O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

Mostrando postagens com marcador alimentos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador alimentos. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Exportadores brasileiros de alimentos: conhecam o russo proibicionistae patriota-alimentar

You may not have heard of Gennady Onishchenko, but if his own accounts are to be believed, he's the Russian government official who singlehandedly averts major public health crises posed by foreign countries' dangerously lax and unsophisticated food safety standards (including those in a certain country where the federal government has ground to a halt). To others, Onishchenko, Russia's chief sanitary inspector, is also Russia's chief manufacturer of elaborate food safety scares to wage geopolitically motivated trade wars with other countries, particularly former Soviet republics.
On Wednesday, Onishchenko, the director of Rospotrebnadzor, Russia's consumer-protection agency, announced a ban on 28 Georgian alcoholic products, a mere seven months after a 2006 ban on Georgian beverages was lifted. Earlier this week, he addedLithuanian dairy products to the long list of (mostly) ex-Soviet state-made products that ostensibly pose threaten Russian consumers. Further down on that list are Ukrainian chocolatesMoldovan wine, and -- yes -- meat from the United States. Notably, many of these bans came on the heels of warming trade relations between the banned countries and NATO or the European Union -- moves that aren't popular with the Kremlin, which is trying to strong-arm its neighbors into joining a Russian-led customs union.
Onishchenko feels strongly about the value of eating Russian food -- and only Russian food. At a press briefing earlier this year, heimplored Russians to suppress their hankering for foreign foods in favor of "food patriotism."
"We put our faith in the high level of consciousness and food patriotism of our citizens, the ones who have long abandoned the use of such food in their diet," he said.[[BREAK]]
This "food patriotism" was undoubtedly at the root of Onischenko'swar on hamburgers last year, when he reminded Russians that hamburgers "are not a good choice of meal for residents of Moscow and of Russia. This is not our cuisine."
Onishchenko has repeatedly denied that his agency's bans on foreign products are politically motivated, but the circumstances surrounding the prohibitions suggest otherwise. Take the case of this year's ban on the Ukrainian confectionary company Roshen; Onishchenko was supposedly concerned about carcinogens found in milk chocolate -- but only in the chocolate produced in Ukraine, not in the company's two factory locations in other countries. The ban also came in September, after a major dust-up between Russia and Ukraine over gas pipelines and in the run-up to the Eastern Partnership Summit in November, where Ukraine may sign a free trade agreement with the EU. If Kiev signs the agreement, the government will decline membership in the Russian-led Eurasian customs union.
Similarly, this week's renewed ban on Georgian drinks does not applyto the breakaway Georgian region of Abkhazia, where the product quality apparently "remains stable."
The reasoning behind the Roshen chocolate ban may have been flawed, but it was at least easier to understand than the vague non-reasoning Oshchinenko offered for the Lithuanian dairy ban. "Nobody knows exactly what indications Russian customs have or what the reasons are for the sanctions," Arturas Paulauskas, the head of the Lithuanian parliament's National Security and Defense Committee, told Reuters in a statement.
Moldova was similarly bewildered when Russia announced a ban on Moldovan wines and spirits in September. "We will have to clarify where technical problems about the quality of Moldovan wine end and where the political aspects begin," Economy Minister Valerii Lazar told Reuters.
Through it all, Onishchenko has clung steadfastly to his claim that the bans are a necessity for Russian consumers -- while still glossing over the particulars of his concerns. "The [Moldova] ban is a necessary step that we have undertaken reluctantly, but it is the only possible way of solving the present situation," he told Interfax news agency. "There have been violations in technical preparation, storage and end-production."
Perhaps nothing irks Onishchenko more than wine made in Georgia -- also the country with which Russia arguably has the most strained relationship. At a June press conference held when the original 2006ban on Georgian wine and mineral water ended this year, he flew off the handle about the (pretty standard) practice of making wine from grapes. The Georgians "are destroying grapes by making wine from it," he complained. "Grapes are a holy fruit, a fruit from God, worshipped by pagans and Christians alike, and they make alcohol from it!" When the conversation turned to Georgian mineral water, he waxed nostalgic, warning reporters that the Georgian import would not taste like it did back in Soviet days.
At times, Onishchenko's public health opinions align rather neatly with the Kremlin's domestic needs. In 2011, for instance, he issuedwarnings about the health dangers, including exposure to the flu and even SARS, of participating in massive protests in Moscow's Bolotnaya Square against parliamentary elections and Vladimir Putin's party.
It's not unusual, of course, for countries to wield trade restrictions as a weapon in punishing or arm-twisting geopolitical adversaries. But you'd be hard-pressed to find a food safety inspector out there with as much geopolitical clout as Russia's foreign food czar.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Inflacao de alimentos: o culpado é sempre o mordomo (quero dizer, o governo)

Toda inflação é sempre culpa dos governos, ou quase toda, pois são as políticas públicas que impedem os mercados de se ajustarem naturalmente ao equilíbrio que é dado pela livre confrontação da oferta e da procura em função da disponibilidade de fatores de produção e dos produtos ofertados.
Da mesma forma, a produção na área agrícola é diretamente afetada pelas políticas agrícolas do governo, quando este decide, por exemplo, transferir mais recursos para produtores ineficientes da chamada "agricultura familiar" -- um disfarce para os aliados do MST por gentil favor do seus amigos do MDA, uma fachada para a Via Campesina -- em lugar de subsidiar a defesa agrícola (defensivos, pesticidas, etc) ou apoiar o seguro agrícola para produção comercial.
Observando-se os orçamentos paralelos dos dois ministérios da agricultura existentes no Brasil, um para a agricultura "normal", outro para os amigos da Via Campesina -- só países anormais possuem dois ministérios para o mesmo setor econômico, sendo que no Brasil, as politicas de cada um são diametralmente opostas -- constata-se que os recursos que vão para os companheiros ineficientes aumentam continuamente, ao passo que aqueles que deveriam ir para o agronegócio capitalista diminui sensivelmente.
Isto significa premiar a ineficiência e produzir inflação.
Vejamos o artigo abaixo do professor Kleber Cristofen Pires.
Paulo Roberto de Almeida

PGPM: a inflação por decreto
Por Klauber Cristofen Pires
Blog Libertatum, 17 de junho de 2010

Você quer saber por que os preços nas feiras ou nos supermercados não têm baixado? Quer saber porque há inflação sobre os alimentos no país que mais e melhor os produz no mundo? Agradeça ao Lula, à Dilma e à equipe da estrela vermelha.

Lógico, a propaganda lulo-dilmo-petista não se exibe com estas tintas. Isto porque ela não é voltada para você, cidadão consumidor, mas sim para o benefício de grupos de interesses particulares. O nome do dragão inflacionário com que o governo se exibe agora se chama "Programa de Garantia de Preços Mínimos", e consiste na aquisição pelo governo de vários tipos de alimentos - especialmente cereais - com o propósito de formar estoques reguladores. Mas espere, que volto ao assunto.


Não há muito tempo escrevi um artigo comentando sobre o revolucionário progresso na agricultura cubana. Pois eis que, depois de dez mil anos, os antilhanos dos Castro, enfim, descobriram as vantagens...da roça! Se o texto proporcionou ao leitor boas risadas, é hora de se preocupar: o nosso governo anda admiradíssimo com os resultados. Logo logo, se Lula e Dilma quiserem, estaremos trocando a nossa vexaminosa produção de arroz, cuja produtividade mal passa de 7000 kg/hectare para estonteantes...1200 kg/hectare! E assim tanto quanto com os demais tipos de culturas...

Não por menos, decidiu o governo aumentar os investimentos no que chama de "Pronaf - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar", desta vez com aumentos nos recursos reservados para financiamentos que desta vez ultrapassarão, pasmem, quinze bilhões de reais!

O termo "agricultor familiar", por sua vez, nada mais é que um posto de promoção ao antigo "assentado" do MST. Como se vê, gente que na maioria da vida nunca soube o que era uma enxada, até à hora de descobrir que serve para destruir cercas e benfeitorias. Mas é para indivíduos assim que o dito programa pretende emprestar até cerca de oitenta mil reais, a juros camaradíssimos. Bem conveniente, para estes tempos em que os milionários repasses de verbas ao MST via ONG's de fachada andam sendo questionados. O PT sempre tem um plano B, C, D...

Agora, os dois fatos se encontram. Não bastante as terras esbulhadas de algum pobre agricultor de verdade - deste que produz cinco a sete vezes mais do que a nossa metrópole caribenha; não obstante as infindas cestas básicas pagas com dinheiro suado de quem não recebe nada de graça, ainda mais para não fazer nada; não obstante tal gorda linha de crédito a fundo perdido; vem o estado garantir um preço mínimo ao novos "produtores". É a tal da manutenção do equilíbrio econômico-financeiro em sua forma rural.

Recorrendo a Henri Hazzlittt, o que podemos esperar de tudo isto? Primeiro, os cidadãos urbanos vão pagar por isto. Ao trocar o agricultor autêntico - aquele que produz muito e se sujeita às regras do mercado - pelo assentado metido a besta, vai pagar mais caro por menos e pior produto. Do dinheiro que escorrer do consumidor urbano, muitos e muitos investimentos serão drenados de oportunidades de negócios mais eficientes para a incipiente e nada promissora produção enxadista. O Brasil como um todo vai empobrecer.
Mas há mais para se lamentar: banqueiros privados cedem empréstimos com base em estimativas econômicas baseadas em complexas variáveis acompanhadas diariamente por anos e anos. Servidores públicos cedem empréstimos com base nos conceitos de justiça social que decoraram nos tempos em que eram concurseiros. O resultado para tais operações destituídas de garantias reais é um tremendo e inexorável calote, que todos nós pagaremos, mais uma vez. De Quanto? Eu falei 15 bi? É pouco ou querem mais?

Pois bem: desde quando estocar é uma atividade graciosa? Sem contarmos a rede de corrupção que se formará em torno da construção e manutenção destes silos - quem já não soube pelos noticiários de tantos golpes assim? - o custo normal da armazenagem e da fiscalização do sistema se somará ao preço dito "normal", aumentando mais ainda o dito "preço "mínimo". E quem pagará? Adivinhe...

Como a cereja no bolo, agora vem o pior: com tal política de regularização de preços, o que o governo pretende alcançar terá como resultado justamente o inverso, pois fatalmente estará dando o disparo para uma onda especulativa em tempo presente para uma grande crise futura em que milhões de toneladas de alimentos terão de virar combustível ou adubo. Senão, vejamos como se expressa Hazzlitt (Economia numa única lição, p.52-53):

Quando o governo intervém, o celeiro sempre normal torna-se, de fato, um celeiro sempre político. Encoraja-se o fazendeiro, com o dinheiro dos contribuintes, a reter excessivamente sua produção. Como desejam assegurar-se do voto dos fazendeiros, os políticos que iniciam essa política, ou os burocratas que a executam, sempre colocam o denominado preço justo para o produto do fazendeiro acima do preço, que as condições da oferta e da procura justificam na ocasião. Isso reduz o número de compradores. O celeiro sempre normal tende, portanto, a tornar-se um celeiro sempre anormal.

Estoques excessivos ficam afastados do mercado. O efeito é assegurar, temporariamente, um preço mais alto do que poderia existir de outro modo, mas fazê-lo será provocar mais tarde um preço muito mais baixo, pois a falta artificial que se cria nesse ano, ao retirar-se do mercado parte de uma colheita, implica um excesso artificial para o ano seguinte.

O mercado pode sozinho arcar com a tarefa de regulação dos estoques, assumindo todos os riscos e submetendo-se à aprovação pelos consumidores. Mesmo importar é economicamente mais recomendável do que armazenar. A prosperidade de um país não advém da acumulação de ouro, conforme prega a teoria mercantilista, mas, em termos gerais, em realizar a ação humana com o máximo de eficiência, e isto inclui aproveitar as vantagens comparativas da importação a preços baixos.

Sabendo que a Terra é redonda, e que o verão em um hemisfério é contrabaleanceado pelo inverno no outro, as nações podem se beneficiar trocando a preços baratos as grandes produções umas das outras e alternando-se conforme suas safras, e isto traz a vantagem de oferecer ao público consumidor comida fresca, ao contrário da política de reserva de estoques.

Como visto, é necessario que todos denunciemos este esquema e o repudiemos ao extremo. Mostrar a verdade de suas intenções e as suas reais consequências é o primeiro passo para a compreensão por todos e uma mudança de paradigmas.