticas energéticas do governo foram "normais", ao contrário, foram absolutamente esquizofrênicas, em todas as áreas.
Mas, não sei se o Professor percebe, a única coisa racional, nessa loucura toda, foi a operação Pasadena, que não tinha tanto a ver com Pasadena, ou com qualquer outra refinaria, mas sim com a operação em si.
Não sei porque as pessoas não percebem isso...
Paulo Roberto de Almeida

As perspectivas do pré-sal

19 de maio de 2014 | 2h 07
José Goldemberg* - O Estado de S.Paulo
Os problemas financeiros e administrativos da Petrobrás, com indícios de irregularidades em investigação pela Polícia Federal e o Ministério Público Federal, têm sido amplamente discutidos recentemente e não vou repeti-los aqui.
Frequentemente, investimentos equivocados dão prejuízos maiores do que os resultantes da corrupção. No caso da Refinaria de Pasadena, por exemplo, seria o caso de perguntar por que comprá-la, mesmo que se tratasse de "um bom negócio". A Petrobrás teria sido criada para realizar esse tipo de atividade?
O que vamos fazer é analisar a estratégia adotada pela Petrobrás e pelo governo federal de concentrar todos os esforços da empresa na exploração do petróleo em grandes profundidades no oceano, já que as reservas de petróleo "convencional" estão se esgotando, como já aconteceu em muitos países e ocorre agora, na Bacia de Campos.
Para enfrentar esse problema, as empresas petrolíferas procuram desenvolver técnicas para retirar petróleo de reservas "não tradicionais", como areia asfáltica no Canadá ou exploração em grandes profundidades nos oceanos. O petróleo "não convencional" é mais difícil de produzir e, consequentemente, o seu custo é mais elevado. Sucede que as empresas de petróleo acreditam que a demanda por petróleo vai continuar crescendo e que os preços do produto vão aumentar, o que justificaria a exploração em áreas mais difíceis e problemáticas.
No Brasil, a Petrobrás concentra seus esforços nos depósitos chamados de pré-sal, situados no oceano a grandes profundidades (mais de 5 quilômetros), abaixo de uma camada de sal de cerca de 2 quilômetros de espessura. Essa estratégia enfrenta três desafios: problemas técnicos e econômicos; problemas ambientais; e as alternativas ao uso do petróleo.
Localizar petróleo nas profundezas do oceano é uma coisa, trazê-lo para a superfície e leva-lo até uma refinaria é outra. O otimismo permanente da Petrobrás, de que todos esses problemas vão ser resolvidos, não ajuda muito - nem a falta de transparência sobre os custos do petróleo produzido. Estimativas não oficiais são de que eles seriam superiores a US$ 50,00 por barril produzido. Em comparação, o petróleo "convencional" custa menos de US$ 10,00 por barril para ser produzido, e o fato de ser vendido a mais de US$ 100,00 por barril é consequência de acordos políticos e comerciais dos principais produtores.
Os problemas ambientais da exploração de petróleo em grandes profundezas são, na realidade, "terra incógnita". Não há muita experiência prévia das companhias internacionais nesta área e a liderança da Petrobrás em exploração em águas profundas traz consigo problemas novos. Prudência e humildade seriam uma boa estratégia a seguir nessa área.
Quanto a acidentes na produção de petróleo, é útil comparar as experiências de Estados Unidos, Noruega, Inglaterra e Brasil.
As empresas de petróleo classificam acidentes em várias categorias: segurança ocupacional, colisões, pequenos incêndios e perda total de poços de petróleo. Os Estados Unidos, por causa do acidente da British Petroleum no Golfo do México, têm o pior desempenho em todas as categorias. O Brasil, no entanto, é o pior em colisões e pequenos incêndios. E a Noruega é o líder em segurança.
Os custos elevados na produção de petróleo "não convencional" são o calcanhar de aquiles da estratégia de explorar esse petróleo e pode justamente inviabilizá-la, porque tornam mais competitivas as alternativas ao petróleo.
E quais são essas alternativas?
A primeira delas - e a mais simples - é o aumento da eficiência dos motores usados na indústria automobilística. Tanto a União Europeia quanto os Estados Unidos fixam de tempos em tempos, desde 1980, a quilometragem média por litro de combustível que os veículos automotores devem atingir. Por exemplo, nos Estados Unidos, ela foi fixada em 10,6 quilômetros por litro em 1975; deveria atingir 16,6 quilômetros por litro em 2016; e deverá atingir 23 quilômetros por litro em 2025. Com isso, se a frota não aumentar muito, o consumo de derivados de petróleo diminui.
A segunda é a produção de biocombustíveis como o etanol da cana-de-açúcar, no Brasil, e de milho, nos Estados Unidos. Atualmente, eles substituem 3% do petróleo que é consumido no mundo, mas essa porcentagem poderá facilmente atingir 10%. Há, aqui, uma grande oportunidade para o Brasil exportar sua tecnologia de produção de cana-de-açúcar e de produção de etanol, que já atingiu elevado nível de produtividade.
Grandes empreendimentos em produção de petróleo "não convencional", como o pré-sal, têm grandes riscos. Alternativas existem e elas deveriam ser implementadas com a mesma energia e determinação com que a Petrobrás procura retirar petróleo de grandes profundidades do oceano. O que a prudência recomenda é que a Petrobrás deveria tentar reduzir os seus custos e dividir os riscos com outras empresas petrolíferas mundiais com experiência nessa área.
Contudo, o que estamos presenciando nas políticas adotadas pelo governo brasileiro na área de petróleo desde 2008 é exatamente o oposto. A Petrobrás ficou praticamente sozinha na exploração do pré-sal, endividando-se enormemente a ponto de suas ações terem perdido cerca de 80% do seu valor. Contribuiu para isso o congelamento dos preços de derivados de petróleo, o que levou a empresa a vender gasolina com prejuízo e, nesse processo, asfixiando o Programa do Álcool de cana-de-açúcar.
Esse não é o caminho a seguir e uma correção de rumos torna-se cada vez mais urgente.
*José Goldemberg é professor emérito da Universidade de São Paulo, foi secretário de Ciência e Tecnologia da Presidência da República. 

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Petrobras-Pasadena: por que todos esses iluminados nao aventam ahipotese mais provavel?

E a hipótese mais provável é que o negócio foi o melhor negócio possível para os companheiros...
Paulo Roberto de Almeida

CPI neles!

Ricardo Noblat

O Globo, 21/04/2014

“Quem não deve não teme. E quem deve tem que ser preso e algemado” – Lula

E continua a troca indireta de chumbo entre Dilma e Lula. Ligada a Dilma, Graça Foster, presidente da Petrobras, reconheceu que foi um mau negócio para a empresa a compra em 2006 da refinaria Pasadena, no Texas. Deixou um rombo de meio bilhão de dólares. Ligado a Lula, José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras, replicou que Dilma não pode “fugir de sua responsabilidade” na compra da refinaria.

Era Lula o presidente do Brasil quando Pasadena foi comprada. De princípio, apenas pela metade da refinaria, a Petrobras pagou praticamente o que o grupo belga Astra Oil havia pagado por ela inteira. Quando o negócio foi fechado, era Dilma a ministra-chefe da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da Petrobras.


“Não posso fugir da minha responsabilidade do mesmo jeito que a presidente Dilma não pode fugir da responsabilidade dela, que era presidente do conselho”, disse Gabrielli em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. E completou, dando mais uma estocada em Dilma: “Nós somos responsáveis pelas nossas decisões”.

É grande o desconforto de Lula e de Dilma com a exposição pública de mazelas da Petrobras. De Lula porque foi nos oito anos de governo dele que avançou o processo de loteamento político de cargos na Petrobras – e tudo isso está vindo à luz agora. De Dilma porque o Caso Pasadena atingiu em cheio sua imagem de gestora notável.

Lula saiu do governo com 80% de aprovação. Nega que pretenda voltar já – talvez daqui a quatro anos. Está pronto, contudo, para entrar em campo se Dilma teimar em perder cada vez mais pontos nas pesquisas sobre intenção de voto. O sonho de Dilma é o de se reeleger. Lula e Fernando Henrique Cardoso se reelegeram. Por que ela, não?

Dilma como a mãe do Programa de Aceleração do Crescimento foi uma invenção de Lula. Como uma espécie de primeira-ministra foi uma invenção de Lula. E como melhor administradora do que ele foi uma invenção de Lula. Vote na mulher de Lula – eis a poderosa sugestão da propaganda que empurrou Dilma ladeira acima.

Pasadena empurra Dilma ladeira abaixo. Onde se viu transação bilionária ser tratada de maneira tão descuidada e apressada como foi a de Pasadena? Ao longo de seis anos, a Petrobras desembolsou algo como U$ 1,2 bilhão pela refinaria cujo valor atual de mercado é de U$ 200 milhões. Gestão temerária? Para dizer o mínimo. A conferir.

Vejam só: num dia, os membros do Conselho de Administração da Petrobras receberam o resumo técnico de uma página e meia da documentação completa de mais de 400 páginas referente ao negócio. No dia seguinte, aprovaram o negócio. A documentação completa esteve à disposição deles. Por que não a consultaram? Sabe-se lá...

Sabe-se que, ouvida recentemente pelo O Estado de S. Paulo, Dilma alegou que se baseara num resumo técnico “falho e incompleto” para aprovar a compra da refinaria. O que aconteceu com o autor do resumo? Foi elogiado e transferido para outro cargo onde passou a lidar com mais dinheiro. Só há pouco perdeu o cargo. Que tal?

A ministra Rosa Weber, do STF, decidirá, esta semana, se concede liminar para instalação de CPI exclusiva da Petrobras. O mais provável é que conceda, sim. CPI é direito da minoria. Uma vez que exista fato determinado e que tenham sido cumpridas as regras para criação da CPI, manda a jurisprudência do tribunal que ela seja instalada. E pronto.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Pasadena: "Nao foi um bom negocio..." - Como nao? Foi um otimonegocio...

Depende do ponto de vista...
Paulo Roberto de Almeida 

'Não foi um bom negócio', diz Graça Foster sobre Pasadena

terça-feira, 15 de abril de 2014

Petrobras-Pasadena: As curtas pernas da mentira - Coluna Carlos Brickmann

As curtas pernas da mentira
Coluna Carlos Brickmann, 15/04/2014


A presidente da Petrobras, Graça Foster, disse que a empresa perdeu US$ 530 milhões com a compra da refinaria de Pasadena, no Texas, EUA. "Definitivamente não foi um bom negócio". O ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, acha que foi um bom negócio e que a refinaria de Pasadena dá lucro.

São duas opiniões, de duas pessoas que têm experiência no negócio. São opiniões divergentes; mas numa democracia é normal a divergência de opiniões.

Só que números são números. Segundo Gabrielli, a Petrobras pagou US$ 486 milhões pela Refinaria de Pasadena. Segundo Graça Foster, a Petrobras pagou US$ 1, 25 bilhão.

Há uma diferença de valores, entre o ex-presidente e a presidente atual, de US$ 764 milhões. Número não é opinião, não admite divergências. No caso de Pasadena, um dos dois está errado - muito, muito errado.

Diz a regra do jogo político que, antes de mentir, é preciso combinar direitinho com os demais participantes, para que todos mintam a mesma mentira. Essa precaução elementar foi esquecida: a diferença de um número para outro é escandalosa, tão escandalosa que não pode ser explicada como um simples engano. Alguém está querendo enganar a opinião pública. Sem entrar no mérito da questão, já que não entende nada de petróleo, este colunista lembra que Sérgio Gabrielli é político, hoje secretário de Estado na Bahia, e foi um dos aspirantes petistas ao Governo baiano (o escolhido acabou sendo outro secretário, Rui Costa). Graça Foster não é política, mas funcionária de carreira da Petrobras.

Relembrando

A Refinaria de Pasadena foi comprada pela Astra Oil, belga, em 2005, por US$ 42,5 milhões. Em 2006, a Petrobras comprou metade da refinaria, pagando à Astra US$ 326 milhões (segundo Gabrielli, presidente da empresa na época) ou US$ 360 milhões, "pelo menos" (segundo Graça Foster, presidente da empresa, hoje). O valor inclui metade do estoque de petróleo de Pasadena. Em 2012, a Petrobras comprou a outra metade da refinaria, por US$ 820,5 milhões.

Bom negócio, segundo Gabrielli; definitivamente, não foi bom negócio, segundo Graça.

domingo, 6 de abril de 2014

Petrobras-Pasadena: gestao incompetente, provavelmente deliberada, doscompanheiros

Um prejuízo dessa magnitude só pode ter sido proposital, ou seja, construído. E isso é criminoso.
 Nada que os companheiros não tenham feito na própria matriz...
Paulo Roberto de Almeida 

Em dois anos sob gestão da Petrobras, Pasadena perdeu US$ 300 milhões

O rombo no caixa da empresa passou de 6,5 milhões de dólares em 2007 para 289,9 milhões no ano seguinte; diretoria da Astra reclamava de gastança desenfreada

Ana Clara Costa
Veja, 05/04/2014
Pasadena Refining System Inc. no Texas
PASADENA - Prejuízo milionário em apenas dois anos de operação da Petrobras (Reprodução/Google Street View)
Se controlar os gastos em sua operação brasileira parece não ser o forte da Petrobras, fazê-lo em subsidiárias no exterior é tarefa ainda mais improvável. Exemplo disso é o rombo no balanço da refinaria de Pasadena nos anos de 2007 e 2008. Os números nunca foram discriminados no resultado financeiro da estatal, mas foram obtidos com exclusividade pelo site de VEJA na Justiça do Texas — e assustam. Em dois anos, as perdas acumuladas chegaram a 300 milhões de dólares, quase 700 milhões de reais. A conta torna-se ainda mais espantosa porque se trata de um levantamento parcial. De 2009 para cá, levando-se conta que a refinaria jamais deu lucro, o saldo negativo pode ter se ampliado de forma exponencial. Pasadena foi adquirida pela Petrobras por 1,18 bilhão de dólares após um litígio de dois anos com a Astra Oil, que terminou em 2011.
Relatório confidencial da KPMG feito em 2009 apontava que a refinaria acumulava prejuízos subsequentes e que seu fluxo de caixa dependia essencialmente dos aportes de seus sócios, Petrobras e Astra Oil. Ainda de acordo com o documento, a capacidade da empresa de cumprir suas obrigações financeiras era “historicamente e amplamente” relegada aos controladores. Diante das baixas expectativas de entradas futuras de dinheiro, a KPMG afirmou que não esperava que a dependência “fosse revertida no médio prazo”. O relatório mostra que, em 2007, as perdas foram de 6,5 milhões de dólares — e avançaram para 289,9 milhões de dólares no ano seguinte.

Balanço da PRSI










Os salários de funcionários de uma refinaria obsoleta eram parte relevante dos gastos. No balanço mostrado pela KPMG consta que 12 milhões de dólares foram usados para pagar funcionários em ambos os anos, sem que uma gota de gasolina saísse dos tonéis. Contudo, tais despesas se tornam secundárias se comparadas a supostos bônus que os funcionários da refinaria receberam sem que ela desse um dólar de lucro. Depoimento do supervisor tributário de Pasadena, Dong-Joon, ao qual o site de VEJA teve acesso, dado em 2009, afirmava que o Fisco americano havia questionado a refinaria pelos bônus de 52 milhões de dólares pagos a funcionários naquele período. Joon afirmava que os fiscais queriam um maior detalhamento sobre o pagamento dos prêmios, mas a refinaria afirmou, em correspondência oficial, que não poderia explicar o que quer que fosse. Joon também exercia a função de supervisor tributário na Petrobras América, subsidiária da estatal brasileira.
A gastança desenfreada foi um dos maiores pontos de discórdia entre a Astra e a Petrobras na gestão de Pasadena. Executivos da empresa belga já afirmavam, em troca de e-mails datados de dezembro de 2006, que os gastos eram o último item da lista de preocupações da estatal. “Como Alberto (Feilhaber) disse tantas vezes, a Petrobras não tem nenhum problema em gastar dinheiro”, afirmou o diretor Terry Hammer em mensagem ao presidente da Astra, Mike Winget, e ao próprio Feilhaber — ex-funcionário de carreira da Petrobras e então diretor da área de trading da empresa belga.
A estatal tinha a intenção de dobrar a capacidade de produção de Pasadena, o que exigiria investimentos da ordem de 2 bilhões de dólares. Os belgas, segundo os documentos da Justiça americana, não estavam dispostos a dividir tal aporte pelo simples fato de não acreditarem no retorno de seus investimentos após a modernização e ampliação da refinaria. Foi justamente o ímpeto de dispêndios que impôs uma barreira intransponível entre a Petrobras e os sócios belgas logo no início da joint venture, e sepultou qualquer chance de acordo entre ambas.
A Petrobras não informa o quanto teve de aportar na refinaria deficitária e tampouco os investimentos feitos no projeto. Contudo, no testemunho de Mike Winget na Câmara de Arbitragem, o executivo afirmou que a estatal injetou mais de 200 milhões de dólares na operação de Pasadena, sem levar em conta os valores relativos à aquisição. Winget reconheceu que, a partir de dezembro de 2007, quando a situação entre as duas empresas já estava perto do insustentável, a Petrobras passou a financiar sozinha Pasadena, sem pedir recursos à Astra.

sábado, 5 de abril de 2014

Petrobras-Pasadena: mais uma comprovacao da intencionalidade do desfalque em favor do partido totalitario

Se algo precisasse ainda ser provado, o que já está manifestamente claro para aqueles que seguem apenas a lógica formal, e prescindem de relatórios de investigação policial, parece que já tem as provas por um órgão do próprio governo.
É só seguir a lógica formal:
A > B; B > C; logo: A > C; CQD...
Paulo Roberto de Almeida

Feito para dar errado

Revista Veja, 5/04/2014

Documento do TCU mostra que o contrato de aquisição da refinaria de Pasadena tinha tantos furos que o rombo bilionário na Petrobras era o único desfecho possível.

A marca da ruína na Petrobras vai durar 

Transformada em braço do partido, instrumento de política econômica e foco de corrupção, a empresa resistirá à gestão petista, mas vai demorar para recuperar a excelência

DEU NO QUE DEU - A refinaria, no Texas, e o ex-presidente Gabrielli: análise do TCU revela que a diretoria não calculou custos básicos embutidos no negócio, assumiu todo o risco sozinha e pôs a estatal nas mãos dos belgas

DEU NO QUE DEU - A refinaria, no Texas, e o ex-presidente Gabrielli: análise do TCU revela que a diretoria não calculou custos básicos embutidos no negócio, assumiu todo o risco sozinha e pôs a estatal nas mãos dos belgas      (Sérgio Lima/FOLHAPRESS)

Mais que um retrato a óleo do Brasil, a Petrobras sempre foi o orgulho de todos os brasileiros. Não apenas mais um daqueles símbolos ufanistas sonoros e coloridos, de aves que por aqui gorjeiam e verdes inigualáveis, mas como ponta de lança do progresso, exemplo de meritocracia, laboratório de alta tecnologia, carreira dos sonhos dos jovens mais brilhantes e indutora do crescimento econômico. Há onze anos essa complexa e bilionária estrutura funciona sob o comando do PT, partido no governo, que detém o controle executivo e gerencial da empresa. Nem o mais ardoroso militante petista pode, em sã consciência, afirmar que a Petrobras está em melhores condições agora do que antes de 2002. Não há lente ideológica capaz de produzir hoje uma imagem animadora da Petrobras.

O consenso dos analistas da indústria petrolífera é que a Petrobras está soçobrando sob a bateria de abusos de que vem sendo vítima. É consenso também que o potencial da Petrobras é tão grande que, deixada em paz pelo governo, em pouco tempo retomará a trajetória que fez dela, no auge, uma das empresas petroleiras mais valiosas do mundo. Mas abusaram do aparelhamento político da Petrobras, transformando-a em uma fonte de escândalos de corrupção. A Petrobras foi feita de ferramenta para tentar corrigir erros absurdos de política econômica, sendo obrigada a amargar prejuízos bilionários para segurar os preços do diesel e da gasolina nas bombas e, assim, mascarar a inflação. O resultado é desastroso para a empresa e para o Brasil. Se não tivesse sido submetida a esse sacrifício, teria cumprido seu bilionário plano de investimentos, responsável por 1% do PIB brasileiro. As reportagens que se seguem narram histórias relacionadas a essa lenta demolição — que precisa ser estancada logo.     

  • O PLANO ERA ENRIQUECER

    O vice-presidente da Câmara, o petista André Vargas, e o doleiro Alberto Youssef, operador da quadrilha que atuava na Petrobras, associaram-se para fraudar contratos no governo — e, juntos, ganhar uma fortuna

  • O CLUBE DOS CORRUPTOS

    Para fazer negócios com a Petrobras, empresários precisavam pagar pedágio que variava de 300 000 a 500 000 reais

  • AÇÃO ENTRE AMIGOS

    Em depoimento, o mensaleiro Marcos Valério revelou que a Petrobras foi usada para financiar negócios do PT

  • FEITO PARA DAR ERRADO

    Documento do TCU mostra que o contrato de aquisição da refinaria de Pasadena tinha tantos furos que o rombo bilionário na Petrobras era o único desfecho possível

  • A COLÔMBIA DÁ LIÇÕES AO PT

    Com foco nos resultados e livre do uso político pelo governo do momento, a Ecopetrol desbancou a Petrobras como modelo de gestão para as estatais petrolíferas da América Latina

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Petrobras-Pasadena: vivemos na Republica Federativa da Mafia? - Valor Economico

A avalanche de dados impressionantes sobre esses escândalo de Pasadena vai muito além, MUITO ALÉM, de Pasadena. Começou antes, continuou durante toda a gestão companheira, e continua ainda agora, pois os mesmos companheiros continuam à frente da companhia, e de seus Conselho, e atuam desesperadamente para impedir que a sociedade tome conhecimento desses... "malfeitos", como diria alguém.
Não querem que a sociedade saiba, não querem que o Parlamento examine essa podridão, não querem sequer que se discuta a questão.
Os fundamentalistas do partido totalitário fazem apenas o seu trabalho de disciplina cega. Os responsáveis são os donos do empreendimento, infelizmente muito conhecido por outro nome em outras circunstâncias.
Em que país vivemos?
Paulo Roberto de Almeida

Gastos com refinaria ultrapassam US$ 1,5 bilhão
Por Cláudia Schüffner | Do Rio/
Valor Econômico, 4/04/2014

Os bastidores das negociações na Petrobras para a compra da refinaria de Pasadena, em 2005, mostram que a negociação causou uma série de negócios ruinosos para a estatal que ainda não foram totalmente esclarecidos. Vários documentos produzidos pela Petrobras, inclusive relatórios em resposta a auditores, e um conjunto de atas das reuniões da diretoria executiva e do conselho de administração às quais o Valor teve acesso, mostram que logo depois da compra já era possível notar que a refinaria de Pasadena tinha sérios problemas operacionais e ambientais. E eles poderiam ter sido detectados no período de "due dilligence", quando se estudam os ativos e que normalmente ocorre no período após o acerto para compra e antes do pagamento. No caso de Pasadena, esse período durou de fevereiro até setembro de 2006.
Uma auditoria da empresa Sage Environmental Consulting feita em maio de 2005 tinha detectado vários problemas. Essa avaliação foi mencionada sete anos depois da compra, em documento da área internacional produzido em 2012 e que respondia a uma auditoria interna da estatal. Investimentos posteriores da Petrobras na refinaria, que até hoje não produz gasolina nos padrões exigidos pela regulação americana, elevaram o investimento da Petrobras na refinaria texana para cerca de US$ 1,6 bilhão. Mas o valor pode superar os US$ 2 bilhões quando forem conhecidos os resultados de Pasadena, que não são divulgados separadamente mas sim dentro do resultado de todas as áreas internacionais reunidas em uma subsidiária no exterior.
Os problemas ambientais e a necessidade de investimentos na refinaria foram obscurecidos pela briga entre os sócios, cujos detalhes começaram a vir a público no último mês. Os primeiros pedidos de recursos para investimento na refinaria americana surgiram em 2006, quando a Astra ainda era sócia. Pela sequência de investimentos e contratos subsequentes, fica difícil compreender por que essa refinaria não foi vendida antes.
Na reunião do dia 21 de setembro de 2006, um ano depois da compra de Pasadena, o então diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, propôs que a diretoria autorizasse "investimentos típicos de fases mais avançadas do Revamp [expansão] de Pasadena" e que os representantes da Petrobras no "board e superboard" (esse último o comitê gestor formado por representantes dos sócios) aprovassem orçamento de gastos de US$ 61,87 milhões. O Revamp é um investimento para ampliação e modernização da refinaria, para que ela pudesse processar o óleo pesado brasileiro extraído do campo de Marlim.
O representante da Petrobras no comitê gestor que a presidente da estatal Graça Foster disse recentemente desconhecer era o ex-diretor de Refino e Comercialização Paulo Roberto Costa, preso pela Polícia Federal em 20 de março, em uma operação para desbaratar um esquema de lavagem de dinheiro. O valor proposto por Cerveró para início do obra, segundo a ata, correspondia à participação acionária da estatal, podendo atingir um máximo de US$ 123 milhões.
Dois meses depois, na reunião de diretoria do dia 16 de novembro de 2006, foi proposta a assinatura de uma carta de intenção, sem licitação, com a construtora Norberto Odebrecht para essa obra. A proposta foi levada à diretoria pelo então gerente executivo de engenharia, Pedro Barusco, representando o diretor de Serviços, Renato Duque, e não o diretor internacional (Cerveró). Barusco submeteu o pedido de autorização para que o representante no superboard (Paulo Roberto Costa) atuasse "de modo a obter a concordância" daqueles colegiados para assinatura da carta de intenção com a Odebrecht.
Em fevereiro daquele ano, o assunto veio à tona novamente. Outra ata mostra que Cerveró recomenda à Petrobras America Inc (PAI) que "participe nos investimentos de adaptação da refinaria de Pasadena ao processamento de petróleo Marlim". O custo avaliado então era de US$ 588 milhões para a Petrobras. Considerando-se que a brasileira tinha 50%, é possível supor que o investimento total - a ser feito pela Odebrecht sem concorrência - seria de US$ 1,176 bilhão. A ampliação e adaptação da planta nunca ocorreram.
Cerveró deixou a Petrobras em março de 2008. Em maio daquele ano, seu sucessor, Jorge Zelada, fez sua estreia no colegiado com proposta para obras do chamado Plano de Ação na Área de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS). A diretoria aprovou, mas submeteu o assunto ao conselho de administração. Graça Foster, então diretora de Gás e Energia, não participou da segunda reunião. Em setembro de 2009, o assunto SMS voltou à pauta. Jorge Zelada pediu que a diretoria recomendasse à Petrobras América "a continuidade" do plano de SMS e "confiabilidade operacional da Refinaria de Pasadena".
Na exposição de motivos Zelada afirmava ainda que o desembolso previsto no plano anual de negócios da Petrobras de 2009 era de US$ 89 milhões, provavelmente em referência aos valores destinados aos Estados Unidos. Não fica claro se esse gasto aconteceu. Um ano depois, na reunião de diretoria de 30 de setembro de 2010, Zelada já apresentou a Odebrecht como vencedora de uma licitação que posteriormente foi questionada pela auditoria interna. O preço era de US$ 825,66 milhões para fazer serviços em nove países. Esse valor já trazia um "desconto" com relação ao preço inicial, de US$ 850 milhões.
Um dado curioso sobre esse contrato de SMS é que a Petrobras já tinha manifestado a intenção de vender vários ativos internacionais em alguns dos países contemplados pelo contrato "guarda-chuva". Mesmo assim, a Odebrecht assinou o contrato em outubro de 2010. Previa serviços de SMS para a Petrobras, como limpeza e troca de tanques de armazenamento nos vários postos de combustíveis nos diversos países e também em gasodutos, oleodutos e refinarias. Os países atendidos eram Paraguai, Uruguai, Argentina, Equador, Chile, Colômbia, Bolívia, Japão e Estados Unidos.
A refinaria San Lorenzo, na Argentina, tinha sido vendida em maio de 2010 por US$ 36 milhões que somados a 386 postos de serviços e estoques renderam à estatal brasileira US$ 110 milhões, restando apenas a de Bahía Blanca. Mesmo assim, o preço estabelecido no contrato de SMS para a Argentina previa investimento inicial de US$ 305 milhões - quase três vezes o custo de San Lorenzo e da rede de postos vendida. O valor foi reduzido posteriormente para US$ 182 milhões. Em novembro daquele ano o então presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, informava ao Valor que analisava a venda das refinarias no exterior para ajuste de portfólio.

Em alguns casos, o valor dos serviços a serem pagos para a Odebrecht estava próximo do preço de aquisição dos ativos. É o caso da rede de postos do Paraguai, Uruguai e Colômbia, que juntos custaram US 140 milhões em dezembro de 2005 e cujo SMS custaria quase US$ 86 milhões, somando-se os valores estipulados inicialmente para cada um dos três países. Uma fonte informa que o contrato não foi efetivado na Colômbia (onde estavam previstos US$ 31,3 milhões), enquanto que no Paraguai foram gastos US$ 47 milhões, mais que os US$ 38 milhões aprovados inicialmente, devido a problemas ambientais encontrados.
Voltando à gênese desse contrato, o colegiado aprovou os US$ 825,6 milhões ressalvando que os serviços relativos às refinarias Bahía Blanca (Argentina), Okinawa (Japão) e Pasadena (Estados Unidos) fossem apresentados aos demais diretores antes de sua execução e que os serviços executados fossem os "essenciais à segurança operacional, pessoal, da saúde e do meio ambiente". Nas atas às quais o Valor teve acesso, não se vê nenhum estranhamento com o fato de a licitação ter sido desenhada para um bloco de países, quando é possível imaginar que empresas no Japão teriam custo menor para qualquer obra em Okinawa, o mesmo acontecendo no Texas, um dos berços da indústria de petróleo ocidental.
Como o conselho pediu apresentação prévia dos orçamentos para as refinarias, em março de 2011 Zelada submeteu ao colegiado contrato de US$ 175,959 milhões para Pasadena. Na ata, o ex-diretor internacional explica que o contrato com a Odebrecht Construction Inc pedindo que a controladora recomendasse à Petrobras America, subsidiária integral da Petrobras nos Estados Unidos, fosse orientada a contratar "de imediato", a empresa da Odebrecht para o início dos trabalhos.
A ata diz ainda que o diretor financeiro, Almir Barbassa, registrou a "necessidade de avaliação prévia acerca da viabilidade econômica da refinaria". A execução do contrato de SMS nos Estados Unidos tinha orçamento inicial de US$ 191 milhões, mas com desconto o valor caiu para US$ 175 milhões, todos para a refinaria Pasadena. Do total, uma fonte explicou que nem tudo foi executado, porque um equipamento chamado Sistema de Lavagem de Gás foi comprado, mas não foi instalado. Com isso, faltaram ser executados US$ 14 milhões, segundo a fonte, que foram deduzidos no final.
Um dos inúmeros problemas no contrato de SMS apontados em 2012 pela auditoria interna da Petrobras, quando Graça Foster já ocupava a presidência da estatal e interinamente a diretoria da área internacional (que ela acumula até hoje), é que a licitação foi feita às pressas. O prazo inicial era de 20 dias, que foram esticados para 35 dias. Entre os vários vícios apontados pela auditoria interna da estatal realizada em outubro de 2012, estava a inexistência de uma cópia do edital em língua inglesa (numa concorrência internacional) e a exigência de preenchimento manual de 8,8 mil itens das planilhas de preços, só para citar alguns. Participaram as gigantes japonesas Mitsui e Marubeni, o mesmo acontecendo com as americanas KBR (novo nome da Halliburton) e a Bechtel. Mas as estrangeiras perderam, assim como as brasileiras Construtora Andrade Gutierrez e Construtora OAS. A Construtora Camargo Corrêa declinou do convite.
Uma fonte envolvida disse, no ano passado, que o chefe da auditoria da Petrobras, Gerson Luiz Gonçalves, considerou esse o pior contrato que ele tinha visto em seus 35 anos na estatal. Lendo o relatório, vê-se o porquê. Segundo dados da auditoria interna, a Atnas Engenharia, empresa contratada pela Petrobras para fiscalizar o contrato com a Odebrecht - pelo qual foram pagos R$ 29 milhões - fez um diagnóstico concluindo que "80% dos projetos analisados não possuíam dados suficientes para a sua execução". Os auditores também consideraram que houve superdimensionamento de custos entre as diversas irregularidades identificadas. Os auditores apontaram ainda o fato de o contrato definir pagamentos de 11% para mobilização e 29% para supervisão do contrato, uma quantia equivalente a US$ 330,9 milhões "dissociados de qualquer dos serviços contratados".
Também foram encontrados gastos de mobilização no Brasil de US$ 33 milhões, onde não havia nenhuma obra a ser feita. Na resposta aos auditores, a área internacional informou que a centralização dos serviços em nove países possibilitaria "ganhos de escala, com serviços geridos sob uma única estrutura de gestão", ressaltando ainda redução de custos indiretos. Sobre a mobilização no Brasil, a área explicou que "uma vez que o contrato possua um caráter não permanente em diversos países a serem mobilizados, espera-se também uma quantidade de expatriações e movimentações de funcionários da contratada através do seu referente custeio a partir dos custos de supervisão, como por exemplo, adicionais por transferência, pagamento de aluguéis, escolas, retorno à base a partir da política de expatriação e outros".
Em 2012, Graça Foster passou a investigar esse contrato e forçou uma redução e o valor final pago para a Odebrecht, que em janeiro de 2013 acabou ficando em US$ 481 milhões. Como não haviam sido feitos desembolsos na Colômbia, Bolívia, Equador e Japão, uma parte dos valores referentes a esses países puderam ser deduzidos do preço inicial. No Brasil, por exemplo, o orçamento de US$ 83,2 milhões ficou por US$ 62,9 milhões. Já tinham transcorridos os três anos previstos inicialmente e o contrato foi encerrado em fevereiro de 2014, apesar da possibilidade de ser prorrogado.
Em nota enviada ao Valor sobre a diminuição dos valores, a Odebrecht Engenharia Ambiental afirma que "a redução foi consequência da diminuição do escopo dos contratos, decorrência do plano de desinvestimentos da Petrobras no exterior, no qual a prestação de serviços, originalmente prevista para nove países, foi reduzida para quatro". E esclareceu ainda que "as obras contratadas já foram concluídas e entregues".
Na nota, a Odebrecht negou irregularidade nos contratos com a Petrobras, que segundo a empresa foram "conquistados legitimamente por meio de concorrências públicas". A companhia também afirma que sua proposta "foi elaborada com base no processo licitatório lançado pela Petrobras, com informações necessárias para a formação de preços". A Odebrecht disse ainda que "desconhece o relatório da auditoria interna da Petrobras em relação aos contratos".

Considerando-se apenas os contratos aprovados nas reuniões cujas atas o Valor teve acesso, a "conta" de Pasadena já chega a quase US$ 1,6 bilhão. Além dos US$ 1,18 bilhão gastos na aquisição de 100% da refinaria de Pasadena, os gastos da estatal foram bem acima desse valor. É preciso acrescentar, por exemplo, os US$ 175 milhões gastos só no contrato de SMS (para adequar as instalações para atender as normas de saúde, meio ambiente e segurança dos funcionários) com a Odebrecht. Mas não é só. Diversas atas das reuniões da diretoria executiva da Petrobras obtidas mostram aprovações para investimentos diversos em Pasadena com pedidos de autorização para remessas ou a contratação de serviços que somam US$ 218 milhões com diversas empresas. Com elas e mais o SMS, chega-se à quantia de US$ 400 milhões gastos pela Petrobras.
Atas das reuniões do colegiado entre outubro de 2008 e janeiro de 2011 mostram pedidos de autorização para contratação de diversas empresas que fariam reparos nos sistemas de tancagem, para fornecimento de gás, serviços de manutenção e até para conserto da unidade de craqueamento catalítico fluido (FCC) que é um dos sistemas mais importantes de uma unidade de refino. Não fica claro porque esses investimentos, que deviam ser resolvidos pelos executivos da empresa nos Estados Unidos, tiveram que ser levados à diretoria no Rio de Janeiro.

Na página da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, na internet, aparecem várias autuações do órgão ambiental contra Pasadena. A agência, que é equivalente ao Ibama brasileiro, aplicou multas de US$ 322,269 mil na refinaria de Petrobras por violações à regulação ambiental e que mostram que essa refinaria continua sendo um pesadelo para a Petrobras. Ela já teve dois incêndios e em dezembro de 2011 houve um de grandes proporções na unidade de coque que, segundo documento produzido na estatal ao qual o Valor teve acesso, causou "praticamente a destruição total da unidade". Mas não foi o único. Mesmo assim a refinaria foi retirada da lista de ativos à venda, pois o preço baixo da oferta recebida pela Petrobras, próxima de US$ 100 milhões, faria com os prejuízos da estão nessa unidade sejam cristalizados no balanço.