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sábado, 23 de novembro de 2013

Poder absoluto e grandes catastrofes nacionais - reflexoes de Paulo Roberto de Almeida

Reflexões ao léu: o poder absoluto e as grandes catástrofes nacionais

Paulo Roberto de Almeida

A história humana, pelo menos a história política (mas também a militar, a história social, e a econômica, a cultural, enfim, a história humana), está repleta de exemplos de desastres nacionais, por vezes verdadeiras catástrofes, que se abatem sobre todo um povo, não poupando até mesmo inocentes criaturas que não têm sequer uma vaga ideia sobre o que pode estar se passando na cabeça dos dirigentes que provocaram tais calamidades. Sim, estou me referindo a “man-made calamities”, desastres provocados pelo próprio homem, que, à diferença de certas calamidades naturais – provocadas por forças incontroláveis pela vontade humana, e até mesmo não evitáveis pela tecnologia social – não existiriam sem a intervenção de fatores contingentes que se devem inteiramente à ação humana, geralmente por parte de algum déspota (pouco) iluminado, quando não vulgarmente estúpido.
A história, a vida humana na verdade, ou toda a vida biológica, como ensinava um eminente cientista francês – Jacques Monod – é feita de acaso e de necessidade. Este, aliás, é o título de seu mais belo livro, publicado em meados dos anos 1970, se não me engano, e que constitui uma das primeiras vacinas intelectuais com que fui brindado e que ajudaram a diminuir progressivamente as altas doses de determinismo marxista que eu ainda carregava em minhas veias acadêmicas. A necessidade corresponde às forças da natureza, justamente, ou seja, os fatores imanentes, ligados à genética, à geologia, à gravidade, enfim, aos princípios darwinianos e newtonianos bem conhecidos. O acaso, por sua vez, ocorre também na natureza, pois não são raros os acidentes naturais ou genéticos que provocam irrupções vulcânicas, que conduzem às mutações de espécies, ou a uma série imensa de transformações repentinas, por vezes infinitamente lentas, que moldam a vida no planeta e até o itinerários de elementos não vivos, mas cambiantes pela ação dessas forças da natureza. O acaso, contudo, é bem mais presente na vida animal, especialmente na vida daqueles primatas que se acreditam superiores, mas que também respondem a certas pulsões que por vezes podem aproximá-los das mais terríveis bestas feras da fauna existente.
Por acaso (mas isso não tem a ver com Jacques Monod) lembrei-me agora da frase do tio do garoto que se converteu em “homem aranha”, absolutamente simples e, no entanto, cheia de sabedoria: “maior o poder, maior a responsabilidade” (ou algo aproximado a isso). Ela tem tudo a ver com estas reflexões ao léu, que me subiram à cabeça (se ouso dizer) depois de ler várias matérias, em revistas, jornais, na internet, sobre eventos totalmente corriqueiros, ou grandes episódios históricos, que se encaixam perfeitamente no título deste pequeno artigo: o poder absoluto pode conduzir a grandes catástrofes sociais, com enormes sofrimentos para os membros de uma determinada comunidade (por vezes durante mais de uma geração).
A humanidade, como se sabe, é formada por milhões de seres que foram se espalhando ao acaso pela superfície terrestre, adaptando-se ao ambiente natural, e daí construindo mecanismos de defesa contra os desafios e perigos naturais; mas eles também introduziram normas de controle social para evitar os “espíritos animais” que ainda caracterizam a espécie humana: o medo, a agressividade, o ódio, a conquista e a dominação, até instintos assassinos (nem sempre por autodefesa), ao lado de sentimentos mais nobres e altruístas, como o amor, a solidariedade, a fraternidade, o desprendimento e a caridade.
Algumas sociedade evoluíram satisfatoriamente e conseguiram criar certo equilíbrio (sempre instável, como é da natureza das coisas), com o ambiente, com as demais sociedades e até dentro da sua própria, ou seja, entre as várias categorias de seus membros; suas respostas habilitaram-nas a construir certo quantum de felicidade humana, em alguns casos até invejável. Quem desejar aprofundar seu conhecimento sobre como se deu essa evolução social e cultural, ao longo de algumas dezenas de milhares de anos, pode recorrer à leitura do livro do cientista americano Jared Diamond, Armas, Germes e Aço (recomendo comprar a edição americana na Abebooks, Guns, Germs and Steel, onde se pode achar usados em excelentes condições por UM dólar).
Nos últimos cinco ou dez mil anos, as sociedades evoluíram e aperfeiçoaram o seu desempenho na arte da guerra, nas transformações tecnológicas, na ocupação de mais territórios e na dominação de outros povos, aumentando potencialmente a capacidade de alguns deles conquistar, dominar e escravizar outros povos, o que não deixa de representar uma catástrofe para os assim submetidos. Pensemos, por exemplo, na escravidão dos judeus pelos babilônios, pelos egípcios, e no seu sofrido caminho para a autonomia, se estabelecendo num território que já tinha sido o seu, até, de novo, sua completa submissão pelos romanos, seguida de uma diáspora secular, na era cristã.
Independentemente desses percalços, que atingiram dezenas, centenas de povos ao longo da história – causando até mesmo o desaparecimento físico de alguns deles –, o fato é que a humanidade também progrediu num sentido humanístico, graças, entre outros fatores, às leis da razão, aos preceitos religiosos (como os próprios judaicos, cristãos, budistas, e vários outros) e ao simples reconhecimento prático de que a tolerância mútua e a convivência pacífica fazem muito bem à saúde humana, melhor em todo caso do que violência aberta e dominação brutal. De fato, a humanidade se tornou menos cruel, com a disseminação das religiões da fraternidade e do amor, em substituição àquelas que pregavam o sacrifício humano e a crueldade com os estranhos.
Nos dois mil anos que se seguiram ao aparecimento e expansão do cristianismo – tanto como religião “rebelde”, clandestina, quanto como religião de Estado, de um império – alguns povos progrediram enormemente, o que não quer dizer que os não cristãos também não tenham avançado na construção de instituições mais efetivas de governança e de uma prosperidade relativamente bem distribuída. A China, por exemplo, foi, muito antes do Ocidente, um Estado avançado, dotado de uma burocracia “weberiana” e de inovações científicas e de instituições sociais e políticas que só apareceriam muito mais tarde na vida do Ocidente cristão. Mas ela sempre constituiu um sistema imperial baseado na centralização absoluta do poder, um despotismo de base agrária (hídrica) que tornou a vida de milhões de súditos apenas um pouco acima da sobrevivência miserável, bem mais, em todo caso, do que no Ocidente medieval.
Progressos econômicos se traduziram em prosperidade – aumento da produtividade agrícola, desenvolvimento de atividades comerciais, financeiras e até culturais – e no incremento da capacidade militar, o que permitiu, justamente, o domínio e a subjugação de outros povos. Poderia ter sido a China, por exemplo, a dominar e escravizar o Ocidente – o que os mongóis fizeram parcialmente – mas acabou sendo os ocidentais que partiram à conquista da China e do resto do mundo, mais ou menos 500 anos atrás. Quem quiser saber mais sobre os progressos econômicos e tecnológicos da humanidade, recomendo ler os livros do historiador americano David Landes, especialmente seu A Riqueza e a Pobreza das Nações (também recomendo o site da Abebooks, onde se pode encontrar exemplares usados por até 4 dólares).

Mas eu estou me desviando de minhas reflexões, que não têm tanto a ver com a história da humanidade – e posso recomendar excelentes livros de história universal, e até sobre a história das guerras – quanto com a história nacional de alguns povos, como aliás evidenciado no título: quero falar de catástrofes “nacionais”, não de imperialismos ou de submissão de outros povos. Parto do mundo westfaliano como ele é, ou seja, composto de unidades políticas territorial e politicamente definidas e mutuamente respeitadoras da soberania alheia, pelo menos formalmente. Observo que alguns povos puderam se desenvolver de modo satisfatório, logrando prover altos patamares de prosperidade e de felicidade humana para seus integrantes, enquanto outros estagnaram ou recuaram, quando não foram vítimas de desastres incomensuráveis.
E por que isso ocorreu com esses infelizes? Aí entra o primeiro componente de minha reflexão ao léu (mas dirigida): o poder absoluto. Estou convencido de que todos os grandes desastres nacionais – ou seja, aqueles que não tenham sido provocados por agressão externa ou catástrofes naturais incontroláveis – foram essencialmente a obra de alguns tiranos malucos, déspotas obcecados por alguma fixação mental, pequenos e grandes ditadores que se alçaram ao comando de seus povos, e a partir daí cometeram tantos erros e equívocos econômicos, militares, sociais, que ocorreu seja um recuo relativo, seja um retrocesso absoluto na vida dos povos vitimados por esses loucos.
Digo “loucos” ou “malucos” no sentido metafórico, obviamente, pois alguns tiranos são perfeitamente metódicos e “racionais” em sua sanha de dominação total. A compulsão do poder absoluto representa, em todo caso, um tipo de desvio psicológico, que faz com que alguns indivíduos não se contentem em dominar um determinado povo – geralmente o seu mesmo – pelos mecanismos naturais do poder político, mas insistem em manter um controle absoluto sobre a vida de cada indivíduo e sobre o curso de toda a sociedade. Trata-se, provavelmente, de um deformação da personalidade, mas que nem sempre transparece nas primeiras fases da ascensão social de indivíduos doentios.
Rejeito terminantemente o uso de conceitos afiliados ao maquiavelismo intelectual – ou seja, uma doutrina vinculada à análise política pré-moderna – para caracterizar essas situações de domínio despótico. Maquiavel – a quem já homenageei numa releitura de sua obra mais famosa, O Moderno Príncipe (Maquiavel revisitado) – era um patriota interessado em salvar a Itália dos invasores estrangeiros, com seus exércitos de mercenários selvagens, e que por isso, contrariando seus próprios instintos republicanos, consentiu em propor uma solução despótica para assegurar a sobrevivência do Estado (na verdade, a construção de um poder legítimo, podendo introduzir a lei e a ordem, para permitir o desenvolvimento da cidadania).
Os tiranos a que me refiro, e que estão na origem de tantos desastres nacionais, são totalitários no espírito e na ação, concentrados unicamente em seu poder absoluto e que, por isso mesmo, acabam levando suas sociedades e os povos que nelas habitam a desastres incomensuráveis, quando menos a atrasos quase insuperáveis na escala civilizatória. Eles são praticamente autistas, ou seja, voltados unicamente para si mesmos, mas também costumam ser dirigentes hábeis, capazes de seduzir os incautos, atrair o apoio de muitos cidadãos ingênuos – não falo dos simplórios e dos idiotas, que estes existem em todas as partes – e até mesmo conseguem capturar a estima de muitos, já que encarnando, supostamente, aspirações nacionais (patriotismo, dignidade nacional, sentido da grandeza da nação, autoestima legítima, às vezes necessidade de afirmação). Qualquer que seja a razão, um tirano não ascende a essa posição apenas pelo exercício da força bruta, ainda que tais extremos possam ocorrer excepcionalmente.
Em qualquer hipótese, como referido na abusadíssima frase de Lord Acton, o poder absoluto corrompe absolutamente, e são muito abundantes, e infelizes, os exemplos desse tipo de situação. A comunidade dos Estados contemporâneos ainda é muito diversificada quanto à natureza, conformação e tipo de governança existente na prática, havendo sistemas bastante avançados de legitimidade democrática – não é difícil distinguir certas sociedades escandinavas e as do mundo anglo-saxão, de modo geral – e outros lamentavelmente detestáveis em seu despotismo mais evidente (em vários países da África, na Ásia central e até mesmo na América Latina). Os regimes políticos não se sustentam apenas burocraticamente, pelas instituições criadas na modernidade westfaliana (e como tais reconhecidas no direito internacional), mas também se impõem pela brutalidade pré-moderna de certas tiranias de fato e de direito.
A história, como eu dizia ao início deste pequeno texto, está repleta de exemplos de desastres nacionais, sempre provocados por tiranos, ou candidatos a tal. Não me refiro necessariamente a Napoleão, e a seu Império quase uniformemente continental, na Europa, pois o pequeno imperador, e grande estrategista militar, parecia encarnar as virtudes da administração burocrática moderna, na destruição do que era considerado como “restos feudais” nos regimes absolutistas do continente. Megalomaníaco como era – sem ser um tirano cruel ou despótico – ele também conduziu a França ao desastre, mas numa escala ainda reduzida, se pensarmos nas destruições que vieram depois dele. Afinal de contas, ele presidiu à passagem do exército de mercenários ao recrutamento obrigatório, que também foi uma escola de cidadania – quando não uma escola tout court – a milhares de camponeses que de outra forma teriam vegetado naquilo que Marx chamava de idiotice da vida rural. Os exércitos modernos ainda são napoleônicos nos seus processos de conscrição, de socialização e de formação de soldados-cidadãos.
Depois dele, o primeiro grande personagem da megalomania totalitária foi Lênin e seu projeto de criar o homem novo, eliminando burgueses, camponeses ricos, padres e intelectuais dissidentes, além de capitalistas em geral. Foi o primeiro regime despótico moderno, e teve muito a ensinar a seus êmulos na própria Rússia ou em outros países. O próprio Lênin se inspirou em Robespierre, e seu reinado de Terror, que ele admirava sinceramente, e pretendia reproduzir usando a Tcheca como seu instrumento.
Stalin, Mussolini, Hitler e Mao aprenderam com Lênin tudo o que aplicaram de perversidades totalitárias, ainda que Hitler não estivesse pronto a reconhecer essa sua dívida intelectual para com o fundados do império soviético. Os imensos desastres humanos que essa quadrilha de tiranos provocou, ao longo do século XX, se cifra na casa das dezenas de milhões de vítimas, de morte matada e de morte morrida, mas sempre por culpa de suas aventuras insanas em busca do poder absoluto. Observe-se que nenhuma ameaça externa os obrigou a empreender a eliminação maciça de seus supostos inimigos: tratou-se de uma decisão solitária, insana como soe acontecer.
Alguns deles foram metódicos na aplicação de seus propósitos tirânicos, e nisso os comunistas levaram uma imensa vantagem sobre seus colegas fascistas: eles criaram uma máquina fria de identificação e eliminação de aliados e inimigos, um sistema quase weberiano de tirania semi-racional, já que contando com uma filosofia universalista, que prometia um futuro radiante a todos os deserdados da terra (e eles eram muitos, várias dezenas de milhões). Os nazistas atuaram com base na separação das raças e num ódio irracional a determinadas categorias humanas, não conseguindo com isso emitir um discurso universalista; eles não puderam legitimar o seu poder, da mesma forma como os comunistas o fizeram (aliás até hoje, em alguns países). Todos foram tiranos absolutos, em algum momento tragados pela loucura do poder, o que os levou a cometer erros que redundaram em grandes tragédias humanas para suas próprias sociedades. Pensemos, por exemplo, em Hitler, logo após ter obtido o Anchluss da Áustria e ter absorvido boa parte da então República Tchecoslovaca: o que o obrigava a invadir a Polônia, a entrar em guerra com as potências ocidentais, e mais adiante invadir a União Soviética, que era inclusive sua aliada? O que o obrigava a declarar a guerra aos Estados Unidos, logo depois do ataque de Pearl Harbor? Insanidade completa, que se traduziu na maior tragédia de toda a história dos povos germânicos.
Numa versão mais “amena”, mas igualmente desastrosa para certos povos, tivemos alguns ditadores na Ásia e na América Latina, ainda hoje cultuados como grandes homens, até heróis, em seus países. Uma sociedade não muito distante de nós foi sequestrada por um fascista populista, e convive até hoje nessa situação bizarra, que atinge inclusive intelectuais, cuja inteligência (se existe) foi capturada por um cadáver. Uma outra na mesma região ainda atravessou recentemente a mesma experiência, e se afunda progressivamente na ditadura política e no caos econômico. Alguns outros candidatos a tiranetes pululam aqui e ali, dispostos a subir aos extremos, se o ambiente interno e externo assim lhes permitir. Num retrospecto histórico, não é difícil constatar o imenso atraso a que foram conduzidas suas respectivas sociedades: se eles não mataram como os tiranos absolutos acima referidos, eles atrasaram de modo por vezes irremediável sociedades que já foram mais ricas, e que tinham condições de conhecer patamares mais elevados de prosperidade material e de riqueza cultural.
O Brasil não conheceu esses extremos terríveis de tiranias fascistas, ou de domínio de caudilhos ridículos, ainda que tenha passado por ditaduras bastante severas na aplicação do autoritarismo “legal” a que sempre foram obedientes nossos militares de orientação positivista ou castilhista. Mas eles foram adeptos do que eu chamo de nazismo econômico e de stalinismo industrial, que ainda hoje seduzem certos espíritos simplórios numa esquerda que se caracteriza sobretudo por seu atraso mental e por sua indigência intelectual. Eles se disfarçam de keynesianos de botequim, mas se aproximam bastante do que eu chamo de fascismo corporativo.
O Brasil não retrocedeu absolutamente, ou não tanto quanto certos vizinhos e outros “aliados estratégicos” em outros continentes, mas ele se atrasou certamente, ao não perder oportunidades de perder oportunidades, como dizia Roberto Campos. Ele continua se atrasando, a julgar pelos indicadores de crescimento econômico comparado e pelo desempenho exibido nos exames internacionais de avaliação estudantil. Esse último problema é certamente uma tragédia, relativa e absolutamente, atual e potencial, e só posso lamentar que os companheiros atualmente no poder tenham conduzido nossa educação a níveis tão baixos de qualificação didática, sob qualquer perspectiva histórica que se conheça. A educação brasileira, aliás, já é um grande desastre nacional: imaginem se ainda estivéssemos vivendo sob um regime totalitário, como certamente gostariam alguns companheiros aloprados. Mas não só eles: alguns que se consideram geniais também...


Hartford, 23 de Novembro de 2013.


"Luta de classes no Itamaraty? Nao, apenas dignidade..." - Paulo Roberto de Almeida, via Aflex (thanks...)

Esta foi a frase que os bravos militantes (no bom sentido da palavra) da Aflex (Associação dos Funcionários do Itamaraty no Exterior) escolheram para simbolizar a sua luta, e agradeço pela distinção de citar o meu nome.

Pelo menos o copyright, poderíamos dizer, ou mais provavelmente os moral rights, sobre essa frase singela, eles me deram, e preciso agradecer sinceramente por me juntar à sua causa (que não é exatamente a minha, por pertencer a uma outra casta profissional, mas que reconheço como legítima e até mesmo necessária).
Assim é, se lhes parecem, como diria, no singular, certo italiano do modernismo pré-fascista...
Confesso que nem sei quando escrevi essa frase, ou a propósito do quê, exatamente.
Provavelmente foi no primeiro semestre deste ano, motivado pelas descrições de absoluta indignidade de um colega, assediador serial, e que até hoje não foi punido, a não ser com o que prosaicamente chamamos de Departamento de Escadas e Corredores. Parece que ele andava (não sei se ainda anda) se vangloriando de suas excelentes relações com um outro personagem pouco recomendável, o quadrilheiro-chefe, o Stalin Sem Gulag, que conhece um pequeno gulag (mas cheio de comodidades e de rapapés) naquele espaço pouco recomendável para todos os humanos normais chamado de Papuda (espero que fique lá bastante tempo, sem as distinções atuais).
Lembro-me, em todo caso, de ter lido, recebido, transmitido, sabido dos protestos de indignação do pessoal do quadro e de funcionários locais a propósito desse episódio específico, que parece ter sido a gota d'água que faltava num clima de muita decepção com o feudalismo reinante e a pouca consideração dada a funcionários não diplomáticos que trabalham no serviço exterior brasileiro, um clima de Casa Grande e Senzala, como várias vezes referido na literatura especializada...

Esse cartaz, ou banner, vem a propósito de uma audiência, ocorrida nesta sexta-feira 22 de novembro, na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado Federal, a que assisti apenas em parte (um pouco porque o meu computador insistia em repetir as mesmas cenas da TV Senado, por estúpido que era, certamente, outro tanto porque estando responsável pelo consulado em Hartford tive de me desempenhar em várias outras funções, como é o normal e para isso me pagam). Tenho, por exemplo, de dar assistência a brasileiros, despachar expedientes, enfim, essa miríade de atividades burocráticas aborrecidas mas necessárias). Não sei sinceramente em que resultou essa audiência, e por isso sequer ouso expressar minha opinião, totalmente desinformada e provavavelmente defasada, sobre os próximos passos.
Acredito que todos os funcionários, ou qualquer ser humano, precisam ter uma perspectiva de vida, planejar seu  futuro, numa situação de pleno reconhecimento de seus méritos e qualidades profissionais. Nenhuma pessoa normalmente constituída -- e quem trabalha no serviço exterior costuma ser assim, salvo alguns malucos que também entraram não se sabe como -- almeja progresso e reconhecimento, pelo mérito, pela dedicação, pelo esforço. Isso significa alguma ascensão funcional e, pelo menos, alguma progressão salarial regular, não fosse que apenas pelos fenômenos inflacionários bem conhecidos em todos os países, alguns mais, outros menos. Mas sempre existem distorções salariais inter-temporais e entre as categorias, que caberia reconhecer e tentar corrigir.
Também acredito que as categorias são muito diversas, diversificadas, diferentes, para a criação de alguma carreira unificada nesse tipo de situação. Ainda assim, alguns princípios gerais e uniformes são passíveis de serem introduzidos, talvez até pelas distinções mais simples, tipo: categoria A: A1, A2, A3; categoria B, etc...
Ou uma definição genérica e elementar de funções: assistente técnico de nível elementar, secundário, especializado, etc.A partir daí se poderia cogitar -- além das revisões salariais periódicas -- algum tipo de movimentação funcional.

Mas eu divago: provavelmente os camaradas (ops, perdão) da Aflex já pensaram em tudo isso e já apresentaram suas "soluções" para todas essas questões,

Sendo um libertário radical, confesso que sou contra todo tipo de corporatismo, pois isso costuma levar a regimes fascistas (nunca tão distantes de nós quanto poderíamos pensar), e por isso sou contra a imposição de normas rígidas, isonômicas (estupidamente igualitárias, sem reconhecimento do mérito) ou automaticamente progressivas, ou seja, mecanicamente aplicadas. Acredito que indivíduos devem ser reconhecidos justamente nessa dimensão, e ser avaliados nesse sentido, em função do seu esforço e mérito individual, sem falsos democratismos ou a pressão indevida de máfias sindicais.
O ambiente de trabalho requer uma convivência sadia entre trabalhadores de diferentes funções e dotadas de competências diversas.
Pessoas normais exigem dignidade, e acho que a frase acima é feliz, mesmo que eu não saiba exatamente como e quando eu a escrevi.
Grato, em todo caso, podem usar e abusar.
Aliás, o "luta de classes" deve ser um resquício inconsciente de meu passado marxista. Sendo um libertário radical, e um liberal em economia, há muito me libertei da metafísica marxiana em favor de um ceticismo sadio que me faz analisar cada empreendimento humano em sua dimensão própria.
Creio que a luta da Aflex é justa: se não descambar para o corporativismo fascista, ela é bem-vinda, ao defender a dignidade de tantos trabalhadores locais das nossas unidades no exterior que muitas vezes não são reconhecidos em seu esforço em prol da boa qualidade do serviço diplomático.
Abaixo o feudalismo, viva a liberdade e a dignidade de todos os trabalhadores do serviço exterior.

Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 23/11/2013

Estou sendo espionado em Beijing (e nao so la): esses academicos curiosos...

De vez em quando o Academia.edu me avisa (acho que uma vez por semana) quem, onde, andou espionando meus trabalhos depositados nesse site acadêmico de intercâmbios da área.
Clicando no Google Analytics do sistema, veio quem, quando, o que andaram espionando em torno de alguns trabalhos (aqui os especificamente relacionados a política comercial e aos blocos de integração, mas tem outras palavras-chave e outros trabalhos também, mas separados desta pesquisa).
Vejamos o que podem querer saber de mim todo esse povo...
Paulo Roberto de Almeida

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Os comunistas trapalhoes do Brasil (1935): um pouco da historia passada - Euler de França Belém

Já foram muito trapalhões: os patifes atuais são apenas um pouco trapalhões, mas foram mais bem sucedidos na sua revolução "socialista": eles não querem mais construir o comunismo no Brasil, eles já se contentam em expropriar burgueses idiotas, e capitalistas em geral, mesmo contra a vontade destes, simplesmente instalando um governo que está mais próximo do fascismo do que do comunismo. Eles apenas querem eternizar suas expropriações, monopolizando o poder e garantindo para si riquezas e poder infinito...
Paulo Roberto de Almeida

O espião alemão que detonou a revolução de Prestes

POR  
Revista Bula, EM 16/11/2010 ÀS 06:05 PM (publicado em )
Johnny — A Vida do Espião Que Delatou a Rebelião Comunista de 1935”
Apoiados pela União Soviética de Josif Stálin, os comunistas brasileiros tentaram derrubar o presidente Getúlio Vargas em 1935 mas foram fragorosamente derrotados. Entretanto, ao contrário do que podem depreender alguns leitores, a Intentona Comunista fracassou não porque foi delatada, e sim porque era de um irrealismo abissal. Era uma formiguinha maluca brigando contra um astuto exército de elefantes. A traição serviu apenas, quem sabe, para antecipar e, assim, debelar a rebelião mais cedo. A história está devidamente anotada em livros de qualidade, como “A Rebelião Vermelha” (Record, 217 páginas, 1986), do brasilianista Stanley Hilton, “Camaradas — Nos Arquivos de Moscou: A História Secreta da Revolução Brasileira de 1935” (Companhia das Letras, 416 páginas, 1993), de William Waack, “Olga” (Companhia das Letras, 259 páginas, 1984), de Fernando Morais, “Revolucionários de 1935: Sonhos e Realidade” (Companhia das Letras, 432 páginas, 1992), de Marly de Almeida Gomes Vianna, e “Uma das Coisas Esquecidas — Getúlio Vargas e Controle Social no Brasil/1930-1945” (Companhia das Letras, 341 páginas, 2001), do brasilianista R. S. Rose. Agora, 75 anos depois, sai um livro excepcional sobre um personagem misterioso, comentado apenas episodicamente nos livros citados. “Johnny — A Vida do Espião Que Delatou a Rebelião Comunista de 1935” (Record, 600 páginas), de R. S. Rose e Gordon D. Scott, é uma obra do balacobaco sobre o alemão Johann Heinrich Amadeus de Graaf, mais conhecido como Johnny. Rigorosamente documentada, a obra é vazada no estilo de romance policial. Johnny começou a espionar para os soviéticos, chegou a se encontrar com Stálin e Molotov, para citar duas eminências soviéticas, mas depois se tornou espião dos ingleses. Uma das revelações, embora não devidamente explorada, é que Urbano “Bercuó” espionou para Johnny, em 1940, no Rio de Janeiro. Espionava navios de origem alemã e, aparentemente, estava na folha de pagamento dos ingleses. O promotor de justiça e pesquisador Jales Guedes Mendonça diz que se trata do advogado e jornalista goiano Urbano Berquó. “Foi advogado de Pedro Ludovico e jornalista do ‘Correio da Manhã’.”

Ao leitor mais interessado em assuntos brasileiros, recomendo a leitura de cinco capítulos, “Brasil um”, “Argentina”, “O retorno a Moscou”, “Brasil dois” e “Primeiros anos da guerra”. Se quiser entender como os espiões eram formados, e por quais motivos Johnny desencantou-se com o comunismo soviético — o paraíso social só existia na teoria e a repressão aos dissidentes era brutal —, é preciso ler todo o livro do americano R. S. Rose e do canadense Gordon D. Scott (que conheceu Johnny). A história de Johnny, de tão impressionante, às vezes parece inventada. Não há, porém, nada de ficcional. Os estudiosos são criteriosos e parcimoniosos no uso da documentação. Muitos documentos a respeito de Johnny, sobretudo na Inglaterra, ainda não estão disponíveis.

Delírio de Prestes
Luís Carlos PrestesConquistado pelos comunistas alemães, o ex-marinheiro Johnny se tornou um tarefeiro do partido. Perseguido na Alemanha, escapou para a União Soviética, de onde, espião especialíssimo, foi enviado a vários países, com o objetivo de semear a revolução. Esteve na Romênia, na Hungria e na China. Ao voltar da Ásia, foi convidado pelo general soviético Manfred Stern para acompanhá-lo à Espanha, país onde, pelo menos no início, Stálin pretendia implantar uma espécie de república soviética. Diante da recusa, Alfred Langner deu-lhe a chance de voltar à China ou participar da revolução no Brasil. O célebre Dmitri Manuilski, do Comintern, participou da conversa.

O papel de Johnny, espião do M4, a Inteligência do Exército soviético, seria “cultivar, recrutar e desenvolver células dentro e fora das forças armadas” brasileiras. Langner garantiu que o capitão Luís Carlos Prestes, que seria o chefe da revolução patropi, era “um líder nato”. Foram escalados para comandar a derrubada de Vargas os comunistas Arthur Ernst Ewert (codinome Harry Berger), Johnny de Graaf (codinome Franz Paul Gruber), o americano Victor Allen Barron, o italiano Amleto Locatelli, o argentino Rodolfo José Ghioldi, os soviéticos Pavel Vladimirovich Stuchevski (com o codinome de Leon Jules Vallée, era da NKVD, a futura KGB) e Sofia Semionova Stuchevskaya (mulher de Pavel), a alemã Olga Benario (guarda-costas e amante de Prestes). Na primeira reunião, em Moscou, Prestes disse que a revolução estava madura no Brasil e que 90% do trabalho “já havia sido feito”. Realista absoluto, Johnny pensou: “Esse homem tem a cabeça nas nuvens. Às vezes a realidade e a lógica sensata lhe escapam”. Logo depois, Johnny informou seu contato no MI6 (serviço secreto de inteligência inglês), o britânico Frank Foley, que reportou-se ao major Valentine Patrick Terrel Vivian, “Vee-Vee”. O espião Alfred Hutt, superintendente-assistente-geral da Light no Rio de Janeiro, havia sido informado.

Na década de 1930, depois de, um pouco antes, ter acusado a social-democracia de “social-fascismo”, o Comintern (Internacional Comunista) mudou de tática e passou a incentivar a política de construção de frentes políticas com a participação de comunistas e democratas. “A intenção era radicalizar aos poucos cada Frente”, ressaltam Scott e Rose. No Brasil, o Partido Comunista do Brasil (erroneamente, apontado como Partido Comunista Brasileiro; esta nomenclatura só vai ser empregada décadas adiante) aderiu à Aliança Nacional Libertadora (ANL). Numa reunião, no Rio de Janeiro, Johnny ficou estupefato com o superficialismo político e tático de Prestes, que acreditava, era fé mesmo, que o Brasil estava “pronto” para a revolução. Quando Johnny duvidou, Prestes vociferou: “Sim, estamos!” Johnny contestou-o e ficou impressionado com o fato de que o PCB estava afastado do centro das decisões. Mas o líder personalista não desistiu. Avaliava que era possível construir uma revolução sem as mínimas condições objetivas, numa leitura simplista das ideias leninistas.

Afastado do centro das decisões, por ser cético quanto ao poder de fogo do grupo de Prestes, Johnny passou a ser informado dos assuntos da cúpula por sua mulher, Helena Krüger, que atuava como motorista do líder revolucionário. As informações eram repassadas aos ingleses, que as transmitiam ao governo de Vargas. Mesmo sabendo que a revolução estava fadada ao fracasso, porque era uma mera “revolta militar”, Johnny treinou alguns recrutas, totalmente despreparados, e deu orientações a Prestes, que as recusou.

Com ou sem preparação, a rebelião estourou em Natal, em novembro de 1935, e em Recife. Os rebeldes assumiram o controle da capital do Rio Grande do Norte, mas por pouco tempo. No Rio de Janeiro, a revolta também explodiu. O presidente Getúlio Vargas, no lugar de inquirir sua polícia, ligou para Hutt e perguntou se os comunistas tinham chance de vencer. Johnny disse a Hutt que deveria tranquilizar o presidente, pois “não havia a menor chance” de a revolta ser bem-sucedida. Era uma quartelada. “A Revolução Social, ou Intentona Comunista, estava encerrada em um fiasco de quatro dias.” Johnny a delatara, é verdade, mas o fracasso se deu muito mais por causa da orientação inconsistente de Prestes. Os militares de esquerda e os comunistas não estavam preparados para tomar o poder, mas confundiram desejo com realidade.

O governo de Vargas reprimiu ferozmente a rebelião, prendeu (a estatística varia de 7 mil a 35 mil pessoas) e torturou centenas. Um alemão da Gestapo, da equipe do diretor da polícia Filinto Müller, torturou Arthur Ewert logo depois de sua prisão. Quebrou um dos polegares de Ewert com um quebra-nozes e ficou irritado porque o comunista não gemeu. Brutalmente espancado, Ewert enlouqueceu. Sua mulher, Elise (Sabo), foi enviada para um campo de concentração, onde morreu em 1941. Olga Benario morreu, “em uma câmara de gás em Bernburg, em março de 1942”. Delatado por Rodolfo Ghioldi, o americano Victor Allen Barron foi morto sob tortura.

Moscou desconfiou de Johnny, procedeu a uma grande investigação, mas, usando a velha dialética leninista, o espião conseguiu convencer os veteranos stalinistas — a feroz “inquisidora” búlgara Stella Blagoeva continuou duvidando de sua integridade — que o fracasso da revolução brasileira tinha a ver unicamente com o voluntarismo de Prestes.

Depois de um período na geladeira, Johnny voltou ao Brasil, agora com a missão de espionar os nazistas para os soviéticos e, claro, para os britânicos. Era eficientíssimo. Montou uma rede de espiões, pagos pelos ingleses, e começou a repassar informações confiáveis sobre negócios dos alemães com os brasileiros. Chegou a ser preso e torturado pela polícia de Filinto Müller, que era simpático aos nazistas, e só foi liberado por conta de pressões inglesas. Com o fim da guerra, foi dado como morto por seus chefes soviéticos e mudou-se para a Inglaterra, onde adotou outro nome e continuou a espionar, especialmente no Canadá. Quem era Johnny? “Não era um comunista de carreira, tentando agradar superiores na órbita stalinista, mas alguém que estava do lado de fora olhando para dentro”, sintetizam seus biógrafos. Johnny morreu em 1980, aos 86 anos, no Canadá, com o nome de John Henry de Graff (ligeira alteração de seu sobrenome).

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Recebido de um leitor: 
Bom dia,

A partir do seu post em 

http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2013/11/os-comunistas-trapalhoes-do-brasil-1935.html

interessei-me pela lista de livros lá citada, em particular pelo  

“Uma das Coisas Esquecidas — Getúlio Vargas e Controle Social no Brasil/1930-1945” (Companhia das Letras, 341 páginas, 2001), 
do mesmo autor do livro comentado no post.

Em geral, antes de ler alguém que não conheço, gosto de pesquisar um pouco sobre o autor, saber qual é a dele e o que dizem dele. Para não perder tempo.

O que achei interessante é que esse sr. R.S.Rose parece "inachável" pela rede, apesar de ter escrito seus livros em plena era da Internet. É quase como se não existisse. Nenhum foto, nenhum vídeo ou entrevista no you tube, nenhum  página no facebook, nenhum  citação na wikipedia.

Ele tem três livros na Amazon: um é editado pela Ohio University Press, em 2006,  (The Unpast: Elite Violence and Social Control in Brazil, 1954-2000), outro pela Pennsylvania State University Press, em 2010, (Johnny: A Spy's Life), e o mais antigo, de 2000, pela  Praeger (One of the Forgotten Things: Getulio Vargas and Brazilian Social Control, 1930-1954). 
Essa última editora, Praeger, não tem website, é pouco citada via Google,e parece ter sede em Santa Barbara-CA. 
O nome dele aparece sempre na forma R.S. Rose, ou seja, um sobrenome comuníssimo e apenas as iniciais no prenome. 
No site da Penn State Presse diz apenas que "R. S. Rose, an American, took his doctorate from the University of Stockholm. He teaches criminology and criminal justice at Northern Arizona University, Yuma."
A pergunta inevitável: esse moço existe ??
Abs,
 Alexandre.
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Minha resposta (PRA):
Existe sim; depois que eu comprei o livro dele, na edição americana "Forgotten Things", interessei-me por um ele, e fui buscar.
O Stanley Hilton me falou um pouco dele e de sua carreira errática. Ou seja, competente, mas não conseguiu boas posições nas universidades americanas.
Mas eu não tenho contato com ele, embora possa buscar...
Paulo Roberto de Almeida 

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

O futuro aterrorizador de um mundo sem antibioticos - Maryn McKenna

Maryn McKenna
Medium.com, November 22, 2013

After 85 years, antibiotics are growing impotent. So what will medicine, agriculture and everyday life look like if we lose these drugs entirely? 

A few years ago, I started looking online to fill in chapters of my family history that no one had ever spoken of. I registered on Ancestry.com, plugged in the little I knew, and soon was found by a cousin whom I had not known existed, the granddaughter of my grandfather’s older sister. We started exchanging documents: a copy of a birth certificate, a photo from an old wedding album. After a few months, she sent me something disturbing.
It was a black-and-white scan of an article clipped from the long-gone Argus of Rockaway Beach, New York. In the scan, the type was faded and there were ragged gaps where the soft newsprint had worn through. The clipping must have been folded and carried around a long time before it was pasted back together and put away.
The article was about my great-uncle Joe, the youngest brother of my cousin’s grandmother and my grandfather. In a family that never talked much about the past, he had been discussed even less than the rest. I knew he had been a fireman in New York City and died young, and that his death scarred his family with a grief they never recovered from. I knew that my father, a small child when his uncle died, was thought to resemble him. I also knew that when my father made his Catholic confirmation a few years afterward, he chose as his spiritual guardian the saint that his uncle had been named for: St. Joseph, the patron of a good death.

I had always heard Joe had been injured at work: not burned, but bruised and cut when a heavy brass hose nozzle fell on him. The article revealed what happened next. Through one of the scrapes, an infection set in. After a few days, he developed an ache in one shoulder; two days later, a fever. His wife and the neighborhood doctor struggled for two weeks to take care of him, then flagged down a taxi and drove him fifteen miles to the hospital in my grandparents’ town. He was there one more week, shaking with chills and muttering through hallucinations, and then sinking into a coma as his organs failed. Desperate to save his life, the men from his firehouse lined up to give blood. Nothing worked. He was thirty when he died, in March 1938.

The date is important. Five years after my great-uncle’s death, penicillin changed medicine forever. Infections that had been death sentences—from battlefield wounds, industrial accidents, childbirth—suddenly could be cured in a few days. So when I first read the story of his death, it lit up for me what life must have been like before antibiotics started saving us.
(...)

Leia o artigo na íntegra, aqui: 


This article was written by Maryn McKenna and produced in collaboration with the Food & Environment Reporting Network, an independent, non-profit news organization producing investigative reporting on food, agriculture and environmental health.

Veja os crimes "politicos" dos presos "politicos": meteram a mao na grana, com a little help do guia genial dos povos

Reinaldo Azevedo, 22/11/2013

Pois é… Que José Genoino se recupere plenamente! Até para que possa responder à Justiça pelos crimes do mensalão pelos quais já está condenado — por corrupção ativa (4 anos e 8 meses), pena executada, e formação de quadrilha (2 anos e 3 meses), objeto de embargos infringentes. Só que as coisas não param por aí. Lembram-se dos empréstimos fraudulentos do BMG às empresas de Marcos Valério e ao PT? Pois é. Resultaram na Ação Penal 420. Corria no Supremo. Só que José Genoino, único réu que tinha foro especial por prerrogativa de função, deixou de tê-lo. Então o processo foi enviado para a 4ª Vara Federal de Belo Horizonte. Ocorre que ele voltou a ser deputado, e a ação retornou ao Supremo.
ATENÇÃO! NESSE PROCESSO DO BMG, GENOINO FOI CONDENADO NA PRIMEIRA INSTÂNCIA A QUATRO ANOS DE PRISÃO POR FALSIDADE IDEOLÓGICA. Aliás, esse é o caso em que as digitais de ninguém menos do que Luiz Inácio Lula da Silva aparecem de modo insofismável. O relator dessa ação no Supremo é o ministro Marco Aurélio. O revisor é Gilmar Mendes.
Se a pena for confirmada pelo Supremo, mesmo que Genoino escape da imputação de quadrilha, sua condenação será superior a oito anos — o que rende, em circunstâncias normais, regime fechado.
O caso BMG
- No dia 17 de fevereiro de 2003, o BMG “emprestou” ao PT R$ 2,4 milhões. José Genoino assinou pelo partido.
- No dia 20 de fevereiro, Marcos Valério levou Ricardo Guimarães, presidente do banco, para um encontro como Palácio do Planalto com… José Dirceu.
- Cinco dias depois dessa reunião, o BMG liberou um empréstimo de R$ 12 milhões, desta vez para uma empresa de Valério. O publicitário confessou depois que era dinheiro para pagar a turma indicada por Delúbio — vale dizer: era dinheiro para o PT.
- Entre o “empréstimo” feito diretamente ao partido e aqueles oficialmente concedidos às empresas de Valério, o BMG repassou ao esquema R$ 43,6 milhões.

Trecho da Ação Penal 420. Olhe o José Dirceu aparecendo ali
E tudo isso por quê? Eis o pulo do gato. Ou do sapo barbudo. Reproduzo uma síntese que foi publicada no site Consulor Jurídico, com base nos dados da Ação Penal 420:
Em 2004, cinco dias após o presidente Lula assinar o Decreto 5.180, que abriu a todos os bancos o mercado de crédito consignado a aposentados e pensionistas do INSS, o BMG pediu oficialmente para entrar nesse mercado. Oito dias depois, recebeu autorização do INSS. Outros dez bancos fizeram pedido igual, na mesma época. Todos levaram pelo menos 40 dias para receber a mesma autorização.
Com condições favoráveis, o BMG operou com pouca concorrência num mercado em que a demanda era abundante. Sua carteira de crédito consignado para aposentados e pensionistas do INSS engordou e, três meses depois, o BMG a vendeu à Caixa Econômica Federal por R$ 1 bilhão. O BMG, que já operava com crédito consignado desde 1998, tornou-se um gigante nesse mercado. Fechou o ano de 2004 com lucro de R$ 275 milhões — um crescimento de 205% em relação ao lucro de R$ 90 milhões no ano anterior. No ano seguinte, o lucro foi de R$ 382 milhões.
Àquela altura, o BMG se tornara o 31º banco do país. (Em 2002, antes do governo Lula, o BMG não estava entre as 50 maiores instituições financeiras brasileiras.) No ano passado, o BMG lucrou R$ 583 milhões, comprou outro banco e se tornou o 17º do país em ativos totais. No mês passado, enquanto o Rural se preparava para o julgamento do mensalão no Supremo, o BMG se tornava sócio do Itaú Unibanco, o maior banco da América Latina, cedendo a ele 70% de suas operações no mercado consignado.
Em 2005, após o chamado escândalo do mensalão, o Tribunal de Contas da União examinou a entrada do BMG no mercado de empréstimos consignados do INSS. A Polícia Federal investigou as operações de lavagem de dinheiro do mensalão envolvendo o BMG. O Banco Central analisou a lisura dos empréstimos liberados pelo BMG ao PT e a Marcos Valério. A CPI dos Correios e a Procuradoria-Geral da República centraram-se no nexo entre a concessão desses empréstimos e as vantagens obtidas pelo BMG no crédito consignado do INSS.
De volta a Genoino
Entenda, leitor. O dinheiro do BMG não era bem um empréstimo. Digamos que o banco tinha a grana, o PT tinha seus mensaleiros, e Lula tinha a caneta para autorizar as operações de empréstimos consignados, que permitiram à instituição fazer depois aquele negócio bilionário com a Caixa Econômica Federal.
Aqueles R$ 2,4 milhões que o BMG repassou diretamente ao PT foi tendo o pagamento adiado, adiado, adiado… Genoino e Delúbio passaram a figurar como avalistas e devedores solidários. A Justiça considerou que era outra evidência de fraude porque eles não tinham bens para fazer frente a um eventual calote. A propósito: Delúbio também foi condenado a quatro anos. Se quiser ler a integra da sentença, clique aqui.

Nos dois trechos acima, a condenação de José Genoino

Eis todos condenados pela juíza Camila Franco e Silva Velano com base na do Art. 4°, Caput, da Lei 7492/86 (Lei do Colarinho Branco) Ricardo Annes Guimarães, João Batista Abreu, Márcio Alaôr de Araújo e Flávio Guimarães. Foram condenados por falsidade ideológica José Genuíno Neto, Delúbio Soares De Castro, Marcos Valerio Fernandes de Souza, Ramon Hollerbach Cardoso, Cristiano de Mello Paz e Rogério Lanza Tolentino.