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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Brasil-Mexico e acordo automotivo: entre o livre-comercio e o protecionismo; adivinhe quem?

O que o México diz é que não faz sentido ficar mensurando a balança setorial bilateral, e que o mais importante é a integração das respectivas cadeias produtivas nos circuitos mundiais de produção e de comércio, uma vez que toda produção industrial atual é global, os países vivem em interdependência e que a maior parte do comércio global se faz atualmente não com produtos acabados, mas de partes e peças e acessórios, ou seja, insumos diversos, que depois serão integrados e assemblados a produtos finais nos países de mão-de-obra barata, o que já não é o caso do Brasil.
Não faz sentido, assim, proteger uma cadeia produtiva em bases nacionais, como se ainda estivéssemos numa espécie de stalinismo para os ricos, de capitalismo num só país.
Só que os mexicanos, que inspiraram o Chapolin Colorado, não contavam com a astúcia dos companheiros, que ainda estão em concepções econômicas típicas do capitalismo autárquico dos períodos fascista e nazista da primeira metade do século XX, e que depois foram aplicadas no Brasil dos militares.
Não é brilhante da parte dos companheiros?
Paulo Roberto de Almeida

Notícias do dia 19/02/2015

 
 
Por Daniel Rittner
 
O acordo automotivo entre Brasil e México deve gerar atritos entre as duas maiores economias da América Latina nos próximos dias. Apegado aos compromissos firmados há três anos, o governo mexicano quer o retorno imediato ao livre comércio no setor e rejeita a prorrogação das cotas que foram introduzidas em 2012 para limitar as exportações de veículos ao mercado brasileiro.
A primeira rodada de negociações entre autoridades dos dois países ocorre até o fim deste mês. Uma reunião está prevista para amanhã, em Brasília, mas ainda não foi oficialmente confirmada. Os ministros Armando Monteiro (Desenvolvimento), Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Joaquim Levy (Fazenda) já tiveram um encontro com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) para alinhar a posição brasileira.
Em 2012, a presidente Dilma Rousseff decidiu impor um sistema de cotas para frear o surto de crescimento nas exportações de veículos mexicanos ao Brasil. No último ano das cotas, o México pode exportar até US$ 1,640 bilhão ao mercado brasileiro em veículos, sem a cobrança de tarifas de importação. O que excede esse limite paga alíquota de 35%.
Pela ordem natural do que foi negociado três anos atrás, o regime de cotas expira em 18 de março e o livre comércio volta à indústria automotiva no dia seguinte, conforme as regras do Acordo de Complementação Econômico (ACE 55) entre os dois países. Os ministros brasileiros estão convencidos de que não há como fazer isso sem danos à balança comercial. Sem um aval dos mexicanos, no entanto, as cotas não podem ser renovadas.
"As condições atuais são diferentes [de 2012] e os fluxos de comércio estão estabilizados", disse ao Valor o subsecretário de Comércio Exterior do México, Francisco de Rosenzweig, em entrevista por telefone. Ele deve chefiar a delegação mexicana que negociará o futuro do acordo e deixou clara sua estratégia: "Queremos regressar ao livre comércio. É fundamental, para a credibilidade do processo, honrar o que foi negociado".
Rosenzweig lembrou que o México tem acordos comerciais com "mais de 45 países" e o importante não é pensar em superávits ou déficits, mas permitir a integração das cadeias de valor e atrair investimentos, com estabilidade de regras. Segundo ele, o Brasil é o maior destino das exportações mexicanas na América Latina, com 23% do total.
O México tem ultrapassado, no setor automotivo, as cotas permitidas nas vendas ao mercado brasileiro, mas paga 35% de imposto de importação e, além disso, um adicional de 30 pontos percentuais de IPI no caso de montadoras que não tenham produção local e não estejam enquadradas no Inovar-Auto.
Segundo fontes com conhecimento do assunto, uma alternativa que o Brasil gostaria de explorar é uma negociação mais ampla com o México, que envolva outros setores e estabeleça o livre comércio geral para a corrente de comércio bilateral. Nesse caso, o Palácio do Planalto estaria disposto a abrir mão das cotas no setor automotivo. Sabe-se, porém, que uma negociação como essas dura meses - no mínimo - e tem baixíssima possibilidade de prosperar rapidamente neste momento.
Em 2014, o Brasil teve déficit de US$ 1,693 bilhão com o México, o quarto saldo negativo seguido no comércio entre os dois países. As exportações brasileiras somaram US$ 3,669 bilhões, com queda de 13,2% sobre o ano anterior. Do outro lado, as vendas mexicanas atingiram US$ 5,362 bilhões, o que representou um recuo de 7,4%.
Nas discussões prévias para definir a posição brasileira, um gesto não passou despercebido: a reunião dos ministros ocorreu no gabinete de Armando Monteiro, o que indica - no jogo de símbolos da Esplanada dos Ministérios -- quem deve assumir a linha de frente do governo nas negociações comerciais daqui para frente.
A negociação com o Brasil não é a única dor de cabeça para o México. O país tem acordo automotivo semelhante com a Argentina, que também recebeu cotas provisórias, válidas até o dia 18 de março. Da mesma forma que o governo brasileiro, as autoridades argentinas querem a extensão das cotas e evitar a todo custo o livre comércio de veículos com o México.
 
 
Por Eduardo Laguna - Embora tenham servido para frear o avanço dos carros mexicanos, as cotas, ao contrário do que esperava o governo brasileiro, não conseguiram anular o déficit do Brasil no comércio de veículos com o México. O saldo negativo do lado da balança comercial brasileira, que estava em US$ 1,55 bilhão em 2011 - levando o Planalto a negociar a revisão do acordo bilateral no ano seguinte - avançou a US$ 2,19 bilhões em 2012 para depois se acomodar em US$ 1,52 bilhão e US$ 1,34 bilhão nos dois anos seguintes, respectivamente. Ou seja, o resultado final dos três anos de regime de cotas foi uma redução de pouco mais de US$ 210 milhões no déficit brasileiro.
O objetivo por maior equilíbrio nessas transações esbarrou na perda de espaço das montadoras brasileiras no mercado mexicano, ao passo que, na direção oposta do fluxo comercial, as importações no Brasil de automóveis montados no México - a despeito da queda dos volumes - mantiveram-se em patamares superiores às cotas durante todo o período em que vigoraram os novos termos do acordo.
Nos últimos três anos, os embarques de veículos do Brasil ao México caíram 29,8%. Só no ano passado, a queda foi de 19,4%, para 38,3 mil unidades, embora a demanda mexicana por automóveis tenha mostrado, em 2014, crescimento próximo de 7%.
Algumas montadoras - entre elas, Fiat e Renault - abandonaram o mercado mexicano nesses três anos, alegando falta de competitividade, sobretudo por conta da desvalorização do dólar frente o real. Agora, com o novo ciclo de valorização da moeda americana, a Fiat diz que está retomando os embarques ao México, um tradicional destino de aproximadamente 10% das exportações automotivas brasileiras.
De US$ 1,45 bilhão no primeiro ano, as cotas de automóveis mexicanos livres do imposto de importação no Brasil subiram para US$ 1,64 bilhão no último ano de vigência do novo acordo. A restrição prejudicou planos de crescimento no mercado de utilitários esportivos por montadoras que trazem do México carros dessa categoria. É o caso da Honda, com a CR-V, e da General Motors (GM), com o Tracker.
Não impediu, porém, que as importações de veículos do México extrapolassem tais limites nos três anos: 2012 (US$ 2,63 bilhões), 2013 (US$ 1,98 bilhão) e 2014 (US$ 1,69 bilhão). Embora expressiva, a queda nas compras de carros mexicanos nos últimos três anos, de 17,7%, não foi maior do que o recuo das importações totais, de 37,8%. E isso reflete não apenas as cotas, mas também a derrocada geral no consumo de automóveis no Brasil.
As fábricas das montadoras no México complementam o portfólio de modelos fabricados no Brasil com carros maiores e de maior valor agregado, os quais não há escala que justifique a produção local. Vem do México boa parte dos utilitários esportivos vendidos no mercado brasileiro, um segmento onde a demanda está em alta mesmo em meio à crise da indústria automobilística nacional.
Pela integração das operações instaladas nos dois países, a Anfavea, entidade que abriga as montadoras instaladas no Brasil, vinha defendendo a volta do livre comércio, sem cotas, no acordo automotivo com os mexicanos.
 
 
IGOR GADELHA E RENATA VERÍSSIMO - Se o regime de cotas, que limita a comercialização entre os países, não for renovado, o livre comércio volta a valer a partir do dia 15 de março, quando vence a última cota; primeira rodada da negociação está marcada para dia 20, em Brasília
Considerada uma das principais apostas para a retomada da indústria automobilística brasileira, a renovação do regime de cotas que limita o comércio de veículos entre Brasil e México tem sido alvo de divergências entre os governos dos dois países antes mesmo de as negociações começarem. Enquanto o Brasil quer a prorrogação do regime, o governo mexicano defende a volta do livre comércio. A primeira rodada de negociação entre os países está marcada para sexta-feira, 20, em Brasília. Se o regime não for renovado, o livre comércio volta a valer a partir do dia 15 de março, quando vence a última cota.
O governo federal alega que, como a balança comercial continua deficitária, não há razões para a volta do livre comércio com o México. Já as montadoras no Brasil são favoráveis ao retorno do livre comércio, mas, como sabem que o Executivo é contrário, devem propor como alternativa o aumento das cotas nos próximos quatro anos. Segundo apurou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, com fontes do setor, a ideia seria elevar os valores das cotas entre 10% e 20%.
Além da balança comercial deficitária, o governo brasileiro quer recolocar na mesa as discussões sobre regra de origem. A preocupação é que os Estados Unidos usem o México para vender peças utilizadas em carros que serão exportados para o Brasil, sem pagamento de imposto de importação. Na última negociação, quando as cotas atuais foram implantadas, os dois países já tinham feito alguns ajustes.
Com as alterações, acordo fechado em 2012 previu o compromisso dos dois países de aumentarem o conteúdo regional dos veículos para 40% até 2016. Também ficou estabelecido que, entre março de 2015 e março de 2016, Brasil e México estudariam a possibilidade de elevar o conteúdo regional ao patamar de 45%.
Reunião. Uma "reunião preparatória" para o encontro de sexta-feira será realizada nesta quinta-feira entre o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Em entrevista na semana passada nos Estados Unidos, o ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro, já declarou que o governo brasileiro vai buscar a renovação das cotas e reconheceu que "alguns ajustes" poderão ser feitos.
O presidente da Anfavea, Luiz Moan, por sua vez, afirma que, para a entidade, o mais importante é que o acordo com o México seja renovado, "seja pela continuidade das cotas ou pela volta do livre comércio". Ele reconheceu, contudo, não haver problemas em aumentar as cotas, pois o Brasil não está utilizando todo o valor disponível, em decorrência da queda na demanda interna. Em 2014, as vendas de veículos caíram 7,1% ante 2013, enquanto as exportações em valores recuaram 33,1%.
Acordo. Em entrevista à imprensa na semana passada, o ministro da Economia do México, Ildefonso Guajardo Villarreal, afirmou que vai fazer o que for necessário para garantir o retorno do livre comércio com o Brasil, lembrando que é uma "realidade firmada" pelo Acordo de Complementação Econômica 55 (ACE 55). O documento foi assinado em setembro de 2002, por intermédio da Associação Latino-Americana de Integração (Aladi), e previa também o livre comércio com Argentina, Paraguai e Uruguai.
Em 2012, contudo, tanto Brasil quanto Argentina revisaram o acordo e impuseram o regime de cotas, após registrarem grandes déficits comerciais em favor do México. No caso do Brasil, as importações de carros mexicanos ficaram restritas a US$ 1,45 bilhão, em 2012; US$ 1,56 bilhão, em 2013; e US$ 1,64 bilhão, em 2014 (cota que vale até 15 março deste ano). Já a Argentina acordou uma cota limite de US$ 600 milhões em veículos provenientes do México, pelo período de três anos, e também busca a continuidade do regime.
Caminhões. Além do acordo de importação de veículos, o Brasil negocia com o México um acordo comercial na área de caminhões. As negociações, contudo, ainda estão no âmbito das associações do setor brasileira e mexicana. Uma primeira reunião para debater o assunto foi realizada em novembro do ano passado, no México. Um novo encontro deve ser realizado em maio. Segundo a Anfavea, a ideia é apresentar uma proposta de acordo aos governos dos dois países até o fim deste ano.

Petrolao, Petralhabras, etc.: Juiz Moro responde ao Ministro da Injustissa

Apenas para registro histórico, meu, pessoal.
Coisas assim são raras no Brasil de hoje.
A gente estava quase se acostumando a só ler mentiras, patifarias, desculpas esfarrapadas, circunlóquios, mistificações e outras desonestidades fundamentais. 
Confesso que há muito tempo, talvez uns doze anos, por aí, os jornais só trazem o mesmo bando de mafiosos querendo nos convencer que eles estão roubando pelo bem dos mais necessitados.
Já tinha quase desistido de ler algumas verdades nos jornais diários. 
Coisa rara a gente aproveita e registra.
Alguns vão até pendurar na parede.
Grato ao meu amigo Orlando Tambosi, que tem participação em um terço do que aqui divulgo.
Paulo Roberto de Almeida
O juiz federal Sérgio Moro rompe o silêncio para criticar contundentemente a estratégia das construtoras que buscam apoio no governo. Para Moro, trata-se de "indevida interferência política". E quem interfere? Ele, o Cardozão, ministro da Justiça petista (ou, se preferirem, ministro petista da Justiça), aquele que confunde, como bom representante do Partido Totalitário, governo e Estado. Como se sabe, ele recebeu sigilosamente os rábulas das empreiteiras. Moro foi no alvo:

O juiz federal Sérgio Moro, que conduz todas as ações da Operação Lava Jato, classificou nesta quarta-feira, 18, de ‘intolerável que emissários dos dirigentes presos e das empreiteiras pretendam discutir o processo judicial e as decisões judiciais com autoridades políticas’. Ao decretar nova ordem de prisão preventiva de quatro executivos - Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia, e Eduardo Leite, Dalton dos Santos Avancini e Ricardo Auller, estes últimos da Camargo Corrêa – o juiz criticou pesadamente a estratégia das construtoras que buscaram apoio do governo.
Para Moro trata-se de ‘indevida interferência política’ a ofensiva das empreiteiras dos cartel que se instalou na Petrobrás. O juiz faz referência ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que admitiu ter recebido em seu gabinete os advogados de uma das empreiteiras.
“Embora os episódios ainda não tenham sido totalmente esclarecidos, trata-se, a ver deste Juízo, de uma indevida, embora mal sucedida, tentativa dos acusados e das empreiteiras de obter uma interferência política em seu favor no processo judicial”, alerta o juiz. “Evidentemente, não com o oferecimento de vantagem indevida, mas certamente com o recorrente discurso de que as empreiteiras e os acusados são muito importantes e bem relacionadas para serem processadas ou punidas e que cabe ao Governo ajudá-las de alguma forma.”
Sérgio Moro anota. “Intolerável  que emissários dos dirigentes presos e das empreiteiras pretendam discutir o processo judicial e as decisões judiciais com autoridades políticas, em total desvirtuamento do devido processo legal e com risco à integridade da Justiça e à aplicação da lei penal.”
“Não há qualquer empecilho para que os advogados constituídos procurem este Juízo ou os relatores dos diversos recursos já interpostos nos Tribunais ou mesmo outras autoridades públicas envolvidas diretamente nos processos. Este julgador, aliás, recebe, quase cotidianamente, advogados dos acusados, desde que munidos de procuração, o que faz de portas abertas. É um direito e dever do advogado lutar por seu cliente na forma da lei e um dever do magistrado ouvir seus argumentos”, prosseguiu Moro.
A nova ordem de prisão dos executivos da UTC e da Camargo é fundada “em risco à ordem pública, ao processo à aplicação da lei penal”. O juiz da Lava Jato diz que não censura a autoridade política em questão (Cardozo), “nem seria apropriado que o fizesse já que não sujeita a minha jurisdição, mas acima de tudo porque não há notícia ou prova de que o Ministro de Justiça tenha se disposto a atender às solicitações dos acusados e das empreiteiras”.
Sérgio Moro cita o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, que pelas redes sociais defendeu a demissão do ministro da Justiça. “O eminente Ministro Joaquim Barbosa, ex-presidente do Egrégio Supremo Tribunal Federal, bem definiu a questão em comentário também divulgado na imprensa: ‘Se você é advogado num processo criminal e entende que a polícia cometeu excessos/deslizes, você recorre ao juiz. Nunca a políticos.’”
O magistrado destaca, ainda, que “sequer é crível que (o ministro da Justiça) se dispusesse a interferir indevidamente no processo judicial e na regular e imparcial aplicação da Justiça na forma da lei”.
“Rigorosamente, aliás, o discurso do Poder Executivo tem sido no sentido de apoiar o combate à corrupção e a apuração dos crimes na Petrobrás”, assinala Moro. “Entretanto, a mera tentativa por parte dos acusados e das empreiteiras de obter interferência política em seu favor no processo judicial já é reprovável, assim como foram as aludidas tentativas de cooptação de testemunhas, indicando mais uma vez a necessidade da preventiva para garantir a instrução e a aplicação da lei penal e preservar a integridade da Justiça contra a interferência do poder econômico. Não é necessário que o mal seja consumado para que se tome a medida preventiva.”
O juiz federal da Lava Jato adverte que “existe o campo próprio da Justiça e o campo próprio da Política”. Ele manda um duro recado a advogados que estariam buscando socorro no governo para tentar livrar os empreiteiros do fantasma do cárcere da Polícia Federal. Ele invocou uma frase conhecida do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Carlos Ayres Britto. “(Justiça e Política) Devem ser como óleo e água e jamais se misturarem. A prisão cautelar dos dirigentes das empreiteiras deve ser discutida, nos autos, perante as Cortes de Justiça e pelos profissionais habilitados, no que diz respeito à Defesa, pelos advogados constituídos, dotados de procuração, tudo com transparência e publicidade.”
“Mais estranho ainda (prossegue Moro) é que participem desse encontros, a fiar-se nas notícias, políticos e advogados sem procuração nos autos das ações penais. Não socorre os acusados e as empreiteiras o fato da autoridade política em questão ser o Ministro da Justiça. Apesar da Polícia Federal, órgão responsável pela investigação, estar vinculada ao Ministério, o Ministro da Justiça não é o responsável pelas ações de investigações, cabendo-lhe apenas dar à Polícia Federal as condições estruturais de realizar o seu trabalho com independência e, se for o caso, definir orientações gerais de política criminal e de atuação dela.”
Ao falar do pagamento de propinas no escândalo Lava Jato, o juiz federal observa que a investigação revela envolvimento de políticos com o cartel das empreiteiras que se instalou na Petrobrás. “Mais grave ainda, embora esta parte dos crimes esteja sob a competência do Supremo Tribunal Federal, propinas também eram dirigidas a agentes políticos e a partidos políticos, corrompendo o regime democrático. Não se trata de um ou dois parlamentares, mas mais de uma dezena. Há, é certo, quem prefira culpar a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e até mesmo este Juízo pela situação atual da Petrobrás, em uma estranha inversão de valores. Entretanto, o policial que descobre o cadáver não se torna culpado pelo homicídio e a responsabilidade pelos imensos danos sofridos pela Petrobrás e pela economia brasileira só pode recair sobre os criminosos, os corruptos e corruptores.”
Moro indeferiu pedido de revogação da prisão preventiva e decretou nova ordem de prisão dos empreiteiros Ricardo Pessoa, Eduardo Leite, Dalton Avancini e Ricardo Auller porque citados em outras suspeitas, além do esquema da Petrobrás. “A ilustrar que os crimes não se resumem aos praticados contra a Petrobrás, releva destacar que, incidentemente, surgiram indícios veementes do pagamento de propina pela UTC/Constran a servidores do Governo do Maranhão da gestão passada, inclusive ao ex-chefe da Casa Civil, para obtenção de liberação de precatório milionário pelo Estado. Há provas de que a UTC/Constran teria contratado os “serviços” de Alberto Youssef (doleiro da Lava Jato)para liberação do precatório junto ao Governo Estadual.”
“Posteriormente (prossegue Sérgio Moro), este Juízo recebeu do Supremo Tribunal Federal cópia de depoimento prestado por Alberto Youssef sobre todo o episódio, confirmando o pagamento de propina pela UTC/Engenharia sob as ordens de Ricardo Pessoa. Não se pode ainda olvidar as revelações efetuadas por Pedro José Barusco Filho (delator da Lava Jato), ex-gerente da área de serviços e engenharia da Petrobrás, de que similar esquema de pagamento de propinas reproduziu-se, a partir de 2011, na empresa SeteBrasil, em contratos de construções de sondas celebrados com a Petrobrás, com envolvimento também das empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato, inclusive a UTC Engenharia e a Camargo Correa.”
“Apesar da certeza de que a Petrobrás irá reerguer-se e que conseguirá desenvolver seus negócios com mais eficiência e economia, já que reprimido o custo decorrente do crime, isso não alivia a responsabilidade criminal dos seus algozes”, destaca Moro. “Presentes, portanto, riscos à ordem pública, não só diante da necessidade de prevenir novas práticas delitivas de cartel, corrupção e lavagem, mas também diante da própria dimensão em concreto dos crimes que constituem objeto de imputação e de investigação e do consequente abalo à ordem pública. Só o apelo à ordem pública já bastaria à manutenção da preventiva.” (Estadão).

SwissLeaks: lista dos brasileiros com depositos no HSBC (procurem quem voces quiserem)

Repassando, sem sequer olhar.
Vou esperar gente mais paciente...
Eu já sabia que tinha, portanto não há nenhuma novidade no fato em si.
Quanto aos nomes, não me ocupo de fofocas...
Paulo Roberto de Almeida

Conheça a lista dos brasileiros que fizeram depósitos sujos no HSBC da Suiça

A seguir vai a primeira lista dos brasileiros que burlaram o fisco e fizeram depósitos no HSBC da Suiça. Trata-se do escândalo intitulado Swissleaks. A lista inclui 7 mil nomes de vários Países. O HSBC admitiu que a lista é real, pediu desculpas aos seus correntistas e a confusão está armada. No Brasil, o jornalista Fernando Rodrigues, Folha de S. Paulo, foi o primeiro a divulgar o caso, tudo a partir de investigações feitas por uma entidade chamada ICIJ, ou algo como Organização dos Jornalistas Investigativos. Fernando Rodrigues não quis divulgar nomes. O que se espera é a ocorrência d enomes envolvidos no Petrolão. O ICIJ teve apoio da Fundação Ford e da Open Society. A lista com nomes de brasileiros foi divulgada em Hong Kong.
 CLIQUEAQUI para ler tudo. 
Pelo menos 93 nomes de brasileiros foram identificados esta manhã.
O link para lista é este aqui: 
Boa sorte na pesquisa.
Depois vocês me contam...
Paulo Roberto de Almeida 

Emprego nao resulta necessariamente em crescimento economico - Frank Shostak (Mises)

Você também é daqueles que acredita que em momentos de crise é melhor o governo pagar gente para abrir e fechar buracos?
Pois pense duas vezes. Think again.
Este artigo vai fazer você revisar essa opinião...
Paulo Roberto de Almeida

Employment Does Not Drive Economic Growth
Frank Shostak
Mises Daily, February 19, 2015


For the head of the Federal Reserve Board Janet Yellen — and most economists — the key to economic growth is a strengthening in the labor market. The strength of the labor market is the key behind the strength of the economy. Or so it is held. If this is the case then it is valid to conclude that changes in unemployment are an important causative factor of real economic growth.

This way of thinking is based on the view that a reduction in the number of unemployed persons means that more people can now afford to boost their expenditures. As a result, economic growth follows suit.

We Need More Wealth, Not Necessarily More Employment

The main driver of economic growth is an expanding pool of real wealth, gained through deferred consumption and increases in worker productivity. Fixing unemployment without addressing the issue of wealth is not going to lift economic growth as such.

It is the pool of real wealth that funds the enhancement and the expansion of the infrastructure, i.e., an expansion in capital goods per individual. An enhanced and expanded infrastructure permits an expansion in the production of the final goods and services required to maintain and promote individuals’ lives and well-being.

If unemployment were the key driving force of economic growth then it would have made a lot of sense to eradicate unemployment as soon as possible by generating all sorts of employment.

It is not important to have people employed as such, but to have them employed in wealth-generating activities. For instance, policy makers could follow the advice of Keynes and his followers and employ people in digging ditches, or various other government-sponsored activities. Note that the aim here is just to employ as many people as possible.

A simple commonsense analysis however quickly establishes that such a policy would amount to depletion in the pool of real wealth. Remember that every activity, whether productive or non-productive, must be funded. When the Fed or the federal government attempt to increase employment through various types of stimulus, this can result in the expansion of capital goods for non-wealth generating projects which leads to capital consumption instead of growth.

Hence employing individuals in various useless non-wealth generating activities simply leads to a transfer of real wealth from wealth generating activities and this undermines the real wealth-generating process.

Unemployment as such can be relatively easily fixed if the labor market were to be free of tampering by the government. In an unhampered labor market, any individual that wants to work will be able to find a job at a going wage for his particular skills.

Obviously if an individual demands a non-market related salary and is not prepared to move to other locations there is no guarantee that he will find a job.

For instance, if a market wage for John the baker is $80,000 per year, yet he insists on a salary of $500,000, obviously he is likely to be unemployed.

Over time, a free labor market makes sure that every individual earns in accordance to his contribution to the so-called overall “real pie.” Any deviation from the value of his true contribution sets in motion corrective competitive forces.

Purchasing Power Is Key

Ultimately, what matters for the well-being of individuals is not that they are employed as such, but their purchasing power in terms of the goods and services that they earn.

It is not going to be of much help to individuals if what they are earning will not allow them to support their life and well-being.

Individuals’ purchasing power is conditional upon the economic infrastructure within which they operate. The better the infrastructure the more output an individual can generate.

A higher output means that a worker can now command higher wages in terms of purchasing power.

Aumento de juros dificulta o ajuste - Antonio Correia de Lacerda

Correto: aumento de juros dificulta o ajuste, pois requer ainda mais superavit para pagar a conta dos juros. Ou seja, é preciso correr muito mais rápido para ficar no mesmo lugar.
Perfeitamente correto.
Mas qual seria a alternativa, já que a inflação é um problema e o governo apostou durante muito tempo no estímulo ao crédito e ao consumo?
Aumentar o superávit fiscal, sem dúvida, mas quanto? Seria para 4, 5 ou 6%, o que daria para cobrir os juros, sem precisar aumentar o estoque da dívida (e o consequente acréscimo em juros)?
Isso provocaria recessão, segundo os keynesianos, com o que eu concordo.
Não aumentar juros, nem o superávit seria a opção dos anti-austeridade.
Sim, mas o que fazer com a dívida que já é alta, e com a inflação que promete ainda aumentar?
Não partilho da ideia de que o cenário internacional seja o fator negativo no presente.
As commodities podem até ter baixado um pouco, mas os preços permanecem em níveis historicamente elevados. Outros países emergentes estão fazendo melhor, e exportando, nesse cenário.
E o Japão, que carrega muito mais tempo do que qualquer outro país juros baixos, negativos de fato, também se faz acompanhar de uma bela estagnação que dura tanto tempo quanto.
 Ou seja, não acredito que haja salvação fora do ajuste fiscal.
A menos que se queira deixar uma conta ainda mais salgada para nossos filhos e netos, claro. Ou para nós mesmos, o que aliás já é o caso...
Paulo Roberto de Almeida

Aumento de juros dificulta ajuste
Antonio Corrêa de Lacerda
O Estado de S. Paulo, 14/02/2015, p. B-2

Durante muito tempo, em passado recente, a politica fiscal, por ser considerada expansionista, era acusada de não colaborar com a politica monetária no combate à inflação. É curioso que vivenciamos neste momento a situação reversa. A política monetária pode comprometer os resultados almejados na área fiscal.
Ninguém tem dúvida da necessidade do ajuste. O problema é a dificuldade em fazê-lo, diante de um cenário econômico internacional ainda desafiador (queda dos preços das commodities, baixo dinamismo do comércio global, etc). Por outro lado, o quadro doméstico é igualmente complexo, que já vem de uma estagnação desde o ano passado, o que  é agora agravado com as medidas de contenção já tomadas e o aumento do risco de racionamento hídrico e de energia. Diante deste arcabouço chama a atenção o aumento da taxa de juros Selic, agora em 12,25% ao ano - uma elevação de 5 pontos percentuais nos últimos dois anos !
O risco é que a combinação das medidas adotadas, diante da fragilidade do nível de atividades nos leve a uma recessão, o que por si só pode inviabilizar o ajuste fiscal pretendido. Nessa hora, cautela deveria ser o nome do jogo....
Enquanto nas principais economias do mundo as taxas de juros reais seguem negativas para suportar a atividade econômica, no Brasil a taxa de juros real continua acima de 5% a.a. e em elevação. Dado o fraco desempenho econômico aumentar a já elevada taxa Selic comprometerá ainda mais os investimentos produtivos e a retomada da economia. Além disso, em termos fiscais, acarretará um grande aumento nas despesas com os juros da dívida pública
O setor público consolidado apresentou um déficit primário R$ 32,5 bilhões (0,63% do PIB), no ano passado, o que representa uma inversão relativamente ao ocorrido em 2013, quando o resultado primário correspondeu a um superávit de R$ 91,3 bilhões (1,88% do PIB).  Além disso, os elevados juros praticados (Selic) impactaram negativamente as contas públicas. O custo de financiamento da dívida pública atingiu R$ 311,4 bilhões (6,07% do PIB) no acumulado de 2014. Assim, o resultado nominal foi deficitário em R$ 343,9 bilhões (6,7% do PIB) no ano, mais do que dobrando, comparativamente ao ano anterior em que o déficit havia atingido R$ 157,6 bilhões (3,25% do PIB).
Diante do quadro deficitário das contas públicas, o Ministério da Fazenda segue implementando medidas restritivas, com contenção de gastos do governo e aumento de impostos visando atingir a meta de 1,2% do PIB de superávit primário em 2015. A questão é que as medidas de ajuste fiscal estão sendo implementadas em um cenário no qual há um desaquecimento das atividades econômicas e uma forte incerteza decorrentes de vários acontecimentos como, por exemplo, o risco de racionamento de água e energia.
Assim, as medidas adotadas  na área fiscal combinado com a elevação dos juros pode potencializar uma piora no desempenho econômico e, consequentemente, o aumento de arrecadação esperado pelo governo pode não ocorrer. Além disso, nos últimos anos o custo do financiamento da dívida pública apresentou uma grande elevação e também foi responsável direto pela piora no resultado nominal. Com as constantes elevações da taxa Selic, para o ano de 2015 o custo de financiamento deve se manter em patamares próximos a 6% do PIB.
            O setor produtivo segue se deteriorando. Na indústria, no ano de 2014, foi registrado um decréscimo de 3,2%, com quedas em todas as grandes categorias econômicas. Assim, houve recuo nos bens de capital (-9,6%), nos bens de consumo duráveis (-9,2%), nos bens de consumo semi e não duráveis (-0,3%) e nos bens intermediários (-2,7%).
O risco é que as medidas sejam “mais realistas que o rei” e provoquem uma queda ainda mais pronunciada na já fragilizada atividade econômica, inviabilizando o ajuste pretendido. Lembrando que cada elevação da taxa de juros representa, além do encarecimento do crédito e financiamento, também um aumento dos gastos com pagamentos de juros sobre a dívida pública. Um verdadeiro “tiro no pé”.

Antonio Corrêa de Lacerda é professor doutor, coordenador do Programa de Estudos Pós-graduados em Economia Política da PUC-SP e consultor. Site: www.aclacerda.com

Pausa para... o lingua alemao aprender (nein para das asylum vai) - Mark Twain

Esta crônica singela do grande escritor americano me foi enviada pelo meu tradutor voluntário, Ulrich Dressel. Ele está traduzindo um livro meu para o alemão (será, talvez, o meu primeiro publicado nessa língua), e ele me mandou o ensaio filológico de Mark Twain para me estimular a aprender a língua, o que eu já tentei antes, aprendi um pouco, para ler Max Weber e Karl Marx, e depois parei no meio...
Tentem vocês também...
Paulo Roberto de Almeida

Caro Professor Paulo Roberto:
​O que quis verbalizar e espero ter conseguido, é o que ​Mark Twain formula em próprias palavras.  Alemães anglófonos morrem de rir (Há cemitérios só para eles).
Mark Twain
I went often to look at the collection of curiosities in Heidelberg Castle, and one day I surprised the keeper of it with my German. I spoke entirely in that language. He was greatly interested; and after I had talked a while he said my German was very rare, possibly a "unique"; and wanted to add it to his museum.

If he had known what it had cost me to acquire my art, he would also have known that it would break any collector to buy it. Harris and I had been hard at work on our German during several weeks at that time, and although we had made good progress, it had been accomplished under great difficulty and annoyance, for three of our teachers had died in the mean time. A person who has not studied German can form no idea of what a perplexing language it is.

Surely there is not another language that is so slipshod and systemless, and so slippery and elusive to the grasp. One is washed about in it, hither and thither, in the most helpless way; and when at last he thinks he has captured a rule which offers firm ground to take a rest on amid the general rage and turmoil of the ten parts of speech, he turns over the page and reads, "Let the pupil make careful note of the following exceptions." He runs his eye down and finds that there are more exceptions to the rule than instances of it. So overboard he goes again, to hunt for another Ararat and find another quicksand. Such has been, and continues to be, my experience. Every time I think I have got one of these four confusing "cases" where I am master of it, a seemingly insignificant preposition intrudes itself into my sentence, clothed with an awful and unsuspected power, and crumbles the ground from under me. For instance, my book inquires after a certain bird -- (it is always inquiring after things which are of no sort of consequence to anybody): "Where is the bird?" Now the answer to this question -- according to the book -- is that the bird is waiting in the blacksmith shop on account of the rain. Of course no bird would do that, but then you must stick to the book. Very well, I begin to cipher out the German for that answer. I begin at the wrong end, necessarily, for that is the German idea. I say to myself, "Regen (rain) is masculine -- or maybe it is feminine -- or possibly neuter -- it is too much trouble to look now. Therefore, it is either der (the) Regen, or die (the) Regen, or das (the) Regen, according to which gender it may turn out to be when I look. In the interest of science, I will cipher it out on the hypothesis that it is masculine. Very well -- then the rain is der Regen, if it is simply in the quiescent state of being mentioned, without enlargement or discussion -- Nominative case; but if this rain is lying around, in a kind of a general way on the ground, it is then definitely located, it is doing something -- that is, resting (which is one of the German grammar's ideas of doing something), and this throws the rain into the Dative case, and makes it dem Regen. However, this rain is not resting, but is doing something actively, -- it is falling -- to interfere with the bird, likely -- and this indicates movement, which has the effect of sliding it into the Accusative case and changing dem Regen into den Regen." Having completed the grammatical horoscope of this matter, I answer up confidently and state in German that the bird is staying in the blacksmith shop "wegen (on account of) den Regen." Then the teacher lets me softly down with the remark that whenever the word "wegen" drops into a sentence, it always throws that subject into the Genitive case, regardless of consequences -- and that therefore this bird stayed in the blacksmith shop "wegen des Regens."

N. B. -- I was informed, later, by a higher authority, that there was an "exception" which permits one to say "wegen den Regen" in certain peculiar and complex circumstances, but that this exception is not extended to anything but rain.

There are ten parts of speech, and they are all troublesome. An average sentence, in a German newspaper, is a sublime and impressive curiosity; it occupies a quarter of a column; it contains all the ten parts of speech -- not in regular order, but mixed; it is built mainly of compound words constructed by the writer on the spot, and not to be found in any dictionary -- six or seven words compacted into one, without joint or seam -- that is, without hyphens; it treats of fourteen or fifteen different subjects, each inclosed in a parenthesis of its own, with here and there extra parentheses which reinclose three or four of the minor parentheses, making pens within pens: finally, all the parentheses and reparentheses are massed together between a couple of king-parentheses, one of which is placed in the first line of the majestic sentence and the other in the middle of the last line of it -- after which comes the VERB, and you find out for the first time what the man has been talking about; and after the verb -- merely by way of ornament, as far as I can make out -- the writer shovels in "haben sind gewesen gehabt haben geworden sein," or words to that effect, and the monument is finished. I suppose that this closing hurrah is in the nature of the flourish to a man's signature -- not necessary, but pretty. German books are easy enough to read when you hold them before the looking-glass or stand on your head -- so as to reverse the construction -- but I think that to learn to read and understand a German newspaper is a thing which must always remain an impossibility to a foreigner.

Yet even the German books are not entirely free from attacks of the Parenthesis distemper -- though they are usually so mild as to cover only a few lines, and therefore when you at last get down to the verb it carries some meaning to your mind because you are able to remember a good deal of what has gone before. Now here is a sentence from a popular and excellent German novel -- which a slight parenthesis in it. I will make a perfectly literal translation, and throw in the parenthesis-marks and some hyphens for the assistance of the reader -- though in the original there are no parenthesis-marks or hyphens, and the reader is left to flounder through to the remote verb the best way he can:

"But when he, upon the street, the (in-satin-and-silk-covered-now-very-unconstrained-after-the-newest-fashioned-dressed) government counselor's wife met," etc., etc. [1]

1. Wenn er aber auf der Strasse der in Sammt und Seide gehüllten jetzt sehr ungenirt nach der neusten Mode gekleideten Regierungsräthin begegnet.

That is from The Old Mamselle's Secret, by Mrs. Marlitt. And that sentence is constructed upon the most approved German model. You observe how far that verb is from the reader's base of operations; well, in a German newspaper they put their verb away over on the next page; and I have heard that sometimes after stringing along the exciting preliminaries and parentheses for a column or two, they get in a hurry and have to go to press without getting to the verb at all. Of course, then, the reader is left in a very exhausted and ignorant state.

We have the Parenthesis disease in our literature, too; and one may see cases of it every day in our books and newspapers: but with us it is the mark and sign of an unpracticed writer or a cloudy intellect, whereas with the Germans it is doubtless the mark and sign of a practiced pen and of the presence of that sort of luminous intellectual fog which stands for clearness among these people. For surely it is not clearness -- it necessarily can't be clearness. Even a jury would have penetration enough to discover that. A writer's ideas must be a good deal confused, a good deal out of line and sequence, when he starts out to say that a man met a counselor's wife in the street, and then right in the midst of this so simple undertaking halts these approaching people and makes them stand still until he jots down an inventory of the woman's dress. That is manifestly absurd. It reminds a person of those dentists who secure your instant and breathless interest in a tooth by taking a grip on it with the forceps, and then stand there and drawl through a tedious anecdote before they give the dreaded jerk. Parentheses in literature and dentistry are in bad taste.

The Germans have another kind of parenthesis, which they make by splitting a verb in two and putting half of it at the beginning of an exciting chapter and the other half at the end of it. Can any one conceive of anything more confusing than that? These things are called "separable verbs." The German grammar is blistered all over with separable verbs; and the wider the two portions of one of them are spread apart, the better the author of the crime is pleased with his performance. A favorite one is reiste ab -- which means departed. Here is an example which I culled from a novel and reduced to English:

"The trunks being now ready, he DE- after kissing his mother and sisters, and once more pressing to his bosom his adored Gretchen, who, dressed in simple white muslin, with a single tuberose in the ample folds of her rich brown hair, had tottered feebly down the stairs, still pale from the terror and excitement of the past evening, but longing to lay her poor aching head yet once again upon the breast of him whom she loved more dearly than life itself, PARTED."

However, it is not well to dwell too much on the separable verbs. One is sure to lose his temper early; and if he sticks to the subject, and will not be warned, it will at last either soften his brain or petrify it. Personal pronouns and adjectives are a fruitful nuisance in this language, and should have been left out. For instance, the same sound, sie, means you, and it means she, and it means her, and it means it, and it means they, and it means them. Think of the ragged poverty of a language which has to make one word do the work of six -- and a poor little weak thing of only three letters at that. But mainly, think of the exasperation of never knowing which of these meanings the speaker is trying to convey. This explains why, whenever a person says sie to me, I generally try to kill him, if a stranger.

Now observe the Adjective. Here was a case where simplicity would have been an advantage; therefore, for no other reason, the inventor of this language complicated it all he could. When we wish to speak of our "good friend or friends," in our enlightened tongue, we stick to the one form and have no trouble or hard feeling about it; but with the German tongue it is different. When a German gets his hands on an adjective, he declines it, and keeps on declining it until the common sense is all declined out of it. It is as bad as Latin. He says, for instance:

SINGULAR
Nominative -- Mein guter Freund, my good friend.
Genitive -- Meines guten Freundes, of my good friend.
Dative -- Meinem guten Freund, to my good friend.
Accusative -- Meinen guten Freund, my good friend.
PLURAL
N. -- Meine guten Freunde, my good friends.
G. -- Meiner guten Freunde, of my good friends.
D. -- Meinen guten Freunden, to my good friends.
A. -- Meine guten Freunde, my good friends.
Now let the candidate for the asylum try to memorize those variations, and see how soon he will be elected. One might better go without friends in Germany than take all this trouble about them. I have shown what a bother it is to decline a good (male) friend; well this is only a third of the work, for there is a variety of new distortions of the adjective to be learned when the object is feminine, and still another when the object is neuter. Now there are more adjectives in this language than there are black cats in Switzerland, and they must all be as elaborately declined as the examples above suggested. Difficult? -- troublesome? -- these words cannot describe it. I heard a Californian student in Heidelberg say, in one of his calmest moods, that he would rather decline two drinks than one German adjective.

The inventor of the language seems to have taken pleasure in complicating it in every way he could think of. For instance, if one is casually referring to a house, Haus, or a horse, Pferd, or a dog, Hund, he spells these words as I have indicated; but if he is referring to them in the Dative case, he sticks on a foolish and unnecessary e and spells them Hause, Pferde, Hunde. So, as an added e often signifies the plural, as the s does with us, the new student is likely to go on for a month making twins out of a Dative dog before he discovers his mistake; and on the other hand, many a new student who could ill afford loss, has bought and paid for two dogs and only got one of them, because he ignorantly bought that dog in the Dative singular when he really supposed he was talking plural -- which left the law on the seller's side, of course, by the strict rules of grammar, and therefore a suit for recovery could not lie.

In German, all the Nouns begin with a capital letter. Now that is a good idea; and a good idea, in this language, is necessarily conspicuous from its lonesomeness. I consider this capitalizing of nouns a good idea, because by reason of it you are almost always able to tell a noun the minute you see it. You fall into error occasionally, because you mistake the name of a person for the name of a thing, and waste a good deal of time trying to dig a meaning out of it. German names almost always do mean something, and this helps to deceive the student. I translated a passage one day, which said that "the infuriated tigress broke loose and utterly ate up the unfortunate fir forest" (Tannenwald). When I was girding up my loins to doubt this, I found out that Tannenwald in this instance was a man's name.

Every noun has a gender, and there is no sense or system in the distribution; so the gender of each must be learned separately and by heart. There is no other way. To do this one has to have a memory like a memorandum-book. In German, a young lady has no sex, while a turnip has. Think what overwrought reverence that shows for the turnip, and what callous disrespect for the girl. See how it looks in print -- I translate this from a conversation in one of the best of the German Sunday-school books:

"Gretchen.

Wilhelm, where is the turnip?

Wilhelm.

She has gone to the kitchen.

Gretchen.

Where is the accomplished and beautiful English maiden?

Wilhelm.

It has gone to the opera."

To continue with the German genders: a tree is male, its buds are female, its leaves are neuter; horses are sexless, dogs are male, cats are female -- tomcats included, of course; a person's mouth, neck, bosom, elbows, fingers, nails, feet, and body are of the male sex, and his head is male or neuter according to the word selected to signify it, and not according to the sex of the individual who wears it -- for in Germany all the women either male heads or sexless ones; a person's nose, lips, shoulders, breast, hands, and toes are of the female sex; and his hair, ears, eyes, chin, legs, knees, heart, and conscience haven't any sex at all. The inventor of the language probably got what he knew about a conscience from hearsay.

Now, by the above dissection, the reader will see that in Germany a man may think he is a man, but when he comes to look into the matter closely, he is bound to have his doubts; he finds that in sober truth he is a most ridiculous mixture; and if he ends by trying to comfort himself with the thought that he can at least depend on a third of this mess as being manly and masculine, the humiliating second thought will quickly remind him that in this respect he is no better off than any woman or cow in the land.

In the German it is true that by some oversight of the inventor of the language, a Woman is a female; but a Wife (Weib) is not -- which is unfortunate. A Wife, here, has no sex; she is neuter; so, according to the grammar, a fish is he, his scales are she, but a fishwife is neither. To describe a wife as sexless may be called under-description; that is bad enough, but over-description is surely worse. A German speaks of an Englishman as the Engländer; to change the sex, he adds inn, and that stands for Englishwoman -- Engländerinn. That seems descriptive enough, but still it is not exact enough for a German; so he precedes the word with that article which indicates that the creature to follow is feminine, and writes it down thus: "die Engländerinn," -- which means "the she-Englishwoman." I consider that that person is over-described.

Well, after the student has learned the sex of a great number of nouns, he is still in a difficulty, because he finds it impossible to persuade his tongue to refer to things as "he" and "she," and "him" and "her," which it has been always accustomed to refer to it as "it." When he even frames a German sentence in his mind, with the hims and hers in the right places, and then works up his courage to the utterance-point, it is no use -- the moment he begins to speak his tongue flies the track and all those labored males and females come out as "its." And even when he is reading German to himself, he always calls those things "it,"...

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Incompetencia gerencial como motivo de impeachment: o Paraguai ganha do Brasil

Pois é, os paraguaios são mais felizes do que os brasileiros: eles podem afastar os dirigentes por simples incompetência, nem precisa de provas documentais, bastando que dois terços dos Senadores estejam disso convencidos. Foi o que aconteceu com certo bispo prolífico (não por isso).
Acredito que no domingo 15 de março haverá muitos brasileiros convencidos dessa incompetência, e outros infelizes por razões econômicas e horrorizados com o festival de bandalheiras patrocinadas pelos mafiosos do poder.
Vamos ver.
Paulo Roberto de Almeida
Brasil corre risco de um confronto popular
Pela primeira vez os analistas começam a se preocupar com a possibilidade de que o país entre num círculo de confronto popular, que pode deixá-lo mais parecido com o que acontece na Venezuela e na Argentina. Basta que o lulopetismo prossiga na sua tentativa de dividir o país e amordaçar a imprensa. A propósito, leiam o interessante artigo do jornalista espanhol Juan Arias, do jornal El País, reproduzida abaixo. Melhor, diz ele, um impeachment do que a "tentação antidemocrática":

O Brasil, em vez de se dividir, sempre se uniu no passado para defender as grandes batalhas democráticas. Foi assim nas manifestações de massa das “Diretas Já”, para pedir a volta do direito ao voto popular, e quando, juntos, os brasileiros saíram às ruas, vestidos de preto, para exigir o impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello. O país nunca teve comichão pelo confronto popular.
Carnaval deste ano está sendo outra prova desse gosto dos brasileiros pela aglomeração na rua, tanto nos momentos de dor quanto nos de alegria e prazer. Milhões de pessoas de todas as classes sociais, de Norte a Sul do país, desfilaram pacificamente em milhares de blocos de todas as idades e ideias políticas para se divertir em paz.
Mas pela primeira vez os analistas começam a se preocupar com a possibilidade de que o país entre, por motivos políticos e para reagir à corrupção e à crise econômica e de desencanto com a política, num círculo de confronto popular que pode deixá-lo mais parecido com a Argentina ou com a Venezuela que com sua própria história.
No Brasil começam a ressoar dois gritos preocupantes: o de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, recém-eleita nas urnas, e o de uma possível guerra civil, não sangrenta, mas de consequências difíceis de medir, em que os cidadãos poderiam acabar se enfrentando nas ruas, pela primeira vez não unidos em defesa de uma causa comum, mas com ruídos de “guerra”.
Já foi explicado pelos especialistas em direito que o pedido de impeachment não é nenhum golpe contra a democracia, já que está previsto na Constituição e pode ser solicitado por qualquer cidadão que acredite que haja motivos para isso.
Difícil saber o eco popular que poderão ter as manifestações convocadas em caráter nacional para 15 de março, para pedir a saída do Governo da presidenta Dilma Rousseff. O que é indiscutível é que, diante da corrupção e da crise econômica, cresce o descontentamento popular, até nas pessoas menos favorecidas, as da classe C, que até ontem eram o fiel baluarte do governo do PT e hoje começam a se distanciar dele, como se depreende da última pesquisa do Datafolha.
Depor de seu cargo um presidente, ainda que isso carregue sempre um certo drama, supõe passar pelos procedimentos jurídicos previstos na Constituição, com severo controle pelo Congresso: o impeachment precisa ter dois terços dos votos na Câmara e no Senado.
Tal pedido, inclusive bradado nas ruas pelos brasileiros descontentes com o governo, como um dia fez o PT ao pedir, na oposição, a saída do então presidente Fernando Henrique Cardoso, não deveria ser motivo de preocupação em termos democráticos.
O que hoje começa a dar medo é que algumas forças políticas, tentadas pelo demônio da perpetuação no poder a qualquer preço, em vez de buscar meios de sair da crise, possam acabar dividindo o país, como já acontece na Argentina e na Venezuela, com impulsos, como naqueles países, de amordaçar a informação livre.
Um pedido de impeachment pressupõe um exercício democrático, no qual os eleitores acreditem que o governante vitorioso e democraticamente eleito nas urnas tenha se tornado indigno de continuar no poder. Nada mais.
Ao contrário, um confronto que dividisse o país em dois grupos irreconciliáveis, já sem distinguir quem fosse governo ou oposição, poderia criar a tentação à violência, que não se sabe ao que poderia levar.
Esse tipo de confronto civil, que torna irreconciliáveis as duas partes em conflito e acaba dividindo salomonicamente um país, dificulta desde seu nascimento qualquer solução democrática, porque em vez de diálogo e racionalidade, reina a paixão, cultivada mais com o fígado que com o cérebro.
Nada pior neste momento, por exemplo, que uma parte do partido do Governo querer empurrar as ruas usando seus sindicatos e movimento sociais contra as medidas de austeridades defendidas por seu próprio Governo para tirar o país da crise.
A reação do Governo frente a um pedido de impeachment da presidenta Rousseff deve ser apresentar fatos que mostrem que não há motivo para isso. Tudo, é claro, à luz do Sol, aceitando os resultados das legítimas investigações, sem tentar domesticá-las nem manipulá-las.
Sempre se disse que é a verdade que nos torna livres. E são os fatos, revelados por meio das instituições livres do Estado, nesse caso das forças policiais e dos tribunais de Justiça, os melhores defensores da legalidade.
Todo o resto, como os fatos “tenebrosos” insinuados pelo juiz Sergio Moro na operação Lava Jato, praticados com a expectativa de impunidade nas sombras dos esgotos do submundo do poder, são o melhor caldo de cultura para que se forme no país um clima de dissimulada violência e divisão dos cidadãos.
Seria o pior dos remédios para que o Brasil saísse da crise econômica e política que vive.
A força do Brasil, invejada em vários continentes pelos países que sofrem com a tentação de rasgos nacionalistas ou ideológicos, sempre foi sua unidade nacional, apesar de suas imensas diferenças geográficas e culturais.
Querer hoje ignorar os novos ventos da busca por formas mais participativas do poder para perpetuar a velha política patrimonialista poderia acabar esgarçando um país que sempre se orgulhou de sua união.
Melhor, em caso extremo, um impeachment, se necessário e constitucional, que qualquer outra tentação antidemocrática, mesmo que possa ser disfarçada como defesa dos direitos dos mais pobres.
A verdadeira democracia exige que até aos mais necessitados e indefesos seja dada a liberdade de escolher como e por quem querem ser defendidos, porque a História ensina o quão perigosa é a força desses excluídos quando descobrem que estão sendo enganados ou manipulados pelos malabarismos do poder.

MegaHiperSuperCorrupcao Petralha: O Antagonista destampa a Caixa Preta Companheira

Duas postagens, sobre o mesmo assunto, que têm ambas a ver com fantasmas, mas estes são de carne e osso, e com contas secretas, e fedorentas.
Quando se constatam coisas assim, a gente descobre que certas associações para delinquir tupiniquins superaram amplamente a máfia siciliana e todas as outras organizações italianas juntas.
Acho que daria um belo filme de um Francesco Rosi nacional. Pena que não exista...
Paulo Roberto de Almeida

A caixa-preta (I)

A empreiteira Schahin está enrolada na Lava Jato.
Segundo Pedro Barusco, ela deu aproximadamente 2,5 milhões de reais ao PT, através de seu operador, Mario Goes, que está preso.
Na semana passada, a Istoé publicou que o banco Schahin, que pertence ao mesmo grupo da empreiteira, emprestou 12 milhões de reais a José Carlos Bumlai, o pecuarista amigo de Lula. O empréstimo suspeito constava de um documento do Banco Central e confirmava a denúncia de Marcos Valério de que Bumlai intermediara um pagamento a Ronan Maria Pinto, o empresário de Santo André que chantageava Lula, José Dirceu e Gilberto Carvalho.
O Antagonista teve acesso àquele mesmo documento do Banco Central e, cruzando uma série de dados, descobriu dois fatos que podem ajudar a esclarecer alguns dos maiores mistérios dos esquemas de financiamento clandestino do petismo.
O primeiro é mais simples e pode ser imediatamente investigado pelos procuradores da Lava Jato. O segundo é muito mais intricado e perigoso, porque envolve a morte do prefeito de Santo André, Celso Daniel, e fica para o texto sucessivo.
Vamos lá.
O banco Schahin fez dois empréstimos - questionados pelo Banco Central - a uma certa Florida S.A. O primeiro, em 27/3/2003, de 12,8 milhões de reais, e o segundo, em 27/4/2004, de 8,3 milhões de reais.
A Florida S.A. foi acusada de fazer parte da rede da doleira Nelma Kodama, que se associou a Alberto Youssef. E fazia negócios com a corretora Planner, usada pelo tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, para administrar o dinheiro da Bancoop.
O banco Schahin é a caixa-preta do PT? Leia o próximo texto.

A caixa-preta (II)
Brasil 17.02.2015 

O depoimento de Pedro Barusco aos investigadores da Lava Jato tinha uma frase sobre o tesoureiro do PT que não fazia muito sentido. A partir de agora, isso deve mudar.
Pedro Barusco disse que procurou João Vaccari Neto porque sabia de sua boa relação com o grupo Schahin. Qual relação? Por que? Desde quando?
O documento do Banco Central que questiona os empréstimos suspeitos do banco Schahin pode fornecer uma resposta a essas perguntas.
Entre 2002 e 2005, o banco Schahin fez dez empréstimos irregulares às empresas Cliba e Dados Empreendimentos, num total de 48,8 milhões de reais. O dono dessas empresas era Romero Teixeira Niquini, que se tornou sócio do concunhado de Ronan Maria Pinto, de Santo André, e faturou uma fortuna em contratos com as prefeituras do PT.
A Folha de S. Paulo, em 2002, publicou a seguinte reportagem sobre ele, já então desconfiando que se tratasse da principal fonte pagadora do petismo:
"O empresário de transportes Romero Teixeira Niquini herdou, em seis meses, quase R$ 70 milhões em contratos para serviços de limpeza em duas capitais administradas pelo PT. O presidente de empresas de seu grupo é Willian Ali Chaim, ex-tesoureiro da campanha a deputado federal de Rui Falcão, secretário de Governo da Prefeitura de São Paulo, e ex-assessor do presidente nacional do PT, deputado José Dirceu. Os contratos de Niquini com as prefeituras petistas estão sob a mira do Ministério Público e de vereadores, que desconfiam de um suposto beneficiamento a empresas de lixo e de transporte. O promotor Fernando Capez acredita que "há claramente um esquema para beneficiar essas empresas nos municípios administrados pelo partido".
A Folha de S. Paulo publicou também, no mesmo período, uma reportagem sobre o crescimento de suas empresas de ônibus nas prefeituras petistas de Santo André e São Paulo:
"Romero Teixeira Niquini substituiu Baltazar José de Souza, de quem comprou a Viação Iguatemi - cujo nome foi alterado para Expresso Urbano São Judas Tadeu. A empresa tinha como sócios o próprio Baltazar, concunhado de Ronan Maria Pinto, e Ozias Vaz, sócio de Ronan. Em agosto de 1999, Niquini comprou outra empresa de Baltazar, a Viação Santo Expedito, por R$ 1,8 milhão. Com as aquisições, ele passou a ser o segundo maior empresário de ônibus na cidade, com 900 veículos - cerca de 10% da frota paulistana".
As suspeitas de pagamento de propina ao PT por parte de empresas de transporte e limpeza - e que dizem respeito tanto à campanha de Lula, em 2002, quanto ao assassinato de Celso Daniel - nunca foram provadas judicialmente porque ninguém conhecia o caminho do dinheiro. Agora a Lava Jato pode resolver o enigma, a partir do documento do Banco Central.
As relações entre o grupo Schahin e o PT não são apenas boas - elas são uma chave para abrir a caixa-preta do partido.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

O comercio do acucar: livro de Daniel Strum - Prêmio Odebrecht de Pesquisa Histórica (disponivel ebook)

O livro resulta de iniciativa da Odebrecht de preservação da memória histórica de nosso país, e está disponível em formato ebook.
Parabéns ao autor.
Paulo Roberto de Almeida

Ebooks do Prêmio Odebrecht de Pesquisa Histórica

O primeiro livro disponível é O Comércio do Açúcar, de Daniel Strum, disponível nas versões inglês e português. O eBook está em formato ePub, que é compatível com quase todos os leitores e tablets disponíveis no mercado. Caso queira ler em seu próprio computador ou converter para um formato diferente, sugerimos o programa Calibre.

 

O Comércio do Açúcar: Brasil, Portugal e Países Baixos (1595 - 1630)

The Sugar Trade: Brazil, Portugal, and the Netherlands (1595-1630)

 O livro oferece uma visão panorâmica do comércio do açúcar entre Amsterdã, o Porto, Pernambuco e Bahia na sua época áurea, entre 1595 e 1630, mostrando como se dava o funcionamento internacional desse comércio naquela época, bem como os desafios e riscos que navegadores e comerciantes enfrentavam. Com riquíssima iconografia, mapas e imagens inéditas no Brasil, o livro mostra como a produção do açúcar transformou o espaço brasileiro, nos séculos XV e XVI, de modo dramático e indelével.

Versão em Português

English version

21/01/2015
Elogios ao Açúcar

O já premiado livro de Daniel Strum, “O Comércio do Açúcar”, lançado em 2012 com patrocínio do Prêmio Odebrecht de Pesquisa Histórica, recebeu mais uma resenha elogiosa, desta vez do conceituado periódico The American Historical Review, membro da Oxford Journals.
Thomas D. Rogers, o pesquisador a quem coube a tarefa de destrinchar o livro de Strum, elogia não só a estrutura e o detalhamento da obra, mas também a qualidade de suas imagens, enfatizando que o livro recompensa o leitor com seu primor visual, fazendo valer seus mais de quatro quilos de peso.
Rogers comenta ainda a astúcia de Strum em focar mais na história do comércio e das inter-relações entre os mercadores do que na história específica dos países envolvidos no comércio. É possível ler um trecho da resenha no site do periódico.

O Prêmio Odebrecht de Pesquisa Histórica e o Prêmio Jabuti
Foi anunciado no último dia 17 de outubro de 2014 o resultado do 55º Prêmio Jabuti de Literatura, e é o nosso prazer informar que o livro O Comércio do Açúcar – Brasil, Portugal e Países Baixos (1595-1630), de Daniel Strum, com design gráfico de Eduardo Vilas Boas, ficou em 2º lugar na categoria Projeto Gráfico. O láureo reafirma a vocação artística dos livros realizados pelo Prêmio Odebrecht de Pesquisa Histórica que, ao longo de 10 anos, já receberam cinco Jabutis.
O primeiro veio em 2009, quando o livro A História do Brazil de Frei Vicente do Salvador, registro do projeto da professora Maria Leda Oliveira, com design gráfico de Karyn Mathuiy, foi laureado com o 2º lugar na categoria projeto gráfico. Apenas um ano depois, o livro Igreja e convento de São Francisco da Bahia, com design de Carina Flexor e Renata Kalid, ficou com o 1º lugar na mesma categoria. Já em 2011, foi o livro que consolidou a pesquisa de Ademir Pereira dos Santos, Theodoro Sampaio – nos sertões e na cidade, também com design de Karyn Mathuiy, que fico em 1º lugar na categoria projeto gráfico e em 3º lugar na categoria arquitetura e urbanismo.
Todo esse reconhecimento é reflexo não apenas do excelente trabalho realizado pelos designers gráficos, mas também da dedicação de uma grande e coesa equipe que trabalha durante o ano todo na coordenação do Prêmio. Ao lado é possível apreciar um pouco do trabalho que rendeu esses Jabutis.