Frases
Do jornalista Cláudio Humberto, comentando o relacionamento entre o deputado Luiz Moura, do PT de São Paulo, que já cumpriu pena por assalto, fugiu da cadeia até que o crime prescrevesse e pessoas acusadas de pertencer ao PCC:
Não vote em ladrão. Ele pode virar político, e vice-versa.
Do tuiteiro Renzo Mora:
Terroristas desistem de atacar São Paulo na Copa: "A gente não conseguiria provocar um caos maior que as autoridades de lá" diz porta-voz.
Do empresário e escritor Alexandru Solomon:
É possível separar os políticos em três categorias: os que roubam, os que são coniventes e os que não conseguem coibir os roubos.
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Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
quarta-feira, 4 de junho de 2014
Frases da semana, coletadas pr Carlos Brickmann
sábado, 23 de novembro de 2013
"Luta de classes no Itamaraty? Nao, apenas dignidade..." - Paulo Roberto de Almeida, via Aflex (thanks...)
Pelo menos o copyright, poderíamos dizer, ou mais provavelmente os moral rights, sobre essa frase singela, eles me deram, e preciso agradecer sinceramente por me juntar à sua causa (que não é exatamente a minha, por pertencer a uma outra casta profissional, mas que reconheço como legítima e até mesmo necessária).
Assim é, se lhes parecem, como diria, no singular, certo italiano do modernismo pré-fascista...
Confesso que nem sei quando escrevi essa frase, ou a propósito do quê, exatamente.
Provavelmente foi no primeiro semestre deste ano, motivado pelas descrições de absoluta indignidade de um colega, assediador serial, e que até hoje não foi punido, a não ser com o que prosaicamente chamamos de Departamento de Escadas e Corredores. Parece que ele andava (não sei se ainda anda) se vangloriando de suas excelentes relações com um outro personagem pouco recomendável, o quadrilheiro-chefe, o Stalin Sem Gulag, que conhece um pequeno gulag (mas cheio de comodidades e de rapapés) naquele espaço pouco recomendável para todos os humanos normais chamado de Papuda (espero que fique lá bastante tempo, sem as distinções atuais).
Lembro-me, em todo caso, de ter lido, recebido, transmitido, sabido dos protestos de indignação do pessoal do quadro e de funcionários locais a propósito desse episódio específico, que parece ter sido a gota d'água que faltava num clima de muita decepção com o feudalismo reinante e a pouca consideração dada a funcionários não diplomáticos que trabalham no serviço exterior brasileiro, um clima de Casa Grande e Senzala, como várias vezes referido na literatura especializada...
Esse cartaz, ou banner, vem a propósito de uma audiência, ocorrida nesta sexta-feira 22 de novembro, na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado Federal, a que assisti apenas em parte (um pouco porque o meu computador insistia em repetir as mesmas cenas da TV Senado, por estúpido que era, certamente, outro tanto porque estando responsável pelo consulado em Hartford tive de me desempenhar em várias outras funções, como é o normal e para isso me pagam). Tenho, por exemplo, de dar assistência a brasileiros, despachar expedientes, enfim, essa miríade de atividades burocráticas aborrecidas mas necessárias). Não sei sinceramente em que resultou essa audiência, e por isso sequer ouso expressar minha opinião, totalmente desinformada e provavavelmente defasada, sobre os próximos passos.
Acredito que todos os funcionários, ou qualquer ser humano, precisam ter uma perspectiva de vida, planejar seu futuro, numa situação de pleno reconhecimento de seus méritos e qualidades profissionais. Nenhuma pessoa normalmente constituída -- e quem trabalha no serviço exterior costuma ser assim, salvo alguns malucos que também entraram não se sabe como -- almeja progresso e reconhecimento, pelo mérito, pela dedicação, pelo esforço. Isso significa alguma ascensão funcional e, pelo menos, alguma progressão salarial regular, não fosse que apenas pelos fenômenos inflacionários bem conhecidos em todos os países, alguns mais, outros menos. Mas sempre existem distorções salariais inter-temporais e entre as categorias, que caberia reconhecer e tentar corrigir.
Também acredito que as categorias são muito diversas, diversificadas, diferentes, para a criação de alguma carreira unificada nesse tipo de situação. Ainda assim, alguns princípios gerais e uniformes são passíveis de serem introduzidos, talvez até pelas distinções mais simples, tipo: categoria A: A1, A2, A3; categoria B, etc...
Ou uma definição genérica e elementar de funções: assistente técnico de nível elementar, secundário, especializado, etc.A partir daí se poderia cogitar -- além das revisões salariais periódicas -- algum tipo de movimentação funcional.
Mas eu divago: provavelmente os camaradas (ops, perdão) da Aflex já pensaram em tudo isso e já apresentaram suas "soluções" para todas essas questões,
Sendo um libertário radical, confesso que sou contra todo tipo de corporatismo, pois isso costuma levar a regimes fascistas (nunca tão distantes de nós quanto poderíamos pensar), e por isso sou contra a imposição de normas rígidas, isonômicas (estupidamente igualitárias, sem reconhecimento do mérito) ou automaticamente progressivas, ou seja, mecanicamente aplicadas. Acredito que indivíduos devem ser reconhecidos justamente nessa dimensão, e ser avaliados nesse sentido, em função do seu esforço e mérito individual, sem falsos democratismos ou a pressão indevida de máfias sindicais.
O ambiente de trabalho requer uma convivência sadia entre trabalhadores de diferentes funções e dotadas de competências diversas.
Pessoas normais exigem dignidade, e acho que a frase acima é feliz, mesmo que eu não saiba exatamente como e quando eu a escrevi.
Grato, em todo caso, podem usar e abusar.
Aliás, o "luta de classes" deve ser um resquício inconsciente de meu passado marxista. Sendo um libertário radical, e um liberal em economia, há muito me libertei da metafísica marxiana em favor de um ceticismo sadio que me faz analisar cada empreendimento humano em sua dimensão própria.
Creio que a luta da Aflex é justa: se não descambar para o corporativismo fascista, ela é bem-vinda, ao defender a dignidade de tantos trabalhadores locais das nossas unidades no exterior que muitas vezes não são reconhecidos em seu esforço em prol da boa qualidade do serviço diplomático.
Abaixo o feudalismo, viva a liberdade e a dignidade de todos os trabalhadores do serviço exterior.
Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 23/11/2013
quinta-feira, 8 de agosto de 2013
Respeito pelo Papai Noel e pelo Coelho de Pascoa garantidos em nivel federal...
quarta-feira, 23 de maio de 2012
Frases (estas sim) inesqueciveis: Nelson Rodrigues (visto por Arnaldo Jabor)
Nelson Rodrigues
inventou o óbvio
Arnaldo Jabor
O Estado de S.Paulo, 22/05/2012
Os 100 anos de Nelson Rodrigues estão sendo celebrados
por muita gente que o criticou em vida e hoje o glorifica. Tanto as
depreciações quanto alguns louvores são descabidos - ele não era nem
pornográfico nem um escritor aspirando à condição de estátua. Nelson adorava
elogios, mas odiava os "medalhões".
NR é importante como inventor de linguagem. A
importância de sua obra está onde ela parece 'não ter' importância. Onde ela é
menos "profunda" - ali é que se encontra uma qualidade rara. Era
fácil (e justo) considerar 'gênios' homens como Guimarães Rosa ou Graciliano,
mas Nelson nunca coube nos pressupostos canônicos. Sua obra é um armazém, um
botequim geral, uma quitanda de Brasil.
Formado nas delegacias sórdidas, vendo cadáveres de
negros 'plásticos e ornamentais', metido no cotidiano marrom do jornal do pai,
Nelson flagrou verdades imortais que estavam ali, no meio da rua, na nossa
cara, e que ninguém via.
Uma vez ele me disse: "Se Deus perguntar para mim
se eu fiz alguma coisa que preste na vida, eu responderei a Deus: 'Sim, Senhor,
eu inventei o óbvio!'"
Filho do jornalismo policial, Nelson desconstruía o
pedantismo tão comum entre nossos escritores.
Uma
vez ele me disse ao telefone que o "problema da literatura nacional é que
nenhum escritor sabe bater um escanteio": ensolarada imagem esportiva para
definir literatos folgados. Até hoje, muita gente não entendeu que sua grandeza
está justamente na observação dos detritos do cotidiano. A faxina que Nelson
fez no teatro e depois na prosa é semelhante à que João Cabral fez na poesia.
Nelson baniu as metáforas a pontapés "como ratazanas grávidas" e
criou antimetáforas feitas de banalidades condensadas. "A poesia está nos
fatos", como escreveu Oswald no Pau Brasil. Pois é, Nelson
também odiava metáforas gosmentas. Suas imagens não aspiravam ao
"sublime". Exemplos: "O torcedor rubro-negro sangra como um
César apunhalado", "a mulher dava gargalhadas de bruxa de disco
infantil", "seu ódio era tanto que ele dava arrancos de cachorro
atropelado", "a bola seguia Didi com a fidelidade de uma cadelinha ao
seu dono", "o juiz correu como um cavalinho de carrossel",
"o sujeito vive roendo a própria solidão como uma rapadura",
"somos uns Narcisos às avessas que cuspimos na própria imagem",
"vivemos amarrados no pé da mesa bebendo água numa cuia de queijo
Palmira", "hoje o brasileiro é inibido até para chupar um Chica
Bon".
Visto por ele, tudo boiava no mistério: os ovos
coloridos de botequim, as falas dos 'barnabés', as moscas de velório no nariz
do morto. Nelson fazia a vida brasileira ficar universal, não por grandes
gestos, mas pelo minimalismo suburbano que ele praticava. E o sublime aparecia
na empada, na sardinha frita ou no torcedor desdentado.
Sua obra é um desfile de tipinhos anônimos,
insignificantes - nisso aparecia sua grandeza desprezada. São prostitutas
bondosas, cafajestes poéticos, canalhas reluzentes, vagabundos épicos,
sobrenaturais de almeida, adúlteras heroicas e veados enforcados. Ele me dizia:
"O que estraga a arte é a unidade..."
Ele dava lições de arte e literatura: "Enquanto o
Fluminense foi perfeito, não fez gol nenhum. A partir do momento em que deixou
de ser tão Flaubert, os gols começaram a jorrar aos borbotões, pois a
obra-prima no futebol e na arte tem de ser imperfeita." Existe coisa mais
'contemporânea'?
Gilberto Freyre sacou sua "superficialidade
profunda", assim como André Maurois entendeu que a genialidade de Proust
era "a épica das irrelevâncias..." E isto é muito saudável, num país
onde ninguém escreve um bilhete sem buscar a eternidade.
Nunca deixava a literatura prevalecer sobre a magia
dos fatos. Sempre um detalhe inesperado caricaturava os dramas. No meio da
tragédia, vinha a gíria; no suicídio - o guaraná com formicida; no assassinato
- a navalhada no botequim; na viuvez - o egoísmo; nos enterros - a piada.
Uma vez, me contou que viu uma família esperando num
hospital a notícia sobre um filho atropelado. Morreu ou não? Afligiam-se todos,
vistos pelo Nelson através do vidro do corredor. Viu o médico chegar e dizer
que o menino tinha morrido. "Eu vi pelo vidro. Não ouvi um som. A família
começou a se contorcer em desespero. Pai, mãe, tios gritavam e, através do
vidro, pareciam dançar. Pareciam dançar um mambo. Daí, eu concluí a verdade
brutal: a grande dor dança mambo!..."
Nelson recusava teorias. Contou-me um episódio
hilário: uma vez o Oduvaldo Viana Filho e Ruy Guerra, grandes artistas, chamaram-no
para escrever um roteiro de filme sobre uma mulher adúltera. Nelson foi
trabalhar com eles, mas desistiu e me disse: "Parei, porque eles queriam
que a adúltera fosse para a cama do amante e traísse o marido movida apenas
pelas 'relações de produção'...."
Ele
intuiu na época que a vulgata do marxismo era o ópio dos intelectuais. Foi
chamado de fascista porque puxava o saco do Médici, para ver se soltava o filho
preso havia anos. Eu mesmo sofri por causa dele; em 1973 ousei filmar Toda
Nudez Será Castigada e dei uma entrevista na Veja em que disse que
"fascismo é amplo: existe fascista de direita e de esquerda também".
Pra quê? Mandaram um manifesto à revista onde me esculhambavam indiretamente,
dizendo que o sucesso imenso que o filme fazia "não era a missão do cinema
novo". Foi das grandes dores que senti, pois até amigos assinaram o
maldito texto, que só não foi publicado porque, um dia antes, os generais
tiraram o filme de cartaz, com soldados de metralhadora, levando as cópias dos
cinemas. Aí, meus amigos comunas tiraram o texto, "para não dar razão ao
inimigo principal", que era a ditadura, a censura. (Eu e Nelson éramos
inimigos secundários, para usar o termo de Mao Tsé-tung). O filme voltou ao
cartaz porque ganhou o Urso de Prata no Festival de Berlim e os generais
ficaram com medo da repercussão e liberaram a exibição.
Se fosse vivo, ao ver os escândalos atuais, repetiria
a frase eterna: "Consciência social de brasileiro é medo da polícia."
E-mail: arnaldo.jabor@estadao.com.br
segunda-feira, 2 de janeiro de 2012
Uma frase filosofica - Arquiloco (Isaiah Berlin)
Arquilocus, poeta grego do século VII A.C.
citado por Isaiah Berlin, em The Hedgehog and the Fox: An Essay in Tolstoy's View of History (1953)