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segunda-feira, 31 de março de 2014

Mafias sindicais continuam a roubar os trabalhadores

Se os sindicatos são entidades de direito privado, só interessam uma categoria específica e não prestam contas do que recebem, deveriam viver do dinheiro dos seus filiados.
Paulo Roberto de Almeida 
Germano Oliveira
O Globo, 30/03/2014

Todos os 41,3 milhões de trabalhadores brasileiros com carteira assinada terão desconto, compulsoriamente, na folha de pagamento deste mês de março, do valor de um dia de trabalho como contribuição sindical.

domingo, 2 de março de 2014

As mafias sindicais brasileiras e as sauvas do Ministerio do Trabalho

Até quando os brasileiros honestos, que pagam o imposto sindical fascista, serão obrigados a suportar as quadrilhas de mafiosos políticos e sindicais que infestam o cenário estatal brasileiro?
Até quando teremos criminosos no comando de agências públicas?
Até onde somos obrigados a assistir inermes tamanhos desmandos, roubalheiras e crimes sendo cometidos impunemente, regularmente, continuamente?
Até quando Brasil?

Leia a íntegra da matéria neste link:
http://www1.boxnet.com.br/fiesp/visualizar/impresso.aspx?ID=27005324&ID_MESA=28

terça-feira, 16 de julho de 2013

A inflacao das mafias sindicais: como fica agora?

Da coluna do jornalista Carlos Brickman:

Chega de boas notícias


O Governo nega, o ministro Mantega explica, o ministro Gilberto Carvalho diz que não é bem assim, a ministra do Planejamento está mais quieta do que Lula desde o caso Rose, mas desde a manifestação das centrais sindicais não dá para negar o fenômeno. Não faz muito tempo, conforme o local, colocava-se um manifestante nas ruas por R$ 30,00, lanche incluído. 



Agora, os manifestantes cobraram R$ 70,00, fora a condução. Quem pode dizer que não há inflação?
=========
Comento (PRA):
Só essa inflação dos mercenários já dá mais de 100% não é mesmo?
Mas as centrais mafiosas são ricas. Elas pagam...

sábado, 13 de julho de 2013

Triste Fim de Policarpo Pelego Quaresma: so' pagando mafias sindicais juntam o lumpesinato...

As mafias sindicais que arrancam dinheiro dos trabalhadores, para alimentar seu baronato corrupto e seus serviçais amestrados, bem que tentaram, mas não conseguiram. O povo mesmo ignorou; os trabalhadores, também.
Só uns poucos empregados conseguiram juntar a ralé social, mediante gordo pagamento, sanduíches e refrigerantes, para dar a impressão de que representam alguma coisa, quando não representam mais nada, a não ser seus próprios interesses.
Esse fracasso retumbante não elimina o fato de que ainda vivemos em República Sindical, tão corrupta quanto as antigas satrapias socialistas do sistema soviético, e que se afundam igualmente na irrelevância, ainda que consigam capturar uma boa parte do dinheiro suado dos trabalhadores.
Paulo Roberto de Almeida

A irrelevância das centrais

Editorial O Estado de S.Paulo, 13 de julho de 2013
As centrais sindicais brasileiras só reúnem multidões no Primeiro de Maio - atraídas não exatamente pela data histórica, mas pelos shows e sorteios que promovem, por exemplo, na Praça Campo de Bagatelle, na zona norte de São Paulo. Já anteontem, na Avenida Paulista, as entidades que organizaram o Dia Nacional de Lutas, tentando pegar carona nas jornadas espontâneas de protesto que tomaram conta do País em junho, não conseguiram reunir nem 10 mil pessoas. Das nove associações que as arrebanharam, pelo menos duas, a Força Sindical e a União Geral dos Trabalhadores (UGT), contrataram "manifestantes" a R$ 50 e R$ 70 por cabeça.
Contrastando com a profusão de faixas, balões, bandeiras, camisetas, bonés e fitas, tudo confeccionado em escala industrial pelas centrais que devem a sua prosperidade exclusivamente à aberração do Imposto Sindical - o dia de salário por ano compulsoriamente recolhido de todos quantos tenham carteira assinada -, o clima era de apatia. "Uma representante da CUT desfilou durante algum tempo diante do carro de som com um rolo de bandeiras debaixo do braço, procurando militantes para empunhá-las", relatou um repórter deste jornal. "Não encontrou."
O que era para ser uma quinta-feira difícil na maior metrópole brasileira acabou sendo um domingo extra. Inumeráveis empresas, temendo o pior, dispensaram seus empregados. Ônibus e metrô circulavam com poucos passageiros. Na cidade conhecida mundo afora por seu trânsito engarrafado, o congestionamento mal passava dos 10 quilômetros. Realizados em 68 cidades, incluindo todas as capitais e o Distrito Federal, os protestos foram maiores ali onde o transporte público deixou de funcionar, a exemplo de Belo Horizonte e Vitória. Mas, tudo somado, apenas umas 100 mil pessoas participaram das passeatas.
O Brasil dos carros de som, da discurseira sem fim da caciquia das centrais - essas "entidades burocratas", como bem as qualificou Mayara Vivian, uma das ativistas do Movimento Passe Livre (MPL) que entrou para a história por ter dado a partida às recentes megamanifestações - é um Brasil em marcha batida para a irrelevância. A afiliação a sindicatos ainda é relativamente expressiva entre nós, mas a tendência é de declínio. Em 2011, último ano para o qual há dados disponíveis, a taxa de sindicalização era de 17,2% do total da população ocupada, ante 18,6% no ano de pico de 2006, a contar da década de 1990. E isso considerando o aumento do nível de emprego regular, a expansão do setor de serviços e da sindicalização do funcionalismo.
O sindicalismo no Brasil - em especial o que se pode chamar "sindicalismo de rua", por sua capacidade de arregimentar - é uma caricatura do que foi outrora o poder sindical em países como França, Espanha, Itália, Grã-Bretanha e mesmo nos Estados Unidos (onde, de um recorde de 35% de sindicalizados nos anos 1950, o índice atual é 1/5 disso). Na Europa, a CGT e seus similares, como o TUC britânico, mobilizavam legiões e influíam como nenhuma outra força nos partidos de esquerda. Aqui, ao revés, as centrais ou são criaturas de agremiações políticas, como a CUT em relação ao PT, ou trampolim para carreiras políticas, como a do notório Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, ex-PTB, hoje no PDT e com planos de ter um partido para chamar de seu, o Solidariedade.
Do pelegato da era Vargas ao sindicalismo de resultados, aplica-se às organizações que falam em nome dos assalariados, de resto compelidos por lei a sustentá-las, o que o antropólogo Claude Lévi-Strauss dizia, em outro contexto, sobre a "obsolescência do inacabado". Quando Lula, o metalúrgico, irrompeu na cena nacional, defendendo a formação de associações de classe que não fossem correias de transmissão dos governantes de turno, parecia que uma página verdadeiramente nova começava a ser escrita numa história pouco edificante. Lula, o presidente, alojou na máquina estatal os condutores da máquina sindical ligada ao PT. O aparelhamento era o que faltava para envelhecer o sindicalismo brasileiro sem que tivesse passado pela maturidade.
A um oceano de distância dos idos de junho, o Dia Nacional de Lutas foi o retrato acabado desse definhamento.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Mafia sindical quer recriar o pacto perverso que levou o pais ao precipicio inflacionario

Pacto perverso é quando espertos e expertos se unem para prejudicar todo o resto da sociedade.
Ocorreu em várias sociedades: na Inglaterra pré-Thatcher, por exemplo, quando a CUT deles, o Trade Union Congress, se reunia com os equivalentes da FIESP e da CNI locais -- os patrões poltrões do capitalismo britânico -- para decidir sobre aumento reais de salários, repassando a conta para toda a sociedade, algo que cansamos de ver aqui no Brasil entre sindicatos aparentemente agressivos (o de Mister Lula, por exemplo) e patrões complacentes.
Eles fingiam que brigavam, e logo saiam com aumentos de salários (supostamente reais) de um lado, e aumentos de preços do outro. Nós pagávamos a conta, com mais inflação.
Na Grã-Bretanha, tanto o Labour bonzinho com o socialismo dos trabalhadores, como os Tories medrosos não ousavam enfrentar esses nefastos amigos da miséria alheia, os parceiros no pacto perverso que levou o país à completa decadência. Foi preciso vir uma primeira-ministra com algo que não tinham esses políticos medrosos para enfrentar patrões e sindicatos e colocar ordem na bagunça que tinha virado o país.
No Brasil, o pacto perverso teve curso nos anos 1980 e início dos 90, quando se "negociavam aumentos" e gatilhos salariais, a loucura completa protagonizada pela CUT, pelo próprio governo e pelos patrões medrosos (eles continuam medrosos).
Agora, o nosso Labour (atrasado, pré-Tony Blair) é o partido dos companheiros, que leva adiante o pacto perverso, com os mafiosos sindicalizados. Vamos todos pagar o preço da loucura...
Paulo Roberto de Almeida


Espertos no gatilho

02 de maio de 2013 | 2h 05
Editorial O Estado de S.Paulo
Se, por esperteza política ou incapacidade de percepção da vida real, ignoram os efeitos desastrosos que, no passado recente, a inflação teve sobre a economia e sobre o rendimento do trabalho, certos dirigentes sindicais deveriam pelo menos avaliar as consequências nocivas que a alta média dos preços já impõe aos salários reais no presente, antes de apresentar propostas que, se adotadas, podem piorar a vida dos trabalhadores e causar sérios danos a todo o País.
Nada, a não ser demagogia pura e simples ou ignorância, pode justificar a proposta que vem sendo defendida pelo presidente da Força Sindical, deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o "Paulinho da Força", e por seus parceiros na central sindical, de recriação do chamado "gatilho salarial", que seria disparado a cada três meses, com o objetivo de corrigir os salários nominais com base na inflação passada.
Trata-se, como se lembram bem os que tiveram de conviver com a alta contínua dos preços, de um mecanismo de indexação plena dos salários. A indexação, lembram-se também essas pessoas, foi o grande realimentador da inflação e, com a disseminação de seu uso, tornou muito mais difícil a estabilização da economia.
Era falsa a proteção que a indexação parecia oferecer aos trabalhadores. Na corrida entre salários e os demais preços todos perdiam, mas os trabalhadores perdiam mais. É essa corrida que, sem o admitir publicamente, "Paulinho" e seus companheiros querem recomeçar, sob o falso argumento de proteger o trabalhador.
Se quiserem mesmo assegurar a renda real, esses sindicalistas deveriam lutar pela queda da inflação. O efeito socialmente mais precioso do Plano Real, de 1994, foi, com a estabilidade, preservar a renda dos brasileiros e, em seguida, propiciar seu aumento real, em decorrência do crescimento econômico.
A inflação, ao contrário, corrói o salário real e, quando se acelera, anula eventuais ganhos obtidos pelos trabalhadores.
Embora muito longe do descontrole registrado entre 1985 e 1994, a inflação está alta, já desgasta salários e, se não apresentar uma tendência clara de desaceleração nos próximos meses, pode dificultar as futuras negociações salariais, em prejuízo dos trabalhadores.
Um balanço feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) dos reajustes salariais negociados nos três primeiros meses deste ano mostram que os ganhos reais foram menores do que os do ano passado e beneficiaram um número proporcionalmente menor de categorias profissionais.
O ganho real médio neste ano é de 1,4%, menos do que o de 1,96% registrado em 2012. A porcentagem de categorias que obtiveram ganho real também diminuiu, de 94,6% para 87%.
Não é uma situação ruim. O mercado de trabalho continua a registrar índices muito baixos de desemprego, o que, em tese, tende a estimular aumentos reais de salários.
Mas a persistência da inflação em níveis altos - nos 12 meses encerrados em março, ela alcançou 6,59%, acima do limite de tolerância da política de meta inflacionária - e a estagnação da produtividade, pois os investimentos no setor produtivo estão em nível muito baixo, indicam que as empresas enfrentam mais dificuldades para o pagamento da folha de pessoal.
Se essa situação se mantiver por mais tempo, as conversações entre empregadores e empregados a respeito da correção dos salários serão mais difíceis.
Mais empresas proporão reajustes inferiores à inflação passada, enquanto os trabalhadores, cujos orçamentos estarão mais apertados por causa da alta mais acelerada dos preços, quererão aumentos maiores. Quanto à atividade econômica, já há sinais de que, por causa da inflação, a demanda interna começa a se arrefecer.
É esse quadro ruim que, por meio de sua proposta irresponsável, a Força Sindical quer tornar ainda pior, deteriorando as relações trabalhistas, perturbando o mercado de trabalho e causando perdas para todos - trabalhadores, empregadores, as empresas, as famílias.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Mafiosos oficiais, corruptos assumidos, prevaricadores profissionais e adesistas envergonhados...

O mundo comporta milhares de espécies, todos sabemos, animais, vegetais e minerais (ops, acho que estes últimos não se dividem em espécies, mas deixemos estas filigranas para os geólogos e naturalistas).
Das espécies animais, temos diversas tribos (ops, desculpem os antropólogos), a maior parte formada por inocentes batalhadores pela sobrevivência diária, pela resistência aos acasos da vida.
Algumas são formadas por predadores, e estes também são tão variados quanto são os desejos humanos, dos mais elementares e básicos aos mais sofisticados e refinados.
Poucos, dentre todos esses, são masoquistas, ou seja, se contentam com o próprio sofrimento.
Alguns, em menor número ainda, frequentam ou percorrem estes posts, aparecem ocasionalmente neste blog, e ficam indignados com o que lêem: "Como?!" "Esse sujeitinho se arvora em moralizador acima de tudo e de todos e se permite criticar os gregos e goianos que nos governam, que vendem seus produtos e serviços para este povo maravilhoso, que escolheu os melhores governantes possíveis, comprometidos com as causas populares, a justiça social, a igualdade real dos cidadãos?" "Como é que é? E ele ainda trabalha para esse Estado que paira acima de nós e nos enche de benesses e benfeitorias?" "Quem ele está pensando que é?"


Pois é, poucos, um número mínimo dentre esses poucos masoquistas que ainda se dão ai trabalho de ler estas páginas, se dedicam a me responder, a me xingar, quando lêem minhas criticas -- algumas sutis, outras diretas -- a todos os personagens incluídos no título deste post; esses são os adesistas anônimos, outros menos anônimos, mas que todos eles não suportam ler críticas ou insinuações aos mafiosos, corruptos, prevaricadores e outros bandidos que pululam no ou em volta dos cenáculos oficiais desta república e sociedade que nos cerca.
Eles não suportam que alguns, eu no caso, venham a destruir suas falcatruas subintelectuais, suas mentiras deslavadas, suas fraudes disfarçadas, seu autoengano coletivo, enfim, sua desonestidade proverbial.


O que posso fazer?
Dar pasto aos masoquistas? Certamente.
Não preciso fazer nada para isto, apenas transcrever o que anda todos os dias pela imprensa, a mesma imprensa que está repleta de militantes da causa, de mentirosos contumazes, de deformadores da realidade.
Não importa, basta citar ou transcrever alguma matéria, acrescentando comentários cáusticos -- como costumam ser os meus -- para deslanchar a raiva incontida dos adesistas anônimos -- cujos comentários, mesmo aqueles ofensivos, eu transcrevo aqui, menos os manifestamente fora de propósito, apenas para confirmar como é baixa a estatura moral da maior parte deles -- esses críticos de fancaria, que não conseguem escrever um único argumento em defesa dos mafiosos, mas que se comprazem em atacar o neoliberalismo, a direita, os conservadores, os opositores, os críticos, enfim, os adesistas que não suportam críticas, que não conseguem suportar a opinião alheia, que são intolerantes a ponto de pretender silenciar os não adesistas, como é o meu caso.


O que posso fazer?
Continuar transcrevendo matérias, para deixar os AAs mais furiosos ainda.


E não preciso nem citar nomes, ou casos concretos. Basta fazer alusões...


Por exemplo: as máfias sindicais (e não me refiro, desta vez, às dos trabalhadores, mas às patronais, mesmo, que eram outrora inimigas dos militantes da causa, mas que hoje já são fieis companheiros, que contribuem financeiramente para as boas causas, que engordam os amigos do capital alheio).
Existe uma máfia patronal que pagou UM MILHÃO para um companheiro para ele supostamente prestar assessoria. Como é que um empresário decente justifica perante seus colegas de Conselho a entrega disfarçada em "consultoria" dessa soma a um companheiro que no passado pretendia enforcar a burguesia?
Vejamos: "Caros colegas, precisamos nos aproximar (ou seja, comprar) esse fulaninho, que vai ser importante no próximo governo; é um investimento, vocês sabem; alguém aí contra? Ninguém, ótimo; vou mandar fazer um contrato, vocês por favor assinem a prestação de contas, e não se esqueçam de avisar os assessores que o fulaninho prestou realmente a consultoria."


Existe outra máfia, a das corporações profissionais, que não enxerga o enriquecimento desmesurado de tal  político, pois ele pertence ao partido no poder. "Melhor não mexer nisso, depois a gente vê...".


Existem também desembargadores, procuradores, juízes que passam a mão em todo tipo de falcatrua, já que isso não atinge ninguém em particular: "É só um pouco de dinheiro público, mixaria, deixa prá lá, e depois esse cara vota pelo nosso aumento de salário no parlamento..."


Existem também outras máfias, que não querem controle sobre suas atividades, que não querem cobrança de resultados, que não querem ouvir falar em produtividade, essas coisas burguesas. As nossas universidades estão cheias delas, mas o mesmo mal se estende a todas as categorias do serviço público.


Adesistas anônimos ficam doentes quando me vêem transcrevendo casos concretos de todas essas patifarias, e pensam que estou acusando a eles mesmos (de certa forma estou). Escrevem indignados, procuram rebater-me, se pudessem me calariam.


A caravana passa...
Paulo Roberto de Almeida 

terça-feira, 17 de maio de 2011

Que tal acabar com a estabilidade de funcionario publico?: eu topo...

Funcionarios públicos acham que a sociedade deve trabalhar para sustentá-los. Se eles não estão satisfeitos com o que ganham, não tem problema: eles podem parar, tranquilamente, fazer a sociedade de reféns, passar dias e dias parados, e nada acontece; simplesmente continuam ganhando igual.
Máfias sindicais são assim: assaltam o pobre do contribuinte e ainda acham que têm razão.
Eu simplesmente recomendo acabar com a estabilidade, totalmente, de todas e quaisquer categorias, inclusive de juízes. Juízes teriam estabilidade garantida durante 2 anos, renováveis mediante exame de produtividade e exames periódicos, para ver se melhoraram...
Todo o resto, sem garantia de estabilidade.
Para quê? Se é para não fazer nada, melhor fazer em casa...
Paulo Roberto de Almeida

Servidores rejeitam proposta da prefeitura e ameaçam parar
Alexandre Leboutte

Oferta de 6,51% desagrada os municipários, que reivindicam 18%.Os servidores públicos da prefeitura de Porto Alegre podem entrar em greve se o Executivo não alterar a proposta de conceder um índice de reajuste de 6,51%. A oferta foi apresentada na manhã de ontem à direção do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa), em encontro que ocorreu no paço municipal.

"A proposta está muito abaixo do que a categoria está reivindicando e, se não for alterada, vamos discutir a possibilidade de greve na assembleia geral de quinta-feira", projetou a diretora-geral do Simpa, Carmen Padilha. Os municipários reivindicam um reajuste de 18%, que, segundo Carmen, compreenderia perdas desde 2005.

Na reunião com a direção do sindicato, o coordenador do Comitê de Política Salarial do município e secretário de Governança, Cézar Busatto (PMDB), propôs a reposição da inflação dos últimos doze meses. O índice de 6,51% (IPCA) seria aplicado aos salários e vale-alimentação.

O governo municipal também ofereceu um abono para complementar a diferença dos cerca de 3 mil servidores que têm o salário-base menor do que o mínimo nacional. Busatto destaca também o plano de saúde do IPE (Instituto de Previdência do Estado), que será implementado até outubro, e a reformulação do plano de carreira dos municipários. O secretário entende que as perdas reivindicadas pelos servidores se referem aos anos de 2003 e 2004, quando não receberam aumento em virtude do teto estipulado pela Lei de Responsabilidade Fiscal à folha de pagamento. "Só em 2007 recuperamos o equilíbrio fiscal", observa.

Busatto diz que o percentual pedido "é inviável, está completamente fora da realidade, seria voltarmos a uma situação que não interessa nem aos servidores nem à cidade". A folha salarial do município é de R$ 121 milhões mensais e teria um acréscimo de R$ 20,8 milhões por mês se fosse atendida a reivindicação dos municipários. O secretário adianta que a reformulação da proposta não está nos planos do governo.

Os servidores fizeram ontem um dia de paralisação para pressionar a prefeitura a atender suas reivindicações. Participaram de um ato em frente ao paço municipal mais de 2 mil trabalhadores. Carmen Padilha estima que 70% da categoria aderiu ao movimento.

Foram garantidos os serviços essenciais, como os de saúde, e plantões do Deparamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) e da Secretaria Municipal de Obras e Viação (Smov). A maior adesão ocorreu entre os professores das escolas municipais.

A possibilidade de greve gerou comentários na Câmara Municipal ontem. A vereadora Maria Celeste (PT) defendeu que o prefeito José Fortunati (PDT) receba os funcionários do município para negociar. O líder da base governista, João Dib (PP), acredita que a postura do prefeito está correta. "Esse é o papel da Secretaria de Governança. Senão, não precisa ter essa secretaria."

domingo, 15 de maio de 2011

Mafias sindicais e partidarias: nossos gafanhotos compulsorios...

A privatização cotidiana
Rolf Kuntz
Blog do Estadão, 11 de maio de 2011

O brasileiro terá subido um degrau na vida quando for somente esfolado por um Fisco voraz para sustentar governos incompetentes e perdulários. Sua situação, neste momento, é pior que essa. Ele é espoliado também para sustentar os interesses privados de partidos políticos, parlamentares, aliados do governo e uma porção de lucrativas entidades – fajutas ou não – oficialmente descritas como sem fins lucrativos. Mas não há sinal de upgrade. Por enquanto, o mais provável é o destino oposto, porque é quase certa a oficialização do financiamento público de campanhas. Com isso, a política brasileira continuará tão indecente quanto é hoje e o nariz de palhaço do contribuinte ficará mais ostensivo.

O Fundo Partidário distribuirá este ano R$ 301,5 milhões. Desse total, R$ 265,3 milhões correspondem à dotação orçamentária básica. O resto provém de multas cobradas pela Justiça Eleitoral e destinadas aos partidos, como determina a Lei n.º 9.096, de setembro de 1995. A dotação básica foi inflada com R$ 100 milhões, em janeiro, em manobra da Comissão Mista de Orçamento. Esse acréscimo servirá para cobrir dívidas de campanha do ano passado. A história pode ser escandalosa e, segundo o Estado, a presidente Dilma Rousseff chegou a examinar a possibilidade de um veto e foi dissuadida por auxiliares. Mas a manobra de socorro aos partidos endividados foi facilitada por uma aberração legal, o Fundo Partidário.

Não há justificativa política ou moral para a obrigação, impingida ao contribuinte, de financiar partidos, entidades privadas. Não se trata, nesse caso, de subsídios ou auxílios concedidos com base em considerações de interesse estratégico ou destinados a sustentar serviços essenciais, como aqueles prestados pelas Santas Casas. Falar em promoção da democracia para defender essa mamata é abusar das palavras.

Partidos políticos são legalmente definidos como pessoas jurídicas de direito privado. Cidadãos podem criá-los, fundi-los e extingui-los livremente, segundo o artigo 17 da Constituição Federal. Mas, segundo o mesmo artigo, os partidos “têm direito a recursos do Fundo Partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei”.

A garantia de dinheiro público a entidades privadas – e vinculadas à defesa de interesses corporativos, econômicos, ideológicos etc. – é uma das aberrações abrigadas na Constituição Federal. Algumas, como a limitação dos juros, no artigo 192, foram corrigidas. Outras, como a divisibilidade dos juízes, implícita no artigo 106, permanecem no texto. Segundo esse artigo, “os Tribunais Regionais Federais compõem-se de, no mínimo, sete juízes”, sendo um quinto recrutado dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade, etc. Um quinto de 7 é 1,4.

Muito mais importante que essa curiosidade anatômico-aritmética é a confusão entre o público e o privado. A presença dessa geleia política na Constituição não deve ser casual. É característica da história brasileira e manifesta-se na rotina das instituições e dos organismos públicos. As chamadas “verbas compensatórias” servem a interesses particulares de senadores e deputados. São usadas, por exemplo, para o custeio de escritórios e de seus contatos com as bases eleitorais. Por que diabos deve o contribuinte financiar a carreira política de cada parlamentar? Por que não deixar cada um cuidar de suas despesas, com recursos próprios ou, talvez, com auxílio de seus aliados ou de seu partido? Esse custo lançado na conta do pagador de impostos é simplesmente mais um abuso, cometido, como tantos outros, em nome da democracia.

Sindicatos também são entidades privadas e representam interesses privados. Mas são beneficiados pelo imposto sindical, agora dividido também com as centrais, graças ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Pode-se até discutir se o imposto sindical tem algum sentido, mas o uso desse tributo, no Brasil, tem servido principalmente para alimentar distorções na organização trabalhista e para sustentar um peleguismo cada vez mais escancarado. É, novamente, dinheiro cobrado compulsoriamente e usado para distribuir benefícios a particulares – incluídos os grupos políticos aliados aos pelegos.

O empreguismo e a distribuição de postos a aliados são formas tradicionais de privatização não declarada. Seu uso se acentuou nos últimos oito anos. A novidade recente é a disputa entre o PT e os partidos da base, motivada pelo apetite excepcional exibido neste ano pelos petistas.

Pulverizar verbas orçamentárias por meio de emendas para atender a interesses eleitorais e beneficiar entidades amigas – e às vezes fraudulentas – é prática tradicional. Também nesse caso as atenções de suas excelências passam longe do interesse público. Diante de todos esses fatos, a manobra para pagar as dívidas de campanha é quase rotineira.

sábado, 30 de abril de 2011

Mafias sindicais: nossa praga de gafanhotos...

Temos outros "pragas bíblicas, eu sei, mas esta é a que mais cresceu, se desenvolveu e prosperou nos oito anos (and counting...) da República Sindical a que fomos levados por escolha dos eleitores.
Na Argentina vizinha, eles também escolheram criar uma República Sindical, que nunca retrocedeu, a despeito de governos militares e de civis mais liberais.
A Argentina continua decaindo, décadas depois da instalação da sua República Sindical.
O Brasil, com suas peculiaridades, vai pelo mesmo caminho.
A escolha é só nossa...
Paulo Roberto de Almeida

A festança das centrais
Editorial - O Estado de S.Paulo
30 de abril de 2011

Houve tempo em que dirigentes sindicais responsáveis faziam do dia 1.º de maio um momento de reflexão sobre os problemas que atormentavam os trabalhadores. Em muitos países, a data foi transformada no Dia do Trabalhador para homenagear aqueles que dedicaram a vida à defesa dos direitos de seus parceiros de trabalho. Nos últimos anos, porém, as centrais sindicais brasileiras transformaram o Dia do Trabalhador num pretexto para festas e discursos demagógicos, desvirtuando seu significado original.

Dinheiro para festejar não lhes falta. Além da generosa fatia a que têm direito na partilha do dinheiro extraído anualmente do bolso dos trabalhadores na forma de imposto sindical, o que lhes garante mais de R$ 100 milhões por ano, as centrais obtiveram patrocínio de empresas estatais e de algumas companhias privadas para realizar sua festança deste domingo.

Estima-se que as duas grandes festas das centrais sindicais em São Paulo - uma liderada pela Força Sindical, com o apoio de outras quatro entidades, outra preparada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) - custarão R$ 5 milhões.

Alguns artistas renomados, outros nem tanto, políticos e sindicalistas se apresentarão para cerca de 2 milhões de pessoas, atraídas não para discutir as grandes questões que afetam o mercado de trabalho e angustiam os trabalhadores, mas para ver seus artistas prediletos e concorrer a prêmios valiosos, como 20 automóveis novos.

Seria muito bom se a realidade justificasse tanta festa. As condições de trabalho e de vida no Brasil e no mundo mudaram radicalmente em relação àquelas que prevaleciam no fim do século 19, quando a data foi escolhida para homenagear os trabalhadores. E continuam a mudar para melhor. Mas problemas novos surgiram.

Nos últimos anos, o avanço da tecnologia na indústria e no setor de serviços e a internacionalização das atividades econômicas e financeiras impuseram mudanças profundas nas relações do trabalho, num processo de desregulamentação que enfraqueceu os vínculos formais entre empregador e empregado.

Com muito raras exceções, os líderes sindicais não entenderam as transformações no mundo do trabalho, no exterior e no Brasil. Continuam presos a velhas palavras de ordem, que repetem como se quisessem ter a sensação do cumprimento de seu dever. Há dias, os dirigentes das centrais sindicais apresentaram ao presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), a lista do que consideram prioritário. Os pontos são velhos conhecidos: redução da jornada de trabalho, eliminação do fator previdenciário e regulamentação do trabalho terceirizado.

Nada disseram sobre problemas graves do mercado de trabalho, que não lhes parecem causar preocupação. Alguns são tão antigos como o Brasil e outros são bastante recentes. Mas as lideranças sindicais parecem alheias às mudanças que ocorreram diante de seus narizes.

Pretendendo representar os trabalhadores em nome dos quais dizem atuar, na realidade as centrais representam, no máximo, metade dos brasileiros que vivem de seu trabalho. Dados recentes mostram que a informalidade no mercado de trabalho vem diminuindo, mas, ainda hoje, 51,5% das pessoas que vivem de seu trabalho não têm registro em carteira. Não contam com nenhum direito trabalhista e, por omissão dos sindicatos, não têm direito nem mesmo à sindicalização.

Os que mais precisam de apoio dos sindicatos são por estes inteiramente ignorados, como mostra o fato de terem sido surpreendidos pela recente onda de revoltas nos canteiros de obras de usinas hidrelétricas. Não sabiam o que ocorria em algumas das maiores aglomerações de trabalhadores do País.

Além disso, eles nada têm feito para treinar os trabalhadores de suas bases para as novas demandas do mercado de trabalho. Há empregos, mas é cada vez maior a falta de trabalhadores qualificados para ocupá-los. É preciso preparar os trabalhadores, mas, para os sindicatos, esse não é problema deles, como não são muitos outros. Por isso, a festa de Primeiro de Maio deixou de ser a festa dos trabalhadores para virar a festa das lideranças sindicais.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Noticias da mafia sindical... sem nenhum exagero...

Nao uma máfia no sentido tradicional do termo, pois a velha máfia dava um duro danado para ganhar dinheiro: extorquia, ameaçava, matava de vez em quando, enfim, trabalhava.
Esta nova máfia ganha dinheiro sem fazer absolutamente nada...
Paulo Roberto de Almeida

O dinheiro fácil das centrais
Editorial - O Estado de S.Paulo - 11/04/11

Sem nenhum esforço, pois o dinheiro lhes é repassado automaticamente pelo governo, as centrais sindicais receberam no ano passado R$ 102,2 milhões, que gastaram do jeito que quiseram, sem se preocupar em prestar contas ao poder público. Com o aumento do número de trabalhadores com registro em carteira e da renda real média dos brasileiros, em razão do crescimento da economia, também as receitas das centrais aumentam. No ano passado, elas foram 20,8% superiores às de 2009, quando haviam crescido 21,6% em relação ao ano anterior.

A legislação que lhes assegura o direito de apropriar-se de uma parte do salário dos brasileiros não as obriga a informar, nem mesmo aos trabalhadores que dizem representar, o que fazem com tanto dinheiro. Fazem o que bem entendem.

Como mostrou o jornal Valor na segunda-feira, algumas compram ou constroem sede para abrigar com mais comodidade e conforto seus dirigentes e sua burocracia, afirmam realizar cursos de formação sindical, organizam convenções ou congressos e, sobretudo, procuram atrair mais sindicatos, pois a distribuição do bolo do imposto sindical é proporcional ao número de entidades e de trabalhadores da base que, teoricamente, elas representam. Gastam também com passagens aéreas, hospedagens, alimentação e outras despesas de viagem.

A transferência também para as centrais de parte do valor retirado anualmente do salário de cada trabalhador com registro em carteira, sindicalizado ou não, para, em tese, sustentar a representação dos trabalhadores é apenas a mais recente de um série de graves distorções e anomalias no campo trabalhista geradas pelo imposto sindical. Criado na década de 1940, durante a ditadura varguista do Estado Novo, o imposto sindical é cobrado em março de todos os trabalhadores, na base de um dia de trabalho. Mudou de nome em 1966, para "contribuição sindical", mas manteve suas características originais e continuou a gerar distorções na estrutura sindical, à custa do trabalhador.

Ao longo dos anos, a distribuição automática da arrecadação desse imposto, que no ano passado superou R$ 1 bilhão, gerou um sindicalismo estruturado primordialmente para receber esse dinheiro, e não, como é legítimo nas sociedades organizadas, para representar os trabalhadores de sua base e defender seus interesses profissionais. A maioria dos sindicatos habilitados a receber parte do imposto sindical não tem representatividade, não atua na defesa daqueles que deveria representar e serve apenas para sustentar uma casta de dirigentes que vive à custa daqueles que deveria defender. E certamente vive em condições muito melhores do que esses.

Durante o segundo mandato de Lula, as centrais sindicais foram incluídas entre as entidades sindicais habilitadas a receber uma fatia do bolo do imposto sindical. Até então, esse bolo era distribuído entre os sindicatos (60%), as federações (15%) e as confederações (5%), cabendo ao governo os restantes 20%. O governo Lula abriu mão de metade de sua fatia, cedendo-a às centrais; as demais entidades sindicais mantiveram sua participação no bolo.

A maior das centrais, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), vinculada ao PT, e também a que recebe a maior fatia do bolo sindical (no ano passado, teve direito a R$ 31,9 milhões), diz-se contra o imposto sindical, mas não abre mão do dinheiro que o imposto lhe assegura. Outras centrais defendem essa tributação sobre o salário do trabalhador alegando que, sem ela, não haveria como sustentar um sistema de representação sindical. Ou seja, sem o imposto, a estrutura sindical brasileira ruiria.

Mas seria melhor para o País, e sobretudo para os trabalhadores, se acabasse essa estrutura anômala, formada por sindicatos que na grande maioria só existem para sustentar seus dirigentes, e que se mostrou totalmente incapaz de acompanhar as transformações do mundo do trabalho, que criou novas realidades e novas demandas. Sobre ela se construiria um sindicalismo melhor, mais decente e eficaz, verdadeiramente vinculado às bases profissionais. Ou seja, sem pelegos.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Um sindicato de assaltantes dos recursos publicos: ela mesmo, a FIESP (2)

Desfaçatez em escala industrial
MARCELO DE PAIVA ABREU
O ESTADO DE SÃO PAULO, 23/08/10

Decididamente, há algo de podre no reino da Dinamarca. A farta lubrificação fiscal promovida pelo governo para eleger a sua candidata tem feito os agraciados com as suas benesses perder a compostura na defesa de seus interesses privados, quase sempre tentando confundi-los com os interesses do País.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) concedeu memorável entrevista (jornal Valor de 17/8), em que defende as políticas públicas que o Brasil deveria adotar. As importações deveriam ser "penalizadas", controladas quantitativa e qualitativamente, o Brasil teria que, "de alguma forma, se fechar". "O duro é aumentar salário para o cara consumir bem importado." "Importação benéfica para o país é aquela que complementa além do limite (que é possível) produzir. Se há demanda para 105 e produzimos 100, assim os 5 vêm de fora, para equilibrar a inflação." A taxa Selic deveria ser reduzida para permitir a desvalorização cambial. "A nossa taxa deveria ser um ou dois pontos porcentuais acima da inflação."
"Precisamos de três bancos como o BNDES para atender à demanda por investimentos." "Essa discussão sobre o BNDES é secundária e inoportuna."
Não há qualquer referência às raízes microeconômicas das dificuldades competitivas da indústria. Tudo é resultado da política macroeconômica indevidamente restritiva e do dumping praticado pelos nossos parceiros comerciais.

O primitivismo é estarrecedor. O modelo de crescimento advogado combina acesso a fontes de financiamento subsidiado do investimento, insumos baratos e reserva de mercado. Tudo apresentado como se fosse novidade e bom para todos nós. Em que isso se diferenciaria do que foi feito no passado? Muitas décadas de protecionismo redundaram em gordos lucros para os cartórios protecionistas e muito pouca inovação. Como é mesmo que essa tradição seria contrariada? O entendimento do presidente da Fiesp do que seja comércio internacional é uma completa sandice: os preços não têm função, o papel das
importações é meramente residual. Há clara tolerância quanto à aceleração inflacionária. O que se prega não tão veladamente é o abandono do regime de metas de inflação. Não interessa quem paga a conta da proteção ou da inflação. E o lamento vem de um empresário cujos negócios vêm sendo beneficiados por notável aumento de preços de commodities.

Em vista da pobreza da argumentação, a entrevista não é eficaz nem mesmo como defesa de interesses setoriais. Se a Fiesp desejasse seriamente abrir caminho para a redução de juros, deveria concentrar suas baterias na contenção de gastos públicos. E a agenda para reduzir o custo Brasil é longa: melhoria da infraestrutura, incentivos à inovação com o uso de subsídios seletivos. Não há objeção a gasto público efetivamente contracíclico - e não fantasiado de contracíclico - nem a defesa comercial sem viés protecionista.

A entrevista veio na esteira de um manifesto em defesa do BNDES, assinado por entidades que congregam empresas que se beneficiam dos empréstimos a taxas subsidiadas do próprio BNDES. Que valor efetivo pode ter manifestação que simplesmente afirma o seu apoio a um sistema que lhe permite acesso a benefícios que não são universalmente disponíveis. Tenho certeza de que 190 milhões de brasileiros assinariam um documento que expressasse a sua preferência por maior volume de recursos do que hoje dispõem. Tal documento, ao simplesmente expressar um axioma conhecido sobre o comportamento dos
agentes econômicos, seria tão trivial quanto o manifesto dos comensais da farra do BNDES.

O manifesto foi duramente criticado por analistas que questionaram a concessão de subsídios a projetos de duvidoso interesse público, a falta de transparência que cerca as operações do banco e as artimanhas que estão sendo utilizadas pelo governo para violar as suas próprias metas fiscais. E não é que surgem agora defensores ardorosos do manifesto e que pretendem inaugurar uma nova era no processo de mistificação da opinião pública? A história é assim. Funcionário de empresa multinacional é diretor de uma associação de classe signatária do manifesto pró-BNDES e também professor universitário. O manifesto, uma simples variante da frase trivial "prefiro mais dinheiro a menos", foi duramente criticado. A reação do diretor é vestir a pele de professor e, sem explicitar a sua condição de diretor da entidade signatária, defender o manifesto. Haja conflito de interesses...

Em tempo: os argumentos, sejam do professor, sejam do diretor, são péssimos. Os empréstimos do BNDES são subsidiados com base em qualquer análise econômica aceitável. A tentativa de ocultar o óbvio rentismo industrial com base na denúncia de rentismo financeiro é pífia. A taxa Selic poderia ser reduzida se os gastos públicos fossem disciplinados. Alternativamente, poderia ser abandonado o regime de metas de inflação, mas parece haver falta de coragem para usar este argumento publicamente.

É o país do "quero o meu", defendido com ares de que é bom para todos. Às favas com o interesse público. E danem-se os conflitos de interesses.

Marcelo de Paiva Abreu é DOUTOR EM ECONOMIA PELA UNIVERSIDADE DE CAMBRIDGE,
É PROFESSOR TITULAR NO DEPARTAMENTO DE ECONOMIA DA PUC-RIO.

Um sindicato de assaltantes dos recursos publicos: ela mesmo, a FIESP

Quando eu escrevi neste mesmo espaço, pouco tempo atrás, que a FIESP era um sindicato de ladrões, e que seu presidente era um idiota, um dos leitores me escreveu preocupado, para dizer que eu podia ser processado por calunia e difamação.
Bem, não sei por que alguém poderia ser processado apenas por dizer a verdade, talvez não da forma que escrevi, mas em termos outros, disfarçados, para dizer a mesma coisa.
Acho que posso voltar aos meus termos habituais para acompanhar a leitura desta entrevista do mesmo personagem, sobre os mesmos problemas. Não preciso acrescentar nada ao que já disse. O próprio personagem se encarrega de confirmar o que eu penso dele.
Paulo Roberto de Almeida

''É preciso restringir o investimento chinês no Brasil''
Marcelo Rehder e David Friedlander
O Estado de S.Paulo, 23.08.2010

Benjamin Steinbruch, dono da CSN e presidente da Fiesp, diz que chineses podem 'tirar os competidores do jogo' e defende restrições à compra de terras e reservas minerais

"Eu não apareço na mídia com frequência. Isso não quer dizer que não seja ativo"

O empresário Benjamin Steinbruch, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), defende restrições à onda de compra de terras e reservas minerais brasileiras por empresas da China. Dono da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), diz que, como os chineses já são os maiores compradores de minério de ferro do mundo, se também dominarem a produção, "poderão tirar os outros do jogo".
Para o empresário, os asiáticos fazem concorrência desleal, porque possuem apoio maciço do governo de seu país. "É o Estado, não é iniciativa privada."

Steinbruch tem interesse direto no tema, já que mineração é uma das prioridades da CSN, que tem planos ambiciosos para o setor. Mas suas críticas têm o peso da instituição que o coloca hoje como uma das principais lideranças do empresariado nacional. Nesta entrevista, ele também fala dos planos para a CSN e da experiência de presidir a Fiesp, cargo que assumiu com a licença do titular Paulo Skaf para concorrer ao governo de São Paulo.

Além de inundar o mercado com seus produtos, a China está comprando muitos ativos no Brasil. Isso incomoda os empresários?
A China investiu muito em títulos do Tesouro americano e agora busca desesperadamente trocar parte desses papéis por ativos. Começou pela África, onde comprou tudo que podia e agora está comprando na América Latina, inclusive no Brasil. O capital chinês de médio e longo prazos para investimento é muito bem-vindo. Mas é preciso cuidar de setores estratégicos.

Quais seriam esses setores?
Por exemplo, a China comprar reservas de minério no Brasil, sendo ela o principal cliente do País, precisa ser considerado de forma diferente. A China é uma força no mundo. A partir do momento que ela tenha o domínio sobre a matéria-prima, sendo a maior consumidora de minério, ela pode tirar os outros do jogo. Dependendo do preço de transferência que adote, quebra com todo mundo. Setores estratégicos têm de ter algum controle do governo. É preciso dizer aquilo que pode e aquilo que não pode ser comprado por capital estrangeiro.

O sr. está falando em restringir a compra de terras ou minas?
Eu restringiria. Se for uma coisa da iniciativa privada, é um direito indiscutível. Mas, a partir do momento que atrás de quem compra está o Estado, é uma coisa de governo contra governo. Não vejo com bons olhos nenhum país vindo aqui comprar ativos no Brasil.

O sr. não está exagerando?
Vou contar um fato que me causou surpresa. No projeto da ferrovia Transnordestina tentamos comprar terras para induzir o desenvolvimento de plantio de grãos na região. Para nossa surpresa, encontramos grandes propriedades sendo tocadas por chineses. Eles já produzem grãos no interior do Piauí e de Pernambuco, coisa que nós, idealizadores do projeto, não sabíamos.

O sr. acha que os principais candidatos à Presidência aceitariam fazer esse tipo de intervenção?
Qualquer presidente tem de ter essa preocupação, porque é uma questão de soberania nacional. Independentemente de partido, estilo ou filosofia, é algo que tem de ser analisado e resolvido de maneira muito rápida, porque depois que comprarem não adianta fazer mais nada.

O sr. tem defendido o BNDES, mas a atuação do banco não está concentrada em poucas empresas?
Existe concentração porque não temos empresas globalizadas. É preciso fortalecer as empresas brasileiras para termos uma presença lá fora.

No caso dos frigoríficos, que é foco de críticas, o banco deu muito dinheiro para os grandes, enquanto os pequenos e médios se queixam de falta de acesso...
Não sei se é o que está acontecendo. Mas se a pequena e a média não estão sendo apoiadas, acho que está errado. Agora, essa posição do BNDES de fortalecer empresas brasileiras exportadoras de carne nos países importadores faz todo sentido estratégico. O nosso desafio é virar uma potência. Para isso, temos de fazer o que os outros países fizeram e deu certo. Não precisa melhorar, basta copiar.

O sr. quis internacionalizar a CSN. Tentou comprar a siderúrgica anglo-holandesa Corus e a cimenteira portuguesa Cimpor, mas não deu. Vai continuar tentando?
Temos de continuar, um dia vai dar certo. Mas é preciso ser racional. Se fosse pagar o que não vale, a gente teria levado. Sempre tive muita vontade de comprar a Corus. Fui até onde deu. Não deu para levar, o que posso fazer? Na Cimpor foi a mesma coisa. A gente vai continuar tentando.

Está olhando outros negócios?
Estou. Basicamente aquilo que completa o que a gente faz: aço, cimento e mineração. É claro que, se aparecer alguma coisa muito boa, vamos estudar.

Onde está procurando?
Num primeiro momento, nos Estados Unidos e na Europa.

O sr. vai mesmo desmembrar os ativos da CSN e abrir o capital das empresas resultantes?
A CSN, como as grandes empresas brasileiras, precisa se tornar um conglomerado mundial. A ideia é que a CSN tenha os seus cinco negócios abertos em bolsas: mineração, siderurgia, cimento, infraestrutura e logística, e energia. É claro que é um negócio trabalhoso desmembrar uma empresa grande e transformar em cinco.

Quando isso vai acontecer?
A gente vai fazer uma de cada vez. O que está mais maduro é a mineração, mesmo porque nós temos uma outra empresa de mineração em parceria com japoneses, coreanos e chineses, que é a Namisa. Temos 60% e eles, 40%. A ideia é juntar Namisa com Casa de Pedra e abrir o capital. É um projeto de 110 milhões de toneladas de minério de ferro, uma quantidade muito significativa.

O sr. já tinha anunciado isso para o primeiro semestre. Não deu certo?
A gente está trabalhando bastante nisso. A Namisa tem vários sócios, até conseguir convergir para fazer a unificação dos negócios demora mesmo. Está demorando mais do que a gente previa. Mas todos estão de acordo que vale a pena. Acho que sai agora no segundo semestre.

O sr. gostou da cadeira de presidente da Fiesp? Pensa em se candidatar na eleição do ano que vem?
A cadeira é igual, sabia? Mas a Fiesp é uma instituição muito forte. Engloba a indústria de todo o País, não só a paulista. Aqui passam presidentes, ministros, reis, príncipes, gente humilde... É uma experiência muito rica, não tem como não gostar. Agora, poder ficar é outra coisa. A Fiesp precisa de uma participação muito ativa, exige muito tempo. Minha prioridade é o grupo de empresas que a gente tem.

Como o sr. vê as críticas de que a Fiesp ficou acéfala depois da saída de Paulo Skaf?
Eu não me considero um cara acéfalo nem os diretores que estão aqui. É uma interpretação equivocada porque a maneira de ser de cada um é diferente. Eu não apareço na mídia com frequência. É meu estilo. Isso não quer dizer que a gente não seja ativo.

E o fato de não ter feito debates com os candidatos a presidente, como era tradição na casa?
A gente prefere uma abordagem direta. Estamos falando com os candidatos em separado. Eu acho que hoje é mais eficiente a gente ter essa postura de abordagem direta.

E o que vocês têm levado aos candidatos?
Aquilo em que a gente acredita. O modelo da produção e do emprego. Com todo respeito ao ministro da Fazenda, hoje o Brasil precisa de um ministro do Desenvolvimento mais forte que o da Fazenda. A parte financeira do País está resolvida. O que temos de desenvolver agora é a produção e o emprego. Isso é o que vai nos fazer diferentes.

Por que o sr. foi contra a filiação da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA, uma sociedade entre a Vale e a alemã ThyssenKrupp) ao Instituto Aço Brasil?
Anos atrás, fomos sócios da Thyssen Krupp num projeto aqui, mas houve divergências, compramos a parte deles e ficou por aí. Quando a Thyssen veio para o Brasil com a CSA, agora, tirou 200 pessoas da CSN de uma só vez. E tirou só da CSN. Eu fui no Instituto Brasileiro de Aço e coloquei a discussão. Disse na mesa: "Eu posso tirar 200 pessoas da Gerdau, posso tirar 200 pessoas da Usiminas, desde que pague mais."

Qual o problema, então?
Numa mesa em que nós sentamos para discutir estratégia, sermos amigos, não faz sentido um ficar agredindo o outro. Então, o instituto decidiu que a CSA só seria aceita quando começasse a produzir aço no País. Só que ela tentou entrar antes e outros membros quiseram aceitar. Daí eu falei: "Não foi isso o combinado lá atrás. Então, a gente sai e a CSA entra". Como pediram para ficar, a CSN se licenciou do instituto. Não fizemos isso por nós, mas por todos os brasileiros. Não pense que se formos para os Estados Unidos a gente chega lá fazendo estripulia no mercado deles. Não pode.

Ano passado o presidente Lula implicou com Roger Agnelli para forçar a Vale a investir em siderurgia. Esta semana ele pegou no seu pé numa cerimônia da ferrovia Transnordestina por causa do atraso nas obras...

Ele saiu satisfeito com o que viu. A Transnordestina é uma obra complicada. São 1.728 quilômetros de ferrovia, envolvendo três Estados. Houve dificuldades em várias etapas, como desapropriação, parte ambiental, projeto. Demorou mais do que ele esperava, mas agora estamos a plena carga.

Mas, no discurso, Lula foi bem irônico. Disse que homens como o sr. não são queridos pela população mais humilde porque têm privilégios nos governos. Ou que o sr. não fazia ideia de quanto era xingado...

O presidente é muito espontâneo. Tinha uma massa grande de trabalhadores e ele estava emocionado. Ele brinca muito, interage com o povo. Não fez nada por mal, acho que ele saiu de lá contente.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Al Capones tupiniquins: as mafias sindicais e a politica brasileira

Bem, os companheiros ainda não circulam de metralhadoras pelas ruas da Chicago do cerrado, mas tem outras armas letais, capazes de matar a democracia brasileira.
Paulo Roberto de Almeida

A 'fábrica de dossiês' do PT
Editorial - O Estado de S.Paulo
10 de agosto de 2010

Em editorial, nesta página, sobre a revelação de que servidores da Receita violaram o sigilo fiscal do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira, presumivelmente para a montagem de um dossiê que poderia ser usado por setores da campanha da candidata Dilma Rousseff contra o opositor tucano José Serra, falou-se do "exército secreto" arregimentado pelo PT na administração federal para fazer o trabalho sujo na disputa pelo Planalto. É mais do que isso. As campanhas eleitorais são apenas uma entre tantas frentes onde atuam essas tropas da treva - e assim também os seus alvos.

Disso não deixa dúvida a confissão de um ex-diretor e ex-assessor da Previ, o colossal fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, Geraldo Xavier Santiago. Em entrevista publicada na edição desta semana da revista Veja, Santiago disse que a entidade é "uma fábrica de dossiês" que funciona como um "bunker" e "braço partidário" a serviço de uma ala petista - comandada pelos poderosos chefões do sindicalismo aboletados na estrutura do poder nacional. Ele citou nominalmente os ex-ministros Ricardo Berzoini e Luiz Gushiken e o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, todos do setor bancário.

O gerente da fábrica, de acordo com a denúncia, era o presidente da Previ até junho, Sérgio Rosa. Santiago era próximo dele até romperem em 2007. No embalo, o então diretor deixou o fundo e saiu do PT. Ele não é um pecador arrependido. Levado a falar do dossiê contra Marina Mantega, filha do ministro da Fazenda, cuja compilação o entrevistado atribui a uma "disputa interna", fez uma especiosa distinção entre o certo e o errado nessas operações: "Uma coisa é fazer com o adversário. É uma involução do PT?"

O sindicalismo selvagem que Lula levou para dentro do governo transpôs para a política a violência característica dos embates entre as máfias sindicais. Parte da premissa de que todo adversário deve ser tratado como inimigo - e, nessa condição, deve ser aniquilado. Santiago, que começou no sindicato dos bancários do Rio, contou que sua estreia na linha de montagem de falsas acusações a terceiros data de 2002, quando as milícias petistas foram incumbidas de investir contra os então gestores da Previ e provar a interferência do governo na instituição.

A cultura da destruição se afirmou em seguida. "Dossiês com conteúdo ofensivo, para atingir e desmoralizar adversários políticos", precisa Santiago, "só no governo Lula mesmo, na gestão do Sérgio Rosa". Foi também quando a cúpula da Previ armou uma teia de conselheiros ligados ao PT em empresas de cujo capital o fundo participava para canalizar em favor da sigla as suas doações partidárias. A central de dossiês trabalhou a todo vapor durante a CPI dos Correios, em 2005, cujo foco incidiu sobre o mensalão, antes que o esquema de compra de votos fosse objeto de um inquérito específico.

A Previ, à época, era a fonte das acusações com que a senadora petista Ideli Salvatti tentava acuar parlamentares oposicionistas. Segundo revelou Santiago, que agora diz que cumpria "ordens superiores", entre os políticos visados estavam os senadores Jorge Bornhausen e Heráclito Fortes e o deputado ACM Neto, todos do DEM. O tucano José Serra também faria parte da lista. Rosa teria ordenado que se juntassem dados sigilosos com " informações sobre investimentos problemáticos da Previ que estivessem ligados a políticos da oposição".

Sintomaticamente, a primeira reação do PT à entrevista foi silenciar. Já o fundo de pensão, hoje dirigido por um ex-vice-presidente do Banco do Brasil, Ricardo Flores, informou que "a atual cúpula desconhece essa prática e está muito tranquila em relação a suas recentes práticas de governança". De notar os termos "atual" e "recentes" - indicando uma dissociação com o que se tenha feito na entidade até há bem pouco tempo. De seu lado, além de assegurar que a sua campanha não tem nenhuma vinculação com a Previ, a candidata Dilma Rousseff instou a imprensa a revolver o caso dos grampos na privatização da Telebrás no governo Fernando Henrique. Como se isso eximisse de culpa os papeleiros da Previ e limpasse a ficha do PT.