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domingo, 18 de janeiro de 2015

Itamaraty: a sombra da sombra, ou o Sombra do Sombra?

Dúvida atroz...
Em todo caso, o assunto é este aqui.
Paulo Roberto de Almeida

Diplomacia

Chanceler fala em 'sombra' nas relações com a Indonésia

Segundo Mauro Vieira, Itamaraty expressou inconformidade com fuzilamento de brasileiro neste sábado

Gabriel Castro, de Brasília
O novo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, enviou carta de repúdio à embaixada da Indonésia (Fernando Bezerra Jr./EFE)

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse neste sábado que a execução do brasileiro Marco Archer vai modificar a relação bilateral do Brasil com o país asiático. Em entrevista coletiva concedida no Palácio do Itamaraty, em Brasília, ele afirmou que o episódio cria uma "sombra" nas relações diplomáticas com a Indonésia. A expressão já havia sido usada nesta sexta pelo assessor da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia. O chanceler, entretanto, não deu detalhes sobre possíveis retaliações.

Segundo Mauro Vieira, o Itamaraty também entregou à embaixada da Indonésia no Brasil uma carta de repúdio expressando "inconformidade" com a decisão. “O Ministério das Relações Exteriores manifesta sua profunda inconformidade com a execução do cidadão brasileiro e com o fato de que gestões do mais alto nível e apelos presidenciais à clemência em favor do condenado tenham sido ignorados pelas autoridades indonésias, em franco contraste com as relações de amizade e cooperação que os dois países têm procurado desenvolver historicamente”.

O secretário-geral do Itamaraty, Sérgio Danese, também se reuniu com o embaixador da Indonésia, Toto Riyanto, para manifestar a “inconformidade” com o fuzilamento. 

Marco Archer foi morto por fuzilamento na tarde deste sábado, às 15h31, no horário de Brasília. Ele havia sido condenado à  morte após ser preso entrando no país asiático 13 quilos de cocaína, em 2004.

Leia também:
Em conversa com Dilma, presidente indonésio nega clemência a brasileiro
“Mereço mais uma chance”, diz brasileiro condenado na Indonésia
Quase 1.000 brasileiros estão presos por tráfico no exterior
Holanda tenta evitar execução de condenado na Indonésia

Vieira relatou as dificuldades no contato com o governo indonésio. Das seis cartas enviadas pelo governo brasileiro pedindo clemência para Archer, cinco ficaram sem resposta. "A única resposta foi a da última carta, enviada pela presidente Dilma Rousseff em 31 de dezembro", disse ele. 

A presidente Dilma Rousseff afirmou estar consternada e indignada com a execução. Ela convocou de volta o embaixador brasileiro na Indonésia, que, na área diplomática, é um dos primeiros gestos de demonstração de estremecimento nas relações bilaterais.

As relações comerciais entre Brasil e Indonésia podem ser descritas como inexpressivas. O país asiático compra basicamente commodities agrícolas brasileiros – soja, algodão, milho e açúcar – e vende óleos vegetais e borracha para os brasileiros. Em 2014, o valor total do comércio entre os dois países somou 454 milhões de dólares, pouco mais de 0,01% dos mais de 445,4 bilhões de dólares que o comercio exterior brasileiro movimentou no ano passado. 


sábado, 17 de janeiro de 2015

Crimes economicos do lulo-petismo: falcatruas na Previdencia - Mansueto Almeida

São essas coisas que eu defino como crimes econômicos, o que não impede que também sejam crimes comuns ou contra a administração pública: podem até não beneficiar monetariamente, ou diretamente, os mafiosos no poder, mas provocam perdas imensas para o país e a economia. Eles se prolongam no futuro...
Paulo Roberto de Almeida

Os truques do governo Dilma 1

No ano passado, em junho, escrevi um post no qual alertava que a forte desaceleração observada de janeiro a maio de 2014 nas despesas previdenciárias não passava de um truque contábil – leiam o maior truque do mundo: gastos com previdência.

Para chegar a esta conclusão não era preciso muito esforço, mas apenas alguma dose de bom senso e olhar o passado.

Lembro que, na época, muitos analistas começaram a tentar explicar a razão para a forte desaceleração do gasto da previdência. Uma tentativa que na época falei que era um esforço sem sentido, pois não havia evidência de mudanças estruturais na previdência.

Hoje sabemos que a suposta desaceleração dos gastos da previdência não passou de atrasos de repasses do Tesouro para Caixa Econômica Federal. Uma estratégia que envolveu também as despesas do Bolsa Família e do seguro desemprego.

O TCU agora, corretamente, quer explicações. Independente do relatório técnico ser ou não aprovado pelo plenário do TCU, nada impede que o Ministério Público da União investigue o caso e eventualmente, se comprovado que os atrasos foram planejados, e tudo indica que sim, abra um processo contra os responsáveis.

É impressionante os desmandos, truques e medidas rudimentares do primeiro governo Dilma. E me assusta o fato de um partido que está a 12 anos no poder não tenha entre seus simpatizantes um único economista com competência para ser ministro da fazenda. 

Ainda bem que existem economistas liberais para salvar os governos do PT. E se não salvar? Neste caso o governo culpará os economistas liberais quando, na verdade, os erros resultam de um conjunto de políticas rudimentares adotadas no Brasil de 2009 a 2014. Esses seis anos terão conseqüências para as próximas duas décadas e, na metade do séc XXI, o BNDES ainda estará pagando sua dívida junto ao Tesouro.

Chicago-boys discutem se vao usar metralhadora de tambor ou pistola com silencioso...

Complicada essa vida, quando se tem de decidir sobre assuntos da mais alta gravidade filosófica...
Ou se elimina o problema, ou o FBI acaba prendendo...
Paulo Roberto de Almeida

Em VEJA desta semana

Teste de paternidade

O ex-presidente Lula e o mensaleiro José Dirceu se desentendem por causa do envolvimento de petistas no escândalo do petrolão

Daniel Pereira
DIGITAIS – Dirceu, apontado como padrinho do diretor da Petrobras envolvido no esquema, queria combinar com Lula uma estratégia de defesa

DIGITAIS – Dirceu, apontado como padrinho do diretor da Petrobras envolvido no esquema, queria combinar com Lula uma estratégia de defesa (Joel Rodrigues/Frame/VEJA)

Faz tempo que o escândalo de corrupção na Petrobras serve de combustível para o fogo amigo dentro do PT. No ano passado, petistas que comandavam o movimento “Volta, Lula” criticaram a presidente Dilma Rousseff por admitir que aprovara a compra da refinaria de Pasadena com base num relatório falho. Com o gesto de sinceridade, Dilma teria levado a crise para dentro do Palácio do Planalto, segundo seus adversários internos, e demonstrado uma ingenuidade e um amadorismo capazes de pôr em risco a permanência do partido no poder. No afã de tirá-la da corrida eleitoral, aliados de Lula também acusaram a presidente de traição ao responsabilizar a antiga diretoria da Petrobras, nomeada pelo antecessor, pelos desfalques bilionários nos cofres da companhia. Como o “Volta, Lula” não decolava e a sucessão presidencial se anunciava acirrada, os petistas selaram um armistício até a eleição. Mas, com Dilma reeleita, retomaram a disputa fratricida. O motivo é simples: estrelas do PT serão punidas novamente — agora no petrolão. Resta saber quem pagará a conta. Com as prisões do mensalão ainda frescas na memória, ninguém está disposto a ir para o sacrifício.

A tensão decorrente das investigações e do julgamento do esquema de corrupção na Petrobras colocou em trincheiras opostas as duas mais importantes lideranças históricas do PT: Lula e seu ex-ministro José Dirceu. Tão logo os delatores do petrolão disseram que o exdiretor de Serviços da Petrobras Renato Duque recolhia propina para o partido, Dirceu, o padrinho político de Duque, ligou para o Instituto Lula e pediu uma conversa com o ex-presidente. O objetivo era se dizer à disposição para ajudar os companheiros a rebater as acusações e azeitar a estratégia de defesa. Conhecido por deixar soldados feridos pelo caminho, Lula não ligou de volta. Em vez disso, mandou Paulo Okamotto, seu fiel escudeiro, telefonar para Dirceu. Assim foi feito. “Do que você está precisando, Zé?”, questionou Okamotto. Dirceu interpretou a pergunta como uma tentativa do interlocutor de mercadejar o seu silêncio. À mágoa com Lula, que o teria abandonado durante o ano em que passou na cadeia, Dirceu acrescentou pitadas de ira: “Você acha que vou ligar para pedir alguma coisa? Vocês me abandonaram há tempos”, respondeu. E fim de papo.

Diretor do Instituto Lula, Okamotto é frequentemente convocado pelo ex-presidente para cumprir missões espinhosas. Ele atuou, por exemplo, para impedir que as investigações sobre o mensalão chegassem ao chefe. Em depoimento ao Ministério Público Federal (MPF), o empresário Marcos Valério disse ter sido ameaçado de morte por Okamotto. O recado foi claro: ou Valério se mantinha em silêncio ou pagaria caro por enredar Lula na trama. O Supremo Tribunal Federal (STF) condenou Valério, o operador do mensalão, a 37 anos e cinco meses de prisão. Logo depois de as primeiras penas serem anunciadas, Valério declarou ao MPF que Lula se beneficiara pessoalmente do esquema. No mesmo processo, Dirceu foi condenado por corrupção a sete anos e onze meses de prisão. O petista já deixou a cadeia e, por decisão da Justiça, cumpre o resto da pena em regime domiciliar. Ao telefonar a Lula, ele quis deixar claro a necessidade de o governo e o PT organizarem uma sólida estratégia de defesa no petrolão. A preocupação tem razão de ser.

Delatores do petrolão disseram às autoridades que Renato Duque recolhia 3% dos contratos da diretoria de Serviços da Petrobras para o PT. No âmbito de um acordo de delação premiada, Pedro Barusco, que era o adjunto de Duque, disse que o ex-diretor recolheu propina em pelo menos sessenta contratos. Barusco também implicou o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, na coleta de dinheiro roubado dos cofres da Petrobras. Outros delatores, como empreiteiros, afirmaram que a dinheirama surrupiada financiou campanhas petistas. Há provas fartas contra o partido. É certo que haverá punições. E é justamente isso que faz a briga interna arder em fogo alto. Dilma mantém o discurso de que nada tem a ver com a roubalheira. Executivos nomeados por Lula e demitidos por sua sucessora, como o ex-presidente da Petrobras Sergio Gabrielli e o ex-diretor Nestor Cerveró, não aceitam ser responsabilizados. O mesmo vale para Dirceu, que não quer correr o risco de voltar à Papuda.

A Falcatrua Piketty - Joao Cesar de Mello (Mises Brasil)

Eu já tinha identificado o problema de Piketty ao ler as suas principais teses: ele acha que a acumulação de riqueza é um problema, e pretende diminui-la, supostamente para produzir "mais igualdade". Vai deixar todos pobres, ou pelo menos, vai diminuir a criação de riqueza.
Ele não usa seus talentos (?) para diminuir a pobreza, só está interessado em avançar sobre a riqueza.
Programa idiota...
Paulo Roberto de Almeida

A moral de Piketty - por alguém que realmente leu todo o livro
Instituto Mises Brasil, sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

 

capital.jpgSegundo a Amazon, fui um dos poucos compradores de O Capital do Século XXI, de Thomas Piketty, que realmente leram o livro. 

Seu programa Kindle registra que, dos mais de 80 mil cópias vendidas, a grande maioria dos leitores não passa da página 26, considerando que o livro possui quase 700 páginas. Isso me lembra muitos socialistas que se dizem influenciados por Marx, apesar de nunca terem lido seus livros; e que também odeiam o liberalismo sem ter a menor noção do que se trata. 

Um amigo, ao me flagrar com o tal livro, não vacilou em fazer piada: "Lendo a nova bíblia da esquerda?!". "Pois é... Sou liberal exatamente por saber o que os marxistas pensam", respondi.

Mesmo não sendo da área econômica, política ou do direito, sinto-me obrigado a ler essas "coisas", já que me interesso pelo assunto.

O Capital do Século XXI é apenas mais uma reedição de alguns devaneios marxistas, com o autor tentando relacionar dados selecionados com crendices ideológicas impregnadas com uma das piores fraquezas humanas: a inveja. 

Entre tantos gráficos, Piketty não esconde sua interpretação moral sobre a riqueza e, principalmente, sobre a herança. Chega a ser engraçado suas recorrentes citações aos romances de Balzac para ilustrar e "comprovar" as distâncias entre trabalhadores e herdeiros. 

Seu livro tem um único objetivo: julgar moralmente o direito de uma pessoa guardar para si o fruto de seu próprio trabalho e decidir, por si mesma, qual o destino desse fruto. A "moralidade" de Piketty chega ao nível de condenar os herdeiros pelo sucesso dos pais!  

Seu raciocínio é muito simples: quanto mais rico, mais imoral. Exercendo a arrogância típica dos socialistas, Piketty ignora completamente a história, os esforços e os talentos de indivíduos, enlatando-os como se formassem uma única e homogênea massa de pessoas de caráter condenável pelo simples fato de terem enriquecido.   

Piketty tenta inúmeras vezes nos fazer crer que questiona Marx, aquele que "...escreveu tomado por grande fervor político, o que muitas vezes o levou a se precipitar e a defender argumentos mal embasados", em suas palavras, mas em seguida enaltece a coerência de algumas ideias do pai do comunismo.

Logo no começo, o neomarxista francês dá o tom do livro:

"...o capitalismo produz automaticamente desigualdades insustentáveis, arbitrárias, que ameaçam de maneira radical os valores de meritocracia sobre os quais se fundam nossas sociedades democráticas".

Oi? Um socialista que defende taxações e confiscos dizendo que o sistema de trocas voluntárias entre indivíduos e empresas é arbitrário?  Pois é... Ouço e leio coisas parecidas todos os dias no Facebook, ditas e escritas por pessoas que nunca leram nada além de panfletos da esquerda. 

Piketty, em sua tentativa de desmerecer a melhoria na qualidade de vida da população mundial promovida pelo capitalismo, reduz o aumento da expectativa de vida a um... "fato biológico"!  Insiste, o tempo todo, que a desigualdade é algo terrível por si mesma, ignorando, portanto, as diferenças entre os diversos países do mundo no que se refere a estas "desigualdades".  Fica bem claro que sua preocupação não é com a pobreza, mas sim com a riqueza.  Eis um socialista. 

Em seu esforço para distorcer a realidade, Piketty chega a citar o caso chinês do que seria um exemplo de desenvolvimento social promovido pelo estado.  Cita os investimentos em educação e em infraestrutura, mas se "esquece" de que nenhuma escola ou ponte é construída sem dinheiro, e que esse dinheiro vem da arrecadação de impostos, e que a quantidade de impostos arrecadada depende do poder e da liberdade econômica da sociedade como um todo.  

Ou seja: ignora que centenas de milhões de chineses se livraram da extrema pobreza simplesmente porque o estado deu um passo para trás, lhes dando a liberdade para empreender negócios visando o lucro, com direito de propriedade e com a possibilidade de ficarem ricos. 

Piketty se "esqueceu" de muitas coisas.  Esqueceu-se de falar sobre o papel do estado nos problemas sociais e econômicos dos países atrasados. Esqueceu-se de falar sobre os desajustes fiscais, sobre a emissão irresponsável de moeda, sobre as arbitrariedades dos bancos centrais, sobre as concessões de créditos e de subsídios a determinados setores, empresas e até pessoas ligadas aos governos, o que sempre prejudica os mais pobres. Sua única referência pejorativa ao estado se dá ao afirmar que foi graças à corrupção do governo mexicano que Carlos Slim se tornou um dos homens mais ricos do mundo. 

Sua facilidade em tecer julgamentos morais sobre a "riqueza excessiva" de empresários, executivos e herdeiros é proporcional à sua indiferença com o enriquecimento de políticos e ditadores mundo a fora.

Tentando desmoralizar a natureza do capitalismo, Piketty faz uma pergunta: "Podemos ter a certeza de que o 'livre' funcionamento de uma economia de mercado, fundamentado na propriedade privada, conduz sempre e por toda parte a esse nível ótimo, como que por magia?".

Pelo que sei, quem defende a "magia" nas soluções dos problemas do mundo são os socialistas, com seus planos sempre muito poéticos no púlpito e muito trágicos na realidade. Economistas liberais afirmam que todo e qualquer desenvolvimento depende de um longo período de liberdade econômica, o que possibilita o aperfeiçoamento espontâneo das interações entre mercado e sociedade, sem milagres.

A propósito, o mesmo Piketty que ignora os autores liberais mais importantes, tais como Milton Friedman, Ludwig von Mises, Friedrich Hayek e Carl Menger, faz questão de enaltecer Paul Krugman, o pai da bolha imobiliária norte-americana, defensor da inflação como ferramenta de crescimento, palestrante em evento da revista Carta Capital.  Nessa altura do livro, não me surpreendeu ler que, na prática, a "mão invisível" descrita por Adam Smith não existe porque "o mercado sempre é representado por instituições específicas, como as hierarquias corporativas e os comitês de remuneração". De onde ele tirou isso?

Como todo "bom socialista", Piketty não deixaria de mirar seu furor ideológico na cultura norte-americana, citando meia dúzia de séries de TV como exemplos do culto à "desigualdade justa". O francês se empolga:

"A sociedade meritocrática moderna, sobretudo nos Estados Unidos, é muito mais dura com os perdedores, pois baseia a dominação sobre eles na justiça, na virtude e no mérito, e, portanto, na insuficiência de sua propriedade".

Isso é o que chamo de cretinice e desonestidade intelectual, por ignorar os mais estridentes dados de melhoria de qualidade de vida e de inclusão social registrados ao longo dos últimos 150 anos. Não por acaso, Cuba não é citada uma única vez no livro.  

Também me provocou espécie alguns termos utilizados pelo economista, tais como "extremismo meritocrático", "fortunas indevidas" e "arbitrariedade do enriquecimento patrimonial".

Sua motivação ideológica, sempre ancorada em sua própria interpretação moral do mundo, nos oferece frases dignas de líderes estudantis:

"O problema é que a desigualdade (...) conduz frequentemente a uma concentração excessiva e perene da riqueza (...) as fortunas se multiplicam e se perpetuam sem limites e além de qualquer justificação racional possível em termos de utilidade social".  

No mundo de Piketty, a maioria das fortunas de hoje estão nas mesmas famílias há séculos e continuarão assim para sempre caso o estado não intervenha taxando-as progressivamente, para que assim, só assim, prevaleça o "interesse geral em detrimento do interesse privado" — Luciana Genro diria o mesmo.

Todavia, nada me provocou mais espasmos do que ele confessando que não gosta do termo "ciência econômica" por lhe parecer "terrivelmente arrogante".  Ele prefere a expressão "economia política".  Acredito!

"Impostos não são uma questão técnica", afirma Piketty; "Impostos são, isso sim, uma questão proeminentemente política e filosófica, talvez a mais importante de todas as questões políticas."  Piketty ignora completamente o que diz a história política da galáxia: taxações e confiscos beneficiam principalmente os burocratas que vivem de arbitrar essas mesmas taxações e esses mesmos confiscos. Piketty ignora também o resultado de todas as experiências socialistas: quanto mais se arbitra sobre a riqueza privada, mais se intimida o indivíduo comum a tentar enriquecer, provocando, assim, uma desmotivação coletiva. A produtividade cai. 

De fato, a desigualdade diminui, afinal, a sociedade deixa de ser dividida entre ricos e pobres e passa a ser formada apenas por pobres, vide Cuba e Coreia do Norte, sociedades tragicamente igualitárias.

Piketty não aprendeu que, em vez de rechaçarmos os ricos, deveríamos tentar mantê-los voluntariamente junto de nós, para que eles possam gastar sua fortuna consumindo nossos produtos e serviços, não dos outros.  Piketty parece que não enxergou sequer o que aconteceu em seu próprio país quando o governo decidiu sobretaxar as maiores fortunas: seus donos simplesmente foram embora, foram gastar seus bilhões noutros países.  

The Guardian referiu-se a Thomas Piketty como o "rock star da economia". O The Economist o chamou de "ícone pop". Bem coerente. Mas eu prefiro minha descrição: Piketty é o economista que faz os ignorantes se sentirem cultos, os idiotas se sentirem inteligentes e os socialistas se sentirem honestos. 

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Leia também:

Algumas frases aterradoras contidas no livro de Thomas Piketty

Thomas Piketty e seus dados improváveis

O que houve com os ricaços da década de 1980?

As "descobertas" de Piketty estão invertidas

João César de Melo é arquiteto, artista plástico e escritor. Escreveu o livro Natureza Capital


Academia.edu: os textos PRA de MENOR acesso (ZERO downloads)

Bem, sendo honesto com todos e comigo mesmo, esta é a listagem dos trabalhos mais infelizes, pelo menos até aqui. Estão se sentindo rejeitados, os coitadinhos. Zero acessos no Academia.edu.
Estou até pensando em ajudá-los psicologicamente, fazendo pelo menos um download de cada um, mas tem de ser clandestino, claro...
Paulo Roberto de Almeida
16/01/2015

2601) A economia e a política do Brasil em tempos não convencionais (nunca antes mesmo...) (2014)000110
2570) Presidential leadership and economic regimes in Brazil: structural transformations, institutional building up (2014)11010
2604) Les pays emergents à Trente Ans de Grands Changements Mondiaux (2014)11010
2617) Historical and Contemporary Trends in Brazilian Foreign Policy in the Latin American Context (2014)11030
2622) A guerra de 1914-1918 e o Brasil: impactos imediatos, efeitos permanentes (2014)00010
2613) Prata da Casa - Boletim ADB: 2ro. trimestre 201422070
2634) Prata da Casa - Boletim ADB: 3ro. trimestre 201400050
2279) Espaço Sophia: lista de artigos publicados por Paulo Roberto de Almeida (2007-2014)64060
1369) Sete previsões Imprevidentes: minha ‘caixa de surpresas’ para o novo ano (2005)53050
1510) “Resoluções de Ano Novo: uma nova ‘caixa de surpresas’ para o ano que se inicia (2005-2006)11010
1703) Previsões para o ano da graça de 2007: sempre otimista quanto à sua impossibilidade (2006-2007)00000
1855) Minhas previsões imprevidentes para 200800000
1963) Previsões imprevisíveis em tempos de crise global: minha astrologia econômica para 2009 (e mais além)00000
2070) A Primeira Década do Século 21: um retrospecto e algumas previsões imprevisíveis” (2009-2010)00000
2231) Previsões imprevisíveis para o Brasil em 2011: Resoluções para o novo governo à maneira de Benjamin Franklin (2010-2011)11010
2345) Previsões imprevisíveis para 201200000
2455) Minhas Previsões Imprevisíveis para 201311010
2544) Previsões imprevidentes para 2014: sempre apostando no melhor32030
Citations of PRAlmeida works, in a Google Scholar list1890180
2741) Resoluções de Ano Novo: minhas promessas (críveis?) para 2015 (sem garantia de cumprimento, porém...)44040
2713) Dois livros: as Quatro Liberdades e um Projeto para o Brasil (2014)11010
2705) Reforming the World Monetary System: book review (2014)11010
2688) A Utopia pouco Concreta dos órfãos do socialismo: Jean François Revel (2014)21020
2682) Prata da Casa - Boletim ADB: 4ro. trimestre 201441040
2633) Fronda empresarial: o Brasil precisa de uma (2014)33030
2743) Vídeos Paulo Roberto de Almeida no YouTube (2011-2014)20100200
1156) Nota liminar sobre o Instituto Brasileiro de Relações Internacionais (2014)44230440
2724) O Instituto Brasileiro de Relações Internacionais e a Revista Brasileira de Política Internacional: contribuição intelectual, de 1954 a 201411010
2600) Brasil no Brics (2015)00000

Academia.edu: os textos PRA de maior acesso (downloads)

Ao uploadar agora um novo texto, capítulo de um livro que ainda não foi publicado (e que por isso mesmo entra na categoria dos zero acessos), copiei tão simplesmente a tabela de visitas organizada pelo critério dos trabalhos que "sofreram" (seria esse o termo) o maior número de acessos, ou melhor, de downloads.
Ei-los aqui...
Paulo Roberto de Almeida
16/01/2015

Title60-Day Views60-Day Uniques60-Day DownloadsAll-Time ViewsAll-Time Downloads
22) Prata da Casa: os livros dos diplomatas (Edição de Autor, 2014)298244301,115148
2469) Vision 2050: A New Political and Economic Map of the World (2013)76030049
19) Integração Regional: uma introdução (2013)1613616247
O roubo mafioso na Petrobras: depoimento de funcionario à DPF2611774626146
21) Nunca Antes na Diplomacia: a politica externa brasileira em tempos não convencionais (2014)2120414238
26) Volta ao Mundo em 25 Ensaios: Relações Internacionais e Economia Mundial (2014)52341612835
2723) Produção intelectual sobre relações internacionais e política externa do Brasil (1954-2-14)126783512635
25) Rompendo Fronteiras: a academia pensa a diplomacia (2014)251969728
039) Enciclopédia de Guerras e Revoluções do Século XX (2004)4133219727
16) O Moderno Príncipe: Maquiavel revisitado (2010)3027520826
24) Codex Diplomaticus Brasiliensis: livros de diplomatas brasileiros (2014)8769815725
23) Polindo a Prata da Casa: mini-resenhas de livros de diplomatas (2014)3625713023
18) Relações internacionais e política externa do Brasil: a diplomacia brasileira no contexto da globalização (2012)15635522
2479) Brazilian Economic Historiography: an essay on bibliographical synthesis (2013-14)65010317
2546) Géoéconomie du Brésil : un géant empêtré? (2014)131009615
102) Oswaldo Aranha: na continuidade do estadismo de Rio Branco (2013)2014114814
01) O Mercosul no contexto regional e internacional (1993)221935613
13) Formação da diplomacia econômica no Brasil: as relações econômicas internacionais no Império (2005)3311513
101) Pensamento diplomático brasileiro: introdução metodológica às ideias e ações de alguns dos seus representantes (2013)4317913
10) Une histoire du Brésil: pour comprendre le Brésil contemporain (2002)413812
2590) Deformações da História do Brasil: o governo Goulart, o mito das reformas de base e o maniqueísmo historiográfico em torno do movimento militar de 1964 (2014)5133125112
08) Formação da diplomacia econômica no Brasil: as relações econômicas internacionais no Império (2001)131317111
12) Relações internacionais e política externa do Brasil: história e sociologia da diplomacia brasileira (2004) 2221911
086) O Bric e a substituição de hegemonias: um exercício analítico (perspectiva histórico-diplomática sobre a emergência de um novo cenário global)” (2010)5403211
091) Teoria das Relações Internacionais – Apresentação (2012)76010411
2444) O impacto da economia nas relações internacionais contemporâneas (2012)0007611
Youssef na Veja: "Eles Sabiam (Lula e Dilma)"33011911
094) A economia do Brasil nos tempos do Barão do Rio Branco (2012)1212210010
2263) Historiografia econômica brasileira: uma tentativa de síntese bibliográfica (2011)3312610
11) The Drama of Brazilian Politics: From Dom João to Marina Silva (2014)121117610
2739) Fim das utopias na Casa de Rio Branco?2016102010
001) O Paradigma Perdido: a Revolução Burguesa de

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Crimes economicos do lulo-petismo: agora um super-mega-hiper crime, para um TPI da corrupcao mastodontica

Os companheiros nunca vão deixar de desafiar a nossa imaginação: quando a gente acha que eles já se cansaram de fazer super-mega c......s, eles aparecem com uma hiper c.....a. Eles são incansáveis no serviço. E ainda querem que paguemos a conta. 
Só não solto um palavrão porque este espaço é frequentado por menores e senhoras piedosas. 
Paulo Roberto de Almeida 

Está em curso um troço realmente do balacobaco, que a Folha traz em sua manchete de hoje. Eu poderia dizer que é a cara do PT. E é. Mas também é a cara das piores práticas da ditadura militar. E o PT, como é sabido, mimetiza muitos procedimentos daquele período. O emblema talvez seja Delfim Netto, guru econômico da linha-dura fardada e de Lula. Mas vamos ao ponto, que sintetizo em tópicos.

1: O governo petista decidiu estimular a indústria naval brasileira. Que bom!  A companheirada é assim mesmo: executa uma política econômica que liquida os setores competitivos para estimular aqueles em que o país não conseguirá ser eficiente.

2: Sob os auspícios de Lula e Dilma, criou-se a Sete, empresa para construir e alugar 28 sondas de perfuração, um projeto orçado em US$ 25 bilhões. São sócios do empreendimento a Petrobras, o Bradesco, o BTG Pactual, o Santander e os fundos de pensão das estatais.

3: Se a Petrobras recorresse a empresas estrangeiras para esse serviço, corrupção à parte, o país sairia ganhando porque gastaria menos. Mas sabem como é: é preciso lustrar o nacionalismo brucutu.

4: A Sete está em apuros, informa a Folha. A dívida, em setembro, era de R$ 800 milhões, e a empresa parou de pagar os estaleiros.

5: Aí Dilma teve uma ideia. É, isso é sempre um perigo. Não é fácil, leitores, sustentar esse nacionalismo chulé. Custa caro. A presidente chamou os presidentes do BNDES e do Banco do Brasil — Luciano Coutinho e Aldemir Bendine, respectivamente — para viabilizar um empréstimo de, atenção, R$ 10 bilhões à Sete.

6: Informa a Folha: “A reunião de Dilma com Coutinho e Bendine ocorreu no fim da tarde de quarta (14), no Planalto, para analisar principalmente como ‘resolver pendências’ referentes a empréstimo de US$ 3,5 bilhões (cerca de R$ 9,2 bilhões) para contratação de oito sondas.” Vale dizer: sem uma solução, não há sonda.

7: Mas não só: a presidente quer que o BB lidere um consórcio de bancos para emprestar outros R$ 800 milhões à empresa para resolver seus problemas imediatos de caixa.

8: Viram como essa política de desenvolvimento da indústria naval é boa para os brasileiros que são escolhidos para… desenvolver a indústria naval? Esse é o capitalismo à moda da casa: socialização do prejuízo.

9: Ocorre que há algumas dificuldades:
a: o primeiro diretor de operações da Sete foi Pedro Barusco, aquele ex-gerente de serviços da Petrobras, que fez acordo de delação premiada e aceitou devolver a fantástica soma de US$ 97 milhões;
b: a maioria dos estaleiros contratados pela Sete pertence a empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato;
c: tanto o BNDES como o Banco do Brasil querem que a Petrobras e os estaleiros enviem uma carta afirmando que não houve atos ilícitos nos processos de licitação. Considerando as personagens envolvidas…

10: Vejam, então, que coisa fabulosa: o governo decide incentivar a indústria naval, e a empresa criada, tendo a Petrobras como sócia, vai quebrar se não receber a injeção de alguns bilhões de bancos públicos, a juros módicos.

11: A operação de socorro tem esbarrado em algumas dificuldades porque parte das personagens envolvidas na história está sendo investigada pela Polícia Federal.

Assim se fazem as coisas na República petista: incentiva-se a indústria naval nativa batendo a carteira dos brasileiros, e os escolhidos para a empreitada têm a garantia, claro!, de que não vão quebrar. A única atrapalhação é haver nesse meio alguns réus do maior escândalo de que se teve notícia no país até agora.

Não obstante, Joaquim Levy está de olho naqueles que, tudo indica, são os verdadeiros inimigos do Brasil: os trabalhadores que hoje são pessoas jurídicas. O ministro quer a carteira deles.

É o capitalismo à moda petista — ou socialismo, tanto faz — na sua fase de pornografia explícita.

Apesar de voce, amanha ha de ser... o mesmo dia - Marcos Troyjo sobre a politica externa 2 (=1)

Armadilhas para a política externa
Marcos Troyjo
Folha de S. Paulo, Sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Movimentos do Brasil no cenário global deste ano não sinalizam grande mudança de política externa no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff.

Nessas primeiras semanas, a participação coadjuvante do Brasil no desenho do eixo China-América Latina, a pouca atenção que o país conferiu à Marcha de Paris contra o Terror e o anúncio da ausência da Chefe de Estado no Fórum de Davos 2015 prenunciam uma diplomacia do "mais do mesmo".

Costuma-se dizer que a formulação da política externa cabe ao Palácio do Planalto; ao Itamaraty, sua execução. O problema é que não há na atual Chefe de Estado qualquer predileção ou talento para o palco internacional, seja na condição de roteirista, diretor ou ator.

Daí a importância do novo chanceler, que terá de chamar a si a responsabilidade de "proteger" a política externa dos efeitos depreciadores do desinteresse ou da inépcia de Dilma. É tarefa nada fácil.

Muito do sucesso do Itamaraty nestes próximos quatro anos residirá na implementação da diplomacia não "com" a presidente, mas "apesar" dela.

Mesmo assim, é preciso entender que o ocaso da política externa não se origina exclusivamente da incompatibilidade Dilma-mundo.

Não resulta, tampouco, de disputas interministeriais por espaço características do jogo político em qualquer capital. Não é, ainda, tão-somente fruto de panorama fiscal que constrange o orçamento diplomático.

O principal fator a explicar o enfraquecimento do Itamaraty é a série de erros estratégicos que o Brasil vem cometendo. E esse conjunto de equívocos remonta a Lula 1.0.

Compõe-se sobretudo do foco ideológico nas relações Sul-Sul. A fatura chega agora na forma de uma pálida projeção do Brasil no cenário internacional.

No desejado caminho de volta do Brasil a um maior destaque no exterior, há muitos obstáculos conjunturais. Commodities minerais em que desfrutamos de vantagens comparativas experimentam inferno astral. Mas há também bom número de armadilhas adiante. Vão aqui dois exemplos.

Inicia-se em abril a presidência russa dos Brics. Acossada por sanções do Ocidente e pauperizada pelo baixo preço do petróleo, Moscou pode imprimir caráter "confrontacionista" ao grupo. É tudo que os Brics não precisam num ano que tem de ser marcado pela inauguração pragmática do Novo Banco de Desenvolvimento.

Em nossa vizinhança, ao passo que no mundo real a Argentina pretere o Brasil à China como parceiro privilegiado de negócios, Axel Kiciloff, ministro de economia de Cristina Kirschner e candidatíssimo à Casa Rosada, entoa canto de amor ao Planalto petista.

Sugere que as agruras internacionais da Petrobras derivam do apetite de fundos como o Aurelius, um dos "abutres" da dívida argentina, que agora lançaria "ataque simultâneo" orientado à desestabilização das maiores economias do Cone Sul.

Se o Brasil de fato deseja uma nova política externa, terá de desviar com sabedoria de agendas que nada contribuem ao interesse nacional.

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcostroyjo/2015/01/1575863-armadilhas-para-a-politica-externa.shtml

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Alemanha: liberalizacao e milagre economico do pos-guerra - Luiz Guilherme Medeiros

Alemanha no pós-guerra: liberalização econômica, milagre de crescimento
Luiz Guilherme Medeiros  
15 de Janeiro de 2015

O fim da Segunda Guerra Mundial trouxe mais do que a libertação da Europa das garras de Hitler: ela criou o cenário para que o povo alemão se livrasse das correntes impostas pelo Estado nacional-socialista sobre a produção do seu trabalho.

Pesadas regulações, controle de preços, quotas de produção, tabelamento de salários, racionamento de comida e planejamento centralizado eram algumas das medidas que tornavam o Terceiro Reich similar à União Soviética no que concerne ao funcionamento da economia. [1]

Os Aliados que ocuparam o território alemão perpetuaram o modelo nazista, acreditando que o racionamento de comida impedia uma crise de fome.

Tais controles não aplacavam as necessidades da população, que ignorava as restrições ao comércio monetizado e faziam trocas sob um rudimentar sistema de escambo, oferecendo objetos em troca de itens que precisavam, como comida.

A consequência foi uma imensa queda de produtividade em relação ao período antes da guerra. [2]

Havia, contudo, economistas alemães que questionavam corajosamente tais manipulações governamentais autoritárias mesmo durante o auge do poder nazista: os ordoliberais.

Ludwig Erhard, membro desta escola de pensamento, acabaria sendo nomeado Ministro das Finanças da Bavária em 1945, dado que os Aliados buscavam veementes anti-nazistas para a composição do novo governo.

A medida que Erhard foi subindo na hierarquia, realizou a de-nazificação e liberalização da economia: fim do controle de preços, fim do racionamento de comida, redução e padronização da carga tributária para as empresas alemãs, redução do imposto sobre a renda dos alemães, elevação da quantia necessária para ser considerado rico (que pagava mais impostos), dentre inúmeras outras medidas que proporcionaram grande autonomia financeira para a população.

Sem as restrições governamentais, as pessoas compreendiam com clareza o que as outras demandavam, e o que precisariam produzir para atender suas próprias necessidades e desejos. O mercado e o sistema de preços pautavam então o que seria produzido.

O resultado foi o Wirtschaftswunder, o milagre econômico alemão.
As reformas ordoliberais trouxeram um mecanismo efetivo para o combate à pobreza do pós-guerra, bem como uma independência econômica que o cidadão alemão simplesmente nunca havia experimentado.

O resultado foi um aumento drástico na produtividade da Alemanha Ocidental a partir de junho de 1948, com o país retendo uma taxa de crescimento acima da média mundial por décadas a fio. [3]

O Plano Marshall, tão citado na recuperação alemã, na realidade teve pouca participação na sua rota para a prosperidade. Não apenas a ajuda financeira era pequena em relação ao PIB, como nem toda nação que recebeu o auxílio teve o mesmo sucesso que a Alemanha [4].
Outras, como a Bélgica, utilizaram a liberdade econômica para se recuperar da miséria gerada pela guerra antes mesmo do Plano Marshall ser implementado em qualquer parte da Europa.

A história alemã é mais um exemplo de que o planejamento central não atende aos interesses da população, mas do Estado. Seja pelos megalomaníacos objetivos nazistas ou as bem-intencionadas causas dos militares Aliados, o controle burocrático prestava um desserviço à estabilidade e ao enriquecimento do cidadão alemão.

A interdependência gerada pelo livre-comércio e os incentivos do mercado para que as necessidades populares sejam atendidas são qualidades fundamentais que as ideias liberais possuem para proporcionar um convívio benéfico entre todos que integram a sociedade.

#MaisLiberdadeMenosEstado

[1] http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=98
[2] http://www.econlib.org/library/Enc/GermanEconomicMiracle.html
[3] http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1419
[4] http://www.cato.org/publications/commentary/look-behind-marshall-plan-mythology