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segunda-feira, 9 de junho de 2014

Inflacao: heranca maldita dos companheiros - Henrique Meirelles

Os keynesianos de botequim, que são as contrafações de economistas companheiros, ainda continuam a acreditar em Celso Furtado, para quem um pouquinho de inflação não seria prejudicial ao crescimento, desde que garantindo mais emprego. Se fosse só isso...
A herança dos companheiros vai continuar a prejudicar o Brasil por anos e anos à frente...
Paulo Roberto de Almeida 

O mau humor da inflação

Por Henrique Meirelles
Folha de S.Paulo, 08/06/2014.
O instituto de pesquisas Pew, com experiência consolidada na sondagem da opinião pública em mais de 80 países, divulgou dados sobre o nível de satisfação da população brasileira com duas revelações importantes:
1) A piora da avaliação da situação econômica aqui só se compara a ocorrida em países com guerra civil ou conflito agudo, como o Egito.
2) 85% da população considera a inflação um dos maiores problemas do Brasil.
A segunda constatação tem significado histórico. Por muito tempo, a maior dificuldade no trabalho de combate à inflação foi a postura de setores do pensamento econômico e da política de que um pouco de inflação é bom para o crescimento e que os custos de enfrentá-la com rigor para mantê-la na meta não compensam e são impopulares.
A inflação baixa é fundamental não só para a manutenção do poder de compra das pessoas, mas também para maior crescimento econômico
Dizíamos que, na medida em que a população sentisse os efeitos da manutenção do seu poder de compra com a inflação mais baixa, ela não aceitaria a volta de índices mais elevados. E que isso seria uma conquista institucional histórica, pois a experiência brasileira e de diversos países mostra que inflação baixa é fundamental não só para a manutenção do poder de compra das pessoas, mas também para maior crescimento econômico.
A inflação controlada dá mais previsibilidade e retorno ao investimento e, mais importante, eleva a confiança da população, pois sabe que no próximo mês o poder aquisitivo de seu salário será mantido.
Ponto fundamental e muitas vezes esquecido é que o maior prejudicado com a inflação um pouco mais alta são os assalariados. Eles têm aumento uma vez ao ano, enquanto os preços sobem a qualquer momento.
Importante notar também que é ilusão achar que o governo ganha com a inflação já que a arrecadação de impostos cresce com os preços e as despesas de governo só crescem mais tarde. A desorganização econômica e o baixo crescimento causados pela inflação acabam inexoravelmente prejudicando os que ganham com ela, inclusive o governo.
Portanto, devemos encarar a insatisfação popular com a inflação alta, apontada recorrentemente pelo Datafolha, como positiva. Ela consolida no Brasil o valor da inflação baixa e estável. E o pessimismo agudo revelado pelas pesquisas reflete a percepção de uma inflação maior do que a dos índices oficias, pois a população lida com preços livres não controlados pelo governo.
Com a inflação controlada e a expectativa para os anos seguintes na meta, os custos do controle da inflação serão muito baixos ou inexistentes.
Quanto maior a expectativa de inflação, maior é o custo de trazê-la para a meta e maior é o custo da desorganização inflacionária na economia como um todo.

terça-feira, 16 de julho de 2013

A inflacao das mafias sindicais: como fica agora?

Da coluna do jornalista Carlos Brickman:

Chega de boas notícias


O Governo nega, o ministro Mantega explica, o ministro Gilberto Carvalho diz que não é bem assim, a ministra do Planejamento está mais quieta do que Lula desde o caso Rose, mas desde a manifestação das centrais sindicais não dá para negar o fenômeno. Não faz muito tempo, conforme o local, colocava-se um manifestante nas ruas por R$ 30,00, lanche incluído. 



Agora, os manifestantes cobraram R$ 70,00, fora a condução. Quem pode dizer que não há inflação?
=========
Comento (PRA):
Só essa inflação dos mercenários já dá mais de 100% não é mesmo?
Mas as centrais mafiosas são ricas. Elas pagam...

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Brasil Maior 3: Brasil maior em inflacao, menor em industria, maior em comercio...

O Brasil Maior do governo vem enfrentando alguns problemas, como esses relatados abaixo no editorial do Estadão que comenta informe de conjuntura da CNI sobre a atualidade econômica, menos otimista do que os relatório do BC e as declarações do governo.
O fato é que o Brasil está numa trajetória de "desindustrialização" como dizem alguns economistas, mas não necessariamente por causa da "concorrência predatória" de produtos estrangeiros, como acreditam alguns deles (e o governo). A indústria simplesmente padece do chamado custo Brasil, uma combinação de altos tributos, infraestrutura precária, juros altos e vários outros fatores negativos, todos MADE IN BRAZIL. Os chineses não têm nada a ver com isso.
O que o governo DEVERIA FAZER?
Obviamente reduzir os custos da indústria, notadamente em tributos, e ajudar nas demais condições.
O que o governo VAI FAZER?
Aumentar os custos dos produtos estrangeiros, via tarifas e outras barreiras mais altas.
Ou seja, a indústria vai ter um alívio temporário, mas vai por isso mesmo continuar em sua marcha declinante, e será incapaz de competir na fase ulterior.
O comércio vai continuar vibrante, e o governo vai continuar gastando por conta.
Ou seja, o Brasil continua fazendo tudo errado.
Paulo Roberto de Almeida 

A CNI vê risco de inflação alta

Editorial O Estado de S.Paulo, 12 de outubro 2011
Inflação alta, produção em ritmo lento e gasto federal em rápida expansão compõem o cenário traçado para 2012 pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em seu novo Informe Conjuntural, divulgado nessa terça-feira. Será difícil conduzir a inflação ao centro da meta de 4,5%, no próximo ano, e isso dependerá principalmente de uma política fiscal mais austera, mas não há sinal dessa política, segundo o documento. Os órgãos de representação da indústria têm defendido a redução dos juros básicos pelo Banco Central (BC). A taxa básica foi cortada em 31 de agosto e novos cortes deverão ocorrer, segundo projeções do setor financeiro e dos meios empresariais. No entanto, os economistas da CNI parecem menos confiantes agora quanto ao acerto da nova política monetária. Em nenhum momento a criticam, em sua análise, mas demonstram insegurança quanto aos pressupostos alegados pelo governo para defender o afrouxamento da política de juros.
Ao anunciar o corte da taxa básica, o BC apresentou suas razões para tomar a decisão: a economia brasileira já perde impulso, a inflação começa a recuar, o crescimento internacional será muito lento, mesmo sem recessão, os preços dos produtos básicos tendem a cair e o governo continuará adotando uma política fiscal prudente. Com isso, será possível abrandar a política monetária, porque a gestão das contas públicas facilitará o controle da inflação. O relatório endossa apenas parte dessas avaliações e é muito menos otimista quanto à evolução dos preços.
A CNI reduz de 3,8% para 2,2% sua projeção de crescimento do produto industrial e, na sua avaliação, esse resultado dependerá em boa parte da mineração, da construção civil e dos serviços de utilidade pública. A indústria de transformação deve crescer apenas 1,2%. A expansão do Produto Interno Bruto (PIB) foi reestimada de 3,8% para 3,4% e será puxada principalmente pelo aumento do consumo privado (4,5%) e do consumo do governo (3%).
Além disso, o relatório chama a atenção para um ponto especialmente importante e nem sempre valorizado pelos economistas do governo: a produção tem perdido vigor, em parte por causa da concorrência estrangeira, mas a demanda interna continua forte. Por isso, o comércio cresceu mais velozmente que o PIB nos últimos quatro trimestres e essa tendência provavelmente se manterá. Além disso, o setor de serviços, livre dos efeitos da competição estrangeira, segue a evolução da renda e do crédito oferecido ao consumidor nacional.
Ainda ontem, novas informações do IBGE apontaram na mesma direção da análise publicada pela CNI. Em agosto, o emprego industrial foi 0,4% maior que em julho. A folha de pagamento real foi 3,3% maior que a do mês anterior e 7,1% maior que a de um ano antes. Apesar das dificuldades, o próprio setor industrial continua contratando e expandindo a folha de salários. A mesma tendência tem sido observada em outros segmentos da economia.
A piora do cenário internacional deverá afetar o Brasil, mas a deterioração das condições externas será menor do que foi em 2008. Os investimentos diretos continuarão sustentando o déficit nas transações correntes do balanço de pagamentos e, além disso, não deve ocorrer uma grande queda nos preços das commodities, pois haverá restrições de oferta (provavelmente, uma referência a dificuldades de vários produtores agrícolas importantes). Do setor externo, portanto, dificilmente virá uma pressão desinflacionária tão importante quanto a prevista pelo pessoal do BC.
Apesar disso, segundo a CNI, novos cortes deverão baixar a taxa básica de 12% para 11% neste ano. Com os consumidores ainda cacifados e o quadro internacional menos assustador do que projeta o BC, cresce o papel da política fiscal no combate à inflação. Mas o gasto público voltou a crescer mais do que o PIB e em 2012 as despesas primárias aumentarão 14,5% em relação ao valor esperado para 2011. Além disso, o salário mínimo embutido na proposta orçamentária está subestimado, segundo a Confederação Nacional da Indústria, porque a inflação deve chegar a 6,5% no fim deste ano e não aos 5,7% usados no cálculo. É bom dar atenção a essas avaliações.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O grande desmonte da politica economica - Celso Ming

Também acredito, como Celso Ming, que o governo Dilma promove um grande desmonte da política econômica herdada (de forma bendita, ainda que sem dizê-lo) do governo FHC e não coloca absolutamente nada no lugar, apenas improvisações, puxadinhos, arranjos ad hoc, na base do rápido e mal-feito (como na Cavalaria do ex-presidente, general João Figueiredo).
Na verdade, isso vem de longe: ainda quando o ministro da Fazenda era o corrupto-corruptor Antônio Palocci, a então chefe da Casa Civil bloqueou uma tentativa de aumento do superávit primário, colocando o governo justamente na trajetória contrária, a do aumento dos gastos do governo.
Enfim, isso corresponde inteiramente ao que ela deve ter aprendido na Faculdade de Economia de onde ela dizia ter doutorado, quando não completou sequer o Mestrado (mas esqueceu de avisar quem fazia o seu Currículo Lattes por ele, embelezado indevidamente): a UniCamp.
A UniCamp é recidivista, pois ainda há menos de um ano atrás deu um título de doutoramento fraudado a um ministro que precisava muito (e rapidamente) de uma distinção improvisada...
Paulo Roberto de Almeida



Risco de desarrumação

24 de setembro de 2011 | 16h30
Celso Ming
O Estado de São Paulo
É a meta de inflação sendo transformada em meta de juros. É um superávit das contas públicas (superávit primário) sustentado com certa dose de enganação. E é o câmbio, cada vez mais, sujeito a flutuações arbitrariamente sujas. E vamos parar por aí, sem meter no mesmo cesto a política industrial protecionista e eivada de casuísmos, que tende a restaurar reservas de mercado.
Desde 1999 a política econômica do governo se assentara num tripé baseado na meta de inflação, na produção de um forte superávit primário destinado a controlar a dívida e no câmbio flutuante. A percepção que vai sendo consolidada nesses primeiros nove meses de política econômica do governo Dilma é a de que esse tripé vai sendo desmontado, sem que o governo entenda que deva uma satisfação desse desmonte à sociedade.
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Dilma. É o desmonte do tripé? (FOTO: UESLEI MARCELINO/REUTERS)
O Banco Central, por exemplo, ainda mantém o discurso de que trabalha para a convergência da meta de inflação em 2012. Mas, desde a última reunião do Copom, em 31 de agosto, ficou claro que a decisão é derrubar os juros, mesmo se levando em conta que o avanço do consumo segue fortemente acima do avanço da produção. A aposta é de que a crise externa será tão forte que os preços das commodities, especialmente alimentos e petróleo, despencarão. E que, nessas condições, o mundo passará por uma forte desinflação, que será retransmitida para o mercado interno. Além disso, o Banco Central acredita que, agora, pode contar com uma política fiscal (disciplina orçamentária) mais austera, que lhe abra espaço para a queda dos juros.
Essa austeridade fiscal, por sua vez, não passa firmeza. O governo federal alardeou que economizará mais R$ 10 bilhões, uma migalha num bolão de receitas que deverá chegar a R$ 1 trilhão. Em todo o caso, prepara-se para perfazer um superávit primário (sobra de arrecadação para pagar a dívida) de R$ 139,8 bilhões (3,1% do PIB). Mas 2012, ano de eleições, já começará com um reajuste do salário mínimo contratado em torno de 14% – uma paulada nas despesas com o funcionalismo público e com os beneficiários da Previdência Social.
O câmbio, por sua vez, vai sofrendo intervenções contraditórias por parte da equipe econômica – não apenas dos dirigentes do Banco Central, que atua nesse filme somente como ator coadjuvante.
De um lado, sua diretoria declara que continua empenhada em neutralizar volatilidades no câmbio. No entanto, nas últimas duas semanas, se viu que solavancos de 2% ou 3% ao dia, tanto para cima como para baixo, aparentemente não são mais considerados volatilidade.
E cabe acentuar que as autoridades desestimulam a valorização do real e, depois, trabalham na direção contrária, sem revogar os mecanismos anteriormente montados, que atuam em outra direção.
A presidente Dilma Rousseff poderia dizer que os tempos são outros, que está em curso uma vasta crise financeira; que, por toda parte, tesouros estão se endividando para muito além da irresponsabilidade; e que os grandes bancos centrais têm emitido moeda para financiar gastos públicos. E ainda que, diante desse jogo maluco, o Brasil não pode ficar parado, disposto a pagar todas as contas que lhe chegam.
Mas o problema não são as mazelas dos vizinhos de perto e de longe. O problema é a improvisação e as inconsistências a que todo o arcabouço econômico está agora mais fortemente sujeito. O risco de que tudo se desarrume é cada vez maior.

sábado, 30 de abril de 2011

Inflacao e descontrole economico: ja sabemos de quem é a culpa..

...da imprensa!
De quem mais poderia ser?

Estarei sempre à disposição do partido para vir aqui dar esclarecimentos e explicar melhor o que estamos fazendo no governo para estarmos mais sintonizados. Para explicar a política econômica porque, às vezes, ela acaba sendo distorcida pela imprensa”.

Ministro da Fazenda, Guido Mantega, em reunião do Diretório Nacional do PT.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

A inflacao pode ate ser mundial, mas a politica economica foi feita aqui mesmo...

O governo encomendou uma inflação de praticamente 10% para todos nós este ano.
E não adianta vir com essa conversa de que ela é importada, pois isso só afeta uma pequena parte do aumento de preços (petróleo, por exemplo).
Todo é resto é encomendado aqui dentro, via elevação de crédito, expansão dos gastos públicos e indexação da economia via concessões e salário mínimo.
O governo está nos roubando 10% do nosso poder de compra este ano, talvez mais o ano que vem...
Paulo Roberto de Almeida

Inflação é fenômeno mundial, afirma ministra Miriam Belchior
28/04/2011 00:01

Tema já afastado do cotidiano do País, voltou com tudo nas últimas semanas e foi assunto principal da audiência pública com a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, na última terça-feira (26), na Comissão Mista de Orçamento do Congresso e na Comissão de Fiscalização da Câmara. A ministra admitiu o aumento da inflação, mas minimizou a situação dizendo que é um fenômeno da economia mundial e prometeu combatê-lo a todo custo, como informa a jornalista Caroline Aguiar.

De acordo com a ministra, a alta da inflação está acontecendo em todos os países emergentes e atinge o Brasil em proporções menores do que na China e Rússia. "É um fenômeno mundial e não tivemos o mesmo impacto que outros países tiveram. É uma inflação de caráter internacional, que depende de medidas internacionais também, mas nós, aqui no Brasil, estamos atentos para impedir o contágio desse fator internacional na nossa economia, utilizando armas monetárias e fiscais”, afirmou.

Belchior ainda acrescentou que “o Brasil está entre os emergentes que está puxando o crescimento mundial”. No entanto, ela pontuou três problemas a serem enfrentados: consolidação fiscal, combate à inflação e câmbio valorizado. A consolidação fiscal é tida como uma solução para os problemas nacionais e internacionais.

“A redução dos gastos públicos cumpre papel importante para abrir caminho para o controle da inflação e a redução de juros básicos. Estamos conseguindo, de fato, segurar gastos públicos”, disse. A ministra acrescentou que vários países estão copiando a fórmula brasileira de combate à inflação. Ela ainda garantiu que estão sendo tomadas medidas para manter o crescimento da economia no patamar de 5% ao ano.

sábado, 16 de abril de 2011

O governo reindexa a economia, e alimenta a inflacao

Parece que o governo é sócio na inflação. Aliás, governos irresponsáveis, sempre foram os responsáveis pela inflação, que lhes trazem receitas crescentes, ao mesmo tempo em que pagam contas e salários em moeda desvalorizada.
Esse jogo foi interrompido durante certo tempo, após o Plano Real.
Mas parece que o governo atual voltou ao jogo outra vez...
Paulo Roberto de Almeida

Governo prevê salário mínimo de R$ 616 no ano que vem
- RENATA VERÍSSIMO E CÉLIA FROUFE
AGENCIA ESTADO, 15/04/2011
Valor é previsto na Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2012; valor chegaria a R$ 676,35 em 2013.

Preparem-se para o pior. Apertem os cintos para entrar na zona de turbulência.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Faz bem ler economistas sensatos...

Num mundo (e no Brasil) onde tantos economistas malucos se disfarçam em conselheiros do príncipe -- e recorrem a velhos truques que nunca deram certo no passado em lugar nenhum (controles de preços, restrições a movimentos de capitais, manipulações cambiais, protecionismo, etc. -- sempre é bom ler economistas que simplesmente dizem as coisas como as coisas são.
Este, por exemplo:

A volta do dragão
Ilan Goldfajn
O Estado de S.Paulo, 01 de fevereiro de 2011

Cidadãos do mundo, preparem seus bolsos. A inflação está voltando. Ela vem a reboque do tsunami de aumentos de preços de commodities globais em economias emergentes já aquecidas. Os antigos remédios para combatê-la - política monetária (juros) e flutuação cambial (deixar apreciar) - estão sob suspeita. Novos remédios experimentais - medidas "macroprudenciais" - estão em uso intenso, sem sabermos ao certo quão eficazes e quais seus efeitos colaterais. O risco de uma parada mais brusca na atividade futura para combater a inflação aumentou.

O fenômeno é global. Os preços das commodities subiram por várias razões. No começo, pelos juros baixos no mundo (EUA, Europa, Ásia) e pela depreciação do dólar, que induziram a compra de ativos "reais". Recentemente, os preços estão subindo pelo crescimento econômico e pelos problemas climáticos globais. Há poucos meses a preocupação era com a volta da recessão nos EUA, chamada de mergulho duplo (double dip). Não só a recessão foi evitada, como o crescimento nos EUA no último trimestre do ano foi muito forte. O mundo parece que estava despreparado para a volta do crescimento simultâneo das economias maduras (EUA, etc.) e das emergentes (que crescem fortemente e demandam mais commodities para a urbanização crescente da sua população).

A inflação, quando é global, costuma ser de ninguém. Não se identificam os responsáveis individuais pelo excesso de demanda global. Cada país percebe a inflação como um choque externo. O viés é deixar o outro combatê-la. No caso da inflação de commodities, esse comportamento é institucionalizado: faz parte das regras dos bancos centrais retirá-lo do índice de inflação e combater a inflação do que sobrou (o núcleo). Como se toda a inflação de commodities fosse temporária, resultante de choques de oferta.

O problema de inflação é mais agudo nas economias emergentes. Enquanto o risco nas economias maduras era de falta de crescimento, as emergentes deram-se ao luxo de sobreaquecer sua economia, estimulando-a para além da resposta à crise de 2008. O sobreaquecimento era incentivado. As economias maduras precisavam de estímulos externos para a sua retomada. Mas agora a retomada é global. As economias emergentes enfrentam choques inflacionários globais em economias já vulneráveis à inflação doméstica (serviços, por exemplo), precisando desaquecer.

O risco atual nas emergentes é a inflação subir em excesso. E para evitar corroer o poder de compra da população as autoridades econômicas precisarão desacelerar suas economias além do previsto. Nesse processo de desaquecimento, podem até errar a mão (desaquecer demais ou de menos). O risco é maior desta vez. Novos instrumentos estão sendo adotados, com resultados menos estudados. São medidas administrativas, como a elevação dos compulsórios, exigências regulatórias que encarecem o crédito e/ou reduzem o prazo do financiamento.

Essas novas medidas são denominadas macroprudenciais porque foram idealizadas para prevenir crises financeiras futuras, como a que culminou com a quebra do Lehman Brothers. Hoje seu uso está se deslocando para políticas anticíclicas, de reação ao sobreaquecimento, não prevenção. Com medidas anticíclicas é difícil estimar precisamente seu efeito sobre a economia, há muita incerteza.

O uso crescente de medidas administrativas (macroprudenciais) ocorre também como consequência da crise financeira e da reação dos EUA. Na saída da crise, com a redução dos juros básicos a zero, restou a política monetária do Federal Reserve (Fed) de estimular a economia via expansão monetária, cujo último objetivo era estimular a economia via redução das taxas de juros mais longas também (a taxa de dez anos caiu para quase 2% no auge do efeito). Com a queda dos juros americanos houve uma força para sair dos ativos americanos em direção a ativos no mundo, o que ajudou a depreciar o dólar e apreciar as moedas nos outros países. As economias emergentes resistiram (e têm resistido) à apreciação cambial via intervenção (compra de reservas, além de outras medidas), numa batalha que foi denominada "guerra cambial".

O problema dessa "guerra cambial" é que ela induz a políticas que podem potencializar o problema da inflação. A manutenção do câmbio num patamar fixo, independente do mérito dessa política por outras razões, impede o câmbio de absorver parte da subida das commodities no mundo via apreciação e permite que a inflação de commodities se transfira integralmente para os preços domésticos. Além disso, como a preocupação é com os fluxos de capital, subidas de juros são evitadas para não atrair mais capital. Portanto, a política monetária fica viesada para adotar mais medidas administrativas e menos subidas de juros.

Mas a adoção de medidas administrativas não é de graça. No passado, essas medidas haviam sido preteridas pelos instrumentos de preço, como a taxa de juros, porque eram menos gerais (afetavam determinados setores) e induziam distorções na economia (geradas pelas tentativas de burlar as políticas).

Interessante, os juros americanos voltaram a subir (juros de dez anos perto de 3,5%) e os motivos iniciais para evitar os instrumentos tradicionais perderam força. Há menos incentivo para a saída de capital dos EUA. Não há razão para os juros não voltarem a ser o instrumento principal das emergentes, como antes. Mas, ao estilo de dom Quixote, a batalha continua. Países como a Turquia chegam ao limite de reduzir juros para combater a inflação, justificando o ato com medidas administrativas compensatórias.

Em suma, as crises têm sempre seus legados. O pêndulo às vezes atinge o outro extremo. Desta vez, temos mais inflação e o uso excessivo de medidas macroprudenciais. Mais adiante, o risco é uma parada mais brusca da atividade do que o planejado nas economias emergentes.

ECONOMISTA-CHEFE DO ITAÚ UNIBANCO E SÓCIO DO ITAÚ BBA

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Inflacao na China, e no Brasil

Revoltas contra os aumentos de preços costumam ser violentos na China, como relata esta pequena matéria da Economist. Mas não adianta culpar os americanos pelo aumento de preços na China, pois como também indica a matéria o aumento do meio circulante na China foi muito mais importante do que nos EUA, para uma economia duas ou três vezes menor.
Seria interessante conhecer de quanto aumento o M2 brasileiro, uma vez que o governo vem aumentando o crédito e os gastos de maneira quase irresponsável. Não se deveria reclamar, em seguida, se o BC aumentar os juros, em virtude de a inflação estar superando não apenas o centro da meta, mas ameaçando ultrapassar a banda fixada (que vai até 6,5%, cabe lembrar).

The canteen vigilantes
The Economist, November 26th, 2010, 10:05
by S.C. | HONG KONG
FORGET the bond-market vigilantes. In China, rising inflation has invited swift and terrible retribution from over a thousand rampaging schoolkids, who trashed their canteen in Guizhou province after the school raised the price of school dinners and bottled water. The South China Morning Post has the story (subscription required) and the pictures.
The disagreement among China-watchers about the roots of the country’s inflation is almost as violent. Like the company running the school canteen, many economists blame the rising price of vegetables and fruit. But this is “a lot of guff”, argues Arthur Kroeber of Dragonomics, an economics consultancy. “Food prices,” he says, are “an expression of inflation, not its cause.”
I wouldn’t go that far. But I share his scepticism about the other excuse Chinese officials like to offer: the Fed. They trash its monetary policy as enthusiastically as the schoolkids trashed their canteen. Its easy money, they argue, has raised global commodity prices and spurred hot-money inflows.
But despite its best efforts, the Fed has only succeeded in raising America’s broad money supply (as measured by seasonally-adjusted M2) to about $8.8 trillion. China’s central bankers, on the other hand, have increased China’s M2 to almost 70 trillion yuan, or $10.5 trillion. As Mr Kroeber points out, China has a greater quantity of money circulating in an economy a third of the size. Who is calling whom easy?

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O governo encomenda a inflaçao (nao, nao me enganei de titulo)

Alguem pode até pensar que eu estou exagerando -- como geralmente faço -- um pouco no título apenas para épater la galère e chamar a atenção dos "passantes".
Não, não é isso: o governo realmente não apenas encomenda como determina, praticamente obriga a uma taxa de inflação superior ao que ela deveria ser se o mercado fosse deixado tranquilo, e o BC pudesse fazer o seu trabalho sem esse patrulhamento constante dos supostos "desenvolvimentistas" (de fachada, apenas, pois ninguém, obviamente, é contra o desenvolvimento e pretender monopolizar o título é mais uma fraude intelectual).
O governo realmente é responsável por boa parte da inflação produzida este ano, com sua expansão irresponsável dos gastos, com todos os aumentos concedidos e prometidos a funcionários públicos e amigos do poder (os sindicalistas, como não poderia deixar de ser), com o crescimento de crédito em limites bastante altos, com todas as bolhas de consumo que ele anda criando demagogicamente...
Retenho apenas um trecho desta matéria de um jornalista conhecido:
"O fato é que o mercado de trabalho aquecido e os gastos do governo continuam estimulando a demanda. A despesa com pessoal do serviço público e a expansão crédito também são incentivos incrivelmente fortes. A massa salarial real cresce a taxas recordes (mais de 10%)."
O governo não pretende se corrigir, pelo menos não este governo.
Vamos ter de esperar algum governo mais responsável.
Paulo Roberto de Almeida

Inflação em alta é desafio para Dilma

Cristiano Romero
Valor Econômico, 17/11/2010
 A economia brasileira caminha para fechar 2010 com inflação (medida pelo IPCA) de 5,5%, bastante superior, portanto, à meta oficial de 4,5%. As expectativas do mercado para 2011, captadas pelo Banco Central (BC) por meio do Boletim Focus, mostram que a meta virou piso. O Brasil avançou muito no controle da inflação nos últimos 16 anos, mas ainda está longe de ter índices compatíveis com a média dos países ricos (2%) e mesmo com a dos emergentes (3%).
Os números mostram que não há um único fator explicando a corrida dos preços. De janeiro a outubro, o IPCA acumulado chegou a 4,4%. O item que mais chama a atenção na composição desse índice não é propriamente alimentação, mas, sim, serviços. Estes responderam por 1,6 ponto percentual dos 4,4%. Alimentação no domicílio contribuiu com 1 ponto.
A tendência desses dois itens é piorar no fim do ano. Novembro e dezembro já costumam ser meses difíceis no caso de alimentação. Com a economia superaquecida, é possível que os preços dos serviços também pressionem a inflação - analistas ouvidos por esta coluna projetam, para um IPCA de 5,5% em 2010, participação de 1,8 p.p. do item serviços e de 1,3 p.p., de alimentação no domicílio.
BC não conseguiu conter expectativas de inflação mais alta
É importante lembrar que os preços administrados se comportaram bem em 2010. Mesmo assim, a inflação seguiu forte. Quando se compara a variação do IPCA com o núcleo por exclusão (sem alimentação no domicílio e sem preços administrados), o que se vê é o núcleo correndo acima da inflação oficial. Nos 12 meses até outubro, esse núcleo variou 5,7% e o IPCA, 5,2%.
Isso mostra que as pressões inflacionárias neste momento são de demanda e não de oferta. Quando se faz essa mesma comparação com anos anteriores, verifica-se que, do início de 2007 até outubro de 2008, o núcleo por exclusão variou abaixo do IPCA. No início de 2009, no entanto, descolou e passou a ficar acima da inflação oficial.
Na última ata do Comitê de Política Monetária (Copom), o BC fez menção aos "efeitos de segunda ordem" provocados pela alta dos alimentos. Foi uma referência importante. O problema é que, talvez, tenha sido feita um pouco tarde, uma vez que esses efeitos secundários, isto é, de transmissão de expectativas de alta da inflação, não são hoje um risco, mas, sim, uma realidade objetiva.
Os efeitos de segunda ordem se manifestam por meio da inflação corrente, através dos preços dos serviços, como de fato está ocorrendo, ou da deterioração das expectativas. Os aumentos dos preços dos alimentos vêm ocorrendo há algum tempo de forma bastante forte e consistente. A deterioração das expectativas também não é recente.
Até março de 2009, o mercado dizia, por meio do Boletim Focus, que a expectativa mínima de inflação para 2011 girava em torno de 3,8%. A projeção começou a subir no fim do ano passado e, agora, a expectativa mínima está em quase 4,5% (ver gráfico). Conclui-se, portanto, que a inflação na meta é o mínimo que o mercado espera para o ano que vem - e está dizendo isso desde julho. A expectativa máxima para 2011, por sua vez, está, neste momento, em 6,47% e a média e a mediana, respectivamente, em 5,09% e 5,05%.

Se o BC tivesse realmente conseguido administrar as expectativas, o mercado teria lhe dado o benefício da dúvida, projetando agora um IPCA para 2011 em torno de 4%. Afinal, até lá haveria tempo suficiente para a instituição domar a inflação, trazendo-a para a meta por meio da política monetária. O fato é que o mercado de trabalho aquecido e os gastos do governo continuam estimulando a demanda. A despesa com pessoal do serviço público e a expansão crédito também são incentivos incrivelmente fortes. A massa salarial real cresce a taxas recordes (mais de 10%).
A reversão das expectativas de inflação para 2011 será um dos desafios da presidente eleita, Dilma Rousseff, já no início do seu mandato. No mercado, a expectativa é que o BC seja obrigado a elevar a taxa básica de juros (Selic) para pelo menos 12% ao ano ao longo de 2011 - exatamente o contrário do que vem dizendo o atual ministro da Fazenda, Guido Mantega, cotado para ficar; ele prevê queda dos juros no próximo ano.
Cristiano Romero é editor-executivo e escreve às quartas-feiras.
E-mail cristiano.romero@valor.com.br

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Gold is back, as desired as god...

Não pretendo seguir nenhum conselho de investimento deste corretor interessado em ganhar comissão sobre os negócios feitos por seu intermédio, mas é interessante ler os argumentos, e antes disso, as informações que ele traz sobre o novo papel do ouro nestes tempos de desvalorização deliberada do dólar -- como a solução de facilidade encontrada pelos EUA para resolver seus imensos problemas atuais -- e seu posicionamento como ativo de refúgio, em tempos de inflação e de erosão do poder de compra do velho "green back".
Na verdade,  o ouro não vai emergir como padrão num hipotético futuro reordenamento do sistema monetário internacional -- pois os governos não vão querer renunciar ao seu monopólio monetário e à faculdade de empurrar seus problemas para o distinto público pagador -- mas ele vai continuar a ser uma "defesa" -- deficiente como possa ser -- dos cidadãos em face dessa capacidade extratora e "depressora" de sua poupança por parte de governantes inescrupulosos.
O ouro, como qualquer outra commodity, vai suportar os acasos e incertezas das possibilidades produtivas -- sempre cambiantes, com a geografia e com a tecnologia -- e os bumps and booms dos mercados de futuros, onde vale mais a percepção dos jogadores do que os dados reais de oferta. Ele é, portanto, uma base instável para qualquer sistema monetário digno desse nome. Mas, à falta de outros ativos tangíveis mais credíveis, ele se apresenta como alternativa momentânea aos céticos e aos opositores do poder absoluto dos governos inflacionistas.
 Ou seja, não partilho dessa crença que ele é "A Perfect Hedge", como colocado neste relatório feito para atrair investidores em ouro. Mas, se alguém tiver dinheiro sobrando e quiser especular um pouco, o ouro pode ser a oportunidade do momento.
Acredito, pessoalmente, que ele pode subir ainda até atingir 2 mil dólares. Depois, alguns "espertos" vão descobrir que não se pode fazer nada com o ouro, nem comer, nem ficar sentado em cima muito tempo, pois é duro e frio, e aí vai começar a retirada, ou a debandada, quando a bolha estourar. Alguns vão ganhar dinheiro, e os incautos, como sempre, vão perder.
Assim vai, assim é o mundo.
O ouro, por enquanto, é o novo deus. As good as gold, como dizem os americanos...
Paulo Roberto de Almeida

Gold: Back in the News …
By Bob Bauman JD
The Sovereign Investor, November 9, 2010

Dear Paulo Roberto,

No, I don’t mean because gold hit an all time high price yesterday, as gold futures smashed through the US $1,400 per-troy-ounce mark.
I am referring to the fact that the president of the World Bank, Robert Zoellick, wrote yesterday in a Financial Times article that leading world economies should consider “employing gold as an international reference point of market expectations about inflation, deflation and future currency values.”

Can This Gold Discovery Really Make You 17-Times Your Money?
2,478 miles northwest of Sydney... Buried beneath a remote Australian peninsula... Sits a massive 3.09 million ounce gold deposit...

That’s enough gold to make the junior mining company sitting on this “mother lode” $3.8 billion richer… And enough gold to push its market cap up 1,727%...

Investors who get in before word on this windfall gets out are poised to turn every $1,000 invested into $17,000.

Just go here for a brief presentation with full details…

Zoellick's argument was simple recognition of the current reality. No matter what the U.S. Federal Reserve or other fiat money issuers say, gold is being sought out as an alternative currency right now. Smart people have faith in gold and declining faith, if any at all, in the sinking U.S. dollar.

Gold is the “anti dollar” and that's why it is wildly popular now as a result. As Zoellick put it, “Although textbooks may view gold as the old money, markets are using gold as an alternative monetary asset today.”

If any proof is needed of that statement, gold closed at records last Friday and Thursday but the precious metal has scored 17 record highs in less than five weeks in September and October. The latest string of records came after the Federal Reserve’s decision to start another round of U.S. bond buying, pumping out an inflationary additional $600 billion over eight months.

The Gold Standard
When I served as a member of the U.S. House of Representatives I co-sponsored Rep. Phil Crane’s legislation that would have returned to the U.S. to at least a partial gold standard.

I have made my pro-gold views known in these pages on several occasions. You can go back and review my pro-gold thoughts if you wish.

Martin Wolf of the Financial Times correctly wrote a few days ago, before the new gold price high:

It is not hard to understand the attractions of a gold standard. Money is a social convention. The advantage of a link to gold (or some other commodity) is that the value of money would apparently be free from manipulation by the government. The aim, then, would be to “de-politicize” money. The argument in favor of doing so is that in the long-run governments will always abuse the right to create money at will. Historical experience suggests that this is indeed the case.

A Perfect Hedge
Think about it. Gold cannot be inflated by printing more. It cannot be devalued by government decree — as we have seen once again in the last few days, the free market dictates the price. And, unlike paper currency or investments in stocks and bonds, gold is an asset which doesn’t depend on anybody’s promise to repay.

Although gold has been mined for more than 6,000 years, only about 120,000 metric tons have been produced. Lump that together and it’s just enough for a cube measuring only 18 meters (about 55 feet) along each of its six sides. New gold mined each year totals less than 2,000 metric tons, about the size of the living room in a small modern house. Gold remains one of the scarcest, and most sought after metals on earth.

Time and again, gold has proven the successful hedge against devaluation of an investor’s national currency. It’s one of the few investments that survives, even thrives, during times of economic uncertainty.

Sovereign Society Favorite
For those who in recent years followed Sovereign Society repeated advice to buy gold, the investment has paid off handsomely.

With gold at record high prices and the world facing a prolonged period of economic turmoil, buying gold even now may be a good hedge against the future.

People who have known prolonged prosperity may not fully understand the historic implications of gold and its role when bad times arrive. Once those bad times arrive, (as they have now), gold again is being recognized as the one perennial investment that’s still "good as gold."

Bob Bauman, JD
Legal Counsel, The Sovereign Society

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Crescimento no e do Brasil: contradicoes oficiais?

Vejam as duas matérias abaixo. A primeira diz que é imprescindível que o Brasil cresça a 7%, para "superar" o subdesenvolvimento e a distância que nos separa do PIB per capita dos países desenvolvidos.
A segunda denota a preocupação das autoridades econômicas com a pressão inflacionária, mas também revela (o que não foi revelado deliberadamente) os estrangulamentos que atingiriam o Brasil no plano das infra-estruturas (transportes, energia, comunicações, portos e estradas sobretudo) e da oferta de mão-de-obra qualificada (já faltam engenheiros para as empresas).
Na verdade, o Brasil não consegue crescer muito pois não tem investimentos suficientes em várias áreas, e ele não tem investimento porque sua poupança é muito reduzida, e esta é muito reduzida porque o Estado "despoupa" demais, ou seja, se apropria de uma fração muito grande da renda nacional.
Isso as autoridades não vão querer reconhecer.
Trato de todos esses aspectos num ensaio que acabo de escrever:
Como (Não) Crescer a 7%
Ele está sendo publicado, aguardem...
Paulo Roberto de Almeida

Crescer a 7% é perfeitamente possível
Entrevista do ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Samuel Pinheiro Guimarães, ao programa Bom Dia Ministro
Em Questão (Secom-PR, 25/06/2010).

A média histórica do Brasil de crescimento, por volta de 7%, é a única taxa que permite reduzir a distância entre nós e os países desenvolvidos. Se não reduzirmos essa distância, poderemos até fazer crescer e melhorar a situação social do País, mas continuaremos relativamente subdesenvolvidos. Essa é uma taxa perfeitamente possível.
------------------
Não é ‘muito prudente’ crescer acima de 5,5% em 2011, diz Mantega
Reuters, 28.06.2010

Ministro defende ajuste após forte recuperação esperada para a economia neste ano

TORONTO - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, defendeu patamar mais "prudente" de expansão da economia no ano que vem. Depois de um 2010 de forte recuperação, em que economistas estimam crescimento ao redor de 7%, ele recomenda pisar no freio para que o país não cresça mais que 5,5%.
(mais no link da data)

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Crescer ou nao crescer: nao se resume a isso o dilema

Alguns acham que o Brasil vai muito bem em termos de política econômica, e creditam ao atual governo todo o sucesso do crescimento econômico na fase presente. Exibem números e dizem que o Brasil é um sucesso.
A verdade é que, durante todo o período de crescimento da economia mundial, o Brasil se manteve sistematicamente abaixo das médias mundiais, fazendo inclusive três vezes menos do que os emergentes dinâmicos.
Agora, que a economia mundial está na recessão, se diz que estamos bem, apenas porque ficamos um pouco melhor na fotografia.
Se esquece de relembrar que isso é em grande medida o resultado da manutenção da política econômica anterior, sem NADA de novo.
Aliás, o que existe de novo é a manutenção, por CINCO ANOS, da mesma taxa de inflação, que é mais do que o dobro da mundial.
Aos olhos de qualquer economista sucesso, isso é um fracasso completo. E que não se credite isso ao Banco Central, que teria gostado de baixar a meta para uma medida mais razoável.
Ou seja, o governo ENCOMENDA inflação para corroer nosso poder de compra. Isso é simplesmente um roubo...
Vejam a matéria abaixo.
Paulo Roberto de Almeida

A meta de inflação que deu certo, segundo o ministro
Editorial Econômico
O Estado de S.Paulo, 25 de junho de 2010

O Conselho Monetário Nacional (CMN) manteve, para 2012, a mesma meta de inflação de 2011, isto é, o centro da meta em 4,5%, com margem de tolerância de dois pontos porcentuais, para mais ou para menos.

A decisão era prevista, mas mostra a disposição do governo de manter uma meta elevada, evitando que o Banco Central tenha de praticar uma política monetária muito restritiva, que, aos olhos do governo, freia o crescimento econômico.

Entre os países com política monetária baseada em meta de inflação, a do Brasil é a mais alta. Além disso, a meta não muda desde 2005, dando a impressão de que, apesar do crescimento da economia desde então, não conseguimos reduzir a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - o índice de referência para a meta.

Desde 2005, a inflação medida pelo IPCA ficou duas vezes abaixo da meta, uma vez praticamente igual e os outros anos, acima, sem ultrapassar a margem de tolerância superior. Daí a declaração do ministro da Fazenda de que o CMN escolheu "a meta que está dando certo".

Para um país que pretende se equiparar aos do Primeiro Mundo, é preciso notar que nossa inflação é praticamente o dobro da que neles ocorre. Mas o mais grave é que nos resignamos a uma inflação que se aproxima de 5% ao ano, sem um esforço sério para diminuí-la.

A cada ano, apesar de uma taxa cambial valorizada - que nos leva a comprar no exterior produtos mais baratos -, nosso poder aquisitivo real perde 5%. E esse é um bom pretexto para os sindicatos defenderem uma política de indexação dos salários, levando em conta não apenas a inflação passada, mas também a que é tida como meta futura.

Perdemos de vista o fato de que uma inflação oficialmente aceita serve de base para os reajustes dos serviços e que a concorrência não é intensa o bastante para compensar.

A escolha do governo se baseia no princípio de que um pouco de inflação é necessário para o crescimento econômico. Na realidade, o que mais teme o governo é a política monetária do Banco Central, que fixa uma taxa básica de juros que se traduz por uma alta do spread bancário e tem influência desastrosa sobre o custo da dívida interna, ao mesmo tempo que atrai investimentos estrangeiros de renda fixa. Em período de inflação baixa, nunca se pensou em reduzir a Selic para evitar esses inconvenientes, mas sempre se aceita que ela suba fortemente em períodos de pressão inflacionária.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Inflacao de alimentos: o culpado é sempre o mordomo (quero dizer, o governo)

Toda inflação é sempre culpa dos governos, ou quase toda, pois são as políticas públicas que impedem os mercados de se ajustarem naturalmente ao equilíbrio que é dado pela livre confrontação da oferta e da procura em função da disponibilidade de fatores de produção e dos produtos ofertados.
Da mesma forma, a produção na área agrícola é diretamente afetada pelas políticas agrícolas do governo, quando este decide, por exemplo, transferir mais recursos para produtores ineficientes da chamada "agricultura familiar" -- um disfarce para os aliados do MST por gentil favor do seus amigos do MDA, uma fachada para a Via Campesina -- em lugar de subsidiar a defesa agrícola (defensivos, pesticidas, etc) ou apoiar o seguro agrícola para produção comercial.
Observando-se os orçamentos paralelos dos dois ministérios da agricultura existentes no Brasil, um para a agricultura "normal", outro para os amigos da Via Campesina -- só países anormais possuem dois ministérios para o mesmo setor econômico, sendo que no Brasil, as politicas de cada um são diametralmente opostas -- constata-se que os recursos que vão para os companheiros ineficientes aumentam continuamente, ao passo que aqueles que deveriam ir para o agronegócio capitalista diminui sensivelmente.
Isto significa premiar a ineficiência e produzir inflação.
Vejamos o artigo abaixo do professor Kleber Cristofen Pires.
Paulo Roberto de Almeida

PGPM: a inflação por decreto
Por Klauber Cristofen Pires
Blog Libertatum, 17 de junho de 2010

Você quer saber por que os preços nas feiras ou nos supermercados não têm baixado? Quer saber porque há inflação sobre os alimentos no país que mais e melhor os produz no mundo? Agradeça ao Lula, à Dilma e à equipe da estrela vermelha.

Lógico, a propaganda lulo-dilmo-petista não se exibe com estas tintas. Isto porque ela não é voltada para você, cidadão consumidor, mas sim para o benefício de grupos de interesses particulares. O nome do dragão inflacionário com que o governo se exibe agora se chama "Programa de Garantia de Preços Mínimos", e consiste na aquisição pelo governo de vários tipos de alimentos - especialmente cereais - com o propósito de formar estoques reguladores. Mas espere, que volto ao assunto.


Não há muito tempo escrevi um artigo comentando sobre o revolucionário progresso na agricultura cubana. Pois eis que, depois de dez mil anos, os antilhanos dos Castro, enfim, descobriram as vantagens...da roça! Se o texto proporcionou ao leitor boas risadas, é hora de se preocupar: o nosso governo anda admiradíssimo com os resultados. Logo logo, se Lula e Dilma quiserem, estaremos trocando a nossa vexaminosa produção de arroz, cuja produtividade mal passa de 7000 kg/hectare para estonteantes...1200 kg/hectare! E assim tanto quanto com os demais tipos de culturas...

Não por menos, decidiu o governo aumentar os investimentos no que chama de "Pronaf - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar", desta vez com aumentos nos recursos reservados para financiamentos que desta vez ultrapassarão, pasmem, quinze bilhões de reais!

O termo "agricultor familiar", por sua vez, nada mais é que um posto de promoção ao antigo "assentado" do MST. Como se vê, gente que na maioria da vida nunca soube o que era uma enxada, até à hora de descobrir que serve para destruir cercas e benfeitorias. Mas é para indivíduos assim que o dito programa pretende emprestar até cerca de oitenta mil reais, a juros camaradíssimos. Bem conveniente, para estes tempos em que os milionários repasses de verbas ao MST via ONG's de fachada andam sendo questionados. O PT sempre tem um plano B, C, D...

Agora, os dois fatos se encontram. Não bastante as terras esbulhadas de algum pobre agricultor de verdade - deste que produz cinco a sete vezes mais do que a nossa metrópole caribenha; não obstante as infindas cestas básicas pagas com dinheiro suado de quem não recebe nada de graça, ainda mais para não fazer nada; não obstante tal gorda linha de crédito a fundo perdido; vem o estado garantir um preço mínimo ao novos "produtores". É a tal da manutenção do equilíbrio econômico-financeiro em sua forma rural.

Recorrendo a Henri Hazzlittt, o que podemos esperar de tudo isto? Primeiro, os cidadãos urbanos vão pagar por isto. Ao trocar o agricultor autêntico - aquele que produz muito e se sujeita às regras do mercado - pelo assentado metido a besta, vai pagar mais caro por menos e pior produto. Do dinheiro que escorrer do consumidor urbano, muitos e muitos investimentos serão drenados de oportunidades de negócios mais eficientes para a incipiente e nada promissora produção enxadista. O Brasil como um todo vai empobrecer.
Mas há mais para se lamentar: banqueiros privados cedem empréstimos com base em estimativas econômicas baseadas em complexas variáveis acompanhadas diariamente por anos e anos. Servidores públicos cedem empréstimos com base nos conceitos de justiça social que decoraram nos tempos em que eram concurseiros. O resultado para tais operações destituídas de garantias reais é um tremendo e inexorável calote, que todos nós pagaremos, mais uma vez. De Quanto? Eu falei 15 bi? É pouco ou querem mais?

Pois bem: desde quando estocar é uma atividade graciosa? Sem contarmos a rede de corrupção que se formará em torno da construção e manutenção destes silos - quem já não soube pelos noticiários de tantos golpes assim? - o custo normal da armazenagem e da fiscalização do sistema se somará ao preço dito "normal", aumentando mais ainda o dito "preço "mínimo". E quem pagará? Adivinhe...

Como a cereja no bolo, agora vem o pior: com tal política de regularização de preços, o que o governo pretende alcançar terá como resultado justamente o inverso, pois fatalmente estará dando o disparo para uma onda especulativa em tempo presente para uma grande crise futura em que milhões de toneladas de alimentos terão de virar combustível ou adubo. Senão, vejamos como se expressa Hazzlitt (Economia numa única lição, p.52-53):

Quando o governo intervém, o celeiro sempre normal torna-se, de fato, um celeiro sempre político. Encoraja-se o fazendeiro, com o dinheiro dos contribuintes, a reter excessivamente sua produção. Como desejam assegurar-se do voto dos fazendeiros, os políticos que iniciam essa política, ou os burocratas que a executam, sempre colocam o denominado preço justo para o produto do fazendeiro acima do preço, que as condições da oferta e da procura justificam na ocasião. Isso reduz o número de compradores. O celeiro sempre normal tende, portanto, a tornar-se um celeiro sempre anormal.

Estoques excessivos ficam afastados do mercado. O efeito é assegurar, temporariamente, um preço mais alto do que poderia existir de outro modo, mas fazê-lo será provocar mais tarde um preço muito mais baixo, pois a falta artificial que se cria nesse ano, ao retirar-se do mercado parte de uma colheita, implica um excesso artificial para o ano seguinte.

O mercado pode sozinho arcar com a tarefa de regulação dos estoques, assumindo todos os riscos e submetendo-se à aprovação pelos consumidores. Mesmo importar é economicamente mais recomendável do que armazenar. A prosperidade de um país não advém da acumulação de ouro, conforme prega a teoria mercantilista, mas, em termos gerais, em realizar a ação humana com o máximo de eficiência, e isto inclui aproveitar as vantagens comparativas da importação a preços baixos.

Sabendo que a Terra é redonda, e que o verão em um hemisfério é contrabaleanceado pelo inverno no outro, as nações podem se beneficiar trocando a preços baratos as grandes produções umas das outras e alternando-se conforme suas safras, e isto traz a vantagem de oferecer ao público consumidor comida fresca, ao contrário da política de reserva de estoques.

Como visto, é necessario que todos denunciemos este esquema e o repudiemos ao extremo. Mostrar a verdade de suas intenções e as suas reais consequências é o primeiro passo para a compreensão por todos e uma mudança de paradigmas.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Aquecimento da economia brasileira? - Antonio Correa de Lacerda

O autor provavelmente tem razão na interpretação dos indicadores. O problema é que como a parte fiscal (Ministério da Fazenda) não faz o seu dever, o BC tem de se encarregar de todo o trabalho de evitar a inflação...
Paulo Roberto de Almeida

Não há superaquecimento da economia
Antonio Corrêa de Lacerda - São Paulo
Terra Magazine
Quinta, 10 de junho de 2010, 08h20

O desempenho do PIB (Produto Interno Bruto) referente ao primeiro trimestre do ano, com crescimento de 2,7% em relação ao trimestre anterior tem suscitado uma preocupação exagerada e infundada a respeito do risco de um alegado superaquecimento da economia brasileira. Algo que não se sustenta à luz da interpretação dos indicadores. O comportamento das vendas, no comércio varejista ampliado, do próprio IBGE, por exemplo, apontam um crescimento robusto, de 9,6%, no acumulado de doze meses. No entanto, além do efeito estatístico da base de comparação muito baixa dos primeiros meses do ano anterior, há o impacto do estimulo proporcionado pela redução de impostos em setores como móveis e automóveis, por exemplo.

Ambos os efeitos serão amenizados nos próximos meses, na medida em que a base de comparação for maior e também refletir o final da vigência de medidas de incentivo ao consumo. A expansão do crédito, outro fator de impulso das vendas, também mostra sinais de esgotamento, pela própria limitação da capacidade de endividamento dos consumidores. Portanto, o ritmo vai gradualmente refluir.

Já, na indústria, o quadro é bem diferente. Nos doze meses acumulados até março, comparativamente aos doze meses imediatamente anteriores, a produção física da indústria, do IBGE, ainda apresenta uma queda (sic) de 1,2% ! A indústria mergulhou profundo na crise e o vale foi o primeiro trimestre do ano passado. Desde então, vem se recuperando, mas ainda não voltou aos níveis pré-crise.

De forma estratificada, os dados são ainda mais impactantes. A produção de bens de capital, pelo mesmo critério, apresenta uma diminuição de 10% ! Embora haja uma perspectiva de crescimento industrial forte para o ano de 2010, nada indica um quadro de crescimento excessivo.

Não há, por outro lado, um risco de esgotamento da capacidade industrial. O nível de utilização da capacidade industrial, da CNI, vem de fato crescendo mês a mês. Os dados refletem uma pesquisa realizada junto ás indústrias sobre o quanto estão utilizando da sua capacidade instalada. O indicador é proveitoso, mas precisa ser qualificado, por três motivos principais:

i) as empresas têm capacidade de ampliar rapidamente a sua capacidade de produção, sem grandes novos investimentos. Isso se dá mediante adaptações nas linhas de produção, modernização e, o mais importante, adoção turnos adicionais e o trabalho em períodos ociosos, como horário noturno, ou finais de semana;
ii) é muito difícil sistematizar e confrontar a análise da fotografia do uso da capacidade instalada com os novos investimentos em realização e previstos, de forma a indicar qual a nova capacidade de produção que poderá ser atingida no médio prazo;
iii) o coeficiente de importação vem aumentando, o que altera a estrutura da base produtiva, portando gerando mais espaço para crescimento.

Conjunturalmente, há ainda um fator de enorme incerteza que é o desdobramento da crise na Europa e seus impactos para o Brasil. Há, pelo menos três aspectos significativos: i) do lado comercial, com o bloco europeu crescendo menos, isso vai impactar diretamente 22% das nossas exportações para lá direcionadas; ii) a redução dos fluxos de capitais, leia-se investimentos diretos, inversões na bolsa de valores, e financiamentos, que farão diminuir a liquidez no mercado brasileiro; iii) uma queda nos preços, especialmente das commodities.

Há muitas variáveis em jogo, muitas delas imponderáveis. O risco envolvido é o de exagerar no freio de mão, quando as condições da pista já envolvem, seja pelos efeitos estatísticos, seja pela mudança brusca das condições metereológicas, uma redução natural da velocidade média do veículo.

O BCB vai ter que ter muita perícia para tomar decisões sobre taxas de juros e outros, que só farão efeito para o nível de atividades, daqui a cinco, seis meses. Para isso, terá que olhar menos para o retrovisor - os indicadores passados - e mais para o parabrisa, um tanto nebuloso à frente. O que vai lhe exigir muito feeling, intuição. Os dados passados ajudarão pouco e as variáveis estão mudando substancialmente.

Antonio Corrêa de Lacerda é professor-doutor do departamento de economia da PUC-SP e autor, entre outros livros, de "Globalização e Investimento Estrangeiro no Brasil" (Saraiva). Foi presidente do Cofecon e da SOBEET.
Fale com Antonio Corrêa de Lacerda: alacerda@terra.com.br

sexta-feira, 23 de abril de 2010

2061) Brasilia: capital da esperança... e da gastança

A história contemporânea do Brasil começa, praticamente, com o governo JK, pois acredito que a era Vargas ainda representa uma transição da República oligárquica para a modernidade industrial, tendo sido JK a também fazer avançar, decisivamente, o processo de industrialização, completado, finalmente, pelos militares.
Mas Brasília, sua maior obra arquitetônica, foi também o início da inflação acelerada no Brasil, que até então vinha apresentando valores modestos, de um dígito.
Não apenas a inflação, mas a dívida pública e a irresponsabilidade emissionista e orçamentária.
Na verdade, Brasília foi construída sem orçamento, fora do orçamento, contra o orçamento. Isso é preciso ressaltar.
O resto, a capital da corrupção e outras coisas mais, não é exclusivo de Brasília, pois teria acontecido em qualquer lugar do Brasil, infelizmente...
Em todo caso, presto minha homenagem à capital reproduzindo duas excelentes matérias do Observatório da Imprensa (ver o programa no endereço: www.tvbrasil.org.br/observatorio)

OI NA TV
A aventura de Brasília
Por Lilia Diniz
Observatório da Imprensa, 22/4/2010

Noite de 21 de abril de 1960. Em pleno Planalto Central – onde três anos e dez meses antes só havia seriemas e arbustos retorcidos – sapatos altos sujos de terra vermelha e cartolas circulam no baile de inauguração de Brasília. Ministros, senadores, deputados federais, funcionários públicos e chefes de Estado de diversos países conferem as instalações da nova capital. Emocionado, o presidente Juscelino Kubitschek realiza o sonho de transferir a sede do poder para o interior do Brasil. Cumpre o que determina a Constituição Federal desde 1891. Uma polêmica que dividiu o Brasil entre "mudancistas" e "antimudancistas". O Observatório da Imprensa exibido na terça-feira (20/4) pela TV Brasil relembrou a guerra travada na imprensa durante a construção de Brasília.

Para contar esse episódio, o Observatório gravou uma série de entrevistas em Brasília e no Rio de Janeiro: Ronaldo Costa Couto, historiador e escritor; Claudio Bojunga, jornalista e biógrafo de JK; Villas-Boas Corrêa, colunista político; Tereza Cruvinel , jornalista, apaixonada pela história da transferência da capital; Eliane Cantanhêde, jornalista da Folha de S.Paulo; Carlos Chagas, jornalista do SBT; Raimundo Nonato, responsável pela primeira publicação de Brasília; e Maria Elisa Costa, arquiteta e filha do urbanista Lúcio Costa, responsável pelo projeto do Plano Piloto.

Em editorial [ver íntegra abaixo], Alberto Dines comentou que a transferência "continha a matéria-prima necessária para produzir vibração e destravar o espírito de mutirão, adormecido desde a entrada do país na Segunda Guerra Mundial". Dines explicou que a mudança "é filha de muitas razões", entre elas a necessidade de aliviar a pressão das ruas do Rio de Janeiro acionada pelos jornais de oposição. "Aquela cidade em forma de ave ou avião, suspensa em cima de arrojados pilotis, despertou nos brasileiros a vontade de sonhar, levantar voo, criar."

Primeiros passos
Ronaldo Costa Couto explicou que a mudança da capital entrou em pauta no início de 1955, durante a campanha presidencial de JK, em um comício na pequena cidade de Jataí, em Goiás. "Ele fez algo que nunca tinha feito em toda a sua trajetória política: pediu aos presentes que fizessem perguntas, que ele gostaria de debater. Fez-se aquele silêncio e, de repente, um rapaz franzino, magro, emocionadíssimo, com a voz quase se recusando a sair, pergunta: `Se o senhor eleito for, cumprirá o que manda a Constituição, transferindo a capital para o Planalto Central?´. O Juscelino hesitou por alguns segundos e então respondeu: `Se a Constituição determina, eu o farei´", contou.

O historiador acredita que JK "induziu" a pergunta para que a cobrança partisse do povo. "Veja que coisa inteligente. O povo perguntou: `Tem esse comando na Constituição, o senhor não vai cumprir?´ O que ele responde? `Eu vou cumprir´. Qual poderia ser, por exemplo, a reação das forças armadas? Elas são guardiãs da Constituição, elas não puderam fazer nada. Ele estava atendendo a uma cobrança popular", avaliou. Para Ronaldo Costa Couto, JK foi um "autêntico democrata". Observava atentamente a relação entre liberdade de imprensa e democracia. "Democracia era um valor superior para ele", destacou.

Um dos motivos que levaram JK a lutar pela transferência da capital foi a pressão que a população do Rio de Janeiro exercia sobre os Três Poderes. "Juscelino acompanhou muito de perto a crise que levou ao suicídio de [Getúlio] Vargas, em 24 de agosto de 1954. E observou muito como o poder funcionava no Rio. Então, por exemplo, uma greve de estudantes por causa do aumento da passagem de bonde, acuava a presidência da República", disse. Dines comentou que uma manchete do Correio da Manhã, do Diário de Notícias ou da Tribuna da Imprensa levava o povo para a porta do Palácio do Catete, sede da Presidência da República. JK sentia-se acuado.

Poder pressionado
"JK também nota que qualquer entrevista mais agressiva de líder militar colocava o governo em xeque, colocava a República em polvorosa. Por tudo isso, o Juscelino meteu na cabeça que tinha que tirar a capital do Rio de Janeiro. Não era só a questão de vir para o interior brasileiro. Era também sair do Rio de Janeiro por uma questão de sobrevivência. Ele achava que no Rio de Janeiro não havia condições de governabilidade", disse Ronaldo Costa Couto.

A Câmara e o Senado também sentem a pressão das ruas no Rio de Janeiro. Villas-Boas Corrêa relembrou que as sessões do Congresso repercutiam na cidade. "A Câmara vivia apinhada. No dia dos grandes debates, a galeria enchia. Não era gente que ia lá quebrar móveis ou fazer reivindicações. Era gente que assistia ao espetáculo dos debates parlamentares."

Villas enfatizou que o jogo político acontecia no Congresso. Contou que todos os jornais publicavam seções fixas sobre as atividades da Câmara e do Senado. "O Heráclito Salles, que foi o maior repórter parlamentar de todos os tempos, um escritor fabuloso, ocupava a última página do Correio da Manhã com uma matéria sobre a sessão da Câmara. E havia os repórteres políticos, que ficavam livremente andando pelas ruas, pelos partidos", lembrou.

A imprensa entra em ação
Dines perguntou a Ronaldo Costa Couto sobre a primeira reação da imprensa ao projeto de Juscelino Kubitschek de mudança da capital. "A maior parte da imprensa não via com bons olhos a transferência da capital, nem a grande imprensa paulista, nem a grande imprensa carioca. Ele não tinha a imprensa espontaneamente do lado dele, porque no Rio queriam que a corte permanecesse. Era a cidade maravilhosa, com condições de vida excelentes e tinha muito a perder", disse.

Claudio Bojunga avaliou que no Rio de Janeiro a resposta foi muito ambígua. "Eu diria que grande parte da cidade se sentiu esbulhada: `levaram o nosso cetro!´. Em um nível mais profundo, acredito que houve uma corrente que entendeu que aquilo representava o amadurecimento de um projeto antigo." A idéia da transferência logo ganhou um aliado: a Última Hora, de Samuel Wainer. O Diário Carioca também apoiou a mudança e foi o primeiro jornal a instalar uma sucursal em Brasília. A revista Manchete evoluiu junto com a capital e dedicou diversas edições à construção da cidade, mas ainda não tinha expressão nacional.

O presidente sabia que precisava conquistar a simpatia da grande revista ilustrada do período: O Cruzeiro, dos Diários Associados, de Assis Chateaubriand. "O Chatô tinha uma certa má vontade com o Brasil e era o rei da imprensa na época, chefe dos Associados. Juscelino convenceu o Chatô a ser embaixador em Londres. A verdade é que o Chatô foi se aproximando da idéia de Brasília, foi compreendendo a importância daquele projeto que é algo que não se mede pelo cálculo econômico. É uma coisa de estadista, uma decisão estratégica e maior. Ele quase não ficou na embaixada, mas evidentemente que isso contribuiu para atrair a simpatia do líder dos Associados para Juscelino", explicou Bojunga.

JK monta sua estratégia
Em 1957 foi lançada a primeira publicação brasiliense, a Revista de Brasília. A Novacap – companhia criada para executar o projeto de edificação da cidade – precisava de um boletim informativo para abastecer a opinião pública nacional e internacional sobre o andamento das obras. O criador da revista, Raimundo Nonato, contou que a curiosidade em relação à transferência era grande e não havia como esclarecer a opinião pública sem um veículo destinado exclusivamente a Brasília.

"A imprensa estava praticamente toda contra. Então, eu idealizei uma revista, a princípio simples, pobrezinha, na qual se configurasse a marcha da construção de Brasília. Mas o doutor Israel Pinheiro, diretor da Novacap, não admitia polêmica, não admitia atrito", lembrou. A revista não podia ser usada para responder às críticas que eram feitas à transferência. Enquanto Israel Pinheiro evitava polemizar, Lúcio Costa não deixava as críticas sem resposta. Maria Elisa Costa lembrou que seu pai lia os jornais diariamente e respondia a todas as críticas por meio de cartas.

A mudança encontrou forte resistência no Rio de Janeiro e em São Paulo. O Jornal do Brasil declarou-se contra Brasília. Via em JK o responsável pela corrupção nas obras e atacava a política econômica do presidente. Outro jornal que fazia oposição sistemática e criticava a mudança da capital era O Globo. Já o Correio da Manhã acreditava que o Rio de Janeiro seria esvaziado politicamente com a perda do Distrito Federal.

Os piores adversários
Raimundo Nonato acrescentou que Diário de Notícias era "um pouco rebelde". Outro jornal contrário à transferência foi O Estado de S.Paulo. Entre todas as vozes contra Brasília, duas se destacavam: o jornalista e político Carlos Lacerda, dono da Tribuna da Imprensa, e Gustavo Corção, articulista católico de ultra-direita, do Diário de Notícias. "O Carlos Lacerda fazia oposição não só partidária, era fanático, fundamentalista. Havia colunas em que ele escrevia `o cafajeste máximo´ [sobre JK]", contou Claudio Bojunga.

"O Corção era um daqueles furibundos jornalistas e líderes católicos. Criticava Brasília todo dia. durante anos. E uma das críticas dele era que o lago de Brasília jamais encheria. Podia colocar água de rio, riacho, ribeirão que o lago não ia encher porque a terra daqui era tão desértica, tão porosa que ia chupar a água toda. Então, na véspera da inauguração de Brasília, quando o lago chegou à cota 1000, o Juscelino passou um telegrama para o Corção de duas palavras: `Encheu. Viu?´", contou Carlos Chagas.

JK monta uma estratégia para conseguir o apoio da imprensa e suavizar parte das críticas. "Juscelino chamou os empreiteiros e disse: `Vocês vão ganhar muito dinheiro, muito dinheiro mesmo. Agora, eu quero uma coisa. Com esse dinheiro absurdo que vocês vão ganhar, eu quero que vocês dediquem uma pequena parte, ou grande, eu não sei, a fazer publicidade. Vocês vão ter que botar páginas e páginas anunciando Brasília, falando de Brasília, mostrando Brasília´. E assim fizeram os empreiteiros", disse Chagas. Desta forma, JK conseguiu fazer os proprietários de jornais olharem Brasília sob um novo ângulo.

JK reverte o quadro
"Tem algumas coisas fantásticas durante o governo JK que foram de uma habilidade assustadora. Por exemplo, o Juscelino transformou Brasília em uma passarela. Brasília em construção. Trouxe aqui a rainha da Inglaterra, o príncipe do Japão. Vieram aqui todos os grandes escritores; trouxe grandes figuras mundiais – [Andre] Malraux, por exemplo, que era ministro da Cultura da França, e que chamou Brasília de `A Capital da Esperança´. Nesse desfiles todos imprensa ia junto, repercutindo dentro e fora do país", disse Ronaldo Costa Couto.

Apesar de ter procurado aproximar-se de intelectuais em toda a sua trajetória política, JK sofreu duras críticas. "Ele levou muita pedrada. As pedras mais fortes talvez tenham sido atiradas no começo pelo Gilberto Freyre, que era ligado à UDN [União Democrática Nacional]. `Onde já se viu cidade onde as construções não têm corrimão?´Desde brincadeiras como essas até cobrar que tinha que ser mais compatível com as tradições brasileiras, que vinham da arquitetura colonial", disse. Costa Couto explicou que a primeira leitura dos intelectuais era simplista. Criticavam a criação de "uma cidade no meio do nada, trocando o Rio pelo sertão". À medida em que os debates foram se aprofundando, perceberam que era a descoberta do Brasil profundo.

Eliane Cantanhêde disse que ao estudar a instalação das sucursais dos jornais na nova capital descobriu que os grandes nomes da cobertura política "levaram furo coletivo" há 50 anos: "Eles vieram cobrir a inauguração de Brasília, então eles pegaram sua malinha e vieram cobrir um evento. Chegaram aqui e foram ficando, foram ficando, e um belo dia descobriram: `Não é um evento, é uma capital que vai virar capital mesmo´. Eles não tinham onde morar, a família ficou. Eles foram furados porque não perceberam que não era só um evento, era de fato uma capital que estava se instalando e que hoje tem 50 anos, consolidadíssimos".

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Capital da utopia - a construção
Alberto Dines # editorial do Observatório da Imprensa na TV nº 542, exibido em Observatório da Imprensa, 20/4/2010

Os Anos Dourados produziram Brasília ou foi o contrário – Brasília criou os Anos Dourados? Foram dourados mesmo ou a nostalgia pintou-os de dourado?

O binômio energia-transporte era apenas um plano de metas, mas a transferência da capital para o interior do país continha a matéria-prima necessária para produzir vibração e destravar o espírito de mutirão, adormecido desde a entrada do país na Segunda Guerra Mundial.

A imprensa carioca renovava-se. A cidade do Rio de Janeiro crescia, cada vez mais maravilhosa e também cada vez mais aguerrida: a manchete de um vespertino impresso no centro levava imediatamente multidões às portas do Palácio do Catete ou da Câmara dos Deputados.

Brasília é filha de muitas razões, uma delas, talvez a mais premente, foi a necessidade de aliviar a pressão das ruas. JK conseguiu: para isso usou a sua incrível capacidade de somar atraindo parte da imprensa para o seu projeto. Desta verdadeira distensão nasceu um dos momentos mais férteis da cultura e da arte brasileira.

Aquela cidade em forma de ave ou avião, suspensa em cima de arrojados pilotis, despertou nos brasileiros a vontade de sonhar, levantar vôo, criar. Meio século depois, esta nova série do Observatório da Imprensa traz de volta a vibração que construiu Brasília para compará-la com os frutos que produziu.