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sexta-feira, 10 de julho de 2015

Brics: China um exemplo de cibersecurity totalitária. Um exemplo a ser seguido pelos demais? (NYT)

Logo ao abrir as notícias do dia, nesta sexta-feira 10 de julho, em Anápolis, deparo-me com uma matéria do New York Times da véspera, enquanto se desenvolvia o encontro do ano do grupo Brics, reunido na Rússia, em Ufá.
A chamada da matéria é a seguinte:

SINOSPHERE
What You Need to Know About China’s Draft Cybersecurity Law

By AUSTIN RAMZY
China, which has some of the world’s tightest Internet restrictions, has released a draft of a bill that authorizes broad powers to control the flow of online information.
The New York Times, Compiled: July 9, 2015 6:01 AM

Logo, um assunto altamente relevante para todos os cidadãos que se preocupam com a intrusão do Estado, dos governos mais exatamente, em suas vidas privadas.
Carmen Lícia e eu estávamos na China, em 2010, quando soubemos, por acaso, em agosto daquele ano, que finalmente havia sido levantada a barreira total imposta por Beijing no acesso à internet, por toda uma imensa província chinesa (no nome), Xinjiang (na verdade o chamado Kazaquistão chinês), em consequência dos distúrbios causados pelos rebeldes uigures contra dominação Han naquela região, inclusive na capital Urumqi. Uma província inteira, cortada do mundo, durante mais de um ano, segundo dispositivos que integram a atual lei de segurança na internet agora implementada.
E o que constato pela matéria abaixo?
Isto abaixo, que continua a ser preocupante do ponto de vista dos direitos cidadãos.
Paulo Roberto de Almeida 

What You Need to Know About China’s Draft Cybersecurity Law




Surveillance cameras in Tiananmen Square, Beijing. The release of draft legislation on cybersecurity in China followed the recent passage of a law on national security. Credit Wu Hong/European Pressphoto Agency
China, which has some of the world’s tightest Internet restrictions, has released a draft of a new cybersecurity law that authorizes broad powers to control the flow of online information. The bill, which has been translated into English on the website China Law Translate, comes after the recent passage of a law on national security and with the expected approval of bills on nongovernmental organizations and counterterrorism.
Here is a look at some of the main provisions of the cybersecurity bill, and what the measure tells us about the structure of China’s Internet control apparatus:
The Cyberspace Administration of China has a crucial role. Perhaps the most interesting aspect of the bill is not the powers that it spells out, but who holds them. Analysts say the draft shows clear signs that the Cyberspace Administration and its director, Lu Wei, drive Internet policy and that it gives the body great powers to guide research and education.
Near the beginning, the draft says that the “state Internet information department” is “responsible for comprehensively planning and coordinating network security efforts and related supervision and management efforts.”
Rogier Creemers, a research scholar at Oxford University, said this is a clear reference to the Cyberspace Administration of China and puts it in the driver’s seat for policy-making going forward. “They are clearly in charge,” Mr. Creemers said.
“They are are a coordination and decision-making body at the highest political level,” he said, adding that with this law the Cyberspace Administration has set a broad agenda, and that it will be up to other ministries to then work out more specific laws, such as rules governing e-commerce or what hardware banks can use.
Most of the provisions are not new. China has long taken steps to restrict many types of online content, from pornography to political discussions. Many foreign sites are blocked, and domestic sites use automated censorship mechanisms as well as staff members to remove posts on restricted topics.
Even the most aggressive measures discussed in the draft, restricting Internet access in a particular region to “safeguard the national security, social stability or handle a sudden major incident of concern for social safety,” have been used. In 2009, China shut off nearly all Internet access and international calls in the far western region of Xinjiang for months, after deadly riots in the city of Urumqi.
But often such powers were defined in lower-level regulations or even Internet companies’ contracts. By elevating them to a national law, Chinese authorities are signaling that they are placing a high priority on compliance and that they want to “make it harder for Internet companies to avoid or drag feet on implementation,” said Maya Wang, a researcher with Human Rights Watch based in Hong Kong.
“The law is meant to say the party is serious about controlling the Internet,” she said.
A warning to global companies. China has long been a difficult place for foreign technology companies to thrive. Many sites, including Facebook, Google, Twitter and YouTube, are partly or completely blocked.
Some clauses, such as a requirement for the development of safeguards on “critical information infrastructure,” could further curtail the activities of foreign companies, but the details are still unclear.
“The foreign business community will be reading the law closely, trying to determine how the cybersecurity standards and procurement provisions will be implemented,” Adam Segal, an expert on China and digital policy at the Council on Foreign Relations, wrote. “The past few months will not give them great comfort, as Beijing has adopted a national security law and other provisions to make technology used in China ‘secure and controllable’.”

Paul Mozur contributed reporting.
Follow Austin Ramzy on Twitter at @austinramzy, and Paul Mozur at @paulmozur.



quinta-feira, 9 de julho de 2015

Lula, o falastrao e o desastre economico

A verdade só afunda temporariamente. Mais cedo ou mais tarde sempre vem à tona.
Ou, conforme Galileo Galillei, perante o tribunal da Inquisição, “A verdade é filha do tempo e não da autoridade”.

 

Sabem quem é essa moça? 

Ela é Sinara Polycarpo, a ex-superintendente de investimentos do Banco  Santander...

 


Não está ligando o nome, o cargo e a pessoa aos fatos?Então refresquemos a sua memória:

Dias atrás, o site Infomoney relembrou que há um ano, em carta enviada aos clientes do Santander, a então superintendente de investimentos do banco alertava sobre os riscos de um eventual segundo mandato de Dilma Rousseff:

“O câmbio voltaria a se desvalorizar, juros longos retomariam alta e o índice da Bovespa cairia, revertendo parte das altas recentes”, disse Sinara.

Lula reagiu furiosamente na ocasião, pedindo a cabeça da funcionária: “Essa moça não entende porra nenhuma de Brasil e de governo Dilma. Manter uma mulher dessa num cargo de chefia, sinceramente… Pode mandar ela embora e dar o bônus dela para mim.”

(No blog de José Dirceu, o “porra nenhuma” de Lula virou “nada”)

Resultado: o Santander demitiu Sinara por pressão de Lula, mas, desde a reeleição, o dólar subiu 23%, a taxa de juros saltou de 11% para 13,75% e o Ibovespa chegou a cair 15 mil pontos.

O pior: Dilma continua empregada. 


 

Luta de classes no Itamaraty? Nao! Apenas diferencas na aritmetica funcional...



CORREIO BRAZILIENSE
09jul15

Barraco no Itamaraty
Vera Batista
Correio Braziliense, 9/07/2015

O Itamaraty entrou na campanha salarial de 2015 dividido. Filiados ao Sindicato Nacional dos Servidores do Ministério das Relações Exteriores (Sinditamaraty) e à Associação dos Diplomatas Brasileiros (ADB) discordaram diante de 31 diferentes categorias que discutiam a proposta do governo de reajuste de 21,3%, em quatro anos, na tarde de terça-feira. Segundo a presidente do Sinditamaraty, Sandra Nepomuceno, as divergências são "normais" e levam ao entendimento. "O que foi aviltante foi a presença de alguém que representa o patrão na mesa de negociação dos empregados", indignou-se. O bate-boca, que durou mais de meia hora, conforme sindicalistas que não quiseram se identificar, causou embaraço ao secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça. "Embora a ADB negue, eu tenho a gravação provando que Mendonça falou na frente de todos ter recebido uma ligação do MRE, ou seja, do governo. Por isso, permitiu o acesso de Adriano Pucci (representante da ADB e chefe da Coordenação-Geral de Modernização do Itamaraty - CMOR). Esse senhor não precisava lavar roupa suja na reunião, foi constrangedor", reforçou Sandra. Em nota, o Sinditamaraty informou que é o único autorizado a negociar pelos empregados.
O sindicato assinalou que a interferência de "membros dos órgãos públicos designados para falar em nome da administração da Casa, concomitantemente em nome de categoria de servidores, fere a representatividade sindical garantida em lei e abre perigoso precedente para que outros sindicatos tenham de admitir ingerência de associações e membros da administração do órgão em suas negociações".
Na versão da ADB, o Sinditamaraty cometeu uma série de irregularidades. Convocou a totalidade da categoria (diplomata, oficiais e auxiliares de chancelaria) à assembleia e permitiu acesso somente dos filiados. A presidente da ADB, Vitoria Alice Cleaver, negou que Adriano Pucci tenha sido indicado pelo MRE. "Eu pedi o assento", revelou.
O que azedou a relação entre as duas entidades, acusou Vitória, foi o fato de o Sinditamaraty aceitar o aumento de 21,3% e, em seguida, decidir por fazer uma correção desigual. Ou seja, do total do reajuste, 63,2% iriam para os oficiais, 56,8%, para os assistentes, e 5% para os diplomatas."
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Brics realizam encontro numa "aldeia Potemkin" (combina com eles...)

Quem conhece a história de Catarina, dita a grande, que obviamente vem depois do fundador de Ufá, Pedro, também dito o Grande, e de Ivan, dito o Terrível (et pour cause, como a Catarina, aliás), sabe do que estou falando, a maquiagem da miséria atrás de frondosos cenários de pujança e riqueza.
Um pouco como as maquiagens contábeis feitas pelos companheiros aqui no Brasil, a completa deformação das contas públicas por economistas aloprados, transformando a feitura dos déficits em vistosos superávits.
Não é de estranhar que os Brics sigam o mesmo exemplo de mistificação, como evidenciado nesta matéria da BBC.
Paulo Roberto de Almeida

Fundada por Ivã, o Terrível, cidade veste 'máscara' para sediar cúpula dos Brics
Luiza Bandeira Enviada especial da BBC Brasil a Ufá, Rússia
BBC Brasil, 9/07/2015

Escolha de Ufá para sediar reunião anual dos BRICS pode ter tido motivação política

Uma edição da Gazeta Russa publicada no Brasil na semana passada já alertava: apesar de a socialite americana Paris Hilton ter achado a cidade de Ufá, sede russa da 7ª Cúpula dos Brics, "linda e encantadora", nem todos que visitam a capital da Bachquíria "sentem a vibração logo de cara".
Construída por ordem do czar Ivã, o Terrível, para proteger o território de invasões, Ufá não lembra nem de longe os tempos de fortaleza.
Encravada na Rússia Central, a mais de mil km de Moscou, próxima do Cazaquistão e dos Montes Urais, que marcam a divisa com a Sibéria, a cidade tem ruas largas, arquitetura insossa e luzinhas com aparência natalina acesas em pleno julho.
As centenas de placas do evento espalhadas pela cidade não deixam dúvida da importância para Ufá de sediar a cúpula dos Brics. Mas nos longos trajetos entre os hotéis escolhidos pela organização para abrigar jornalistas e o centro de imprensa, é difícil ver qualquer vibração.

Policiais vigiam as ruas de Ufá, que receberam adesivos para amenizar o visual.

Vazia
Apesar de ter mais de um milhão de habitantes, há poucas pessoas nas ruas e calçadas. A polícia, por outro lado, está em quase toda esquina. Os policiais se posicionam discretamente, normalmente sem carros ou presença ostensiva na rua; costumam ficar sozinhos ou em duplas nas calçadas.

Apesar de abrigar uma população em torno de 1 milhão de habitantes, a maioria das ruas de Ufá tem aparência deserta.

Escolhida para sediar tanto a cúpula dos Brics – grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – a cidade consumiu US$ 189 milhões nos preparativos para o evento, de acordo com o governo.
A maior parte, US$ 108 milhões, veio de investimentos privados, com o governo federal e o da república da Bachquíria bancando o resto. O governo de Vladimir Putin tem interesse em mostrar pujança com o evento - a Rússia sofre sanções devido à crise na Ucrânia e o líder russo quer fazer do encontro uma demonstração de poder.
Os principais investimentos foram para a reforma do aeroporto e construção de novos hotéis – um deles, da rede Hilton, dá uma pista para justificar a propaganda positiva que a herdeira da rede fez da cidade.
 
Maquiagem
Nas redes sociais russas, os preparativos causaram polêmica: o governo foi acusado de maquiar a cidade para os participantes do evento.
Fotos publicadas por um blogueiro e compartilhadas por milhares mostraram casas escondidas por falsas fachadas, feitas de uma espécie de papel de parede, e também por grandes cartazes de árvores.

Os prédios antigos receberam uma fachada falsa com a aplicação de adesivos.
Um prédio antigo também teria sido escondido atrás de uma espécie de adesivo simulando uma aparência mais moderna. Além disso, calçadas de cimento teriam sido cobertas por grama falsa.
Pela cidade, a reportagem da BBC Brasil viu os cartazes de árvores retratados, mas eles estavam tapando obras.
Segundo a agência de notícias russa Tass, as autoridades de Ufá reagiram dizendo que o blogueiro não era mais bem-vindo na cidade.

Calçadas de Ufá foram cobertas por grama artifical para melhorar o visual urbano.
Turisticamente, Ufá se vende como uma divisa entre Ocidente e Oriente. Ela não tem grandes atrações turísticas: segundo o Trip Advisor, o melhor programa da cidade é visitar o monumento Slavat Yulaev (líder de uma rebelião no local), visível a partir do centro onde será realizada a cúpula.
Já o guia Lonely Planet recomenda, em seu site, uma visita ao Museu Lênin, em uma casa onde o próprio líder da Revolução Russa morou por algum tempo, a 30 quilômetros de Ufá. A Gazeta Russa, suplemento em português financiado pelo governo russo, aconselha provar o mel de Ufá, especialidade local.
O turista que visitar Ufá, porém, pode ter problemas de comunicação: a maior parte das pessoas que a reportagem da BBC Brasil encontrou não falava inglês - mas elas não se abstiveram de falar em russo, mesmo sabendo que o interlocutor não falava a língua.
 
Exposição
Logo na entrada do centro de imprensa, há uma exposição sobre Ufá com basicamente quatro itens: uma maquete do antigo kremlin (fortaleza) da cidade, que não existe mais; um traje usado pelo bailarino Rudolf Nureyev, celebridade maior da cidade; um troféu do time de hóquei local e o motor de um caça produzido em Ufá.
A mostra termina com maquetes de projetos que prometem, nos próximos sete anos, mudar a paisagem da cidade – que, hoje, é marcada por alguns prédios de arquitetura funcional típica soviética, sem grandes atrativos e em tons pastéis - com prédios modernos e espelhados e grandes áreas verdes.
Na sala de imprensa, grandes telões mostram imagens turbinadas da cidade – luzes acesas à noite, prédios históricos, igrejas e mesquitas com iluminação especial e imagens aéreas do rio que banha a cidade.
Jornalistas que se interessaram em saber um pouco mais pela cidade ganharam pelo menos três livros: um sobre a história de Ufá, um sobre a Bachquíria e um sobre a Rússia em geral.
Mas qual o interesse da Rússia em realizar um evento de grande porte em uma cidade longínqua e pouco conhecida?
Para o professor de Relações Internacionais da FGV Oliver Stuenkel, o objetivo é promover uma cidade fora do eixo.
"Assim como outros países, a Rússia usa a cúpula para beneficiar politicamente um aliado e apresentar ao mundo algumas regiões que não têm visibilidade", afirma.
Ele lembra que, quando o Brasil foi anfitrião da cúpula, escolheu Fortaleza como sede do evento – um afago ao aliado Cid Gomes, que quando governador, construiu um grande centro de convenções que acabou sendo usado para o evento.

Brics pretendem aprofundar ainda mais as bobagens economicas dos paises desenvolvidos

Nunca devemos nos surpreender com as contradições e equívocos dos Brics (minus China, que só faz aquilo que lhe interessa, sem atenção para as bobagens dos colegas de bloco).
Quem não se lembra das lamúrias, protestos, reclamações dos lulo-petistas (e nem preciso lembrar quem) que, no auge da crise dos desenvolvidos (que parece largamente superada atualmente, menos nas escusas fajutas dos mesmos lulo-petistas), acusavam as economias desenvolvidas de fazerem "guerra cambial", e de "tsunami financeiro".
Eles reclamavam contra o manancial de dinheiro que os bancos centrais do G7 despejavam no mercado, estupidamente, ou seja, keynesianamente, para sustentar a demanda, como eles se justificavam.
Pois agora são os Brics, que na iminência da interrupção dos diversos "quantitative easing", e sa subida dos juros, reclamam que vai faltar dinheiro, e querem a extensão das linhas de crédito em divisas fortes. Eles querem mais liquidez, querem mais dinheiro fácil, querem fazer tsunami financeiro, querem aumentar a inflação e a dívida pública...
Vão ser contraditórios lá em Ufá...
Paulo Roberto de Almeida 

Contra turbulência, Brics querem acesso a moeda de países ricos
Por Assis Moreira
Valor Econômico, 9/07/2015
Os países do Brics - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - querem que as nações desenvolvidas garantam linhas de swap de moedas, no caso de restrição de liquidez no mercado cambial, que poderia afetar os emergentes, quando os EUA voltarem a elevar os juros, provavelmente ainda neste ano.
No começo da crise global, em 2008, o Brasil foi um dos países que obtiveram linha de swap de moedas de US$ 30 bilhões com o Federal Reserve, que nunca foi acionada. A China, com quase US$ 4 trilhões de reservas, fez bilateralmente vários acordos com emergentes nos últimos tempos.
O Valor apurou, que no comunicado de 75 parágrafos que vão divulgar hoje, ao final de sua cúpula em Ufá, na Rússia, os líderes das cinco grandes economias emergentes vão manifestar persistente "preocupação com o potencial efeito das repercussões de politicas monetárias não convencionais de países avançados, que poderiam causar volatilidade disruptiva nas taxas de câmbio, nos preços dos ativos e nos fluxos de capital".
Para "reduzir os riscos potenciais'' desse cenário, a presidente Dilma Rousseff e seus colegas Xi Jinping (China), Vladimir Putin (Rússia), Jacob Zuma (África do Sul) e o primeiro-ministro da Índia, Narendra Mori, conclamarão as principais economias desenvolvidas a "reforçar seu diálogo politico e a coordenação no contexto do G-20".
Os líderes dos Brics consideram importante fortalecer a cooperação financeira internacional por meio de instrumento como linhas de swap "para mitigar os impactos negativos de divergência de política monetária nos países emissores de moedas de reserva" - essencialmente os EUA, a zona do euro e o Japão.
Existe o sentimento entre autoridades do grupo de que, mesmo com uma melhor preparação e boa comunicação do Federal Reserve (o BC dos EUA) sobre a normalização de sua política monetária, o aumento da volatilidade nos mercados é possível quando os juros aumentarem nos EUA e o dólar continuar se valorizando globalmente.
Produtores de matérias-primas, incluindo o Brasil, entram nesse cenário com o fim do superciclo dos preços de commodities, no rastro da desaceleração da economia da China que pode agora se acentuar com o estouro da bolha no seu mercado de ações.
O acordo operacional do fundo de reservas dos Brics, de US$ 100 bilhões, que entra em vigor no fim deste mes, servirá para defesa no caso de algum dos cinco países do grupo enfrentar problemas de liquidez em dólar.
Mas a Índia é um dos países que dá ênfase à garantia de acesso a linha de swap também pelos bancos centrais dos países ricos, como deixou claro em reuniões no G-20, grupo que reúne as maiores economias do planeta.
Para Nova Déli, é preciso assegurar que linhas de swap de moedas estejam disponíveis, como em 2008, para evitar o estigma de um país em dificuldade recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e ter de se submeter a suas condicionalidades.
O que o Brics defende, porém, sofreu no G-20 resistência dos EUA e da Europa no ano passado, com alguns países ricos estimando que a primeira linha de proteção deve vir do FMI.
No comunicado do Brics, que será divulgado hoje, os líderes avaliam que a recuperação global não está consolidada, resta frágil e com divergências consideráveis entre países e regiões.
Eles estimam que os mercados emergentes e os países em desenvolvimento continuam a ser os grandes motores do crescimento economico global.
Para o Brics, reformas estruturais, ajuste doméstico e inovação são importantes para o crescimento sustentável e para fornecer uma contribuição significativa para a economia mundial.
''Notamos os sinais de melhora das perspectivas de crescimento em algumas das principais economias avançadas. No entanto, riscos para economia global persistem'', dirá o documento.
Para o grupo, os desafios têm relação com endividamento público e desemprego elevados, pobreza, menos investimentos e comércio, taxas de juros reais negativas juntamente com sinais de prolongada inflação baixa nos países desenvolvidos.

Economia lulo-petista propoe ao Brasil recuo de 80 anos no comercio internacional: de volta aos anos 1930 com o Brics

Inacreditáveis petistas: não contentes de provocarem o maior desastre econômico no Brasil desde a era Sarney e Collor, eles ainda querem fazer o Brasil recuar ainda mais, voltar ao bilateralismo estrito e ao uso de moedas contábeis no comércio internacional, como se fazia na época da Grande Depressão.
Não surpreende: o lulo-petismo econômico é pior que uma Grande Depressão. Significa uma derrocada completa dos saudáveis princípios do multilateralismo econômico, da abertura no comércio internacional, e um recuo inacreditável ao mais vulgar mercantilismo e protecionismo.
Aceitar comércio em moedas locais, inconversíveis, num momento em que a China pretender tornar o yuan uma moeda conversível e inserida na cesta do SDR, os Direitos Especiais de Saque do FMI, é de uma estupidez imensa, só compatível com a esquizofrenia econômica lulo-petista.
Bando de bárbaros regressistas.
Paulo Roberto de Almeida

Putin pede a Dilma uso de moedas locais em trocas
Assis Moreira


Valor Econômico, 9/07/2015
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, conclamou a presidente Dilma Rousseff para os dois países "trabalharem mais" para a possível utilização de real e rublo no comércio bilateral, que visa reduzir o uso de dólar nas trocas.
Já a presidente, pelo menos na declaração inicial diante dos jornalistas não tocou no tema. A área econômica do governo brasileiro acha que as propostas na mesa ainda não levam a um consenso.
Moscou está particularmente engajado no uso de moeda local, no momento, tirando as lições de seu confronto com americanos e europeus, que impuseram sanções contra Moscou.
Por sua vez, uma declaração de empresários dos Brics, que será entregue aos líderes hoje, também coloca como uma das prioridades o uso de divisas nacionais no comércio entre eles.
O volume de comércio entre os países dos Brics saltou, entre 2005 e 2014, de US$ 72 bilhões para US$ 297 bilhões, um incremento de 311%, acima do crescimento do comércio mundial, de 80%, no mesmo período. Os países dos Brics dobraram a sua participação no comércio desde 2001, representando, hoje, 18% do comércio global, segundo o Itamaraty.
Em todo caso, Dilma e Putin prometeram se engajar para que o comércio bilateral aumente para USS 10 bilhões, comparado a USS 6,8 bilhões no ano passado.
Segundo Putin, o comércio bilateral cresceu 15% em 2014, mas diminuiu no primeiro trimestre deste ano. Ele, porém, disse ter certeza de que as trocas vão continuar aumentando. O Brasil exporta sobretudo carnes para o mercado russo.
Os dois presidentes abordaram os acordos de ciência e tecnologia que vão assinar, incluindo na área de astronomia.
Dilma foi a última dos líderes a chegar a Ufá para a cúpula dos Brics. Mas o anfitrião, Putin, demorou tanto em encontros bilaterais que o jantar de abertura começou com grande atraso. Já tarde da noite, os dois presidentes tiveram um encontro bilateral. Ao retornar para o hotel, a presidente não quis comentar as turbulências nas bolsas da China, que apagaram mais de US$ 3,5 trilhões em valor e podem implicar em mais baixa na demanda por commodities.
Hoje, a presidente terá reuniões bilaterais com os presidentes da China, de Belarus e do Cazaquistão, e com o primeiro-ministro da Índia. Segundo sua assessoria, todos pediram para falar com ela, enquanto Dilma não requisitou nenhuma conversa.
É possível que o Brasil consiga uma ligeira satisfação na sua luta pela reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas. O governo considera isso ainda mais simbólico neste ano em que a ONU completa 70 anos.
A China não quer apoiar a entrada do Japão no Conselho de Segurança e tampouco tem simpatia pela entrada da Índia. Ocorre que Brasil, Índia, Japão e Alemanha formam o G-4, engajados pela reforma. Os chineses dizem que, se o Brasil não estivesse nesse tipo de grupo, seria menos complicado para Pequim dar algum apoio para a reforma do Conselho.
A declaração dos líderes e o texto da parceria econômica terão juntos 80 páginas, resultado de meses de negociações.

Lulo-petismo: o escorbuto do Brasil em sua travessia maritima para a democracia

Os marinheiros da época dos Descobrimentos eram vitimados pelo escorbuto, nas longas travessias marítimas sem acesso a comida fresca. Demorou até que os empreendedores mercantis, em seu interesse próprio aliás, descobrissem medidas práticas para vencer o mal.
Pois o Brasil é afetado pela mesma doença em sua difícil travessia para a democracia de qualidade. O escorbuto do Brasil se chama lulo-petismo, e é uma enfermidade que se espera temporária e extinguível, de preferência definitivamente.
Esta comparação entre antipetismo e antissemitismo é moralmente abjeta e politicamente deplorável, e deve ser absolutamente rejeitada, como faz este conhecido jornalista.
Paulo Roberto de Almeida 


Reinaldo Azevedo, 09/07/2015
 às 6:43

Vídeo esquerdista associa o antipetismo ao antissemitismo. Judeus do Brasil e de todo o mundo, levantem sua voz contra essa vergonha

Circula na Internet um troço asqueroso — oriundo daqueles blogs chamados “sujos”, que nada mais são do que extensões do PT — que associa o crescente repúdio da sociedade ao partido à perseguição sofrida pelos judeus na Alemanha nazista. O vídeo está abaixo. Volto em seguida.
A primeira imagem que aparece na tela já é de uma notável delinquência intelectual. Está lá: “Os petistas, os judeus… e o nazismo, o que ele têm em comum?”
Mesmo para os propósitos asquerosos da peça, a pergunta é energúmena. Houvesse alguma lógica no lixo moral, indagar-se-ia outra coisa: “O antipetismo, o antissemitismo e o nazismo, o que eles têm em comum?”.
E, em qualquer caso, a resposta seria “nada”. Comparar qualquer coisa ao nazismo raramente resulta em pensamento que preste. É o caso de lembrar a “Lei de Godwin”, referência a uma afirmação do advogado Mike Godwin: “À medida que se exacerba um debate online, a probabilidade de surgir uma comparação envolvendo Adolf Hitler ou o nazismo aproxima-se de 1” — ou seja, de 100%. Acontecerá. Portanto, de saída, associações dessa natureza já se descredenciam.
A menos, claro, que as similaridades sejam realmente apontadas, factualmente indicadas, que não se fique apenas na retórica oca. E, é claro, isso o vídeo petista não faz porque é impossível.
Notem: o nazismo era uma corrente de militância que nasceu antissemita — e, no caso, pouco importava o que os judeus fizessem ou deixassem de fazer. Os nazistas resolveram apontar o “mal” que eles causariam à Alemanha partindo do princípio de que agiram do mesmo modo história e mundo afora porque conspiradores pela própria natureza. A loucura antissemita havia atingido o estado da arte no fim do século 19 com o surgimento, na Rússia czarista, dos “Protocolos dos Sábios de Sião”, um suposto plano de judeus e maçons para dominar o mundo.
O antissemitismo, à diferença do antipetismo, não se sustenta em uma base objetiva de dados. Os judeus carregriamam o mal porque judeus, e, se são judeus, só podem ser maus. E ponto. É preconceito na sua acepção mais original, primitiva. Se uma máquina de guerra chega ao poder num país tendo o ódio aos judeus como um pilar, as consequências são aquelas conhecidas.
Preconceito contra o PT? Como assim? O partido elegeu quatro vezes o presidente da República. Trata-se da legenda com o maior número de filiados do país. O Brasil votou majoritariamente num ex-operário — repudiando o preconceito de classe — e numa mulher, repudiando o preconceito de gênero. Criou-se, em torno de Lula, ao contrário do que vai naquela peça lamentável, uma esfera de preconceito positivo: passou-se a cultivar a imagem de um homem naturalmente sábio, que já teria vindo ao mundo com a memória da humanidade; que não precisaria nem se entregar ao luxo de estudar.
Os judeus não assaltaram os cofres da Alemanha.
Os judeus não assaltaram as empresas públicas.
Os judeus não conduziram a Alemanha à ruína econômica.
Os judeus não se colocavam como a fonte única da virtude.
Os judeus não procuraram ser a única força da qual poderia emanar o bem possível.
Se, hoje, em número crescente, brasileiros identificam o PT com o roubo e com a bandalheira, é porque petistas, no poder, se entregaram ao roubo e à bandalheira. Judeus não saíram na Alemanha hitlerista a acusar adversários depois de flagrados metendo a mão no dinheiro público — até porque isso não aconteceu.
O antipetismo que está nas ruas não nasce de um preconceito, mas de uma constatação. Não se repudia exatamente o petista, mas o partido. Embora, na maioria das vezes, um petista saiba o que significa o petismo.
À diferença do que está no vídeo, ademais, ninguém acusa o PT de deter o monopólio do roubo. Ao contrário: o que se cobra é onde está aquele partido que dizia ter o monopólio da virtude.
Não se esgota aí a vigarice intelectual do vídeo. Quem discrimina um judeu por seu judeu, um gay por ser gay, um negro por ser negro, um branco por ser branco, um hétero por hétero (e por aí afora…) está, na prática pedindo a exclusão do mundo não apenas do objeto particular de seu repúdio, mas de todos os que exibem aquele mesmo “defeito” original. Não se pode escolher ser judeu, gay, negro, hétero…
Mas se pode, sim, escolher ser petista ou não. Que eu saiba, não se trata de um etnia, de uma raça, da qual não se possa abrir mão, ainda que alguém eventualmente quisesse.
O petismo é tão-somente a escolha de um partido e da forma como se entende a política. Nada mais. O mesmo vale para qualquer outra legenda.
É estupefaciente que se comparem os militantes de uma máquina de assalto ao poder com os judeus perseguidos na Alemanha. É, além de tudo, ofensivo. Quantos petistas irão para a câmara de gás? Quanto serão fuzilados sem defesa? Quando serão enterrados em vala comum? Quantos terão confiscados seus bens?
Judeus do Brasil e de todo o mundo, com essa peça publicitária, essa gente, definitivamente, passou dos limites. Até porque, fosse o caso de comparar, o que o tal vídeo fala sobre a imprensa remete às palavras de Goebbels, ministro da propaganda nazista, num comício de 10 de fevereiro de 1933, 11 dias depois de Hitler se tornar chanceler. O vídeo segue abaixo. A tradução do que ele disse está aqui:
Encerro
O PT, felizmente, ainda não virou nem uma raça nem uma condição humana. Trata-se apenas de um partido que produziu alguns desastres no Brasil. E, por isso, é alvo da crítica de muita gente.
Judeus do Brasil e de todo mundo, repudiem a associação indecorosa que empresta ao antipetismo a importância que não tem e retira do holocausto judaico a importância que tem.
Texto publicado originalmente às 20h30 desta quarta
Por Reinaldo Azevedo

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Comunismo: livro "O Retrato", de Osvaldo Peralva (2a. edicao)

Este livro já era famoso, e esgotado, "inencontrável", quando eu estava me iniciando no marxismo, no início dos anos 1960. Tinha sido sabotado pelos comunistas, do Partidão, e pelas demais correntes de esquerda, e nunca foi reimpresso ou reeditado.
Tive de aproveitar uma ida ao Rio de Janeiro, em algum momento muito depois, para ler o exemplar original na Biblioteca Nacional.
Sempre tive excelente impressão dessa obra, muito sincera, pois conhecia o caso de outros "renegados" do comunismo soviético, e sabia exatamente o que tinha sido o stalinismo e o comunismo soviético.
Acredito que vale a leitura ainda hoje, sobretudo pela introdução de Antonio Paim, outro dos jovens "comunistas" que deixaram de sê-lo depois de uma viagem a Moscou e ao travar conhecimento direto com a fraude que era o regime socialista soviético, um sistema de mentira, de fraude, de opressão, de mediocridade, exatamente como são os companheiros ainda hoje.
O título da matéria da Folha é execrável: "virar casaca" significa trair uma causa, abandonar a postura que se tinha, em troca de alguma vantagem material. Não parece ao autor do título que o jornalista em questão apenas descobriu que a realidade era muito diversa, o contrário, do que lhe pintavam antes.
Nesse sentido, o título correto da matéria deveria ser:
Jornalista descobre a fraude do comunismo soviético, ao conhecer a realidade do stalinismo
Paulo Roberto de Almeida

FolhS. Paulo, 06/05/2015 - 16h22

Jornalista comunista vira a casaca depois de visitar a URSS de Stálin

da Livraria da Folha
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Isonomia e liberdade do proletariado que se emancipou dos grilhões do capital. Era isso que o jornalista Osvaldo Peralva queria ver quando foi estudar em Moscou em 1953, mas descobriu um governo autoritário fundamentado na violência e no medo.
Em "O Retrato", a narrativa autobiográfica de uma desilusão, Peralva descreve a experiência na União Soviética e apresenta um panorama do Partido Comunista no Brasil.
O autor, que conviveu com os famintos que vagavam pelo interior da Bahia, entrou no PCB em 1942. Apaixonado pela ideologia marxista e pela militância no partido, ele foi à URSS como representante do Kominform, organização que controlava os Partidos Comunistas de todo o mundo.
Peralva foi o quarto homem na hierarquia do Partido, atrás do chefe do PC em Moscou, de Luís Carlos Prestes e do secretário-geral Diógenes Arruda Câmara. A Escola em Moscou não se limitava ao ensino dos fundamentos teóricos do marxismo-leninismo e a formar revolucionários de tipo bolchevista.
Segundo o autor, o curso era uma espécie de lavagem cerebral, que buscava produzir agentes capazes de executar "as ordem mais absurdas", sem vacilar, e que "não tentasse pensar, a não ser por meio de chavões, para evitar desvios da linha do Partido, fixada pela direção suprema".
"Através da pressão ideológica e do próprio regime de internato, onde se fazia a apologia da obediência cega e do endeusamento de tudo que fosse soviético", conta, "buscava-se transformar cada aluno em um indivíduo despersonalizado, sem quaisquer interesses ou vontade que não fosse os interesses e a vontade da direção do Partido".
Divulgação
Um dos mais contundentes relatos políticos brasileiros do século 20
Um dos mais contundentes relatos políticos brasileiros do século 20
A decepção o acompanhou na volta para o Brasil. As contradições do PCB, que reproduzia o terrorismo ideológico e o culto à personalidade, destruíram a ilusão do jornalista.
No 20º Congresso do Partido Comunista da União Soviética (PUCS), em 1956, Nikita Kruschev revelou os crimes do período em que Stálin governou a URSS (1924-53). O Relatório de Kruschev, também chamado de "relatório secreto", provocou uma crise no comunismo quando o texto foi divulgado.
Os militantes se dividiram. Alguns refletiram sobre a própria ideologia, outros preferiram acreditar que se tratava de uma fraude elaborada pela CIA. Peralva rompeu com o comunismo no fim da década de 1950.
"A leitura de 'O retrato' pode contribuir para que pessoas de bom senso revejam esse tipo de opção", escreve Antonio Paim na apresentação à edição.
Nascido na Bahia, em 1918, Osvaldo Peralva escreveu para os jornais "Última Hora", Correio da Manhã" e Folha de S.Paulo. Apesar de o autor ter abandonado o comunismo, ele foi preso e exilado após o AI-5, em 1968. Viveu na Alemanha Ocidental e regressou ao Brasil com a Lei da Anistia, em 1979. Morreu em 1992, no Rio de Janeiro.
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O RETRATO
AUTOR Osvaldo Peralva
EDITORA Três Estrelas
QUANTO R$ 59,90 (preço promocional*)
Políticos são iguais em todo lugar. Eles prometem construir pontes mesmo onde não há rios. Nikita Kruschev

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Comentário de 

Carlos U Pozzobon

1 dia atrás  -  Compartilhada publicamente
 
Tenho uma edição dos anos 60, em formato de bolso. O Peralva assumiu com dignidade os erros cometidos no Kominform e conseguiu relatar com serenidade uns 15 anos de militância no PCB, a maior parte convivendo com comissários do Comitê Central. Fornece detalhes preciosos sobre a vida clandestina do PC e sobre as ações internacionais de Moscou, citando uma grande plêiade de comissários do período. Foi um dos que se desiludiu com a causa a partir do relatório Kruvchov. Ele conta que ao ler a denúncia contra Stálin em Bucareste, onde funcionava o Kominform, ficou 5 dias sem poder dormir, tremendo com o desconforto de ver o pai dos povos ser denunciado como um tirano assassino. A partir daí começou a observar melhor os seus pares e concluiu que o movimento comunista era gerido por uma mística (sic) em que os fatos e narrativas tinham uma simbologia própria de interpretação da realidade. Seu livro tem a preciosidade de ser uma fonte de dados sobre o comportamento dos próceres comunistas em uma época que passou, mas que deixou sequelas em sociedades atrasadas onde o niilismo se tornou uma doença social tão renitente quanto o subdesenvolvimento que as sufocam. 
 

Brasil: o futuro do país está no passado (de outros países...) - Paulo Roberto de Almeida

Um texto de 2012, feito para subsidiar palestras minhas a jovens empresários e estudantes no Rio Grande do Sul e em Minas Gerais, e que ainda se revela válido para os tempos atuais.


Brasil: o futuro do país está no passado (de outros países...):
proposta para uma Fronda Empresarial

Paulo Roberto de Almeida

As revoluções e os progressos institucionais: dilemas históricos
O título deste ensaio pode parecer contraditório, mas nele pretendo argumentar que a sociedade brasileira, por não ter passado por transformações institucionais, ou culturais, que outras nações lograram alcançar no passado, enfrenta hoje sérias dificuldades para realizar todo o potencial de desenvolvimento e de prosperidade, a que seu povo está legitimamente no direito de aspirar.
Qualquer observador sensato do cenário econômico e político do Brasil contemporâneo concordaria em que o país necessita de sérias reformas, nas mais diferentes vertentes da vida nacional, e até em suas relações externas. Dirigentes sensatos costumam empreender reformas, periodicamente, como meio de evitar crises políticas ou turbulência econômicas, ou até distúrbios mais graves, eventualmente, inclusive, conflitos sociais, podendo chegar até a rupturas revolucionárias. Países que empreendem reformas, como parte de seu processo natural de adaptação a novos desafios domésticos ou à dinâmica da economia internacional, poupam a si mesmos de sofrimentos inúteis nos planos econômico ou político. Existem também aqueles que acreditam que o Brasil necessita de uma verdadeira revolução, em várias áreas.
Revoluções não são planejadas; elas acontecem; não existem líderes políticos, por mais poderosos ou convincentes que sejam, por mais messiânicos que apareçam aos olhos da massa, que consigam “produzir” revoluções verdadeiras, no seu sentido contemporâneo, ou seja: processos violentos de transformação da ordem política e social comportando a derrocada, mais ou menos completa, e o afastamento do poder de antigas elites dominantes e sua substituição por novos estratos dirigentes, geralmente aqueles que ascendem como líderes no curso do processo revolucionário.
As grandes revoluções sociais conhecidas nos últimos séculos, desde a revolução inglesa do século 17 – a de Oliver Cromwell, cuja condução da guerra civil entre o Parlamento e o rei levou à decapitação deste último – até a revolução camponesa conhecida na China do século 20 – que terminou numa guerra de posições entre os exércitos do Partido Comunista e o do Kuomintang – não ocorreram como decisão de nenhum líder político ou militar: elas ocorreram como resultado de forças sociais muito poderosas, cujas iniciativas e ações muitas vezes escaparam ao controle de seus principais protagonistas. Entre esses exemplos, muitas outras revoluções sociais ocorreram, sempre pela conjunção de variáveis imprevisíveis e de fatores contingentes, com algum elemento fortuito atuando como gatilho: fomes, profundas crises econômicas, guerras, cisão das elites dirigentes no comando do Estado, enfim, grandes comoções sociais que alteram o jogo normal do processo político e seu encaminhamento normal.
Grandes líderes políticos ou dirigentes sociais podem, no máximo, conduzir revoltas, conflitos, enfrentamentos, guerras de guerrilha, ou até putschs e golpes de Estado, como fizeram Lênin, Mussolini, Getúlio Vargas, além de muitos outros, sempre no quadro de crises políticas mais ou menos graves em suas respectivas sociedades. Também existem aqueles que ascendem pela via eleitoral, mas que depois provocam alterações profundas no sistema político, até no sentido de ditaduras perfeitas, como pode ter sido o caso de Hitler, nos anos 1930, e, atualmente, num país bem perto do Brasil.
Nem todas as revoluções atuam num sentido positivo, ou seja, remodelar a estrutura social e o sistema político em certas sociedades, de modo a renovar as elites dirigentes num sentido progressista, ou libertário, modernizando o aparelho do Estado e permitindo a incorporação de novos estratos sociais ao jogo político, se necessário com a redução do poder político e econômico de velhas elites dirigentes. Várias delas terminam em tragédia, resultando, na prática – senão em intenção – em ditaduras criminosas, como pode ter sido o caso da revolução bolchevique (na verdade, um simples putsch leninista, em sua origem), o da conquista do poder pelo Partido Comunista da China, sob a liderança de Mao Tsé-tung, bem como a própria revolução cubana, atualmente um dos últimos e tristes exemplos de um stalinismo anacrônico, junto com seu outro regime irmão, ainda mais surrealista, o da Coréia do Norte.
A revolução francesa, que é considerada o protótipo ideal de uma grande revolução social – pelo menos para os historiadores marxistas –, ainda que resultando, teoricamente, na derrocada do Ancien Régime e na ascensão da burguesia e de um Estado moderno, não representou, necessariamente, um progresso social e econômico decisivo para a França do século 19. Aliás, até mesmo um historiador marxista, como Eric Hobsbawm, reconhece que a revolução francesa pode ter atrasado a remodelação do país num sentido capitalista, ao ter fragmentado exageradamente a propriedade da terra, obstaculizando a modernização capitalista da agricultura, e ao criar um Estado extremamente centralizado, com burocracia poderosa, que manteve muitos negócios sob o estrito controle de elites dirigentes que tendem, ainda hoje, a reproduzir os privilégios do Antigo Regime. Não é novidade para ninguém que a França tem enormes dificuldades para empreender reformas modernizantes, que vive dominada por corporações que controlam o Estado e que é, possivelmente, o país europeu mais estatizado do continente, com aproximadamente 25% da população economicamente ativa na condição de funcionários públicos. Talvez o Brasil aprecie esse modelo.
Outras revoluções produzem resultados bem mais favoráveis, tanto do ponto de vista político, como social, abrindo espaço para o desenvolvimento dos negócios, a riqueza e a prosperidade; tal é indiscutivelmente o caso da chamada “Revolução Gloriosa”, ocorrida na Inglaterra em 1688, que completou a obra da desastrosa guerra civil que a precedeu, no sentido de reafirmar a preeminência do Parlamento sobre o poder autocrático do soberano, mas sem necessitar decapitá-lo, desta vez, apenas remetendo-o ao exílio e importando uma outra casa reinante; trata-se da mesma que sobrevive até hoje no Reino Unido, mas que absolutamente não governa, sendo o país o sistema mais antigo, no mundo, de regime parlamentar plenamente democrático e estável. Outro exemplo, cem anos após, mas contra o rei e o parlamento britânicos, é o da revolução da independência americana, feita sob a inspiração de iluministas escoceses e ingleses, mas influenciada também por constitucionalistas franceses, e que foi conduzida sob a forma de uma revolta cidadã contra a extorsão tributária que o rei inglês pretendia impor aos seus súditos das treze colônias americanas.
 (...)

Leiam o resto nos links indicados:  http://www.pralmeida.org/05DocsPRA/2433FuturoBrasilFrondaEmpres.pdf e
https://www.academia.edu/5962599/2433_Brasil_o_futuro_do_pa%C3%ADs_est%C3%A1_no_passado_de_outros_pa%C3%ADses..._proposta_para_uma_Fronda_Empresarial_2102_

Itamaraty e funcionarios publicos: reajuste sub-inflacionario

Reajuste de 21% em quatro anos é, de fato, arrocho salarial, em vista da inflação crescente dos últimos anos e da deste ano e do próximo. Governo do PT retoma práticas do regime militar. 
Paulo Roberto de Almeida 

ASSOCIAÇÃO DOS DIPLOMATAS BRASILEIROS        ADB

 

Nota ADB nº 002/2015

 

 

NEGOCIAÇÕES DE REAJUSTE SALARIAL NO MPOG: 

JUIZ ANULA VOTAÇÃO DO SINDITAMARATY. ADB PARTICIPA DE REUNIÃO NO MPOG.

 

Em decisão liminar proferida em ação judicial movida pela Associação dos Diplomatas Brasileiros (ADB), a Dra. Patrícia Birchal Becattini, Juíza do Trabalho, declarou nulas as deliberações do Sinditamaraty tomadas durante a Assembleia-Geral Extraordinária de 1º e 2 de julho passado, bem como votação "on line"realizada ontem – as quais permitiriam à entidade propor, ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão(MPOG)critério assimétrico para a recomposição das perdas inflacionárias das três carreiras integrantes do Serviço Exterior Brasileiro (SEB).

 

A ADB havia ajuizado a ação, em 6 de julho, alegando que as deliberações do Sinditamaraty teriam lesado os interesses dos diplomatas, uma vez que o pagamento não-linear do reajuste salarial, atualmente em negociação no MPOG, implicaria perdas reais significativas para a classe. A ADB invocou, ainda, irregularidades procedimentais na condução do processo decisório no Sindicato.

 

Transcrevem-se, abaixo, trechos relevantes da decisão liminar:

 

"A votação e a assembleia do sindicato estão eivadas de nulidade, pois não foi permitida a votação e participação de toda a categoria, com mudança das regras de votação dentro da mesma assembleia.

Desse modo, concedo a medida liminar requerida, declarando nulas as deliberações da assembleia do sindicato réu nos dias 01 e 02 de julho de 2015 e votação on line finalizada no dia 06/07/2015 às 18 horas por não refletir a manifestação de toda a categoria e em face da não observância da convocação inicial que chamou todos os servidores para participarem e votarem. (...)"

 

ADB participa de reunião no MPOG sobre reajuste salarial

 

Em mais uma ação voltada à defesa dos interesses dos diplomatas, a ADB participou de reunião com o Secretário de Relações do Trabalho do MPOG, em 7 de julho corrente. Na ocasião, 56 entidades representativas de 1 milhão e 200 mil servidores públicos apresentaram suas primeiras reações à contraproposta do MPOG de recomposição inflacionária de 21,3%, distribuídos ao longo de quatro anos.

Em sua intervenção, o representante designado pela ADB, Ministro Adriano Pucci, ressaltou que a Associação se somou ao processo de negociação porque a fórmula de reajuste não-linear defendida pelo Sinditamaratyacarretaria graves perdas financeiras unicamente para a categoria dos diplomatas no curso do quadriênio. Citou, nesse contexto, a liminar concedida à ADB como indicativo de que aquelas deliberações não haviam sido tomadas em conformidade com a legislação sindical.

O Dr. Sérgio Mendonça (SRT/MPOG) tomou por unânime a recusa das entidades presentes ao reajuste ofertado. Tendo ouvido as diversas reivindicações, dividiu-as em doiplanosgeral e setorial. No plano geral, indicou que o Governo tomará em conta a preocupação com a insegurança que uma proposta plurianual suscita e que considerará a possibilidade de nova oferta, em linha com as reações registradas hoje, observada a premissa do equilíbrio entre as despesas de pessoal do funcionalismo e as exigências fiscais em vigor. No plano específico das distintas carreiras, acolheu a sugestão de organizar negociações sob a forma de mesas setoriais restritas às demandas prioritárias de cada categoria. A ADB continuará a participar de ambos os processos, em sintonia com as postulações dos diplomatas.

 

Sessão Informativa sobre a Negociação em Curso no MPOG

9 de julho, quinta-feira, 14h – Auditório Paulo Nogueira Batista

 

A ADB convida todos os diplomatas (associados ou não) a participar de encontro informativo, a ser realizadono dia 09/07/2015 (próxima quinta-feira), às 14h00, no Auditório Paulo Nogueira Batista (Palácio Itamaraty, Anexo II, Térreo), quando a Diretoria apresenta um balanço preliminar da reunião realizada hoje no Planejamento. Na oportunidadeserão examinadas as propostas de negociação e discutidos os principais pleitos dos diplomatas.

 

Brasília (DF), 7 de julho de 2015.