O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Brasil dos companheiros: Jabor registra em cartorio a listas dos desastres anunciados...

A lista dos perigos
ARNALDO JABOR
O Estado de S.Paulo,  30/09/2014

O que acontecerá com o Brasil se a Dilma for eleita?

Aqui vai a lista:

A catástrofe anunciada vai chegar pelo desejo teimoso de governar um país capitalista com métodos "socialistas". Os "meios" errados nos levarão a "fins" errados. Como não haverá outra "reeleição", o PT no governo vai adotar medidas bolivarianas tropicais, na "linha justa" da Venezuela, Argentina e outros.

Dilma já diz que vai controlar a mídia, economicamente, como faz a Cristina na Argentina. Quando o programa do PT diz: "Combater o monopólio dos meios eletrônicos de informação, cultura e entretenimento", leia-se, como um velho petista deixou escapar: "Eliminar o esterco da cultura internacional e a 'irresponsabilidade' da mídia conservadora". Poderão, enfim, pôr em prática a velha frase de Stalin: "As ideias são mais poderosas do que as armas. Nós não permitimos que nossos inimigos tenham armas, porque deveríamos permitir que tenham ideias?".

As agências reguladoras serão mais esvaziadas do que já foram, para o governo PT ter mais controle sobre a vida do País. Também para "controlar", serão criados os "conselhos" de consulta direta à população, disfarce de "sovietes" como na Rússia de Stalin.

O inútil Mercosul continuará dominado pela ideologia bolivariana e "cristiniana". Continuaremos a evitar acordos bilaterais, a não ser com países irrelevantes (do "terceiro mundo") como tarefa para o emasculado Itamaraty, hoje controlado pelo assessor internacional de Dilma, Marco Aurélio Garcia. Ou seja, continuaremos a ser um "anão diplomático" irrelevante, como muito acertadamente nos apelidou o Ministério do Exterior de Israel.

Continuaremos a "defender" o Estado Islâmico e outros terroristas do "terceiro mundo", porque afinal eles são contra os Estados Unidos, "inimigo principal" dos bolcheviques que amavam o Bush e tratam o grande Obama como um "neguinho pernóstico".

Os governos estaduais de oposição serão boicotados sistematicamente, receberão poucas verbas, como aconteceu em S. Paulo.

Junto ao "patrimonialismo de Estado", os velhos caciques do "patrimonialismo privado" ficarão babando de felicidade, como Sarney, Renan "et caterva" voltarão de mãos dadas com Dilma e sua turminha de brizolistas e bolcheviques.

Os gastos públicos jamais serão cortados, e aumentarão muito, como já formulou a presidenta.

O Banco Central vai virar um tamborete usado pela Dilma, como ela também já declarou: "Como deixar independente o BC?".

A Inflação vai continuar crescendo, pois eles não ligam para a "inflação neoliberal".

Quanto aos crimes de corrupção e até a morte de Celso Daniel serão ignorados, pois, como afirma o PT, são "meias-verdades e mentiras, sobre supostos crimes sem comprovação...".

Em vez de necessárias privatizações ou "concessões", a tendência é de reestatização do que puderem. A sociedade e os empresários que constroem o País continuarão a ser olhados como suspeitos.

Manipularão as contas públicas com o descaro de "revolucionários" - em 2015, as contas vão explodir. Mas ela vai nomear outro "pau-mandado" como o Mantega. Aguardem.

Nenhuma reforma será feita no Estado infestado de petistas, que criarão normas e macetes para continuar nas boquinhas para sempre.

A reforma da Previdência não existirá, pois, segundo o PT, "ela não é necessária, pois exageram muito sobre sua crise", não havendo nenhum "rombo" no orçamento. Só de 52 bilhões.

A Lei de Responsabilidade Fiscal será desmoralizada por medidas atenuantes - prefeitos e governadores têm direito de gastar mais do que arrecadam, porque a corrupção não pode ficar à mercê de regras da época "neoliberal". Da reforma política e tributária ninguém cogita.

Nossa maior doença - o Estado canceroso - será ignorada e terá uma recaída talvez fatal; mas, se voltar a inflação, tudo bem, pois, segundo eles, isso não é um grande problema na política de "desenvolvimento".

Certas leis "chatas" serão ignoradas, como a lei que proíbe reforma agrária em terras invadidas ilegalmente, que já foi esquecida de propósito.

Aliás, a evidente tolerância com os ataques do MST (o Stedile já declarou que se Dilma não vencer, "vamos fazer uma guerra") mostra que, além de financiá-los, este governo quer mantê-los unidos e fiéis, como uma espécie de "guarda pretoriana", como a guarda revolucionária dos "aiatolás" do Irã.

A arrogância e cobiça do PT aumentarão. As 30 mil boquinhas de "militantes" dentro do Estado vão crescer, pois consideram a vitória uma "tomada de poder". Se Dilma for eleita, teremos um governo de vingança contra a oposição, que ousou contestá-la. Haverá o triunfo "existencial" dos comunas livres para agir e, como eles não sabem fazer nada, tudo farão para avacalhar o sistema capitalista no País, em nome de uma revolução imaginária. As bestas ficarão inteligentes, os incompetentes ficarão mais autoconfiantes na fabricação de desastres. Os corruptos da Petrobrás, do próprio TCU, das inúmeras ONGs falsas vão comemorar. Ninguém será punido - Joaquim Barbosa foi uma nuvem passageira.

Nesta eleição, não se trata apenas de substituir um nome por outro. Não é Fla x Flu. Não. O grave é que tramam uma mutação dentro do Estado democrático. Para isso, topam tudo: calúnias, números mentirosos, alianças com a direita mais maléfica.

E, claro, eles têm seus exércitos de eleitores: os homens e as mulheres pobres do País que não puderam estudar, que não leem jornais, que não sabem nada. Parafraseando alguém (Stalin ou Hitler?) - "que sorte para os ditadores (ou populistas) que os homens não pensem".

Toda sua propaganda até agora se acomodou à compreensão dos menos inteligentes: "Quanto maior a mentira, maior é a chance de ela ser acreditada" - esta é do velho nazista.

O programa do PT é um plano de guerra. Essa gente não larga o osso. Eles odeiam a democracia e se consideram os "sujeitos", os agentes heroicos da História. Nós somos, como eles falam, a "massa atrasada".

É isso aí. Tenho vontade de registrar este texto em cartório, para depois mostrar aos eleitores da Dilma. Se ela for eleita.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Educacao: corrupcao companheira minimiza um desastre pavoroso na educacao

A corrupção companheira na Petrobras, e em todas as outras esferas, abafa e minimiza uma notícia como esta.
No entanto, ela é "muito mais pior", como diria o chefe dos corruptos, do que qualquer roubalheira que aconteceu e vem acontecendo em TODAS, repito TODAS, as esferas da vida pública sob a república sindicalista e corrupta dos companheiros.
Essa roubalheira ataca o estoque acumulado de riquezas já produzidas pelo povo brasileiro, ou seja, algo como um acidente, um tufão, um terremoto que pode ocorrer em qualquer país.
Já o desastre educacional ROUBA O FUTURO do país, destrói as condições para que ele possa crescer próspero e acumular novas riquezas.
Os crimes cometidos pelos companheiros contra a educação são muito mais desastrosos do que todos os outros roubos que eles fizeram contra o país.
Paulo Roberto de Almeida

Ideb volta a mostrar quadro decepcionante na educação
Editorial - Valor Econômico, 10/09/2014

Os resultados mais recentes do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) ajudam a entender a queda do Brasil no ranking de competitividade do World Economic Forum (WEF) e o elevado percentual de 18% de analfabetos funcionais na população do país.
O Ideb de 2013 mostrou pela primeira vez desde 2005, quando o índice foi criado, que a nota do ensino médio ficou estagnada e não atingiu a meta nos anos finais do ensino fundamental (do quinto ao nono ano). Já os alunos dos anos iniciais do ensino fundamental (do primeiro ao quinto ano) até superaram a meta.
Fica cada vez mais distante o objetivo do governo de atingir, em 2021, o padrão das nações desenvolvidas calculado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). No caso dos alunos do ensino médio, a nota ficou estagnada em 3,7 pontos, em uma escala que vai de zero a 10, ponto em que está desde 2009. O padrão da OCDE é 5,2 pontos.
No caso dos alunos dos anos finais do fundamental houve avanço de 4,1 para 4,2, abaixo da meta de 4,4 do governo e dos 5,5 da OCDE. Apenas os anos iniciais do ensino fundamental mostraram progresso, com a nota subindo de 5 para 5,2, acima da meta de 4,9 pontos e distante dos 6 da OCDE.
No levantamento anterior o quadro era o mesmo. Há alguns anos o governo aposta que o bom desempenho nos anos iniciais do ensino iria causar um efeito positivo nos períodos posteriores. O ensino médio parece ser a etapa mais problemática. Apenas sete dos 27 Estados da União atingiram as metas dessa fase; seis melhoraram, mas ficaram abaixo das metas. Em 16 Estados as notas do ensino médio pioraram, até nas escolas particulares.
O governo já prometeu rever o currículo muito carregado e pouco atraente, que estimula um conhecimento enciclopédico e superficial para os alunos. Mas até agora não houve avanços.
A intenção foi lembrada pelo ministro da Educação, Henrique Paim, sem um prazo para ser convertida em realidade. Como lembrou a doutora em educação pela PUC do Rio, Andrea Ramal, em entrevista a "O Globo" (6/9), houve cinco ministros da Educação nos últimos dez anos e essa alta rotatividade certamente tem relação com os problemas do ensino.
Há quem diga que a questão é dinheiro. Relatório da OCDE divulgado ontem informa que o Brasil canalizou para a educação 19% do total de gastos públicos em 2011, acima dos 13% médios dos países da organização. O valor de gasto por aluno, no entanto, foi de US$ 2.985, um terço da média dos 34 países integrantes da OCDE, que é de US$ 8.952. É o segundo valor mais baixo entre todos os países da organização, depois da Indonésia. Nos EUA o investimento por aluno é de mais de US$ 15 mil.
As taxas de matrículas vêm crescendo no Brasil, mas abaixo da média dos países desenvolvidos; e as instituições públicas gastam quatro vezes mais por aluno do ensino superior do que do ensino fundamental, o que também é parte da explicação do estágio da educação no país.
O governo vende a promessa de que tudo vai melhorar quando o pré-sal estiver em produção e puder destinar os royalties de sua exploração para a educação, como está previsto no Plano Nacional de Educação (PNE), que foi aprovado há pouco pelo governo e prevê o investimento de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) na educação em 2020, em comparação com 6,4% em 2012. Em artigo publicado no Valor (18/7), o professor Naércio Menezes Filho calculou em R$ 180 bilhões o valor.
O professor acha, porém, que dinheiro não é garantia de melhora do aprendizado, lembrando que os royalties do petróleo aumentaram a arrecadação de muitos municípios, que ampliaram o investimento em educação sem que isso resultasse em melhor desempenho dos alunos no Ideb. Por isso, elogiou a estratégia do PNE de estimular as escolas que aumentarem as notas na avaliação.
Os dados do Ideb passaram quase desapercebidos porque foram divulgados no momento em que o noticiário sobre as denúncias do esquema de corrupção na Petrobras causava grandes ondas de turbulência. A verdade é que o tema pouco é lembrado na campanha eleitoral e competiu também com a notícia da professora esfaqueada pelo aluno em Curitiba, enquanto escrevia no quadro-negro, e a das crianças sitiadas em hotéis da Cracolândia, em São Paulo, que mostram outras facetas do mesmo problema da educação.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Russia: a incrivel historia do pais que encolheu no seculo 20: 85 milhoes de pessoas "perdidas: (The Globalist)

Russia’s Miserable Century: 85 Million “Gone Missing”

What was the human cost of Russia’s 20th century trials and tribulations?
Early 20th century Russian peasants. Captured by Sergey Prokudin-Gorsky.
Early 20th century Russian peasants. Captured by Sergey Prokudin-Gorsky.

Takeaways


  • Russia's population of 143.6 million is well below projections (expected from natural growth) of 200 million.
  • An estimated 85 million people were never born in 20th century Russia due to war, famine, purges & unrest.
  • Russia's current population is 30% less now than it should be had it followed natural growth trends.

1.The Russian population is currently around 143.6 million — putting in in the top ten globally.
2.Some demographers believe that natural growth since 1913 should have put Russia’s population to almost 200 million (or even 225 million).
3.Two World Wars, fought by Russian commanders without regard for losses, two famines in the early 1920s and 1930s, purges and social ills brought about by communist mismanagement, including alcoholism, have left their mark on the size of Russia’s population.
4.This resulted in as many as 85 million Russians “going missing” – not being born at all.
5.This represents a reduction of Russia’s population from its natural growth of about 30%.
From How Russia Botched an Entire Century by Alexei Bayer (The Globalist)

1913-2013: How Russia Botched an Entire Century

Could Russia have been as successful as the United States?
public domain
Russian Tsar Nicholas II (r. 1894-1917)

Takeaways


  • A century ago, before the Bolshevik Revolution in 1917, Russia was on the verge of becoming the China of the day.
  • Pre-revolutionary Russia was developing into a major global economic power naturally and consistently.
  • Russia had abolished serfdom in 1861, 2 years before President Lincoln's Emancipation Proclamation in the US.
  • Russia still suffers from Soviet legacies. It is among the poorest & technologically backward European states.
  • In a serf-like state, Russia's raw material riches benefit small, kleptocratic elites, who shift assets abroad.
  • Russia has wasted its resources, especially human ones. It literally killed off many talented people.
  • Russia has been driven into the ground, but even now it has much unrealized potential and may yet rise up.
  • To meet its potential, Russia will need to change its Soviet-inherited kleptocratic political system.
One hundred years ago, shortly before the Bolsheviks seized power in 1917, Russia was on the verge of becoming the China of the day. It had embarked on the path to industrial capitalism two or three decades after the United States and Germany.
By the start of World War I, it was developing dynamically enough to get on track to catch up with the leading industrial powers of the day.
The Russia of that era was an enormous country, even larger than the Soviet Union at its peak, because it included both Poland and Finland within its borders. It also boasted tremendous natural resources and a vast, diversified population.
Russia featured remarkably modern elements. For example, it abolished serfdom in 1861, two years before President Lincoln’s Emancipation Proclamation in the United States.
In the countryside, a class of prosperous peasants was emerging. And in Russia’s southern provinces and in Ukraine, there were large, productive farms — similar to those later found in the American Midwest.
These farms made Russia the breadbasket of the world, accounting for around one-third of the global wheat trade before World War I. In fact, Russia’s early 20th century wheat traders were so sophisticated that they initiated hedging prices and used financial markets in London and New York for their crops.
In the Donetsk region in eastern Ukraine, coal and steel production was expanding, also using British investment and knowhow.
The construction of the Trans-Siberian railway, inaugurated in 1890, linked European Russia with the Pacific Coast. This made the economic development and exploration of Siberia possible, a move from which even today’s Russia benefits most handsomely.

Lagging literacy

At the same time, Russia’s educational system was poor. Around 70% of the population was still illiterate at the start of the 20th century. However, the illiterate were mainly peasants. In cities, primary and secondary schools were being established, benefiting even the urban poor.
Russia also had very modern universities and a substantial scientific research establishment. Mathematician Nikolai Lobachevsky pioneered hyperbolic geometry and chemist Dmitri Mendeleev is credited with creating the first periodic table of elements, both in the 19th century.
Russian physiologist Ivan Pavlov was the fourth winner of the Nobel Prize for Medicine in 1904, followed by immunologist Ilya Mechnikov in 1908. No Russian has won the prize since.
Professional and technical education, too, was increasingly open to children of lower-ranking officials, workers and even peasants. The ranks of the Russian intelligentsia, the educated class, were swelling. By the start of World War I, the literacy rate rose to 40%.
Despite lagging behind in terms of literacy, Russia managed to develop world-class culture and arts. Tolstoy and Dostoyevsky were probably the most internationally famous and influential fiction writers of their time.
Chekhov’s plays shaped the development of theater throughout the 20th century and Gorky’s plays were performed all over Europe in the years before World War I.
Stanislavsky developed an acting method that is still widely used in Hollywood. The Actors’ Studio and Lee Strasberg, who trained some of the brightest stars of American theater and cinema in the middle of the 20th century, adapted it.
Meanwhile, Stravinsky, Prokofiev and Shostakovich were at the origins of modern classical music, and Diaghilev’s Ballet Russe created modern dance.
In 1913, the Armory Show became a major sensation in New York City. It brought the French post-impressionist art of Van Gogh, Gauguin and others to America for the first time. While Americans were just catching on to these trends, Russian artists had already moved beyond post-impressionism.
Just two years later, in 1915, Kazimir Malevich created his Black Square, the first abstract painting.

An economic boom

While it is hard to assess economic growth in the early 1900s — few institutions collected data back then, any available figures were notoriously unreliable and modern statistical tools had not yet been developed — there is evidence that Russia stormed into the modern era after 1905.
There was rapid urbanization, with men increasingly moving to towns in search of employment. The share of the agricultural sector fell from 58% of the economy in 1885 to 51% before World War I.
Meanwhile, industry, construction and transportation accounted for 32% of the Russian economy, up from 23% in 1885. The rail network increased from 2,000 km to 70,000 km.
Like all rapidly developing nations, including the United States shortly before, Russia was a huge user of foreign capital. In the final decades of the czars’ rule, foreign investment accounted for 40% of all industrial investment, and a substantial portion of agricultural investment as well.
Western Europe, notably England, France and Belgium, provided most of that capital. By the start of World War I, Russia accounted for 15% of all international debt.
Even though Russia was still an underdeveloped country by prevailing Western European standards, it was not as backward as it is commonly portrayed. Just look at Russia’s performance in World War I, when it confronted Europe’s leading industrial power, Germany.
At the start of the conflict, Russia was not only able to mobilize quickly. It also managed to deliver troops and supplies to the front fast enough to start an invasion of Galicia in September 1914.
In fact, Russia was able to help its Western allies by forcing Germany to divert forces out of France in order to use them to assist Austria-Hungary, which was reeling from Russia’s assault.
In World War I, Russians certainly were outmatched by German efficiency and military technology. But the czar’s troops held up a lot better than Stalin’s Red Army did in the summer of 1941.

Soviet failures

After the Bolshevik revolution, the introduction of the command economy did manage to mobilize the Soviet Union. Later on, by channeling much of the country’s immense resources into the military-industrial complex, the communists were able to defeat Nazi Germany. Thereafter, they were able to come close to matching American military prowess for around half a century.
But such a gigantic effort could not be sustained. To get close, the Soviet government wasted and destroyed much of the resources on which Russia’s economic success relied.
First and foremost, it squandered Russia’s human resources. Russia’s population is currently around 140 million. Some demographers believe that natural growth since 1913 should have put its population to almost 200 million or even 225 million.
Two World Wars, fought by Russian commanders without regard for losses, two famines in the early 1920s and the 1930s, purges and social ills brought about by communist mismanagement have resulted in as many as 85 million in today’s Russia “going missing” — not being born at all.
The communists did create a good educational system and achieved nearly 100% literacy, but they managed to waste human capital in other ways. Peasants were herded into collective farms, effectively reintroducing serfdom.
Life expectancy for men in Russia now is an extremely low 64.3 years — on a par with or less than in many countries in Sub-Saharan Africa. Chronic illnesses and alcoholism that often precede an early death rob society of the most productive years of its males.
Moreover, the economic system that prohibited private enterprise kept several generations of Russians from fulfilling their potential and benefiting society as a whole.
While pre-revolutionary Russia was developing into a major global economic power naturally and consistently, the USSR was a colossus with feet of clay.
Today’s Russia still suffers from the disastrous legacy of the Soviet era. Instead of co-leading the world, as its potential suggested at the start of the 20th century, it is, on average, one of the poorest and technologically backward countries in Europe.
In a 19th century kind of way, Russia produces little and survives by selling its vast array of raw materials to the world’s leading industrial nations.
With that as economic strategy, the country itself exists in a serf-like state. The raw material riches benefit small, kleptocratic elites, who shift their assets abroad. Considerable parts of the country’s infrastructure are as if they dated back to the medieval era. Social services are rudimentary and the quality of life is extremely poor.
The United States has spent much of the past 100 years relentlessly developing, perfecting its industrial base and its technological infrastructure and investing into human capital. It has focused on creating optimal conditions for individuals to achieve their potential.
Despite various mistakes and setbacks, the United States still sets the direction of technological innovation and its culture dominates the world.
Russia, in contrast, has wasted its resources, especially human ones. It literally killed off many talented people. Others were able to escape in time and achieved fame in Europe and, especially, in the United States, thus contributing notably to America’s economy and culture.
Choreographer George Balanchine, writer Vladimir Nabokov and, most recently, Google founder Sergei Brin are just a few examples among many.
Russia’s political economy has not moved forward much over the past 100 years. Despite mind-boggling mistakes, mismanagement and crimes of its leaders, Russia even now has much unrealized potential.
Russians may yet rise up and fulfill their human potential. But for that to happen, they will need to change the country’s kleptocratic political system and end their own serf-like mentality. Both are, in so many ways, the direct descendants of the Soviet era.
Alexei Bayer is a contributing editor of The Globalist. His debut novel, Murder at the Dacha, which is set in 1960s Moscow, was published in May.

sábado, 23 de novembro de 2013

Poder absoluto e grandes catastrofes nacionais - reflexoes de Paulo Roberto de Almeida

Reflexões ao léu: o poder absoluto e as grandes catástrofes nacionais

Paulo Roberto de Almeida

A história humana, pelo menos a história política (mas também a militar, a história social, e a econômica, a cultural, enfim, a história humana), está repleta de exemplos de desastres nacionais, por vezes verdadeiras catástrofes, que se abatem sobre todo um povo, não poupando até mesmo inocentes criaturas que não têm sequer uma vaga ideia sobre o que pode estar se passando na cabeça dos dirigentes que provocaram tais calamidades. Sim, estou me referindo a “man-made calamities”, desastres provocados pelo próprio homem, que, à diferença de certas calamidades naturais – provocadas por forças incontroláveis pela vontade humana, e até mesmo não evitáveis pela tecnologia social – não existiriam sem a intervenção de fatores contingentes que se devem inteiramente à ação humana, geralmente por parte de algum déspota (pouco) iluminado, quando não vulgarmente estúpido.
A história, a vida humana na verdade, ou toda a vida biológica, como ensinava um eminente cientista francês – Jacques Monod – é feita de acaso e de necessidade. Este, aliás, é o título de seu mais belo livro, publicado em meados dos anos 1970, se não me engano, e que constitui uma das primeiras vacinas intelectuais com que fui brindado e que ajudaram a diminuir progressivamente as altas doses de determinismo marxista que eu ainda carregava em minhas veias acadêmicas. A necessidade corresponde às forças da natureza, justamente, ou seja, os fatores imanentes, ligados à genética, à geologia, à gravidade, enfim, aos princípios darwinianos e newtonianos bem conhecidos. O acaso, por sua vez, ocorre também na natureza, pois não são raros os acidentes naturais ou genéticos que provocam irrupções vulcânicas, que conduzem às mutações de espécies, ou a uma série imensa de transformações repentinas, por vezes infinitamente lentas, que moldam a vida no planeta e até o itinerários de elementos não vivos, mas cambiantes pela ação dessas forças da natureza. O acaso, contudo, é bem mais presente na vida animal, especialmente na vida daqueles primatas que se acreditam superiores, mas que também respondem a certas pulsões que por vezes podem aproximá-los das mais terríveis bestas feras da fauna existente.
Por acaso (mas isso não tem a ver com Jacques Monod) lembrei-me agora da frase do tio do garoto que se converteu em “homem aranha”, absolutamente simples e, no entanto, cheia de sabedoria: “maior o poder, maior a responsabilidade” (ou algo aproximado a isso). Ela tem tudo a ver com estas reflexões ao léu, que me subiram à cabeça (se ouso dizer) depois de ler várias matérias, em revistas, jornais, na internet, sobre eventos totalmente corriqueiros, ou grandes episódios históricos, que se encaixam perfeitamente no título deste pequeno artigo: o poder absoluto pode conduzir a grandes catástrofes sociais, com enormes sofrimentos para os membros de uma determinada comunidade (por vezes durante mais de uma geração).
A humanidade, como se sabe, é formada por milhões de seres que foram se espalhando ao acaso pela superfície terrestre, adaptando-se ao ambiente natural, e daí construindo mecanismos de defesa contra os desafios e perigos naturais; mas eles também introduziram normas de controle social para evitar os “espíritos animais” que ainda caracterizam a espécie humana: o medo, a agressividade, o ódio, a conquista e a dominação, até instintos assassinos (nem sempre por autodefesa), ao lado de sentimentos mais nobres e altruístas, como o amor, a solidariedade, a fraternidade, o desprendimento e a caridade.
Algumas sociedade evoluíram satisfatoriamente e conseguiram criar certo equilíbrio (sempre instável, como é da natureza das coisas), com o ambiente, com as demais sociedades e até dentro da sua própria, ou seja, entre as várias categorias de seus membros; suas respostas habilitaram-nas a construir certo quantum de felicidade humana, em alguns casos até invejável. Quem desejar aprofundar seu conhecimento sobre como se deu essa evolução social e cultural, ao longo de algumas dezenas de milhares de anos, pode recorrer à leitura do livro do cientista americano Jared Diamond, Armas, Germes e Aço (recomendo comprar a edição americana na Abebooks, Guns, Germs and Steel, onde se pode achar usados em excelentes condições por UM dólar).
Nos últimos cinco ou dez mil anos, as sociedades evoluíram e aperfeiçoaram o seu desempenho na arte da guerra, nas transformações tecnológicas, na ocupação de mais territórios e na dominação de outros povos, aumentando potencialmente a capacidade de alguns deles conquistar, dominar e escravizar outros povos, o que não deixa de representar uma catástrofe para os assim submetidos. Pensemos, por exemplo, na escravidão dos judeus pelos babilônios, pelos egípcios, e no seu sofrido caminho para a autonomia, se estabelecendo num território que já tinha sido o seu, até, de novo, sua completa submissão pelos romanos, seguida de uma diáspora secular, na era cristã.
Independentemente desses percalços, que atingiram dezenas, centenas de povos ao longo da história – causando até mesmo o desaparecimento físico de alguns deles –, o fato é que a humanidade também progrediu num sentido humanístico, graças, entre outros fatores, às leis da razão, aos preceitos religiosos (como os próprios judaicos, cristãos, budistas, e vários outros) e ao simples reconhecimento prático de que a tolerância mútua e a convivência pacífica fazem muito bem à saúde humana, melhor em todo caso do que violência aberta e dominação brutal. De fato, a humanidade se tornou menos cruel, com a disseminação das religiões da fraternidade e do amor, em substituição àquelas que pregavam o sacrifício humano e a crueldade com os estranhos.
Nos dois mil anos que se seguiram ao aparecimento e expansão do cristianismo – tanto como religião “rebelde”, clandestina, quanto como religião de Estado, de um império – alguns povos progrediram enormemente, o que não quer dizer que os não cristãos também não tenham avançado na construção de instituições mais efetivas de governança e de uma prosperidade relativamente bem distribuída. A China, por exemplo, foi, muito antes do Ocidente, um Estado avançado, dotado de uma burocracia “weberiana” e de inovações científicas e de instituições sociais e políticas que só apareceriam muito mais tarde na vida do Ocidente cristão. Mas ela sempre constituiu um sistema imperial baseado na centralização absoluta do poder, um despotismo de base agrária (hídrica) que tornou a vida de milhões de súditos apenas um pouco acima da sobrevivência miserável, bem mais, em todo caso, do que no Ocidente medieval.
Progressos econômicos se traduziram em prosperidade – aumento da produtividade agrícola, desenvolvimento de atividades comerciais, financeiras e até culturais – e no incremento da capacidade militar, o que permitiu, justamente, o domínio e a subjugação de outros povos. Poderia ter sido a China, por exemplo, a dominar e escravizar o Ocidente – o que os mongóis fizeram parcialmente – mas acabou sendo os ocidentais que partiram à conquista da China e do resto do mundo, mais ou menos 500 anos atrás. Quem quiser saber mais sobre os progressos econômicos e tecnológicos da humanidade, recomendo ler os livros do historiador americano David Landes, especialmente seu A Riqueza e a Pobreza das Nações (também recomendo o site da Abebooks, onde se pode encontrar exemplares usados por até 4 dólares).

Mas eu estou me desviando de minhas reflexões, que não têm tanto a ver com a história da humanidade – e posso recomendar excelentes livros de história universal, e até sobre a história das guerras – quanto com a história nacional de alguns povos, como aliás evidenciado no título: quero falar de catástrofes “nacionais”, não de imperialismos ou de submissão de outros povos. Parto do mundo westfaliano como ele é, ou seja, composto de unidades políticas territorial e politicamente definidas e mutuamente respeitadoras da soberania alheia, pelo menos formalmente. Observo que alguns povos puderam se desenvolver de modo satisfatório, logrando prover altos patamares de prosperidade e de felicidade humana para seus integrantes, enquanto outros estagnaram ou recuaram, quando não foram vítimas de desastres incomensuráveis.
E por que isso ocorreu com esses infelizes? Aí entra o primeiro componente de minha reflexão ao léu (mas dirigida): o poder absoluto. Estou convencido de que todos os grandes desastres nacionais – ou seja, aqueles que não tenham sido provocados por agressão externa ou catástrofes naturais incontroláveis – foram essencialmente a obra de alguns tiranos malucos, déspotas obcecados por alguma fixação mental, pequenos e grandes ditadores que se alçaram ao comando de seus povos, e a partir daí cometeram tantos erros e equívocos econômicos, militares, sociais, que ocorreu seja um recuo relativo, seja um retrocesso absoluto na vida dos povos vitimados por esses loucos.
Digo “loucos” ou “malucos” no sentido metafórico, obviamente, pois alguns tiranos são perfeitamente metódicos e “racionais” em sua sanha de dominação total. A compulsão do poder absoluto representa, em todo caso, um tipo de desvio psicológico, que faz com que alguns indivíduos não se contentem em dominar um determinado povo – geralmente o seu mesmo – pelos mecanismos naturais do poder político, mas insistem em manter um controle absoluto sobre a vida de cada indivíduo e sobre o curso de toda a sociedade. Trata-se, provavelmente, de um deformação da personalidade, mas que nem sempre transparece nas primeiras fases da ascensão social de indivíduos doentios.
Rejeito terminantemente o uso de conceitos afiliados ao maquiavelismo intelectual – ou seja, uma doutrina vinculada à análise política pré-moderna – para caracterizar essas situações de domínio despótico. Maquiavel – a quem já homenageei numa releitura de sua obra mais famosa, O Moderno Príncipe (Maquiavel revisitado) – era um patriota interessado em salvar a Itália dos invasores estrangeiros, com seus exércitos de mercenários selvagens, e que por isso, contrariando seus próprios instintos republicanos, consentiu em propor uma solução despótica para assegurar a sobrevivência do Estado (na verdade, a construção de um poder legítimo, podendo introduzir a lei e a ordem, para permitir o desenvolvimento da cidadania).
Os tiranos a que me refiro, e que estão na origem de tantos desastres nacionais, são totalitários no espírito e na ação, concentrados unicamente em seu poder absoluto e que, por isso mesmo, acabam levando suas sociedades e os povos que nelas habitam a desastres incomensuráveis, quando menos a atrasos quase insuperáveis na escala civilizatória. Eles são praticamente autistas, ou seja, voltados unicamente para si mesmos, mas também costumam ser dirigentes hábeis, capazes de seduzir os incautos, atrair o apoio de muitos cidadãos ingênuos – não falo dos simplórios e dos idiotas, que estes existem em todas as partes – e até mesmo conseguem capturar a estima de muitos, já que encarnando, supostamente, aspirações nacionais (patriotismo, dignidade nacional, sentido da grandeza da nação, autoestima legítima, às vezes necessidade de afirmação). Qualquer que seja a razão, um tirano não ascende a essa posição apenas pelo exercício da força bruta, ainda que tais extremos possam ocorrer excepcionalmente.
Em qualquer hipótese, como referido na abusadíssima frase de Lord Acton, o poder absoluto corrompe absolutamente, e são muito abundantes, e infelizes, os exemplos desse tipo de situação. A comunidade dos Estados contemporâneos ainda é muito diversificada quanto à natureza, conformação e tipo de governança existente na prática, havendo sistemas bastante avançados de legitimidade democrática – não é difícil distinguir certas sociedades escandinavas e as do mundo anglo-saxão, de modo geral – e outros lamentavelmente detestáveis em seu despotismo mais evidente (em vários países da África, na Ásia central e até mesmo na América Latina). Os regimes políticos não se sustentam apenas burocraticamente, pelas instituições criadas na modernidade westfaliana (e como tais reconhecidas no direito internacional), mas também se impõem pela brutalidade pré-moderna de certas tiranias de fato e de direito.
A história, como eu dizia ao início deste pequeno texto, está repleta de exemplos de desastres nacionais, sempre provocados por tiranos, ou candidatos a tal. Não me refiro necessariamente a Napoleão, e a seu Império quase uniformemente continental, na Europa, pois o pequeno imperador, e grande estrategista militar, parecia encarnar as virtudes da administração burocrática moderna, na destruição do que era considerado como “restos feudais” nos regimes absolutistas do continente. Megalomaníaco como era – sem ser um tirano cruel ou despótico – ele também conduziu a França ao desastre, mas numa escala ainda reduzida, se pensarmos nas destruições que vieram depois dele. Afinal de contas, ele presidiu à passagem do exército de mercenários ao recrutamento obrigatório, que também foi uma escola de cidadania – quando não uma escola tout court – a milhares de camponeses que de outra forma teriam vegetado naquilo que Marx chamava de idiotice da vida rural. Os exércitos modernos ainda são napoleônicos nos seus processos de conscrição, de socialização e de formação de soldados-cidadãos.
Depois dele, o primeiro grande personagem da megalomania totalitária foi Lênin e seu projeto de criar o homem novo, eliminando burgueses, camponeses ricos, padres e intelectuais dissidentes, além de capitalistas em geral. Foi o primeiro regime despótico moderno, e teve muito a ensinar a seus êmulos na própria Rússia ou em outros países. O próprio Lênin se inspirou em Robespierre, e seu reinado de Terror, que ele admirava sinceramente, e pretendia reproduzir usando a Tcheca como seu instrumento.
Stalin, Mussolini, Hitler e Mao aprenderam com Lênin tudo o que aplicaram de perversidades totalitárias, ainda que Hitler não estivesse pronto a reconhecer essa sua dívida intelectual para com o fundados do império soviético. Os imensos desastres humanos que essa quadrilha de tiranos provocou, ao longo do século XX, se cifra na casa das dezenas de milhões de vítimas, de morte matada e de morte morrida, mas sempre por culpa de suas aventuras insanas em busca do poder absoluto. Observe-se que nenhuma ameaça externa os obrigou a empreender a eliminação maciça de seus supostos inimigos: tratou-se de uma decisão solitária, insana como soe acontecer.
Alguns deles foram metódicos na aplicação de seus propósitos tirânicos, e nisso os comunistas levaram uma imensa vantagem sobre seus colegas fascistas: eles criaram uma máquina fria de identificação e eliminação de aliados e inimigos, um sistema quase weberiano de tirania semi-racional, já que contando com uma filosofia universalista, que prometia um futuro radiante a todos os deserdados da terra (e eles eram muitos, várias dezenas de milhões). Os nazistas atuaram com base na separação das raças e num ódio irracional a determinadas categorias humanas, não conseguindo com isso emitir um discurso universalista; eles não puderam legitimar o seu poder, da mesma forma como os comunistas o fizeram (aliás até hoje, em alguns países). Todos foram tiranos absolutos, em algum momento tragados pela loucura do poder, o que os levou a cometer erros que redundaram em grandes tragédias humanas para suas próprias sociedades. Pensemos, por exemplo, em Hitler, logo após ter obtido o Anchluss da Áustria e ter absorvido boa parte da então República Tchecoslovaca: o que o obrigava a invadir a Polônia, a entrar em guerra com as potências ocidentais, e mais adiante invadir a União Soviética, que era inclusive sua aliada? O que o obrigava a declarar a guerra aos Estados Unidos, logo depois do ataque de Pearl Harbor? Insanidade completa, que se traduziu na maior tragédia de toda a história dos povos germânicos.
Numa versão mais “amena”, mas igualmente desastrosa para certos povos, tivemos alguns ditadores na Ásia e na América Latina, ainda hoje cultuados como grandes homens, até heróis, em seus países. Uma sociedade não muito distante de nós foi sequestrada por um fascista populista, e convive até hoje nessa situação bizarra, que atinge inclusive intelectuais, cuja inteligência (se existe) foi capturada por um cadáver. Uma outra na mesma região ainda atravessou recentemente a mesma experiência, e se afunda progressivamente na ditadura política e no caos econômico. Alguns outros candidatos a tiranetes pululam aqui e ali, dispostos a subir aos extremos, se o ambiente interno e externo assim lhes permitir. Num retrospecto histórico, não é difícil constatar o imenso atraso a que foram conduzidas suas respectivas sociedades: se eles não mataram como os tiranos absolutos acima referidos, eles atrasaram de modo por vezes irremediável sociedades que já foram mais ricas, e que tinham condições de conhecer patamares mais elevados de prosperidade material e de riqueza cultural.
O Brasil não conheceu esses extremos terríveis de tiranias fascistas, ou de domínio de caudilhos ridículos, ainda que tenha passado por ditaduras bastante severas na aplicação do autoritarismo “legal” a que sempre foram obedientes nossos militares de orientação positivista ou castilhista. Mas eles foram adeptos do que eu chamo de nazismo econômico e de stalinismo industrial, que ainda hoje seduzem certos espíritos simplórios numa esquerda que se caracteriza sobretudo por seu atraso mental e por sua indigência intelectual. Eles se disfarçam de keynesianos de botequim, mas se aproximam bastante do que eu chamo de fascismo corporativo.
O Brasil não retrocedeu absolutamente, ou não tanto quanto certos vizinhos e outros “aliados estratégicos” em outros continentes, mas ele se atrasou certamente, ao não perder oportunidades de perder oportunidades, como dizia Roberto Campos. Ele continua se atrasando, a julgar pelos indicadores de crescimento econômico comparado e pelo desempenho exibido nos exames internacionais de avaliação estudantil. Esse último problema é certamente uma tragédia, relativa e absolutamente, atual e potencial, e só posso lamentar que os companheiros atualmente no poder tenham conduzido nossa educação a níveis tão baixos de qualificação didática, sob qualquer perspectiva histórica que se conheça. A educação brasileira, aliás, já é um grande desastre nacional: imaginem se ainda estivéssemos vivendo sob um regime totalitário, como certamente gostariam alguns companheiros aloprados. Mas não só eles: alguns que se consideram geniais também...


Hartford, 23 de Novembro de 2013.