O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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segunda-feira, 9 de outubro de 2017

CHURCHILL, o filme: grande filme de arte, grande obra historica



CHURCHILL
ver o trailler: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-247743/trailer-19556285/

Direção: 
Gêneros Biografia, Drama, Guerra
Nacionalidades Reino Unido, EUA

SINOPSE E DETALHES

Não recomendado para menores de 12 anos
Inglaterra, 1944, em plena Segunda Guerra Mundial. Às vésperas da realização da Operação Overlord, quando tropas aliadas desembarcaram na Normandia para enfrentar o exército nazista, o primeiro-ministro britânico Winston Churchill (Brian Cox) batalha nos bastidores para que a ação militar seja adiada. Segundo Churchill, a operação é arriscada demais e colocaria em risco desnecessariamente a vida de milhares de soldados. Entretanto, apesar das constantes reclamações, o general Dwight Eisenhower (John Slatery) segue decidido a levar adiante a investida militar.

A Lei é para Todos: Polícia Federal - o livro, o filme

Acabamos de ver o filme: 

O filme conta a saga da maior e mais bem-sucedida operação de combate à corrupção da história do país – a Operação Lava Jato. Pelo ponto de vista do delegado Ivan (Antonio Calloni) e de sua equipe da Polícia Federal, em conjunto com a força-tarefa do Ministério Público Federal, o longa revela os esforços para desvendar o esquema de lavagem de dinheiro e pagamento de propinas a executivos da Petrobras, empreiteiras, partidos políticos e parlamentares. O thriller mostra ainda o papel decisivo da Justiça para que a investigação não fosse destruída pelas forças políticas envolvidas.

falta ler o livro: 

POLICIA FEDERAL: A LEI E PARA TODOS - 

OS BASTIDORES DA OPERAÇÃO LAVA JATO

autor: Carlos Graieb | Ana Maria Santos

editora: Record

 

A Polícia Federal é protagonista na história da Operação Lava Jato, mas sua atuação impõe uma discrição que instiga a curiosidade sobre os bastidores de suas atividades. Ao acompanhar os policiais envolvidos em cada etapa da investigação, em ritmo de thriller, Ana Maria Santos e Carlos Graieb apresentam o olhar inédito da instituição sobre uma das maiores operações de combate à corrupção da história. Nunca antes um livro expôs tão detalhadamente todas as nuances — decorrentes de dúvidas e incertezas e consequentes de pressões de ordem política — do trabalho do policial.
 DADOS DO PRODUTO
título: POLICIA FEDERAL: A LEI E PARA TODOS - OS BASTIDORES DA OPERAÇAO LAVA JATOisbn: 9788501110527idioma: Portuguêsencadernação: Brochuraformato: 15,5 x 23páginas: 280ano de edição: 2017ano copyright: 2017edição: primeiro capitulo: clique aqui 

 

Filme: Polícia Federal – A Lei é Para Todos [Trailer Oficial]

https://www.youtube.com/watch?v=WdgD4g-JfFA

 

 

domingo, 8 de outubro de 2017

"Querido Embaixador", um filme sobre Souza Dantas, o "Quixote nas Trevas", segundo Fabio Koifman

Acabo de receber de meu amigo Fabio Koifman:

Acabo de assistir na telona do cinema o "Querido Embaixador", filme inspirado no meu livro "Quixote nas trevas". Gostei do filme, especialmente da atuação dos dois atores principais, cujas fotos seguem em anexo.
Com um abraço, Fábio. 

Eis o link para um trailer: https://youtu.be/RxIHK2ZVu6o
Aqui os atores: 


Abaixo mais informações sobre o filme.
Paulo Roberto de Almeida

QUERIDO EMBAIXADOR
país de origem
BRA
 Diplomata de carreira, Luiz Martins de Souza Dantas deixa seu posto de embaixador do Brasil na Itália, em 1922, e é transferido para Paris. Na sua despedida em Roma, o próprio primeiro ministro, de quem se tornara amigo, faz questão de ir à gare da Estação Termini para dele se despedir. Tratava-se de Benito Mussolini. Os anos 20 e 30 foram de encantamento para Souza Dantas, que soube aproveitar Paris ao máximo em tempos que se convencionou chamar de “anées folles”. Com sua competência, brilha no trânsito junto ao corpo diplomático. E com seu charme torna-se um perfeito mundano na Cidade Luz.
É reconhecido nas ruas por floristas, motoristas de taxi, e nos salões por políticos, gente do mundo artístico e a intelectualidade francesa, com quem diariamente convive. Seu ambiente são os refinados Cercle de l’Union e o Cercle Interallié, onde gosta de reunir figuras da política e da cultura parisiense em memoráveis almoços. E, com o mesmo desembaraço, vive cercado de mulheres bonitas, especialmente as atrizes da Comedie Française, entre as quais a famosa atriz e cantora Arlety. E é dentro deste contexto que sobrevém a 2ª Guerra Mundial, nas suas palavras “uma época de trevas e barbárie”. Diplomata de estilo clássico, bon vivant, apreciador das artes, da música, da boa comida, amava profundamente a vida e as pessoas das quais se cercava. Dentro desse perfil, seria, em princípio, a pessoa menos indicada para arriscar seu posto e posição por algo que o viesse a se comprometer. Pois, ao contrário de tudo que se esperava, foi exatamente o que passou a fazer, tomando iniciativas para livrar seres humanos, que sequer conhecia, das das garras da repressão nazista e, por conseqüência, da morte. Na época, o Governo brasileiro era claramente pró-Eixo. Assim, iniciada a guerra, passou a emitir circulares proibindo a concessão de vistos de entrada no Brasil
especialmente para semitas. Pois Souza Dantas desobedeceu todas as circulares. Indiferente às ameaças de punição até mesmo com a perda do cargo, concedeu mais de mil vistos diplomáticos que permitiram que judeus, comunistas, artistas e opositores dos nazistas escapassem das graves ameaças e reiniciassem suas vidas no Novo Mundo. Tornou-se assim nosso único herói de guerra, com reconhecimento e homenagens em vários países do exterior e hoje é comparado ao industrial Oskar Schindler por suas obras humanitárias.
Ficha Técnica: 
Direção
Luiz Fernando Goulart
Coprodução
Globo Filmes, GloboNews e Toscana Audiovisual
Roteiro
Luiz Carlos Maciel e Flavia Orlando
Produção.
Joaquim Vaz De Carvalho
Produção Executiva
Heloisa Rezende
Direção de Fotografia
Julio Constantini
ELENCO: 
Norival Rizzo
Embaixador
Alice Assef
Madeleine Carlier
Miriam Mehler
Elise Stern
Felipe Rocha
Martins Leta
Isio Ghelman
Jeróme Levy
Antônio Fragoso
Paulo Carneiro
Daniel Ericsson
Jean Pierre Dorian
Gustavo Ottoni
Oswaldo Aranha
Bruno Guida
Vasco Leitão da Cunha
Helio Ribeiro
Gilberto Amado
Flávio Pardal
Claude Levi-Strauss

Tudo o que se deve fazer depois dos 50 anos

Dicas para meus amigos que já passaram dos 50 anos:

➖ Gaste o seu dinheiro com você, com seus gostos e caprichos.

➖ É hora de usar o dinheiro (pouco ou muito) que você conseguiu economizar . Use-o para você, não para guardá-lo e não para ser desfrutado por aqueles que não tem a menor noção do sacrifício que você fez para consegui-lo.

➖ Não é tempo para maravilhosos investimentos, por mais que possam parecer bons, eles só trazem problemas e é hora de ter muita paz e tranquilidade.

➖ PARE de PREOCUPAR-SE COM A SITUAÇÃO FINANCEIRA dos filhos e netos. Não se sinta culpado por gastar o seu dinheiro consigo mesmo. Você provavelmente já ofereceu o que foi possível na infância e juventude como uma boa educação. Agora, pois, a responsabilidade é deles. JÁ NÃO é época de sustentar qualquer pessoa de sua família.

➖ Seja um pouco egoísta.

➖ Tenha uma vida saudável, sem grande esforço físico. Faça ginástica moderada (por exemplo, andar regularmente) e coma bem.

➖ SEMPRE compre o melhor e mais bonito. Lembre-se que, neste momento, um objetivo fundamental é de gastar dinheiro com você, com seus gostos e caprichos e do seu parceiro. Após a morte o dinheiro só gera ódio e ressentimento.

➖ NADA de angustiar-se com pouca coisa. Na vida tudo passa, sejam bons momentos para serem lembrados, sejam os maus, que devem rapidamente ser esquecidos.

➖ Independente da idade, sempre mantenha vivo o amor. Ame o seu parceiro, ame a vida.

➖ LEMBRE-SE !! “Um homem nunca é velho enquanto se lhe restarem a inteligência e o afeto”.

➖ Seja vaidoso. Cabeleireiro frequente, faça as unhas, vá ao dermatologista, dentista, e use perfumes e cremes com moderação.

➖ SEMPRE se mantenha atualizado. Leia livros e jornais, ouça rádio, assista a bons programas na TV, visite a Internet.

➖ Respeite a opinião dos JOVENS. Muitos deles estão mais bem preparados para a vida, como nós quando estávamos na idade deles. Nunca use o termo “no meu tempo¨. Seu tempo é agora.

➖ NÃO caia em tentação de viver com filhos ou netos. Apesar de ocasionalmente ir alguns dias como hóspede, respeite a privacidade deles, mas especialmente a sua.

➖ Pode ser muito divertido conviver com pessoas de sua idade.

➖ Mantenha um hobby. Você pode viajar, caminhar, cozinhar, ler, dançar, cuidar de um gato, de um cachorro, cuidar de plantas, jogar cartas de baralho...

➖ Faça o que você gosta e o que seus recursos permitem.

➖ ACEITE convites. Batizados, formaturas, aniversários, casamentos, conferências … Visite museus, vá para o campo … o importante é sair de casa por um tempo.

➖ Fale pouco e ouça mais. Sua vida e seu passado só importam para você mesmo. Se alguém lhe perguntar sobre esses assuntos, seja breve e tente falar sobre coisas boas e agradáveis. Jamais se lamente.

➖ Permaneça apegado à religião.

➖ Ria muito, ria de tudo. Você é um sortudo, você teve uma vida, uma vida longa.

➖ Não faça caso do que dizem a seu respeito, e menos do que pensam de você.

➖ Se alguém lhe diz que agora você não faz nada de importante, não se preocupe. A coisa mais importante já está feita: você e sua história.

➖"A vida é muito curta para beber um vinho ruim”

(Texto de Gustavo Krause)

Um brinde a vocês, meus amigos acima dos 50 e a você que daqui a pouco chega lá!! 🥂🍾

A falcatrua Piketty: para os incautos e true believers - Joao Cesar de Melo (Blog do Puggina)

A FALCATRUA PIKETTY

por Joao Cesar de Melo, em Mises Brasil. Artigo publicado em 02.10.2017

A moral de Piketty - por alguém que realmente leu todo o livro

Blog do Puggina, 6/10/2017

Segundo a Amazon, fui um dos poucos compradores de O Capital do Século XXI, de Thomas Piketty, que realmente leram o livro.

Seu programa Kindle registra que, dos mais de 80 mil cópias vendidas, a grande maioria dos leitores não passa da página 26, considerando que o livro possui quase 700 páginas. Isso me lembra muitos socialistas que se dizem influenciados por Marx, apesar de nunca terem lido seus livros; e que também odeiam o liberalismo sem ter a menor noção do que se trata.

Um amigo, ao me flagrar com o tal livro, não vacilou em fazer piada: "Lendo a nova bíblia da esquerda?!". "Pois é... Sou liberal exatamente por saber o que os marxistas pensam", respondi.

Mesmo não sendo da área econômica, política ou do direito, sinto-me obrigado a ler essas "coisas", já que me interesso pelo assunto.

O Capital do Século XXI é apenas mais uma reedição de alguns devaneios marxistas, com o autor tentando relacionar dados selecionados com crendices ideológicas impregnadas com uma das piores fraquezas humanas: a inveja.

Entre tantos gráficos, Piketty não esconde sua interpretação moral sobre a riqueza e, principalmente, sobre a herança. Chega a ser engraçado suas recorrentes citações aos romances de Balzac para ilustrar e "comprovar" as distâncias entre trabalhadores e herdeiros.

Seu livro tem um único objetivo: julgar moralmente o direito de uma pessoa guardar para si o fruto de seu próprio trabalho e decidir, por si mesma, qual o destino desse fruto. A "moralidade" de Piketty chega ao nível de condenar os herdeiros pelo sucesso dos pais!

Seu raciocínio é muito simples: quanto mais rico, mais imoral. Exercendo a arrogância típica dos socialistas, Piketty ignora completamente a história, os esforços e os talentos de indivíduos, enlatando-os como se formassem uma única e homogênea massa de pessoas de caráter condenável pelo simples fato de terem enriquecido.

Piketty tenta inúmeras vezes nos fazer crer que questiona Marx, aquele que "...escreveu tomado por grande fervor político, o que muitas vezes o levou a se precipitar e a defender argumentos mal embasados", em suas palavras, mas em seguida enaltece a coerência de algumas ideias do pai do comunismo.

Logo no começo, o neomarxista francês dá o tom do livro:

"...o capitalismo produz automaticamente desigualdades insustentáveis, arbitrárias, que ameaçam de maneira radical os valores de meritocracia sobre os quais se fundam nossas sociedades democráticas".

Oi? Um socialista que defende taxações e confiscos dizendo que o sistema de trocas voluntárias entre indivíduos e empresas é arbitrário? Pois é... Ouço e leio coisas parecidas todos os dias no Facebook, ditas e escritas por pessoas que nunca leram nada além de panfletos da esquerda.

Piketty, em sua tentativa de desmerecer a melhoria na qualidade de vida da população mundial promovida pelo capitalismo, reduz o aumento da expectativa de vida a um... "fato biológico"! Insiste, o tempo todo, que a desigualdade é algo terrível por si mesma, ignorando, portanto, as diferenças entre os diversos países do mundo no que se refere a estas "desigualdades". Fica bem claro que sua preocupação não é com a pobreza, mas sim com a riqueza. Eis um socialista.

Em seu esforço para distorcer a realidade, Piketty chega a citar o caso chinês do que seria um exemplo de desenvolvimento social promovido pelo estado. Cita os investimentos em educação e em infraestrutura, mas se "esquece" de que nenhuma escola ou ponte é construída sem dinheiro, e que esse dinheiro vem da arrecadação de impostos, e que a quantidade de impostos arrecadada depende do poder e da liberdade econômica da sociedade como um todo.

Ou seja: ignora que centenas de milhões de chineses se livraram da extrema pobreza simplesmente porque o estado deu um passo para trás, lhes dando a liberdade para empreender negócios visando o lucro, com direito de propriedade e com a possibilidade de ficarem ricos.

Piketty se "esqueceu" de muitas coisas. Esqueceu-se de falar sobre o papel do estado nos problemas sociais e econômicos dos países atrasados. Esqueceu-se de falar sobre os desajustes fiscais, sobre a emissão irresponsável de moeda, sobre as arbitrariedades dos bancos centrais, sobre as concessões de créditos e de subsídios a determinados setores, empresas e até pessoas ligadas aos governos, o que sempre prejudica os mais pobres. Sua única referência pejorativa ao estado se dá ao afirmar que foi graças à corrupção do governo mexicano que Carlos Slim se tornou um dos homens mais ricos do mundo.

Sua facilidade em tecer julgamentos morais sobre a "riqueza excessiva" de empresários, executivos e herdeiros é proporcional à sua indiferença com o enriquecimento de políticos e ditadores mundo a fora.

Tentando desmoralizar a natureza do capitalismo, Piketty faz uma pergunta: "Podemos ter a certeza de que o 'livre' funcionamento de uma economia de mercado, fundamentado na propriedade privada, conduz sempre e por toda parte a esse nível ótimo, como que por magia?".

Pelo que sei, quem defende a "magia" nas soluções dos problemas do mundo são os socialistas, com seus planos sempre muito poéticos no púlpito e muito trágicos na realidade. Economistas liberais afirmam que todo e qualquer desenvolvimento depende de um longo período de liberdade econômica, o que possibilita o aperfeiçoamento espontâneo das interações entre mercado e sociedade, sem milagres.

A propósito, o mesmo Piketty que ignora os autores liberais mais importantes, tais como Milton Friedman, Ludwig von Mises, Friedrich Hayek e Carl Menger, faz questão de enaltecer Paul Krugman, o pai da bolha imobiliária norte-americana, defensor da inflação como ferramenta de crescimento, palestrante em evento da revista Carta Capital.

essa altura do livro, não me surpreendeu ler que, na prática, a "mão invisível" descrita por Adam Smith não existe porque "o mercado sempre é representado por instituições específicas, como as hierarquias corporativas e os comitês de remuneração". De onde ele tirou isso?

Como todo "bom socialista", Piketty não deixaria de mirar seu furor ideológico na cultura norte-americana, citando meia dúzia de séries de TV como exemplos do culto à "desigualdade justa". O francês se empolga:

"A sociedade meritocrática moderna, sobretudo nos Estados Unidos, é muito mais dura com os perdedores, pois baseia a dominação sobre eles na justiça, na virtude e no mérito, e, portanto, na insuficiência de sua propriedade".

Isso é o que chamo de cretinice e desonestidade intelectual, por ignorar os mais estridentes dados de melhoria de qualidade de vida e de inclusão social registrados ao longo dos últimos 150 anos. Não por acaso, Cuba não é citada uma única vez no livro.

Também me provocou espécie alguns termos utilizados pelo economista, tais como "extremismo meritocrático", "fortunas indevidas" e "arbitrariedade do enriquecimento patrimonial".

Sua motivação ideológica, sempre ancorada em sua própria interpretação moral do mundo, nos oferece frases dignas de líderes estudantis:

"O problema é que a desigualdade (...) conduz frequentemente a uma concentração excessiva e perene da riqueza (...) as fortunas se multiplicam e se perpetuam sem limites e além de qualquer justificação racional possível em termos de utilidade social".

No mundo de Piketty, a maioria das fortunas de hoje estão nas mesmas famílias há séculos e continuarão assim para sempre caso o estado não intervenha taxando-as progressivamente, para que assim, só assim, prevaleça o "interesse geral em detrimento do interesse privado" — Luciana Genro diria o mesmo.

Todavia, nada me provocou mais espasmos do que ele confessando que não gosta do termo "ciência econômica" por lhe parecer "terrivelmente arrogante". Ele prefere a expressão "economia política". Acredito!

"Impostos não são uma questão técnica", afirma Piketty; "Impostos são, isso sim, uma questão proeminentemente política e filosófica, talvez a mais importante de todas as questões políticas." Piketty ignora completamente o que diz a história política da galáxia: taxações e confiscos beneficiam principalmente os burocratas que vivem de arbitrar essas mesmas taxações e esses mesmos confiscos. Piketty ignora também o resultado de todas as experiências socialistas: quanto mais se arbitra sobre a riqueza privada, mais se intimida o indivíduo comum a tentar enriquecer, provocando, assim, uma desmotivação coletiva. A produtividade cai.

De fato, a desigualdade diminui, afinal, a sociedade deixa de ser dividida entre ricos e pobres e passa a ser formada apenas por pobres, vide Cuba e Coreia do Norte, sociedades tragicamente igualitárias.

Piketty não aprendeu que, em vez de rechaçarmos os ricos, deveríamos tentar mantê-los voluntariamente junto de nós, para que eles possam gastar sua fortuna consumindo nossos produtos e serviços, não dos outros. Piketty parece que não enxergou sequer o que aconteceu em seu próprio país quando o governo decidiu sobretaxar as maiores fortunas: seus donos simplesmente foram embora, foram gastar seus bilhões noutros países.

O The Guardian referiu-se a Thomas Piketty como o "rock star da economia". O The Economist o chamou de "ícone pop". Bem coerente. Mas eu prefiro minha descrição: Piketty é o economista que faz os ignorantes se sentirem cultos, os idiotas se sentirem inteligentes e os socialistas se sentirem honestos.

sábado, 7 de outubro de 2017

Macartismo no Itamaraty?; seria preciso dizer qual foi...

Como fui citado nesta matéria enviesada de #Carta, creio que tenho o dever de contextualizar o que disse, e esclarecer o meu caso. Eu já tinha sido citado em outra matéria -- "Diplomata pode criticar o governo?" -- e também respondi por meio de postagem no Facebook.
Eis o que disse a nova matéria:

Autor do blog Diplomatizzando, Paulo Roberto de Almeida bradou contra o “lulopetismo diplomático” por anos a fio. Recentemente, reafirmou o teor das críticas no Facebook, e emendou: “Se o governo do lulopetismo me tivesse punido ou censurado, eu teria achado absolutamente normal e legítimo, pois infringi a Lei do Serviço Exterior. Ou seja, não me “puniram”, mas poderiam tê-lo feito com toda razão”, afirmou, antes de acusar as gestões petistas de vetá-lo para o exercício de cargos na Secretaria de Estado de Relações Exteriores.

Esclareço: não "bradei" contra o "lulopetismo diplomático", apenas escrevi artigos razoavelmente críticos das excrescências praticadas, segundo minha opinião (que nunca me eximi de expressar) contra os interesses exteriores do Brasil pelos responsáveis políticos, e os publiquei em veículos disponíveis, divulgando-os em meu blog Diplomatizzando. Digo que infringi a Lei do Serviço Exterior pois não os submeti previamente ao conhecimento da hierarquia do Itamaraty, e poderia, portanto, ter sido punido segundo à Lei do Serviço Exterior. Não me cabe opinar sobre a "não punição", pois a decisão é soberana das autoridades.
Mas cabe esclarecer que, durante TODO o regime lulopetista no Brasil fui vetado (a palavra é essa) e obstado de exercer cargos na Secretaria de Estado, por motivos que desconheço, mas que imagino possam estar vinculados ao fato de que nunca escondi minha opinião sobre os governos lulopetistas.
Quem, na verdade, praticou Macartismo?
Paulo Roberto de Almeida

https://www.cartacapital.com.br/revista/973/no-itamaraty-o-macartismo-a-espreita





 No Itamaraty, o Macartismo à espreita

Política

Truculência

No Itamaraty, o Macartismo à espreita

por Rodrigo Martins publicado 07/10/2017 00h16
Aloysio Nunes Ferreira remove de Nova York o jovem diplomata que criticou o governo em CartaCapital
Geraldo Magela/Agência Senado
Aloysio Nunes
Desde o golpe de 2016, instalou-se uma política de "caça às bruxas" no Itamaraty



O chanceler do governo ilegítimo, Aloysio Nunes Ferreira, que um dia se disse de esquerda e até guerrilheiro, removeu o segundo-secretário Julio de Oliveira Silva, de 32 anos, do Consulado-Geral do Brasil em Nova York, em retaliação às críticas feitas pelo jovem diplomata à política externa de Michel Temer, em artigo publicado por CartaCapital. Medida “truculenta e desnecessária”, fulminou Celso Amorim, ex-ministro das Relações Exteriores de Lula.

A portaria de remoção foi assinada pelo tucano em 28 de setembro, dois dias após estreia de sua coluna no site da publicação. No texto, o diplomata afirma que “o compromisso das forças políticas atuais com o atraso, não apenas na economia, denota a intenção explícita em reverter o pacto social civilizatório duramente obtido em 1988”.

Ao analisar a recente visita de Temer à China, avaliou que o Brasil se apresentou como uma “colônia em potencial”, limitando-se a ofertar projetos de privatizações e concessões. O presidente, observou Oliveira Silva, levou consigo um séquito de parlamentares e assessores, mas nenhum empresário brasileiro com interesses no país asiático, à exceção de Blairo Maggi, ministro da Agricultura e “Rei da Soja”.

Sem aviso prévio nem explicação, o diplomata surpreendeu-se com a publicação da transferência no Diário Oficial da terça-feira 3. A CartaCapital, ele relata ter feito críticas semelhantes nas redes sociais anteriormente, mas nunca sofreu represálias.
De acordo com o regulamento interno do Itamaraty, o funcionário que deseje publicar artigos de opinião em livros, blogs ou veículos de comunicação pode fazê-lo livremente, não sendo necessário submeter o texto a autorização prévia.
Pede-se, no entanto, a inclusão no texto de um disclaimer, isto é, uma ressalva de que as opiniões são de inteira responsabilidade do autor, não coincidindo necessariamente com as posições do Ministério das Relações Exteriores. “Foi exatamente o que fiz. Cheguei a consultar a assessoria de imprensa do gabinete (do chanceler) para me certificar do procedimento correto.”
Julio de Oliveira Silva, a vítima mais recente (Foto: Reprodução Facebook)
Com oito anos dedicados ao Itamaraty, o diplomata não tem dúvidas de tratar-se de uma retaliação às críticas veiculadas na coluna em CartaCapital, em razão da proximidade de datas entre a publicação do primeiro artigo e o despacho de Nunes Ferreira. Além disso, seu nome não figurava no plano de remoções do Departamento do Serviço Exterior. “Foi uma medida totalmente atípica”, diz. “Por já ter cumprido três anos em Nova York, em breve eu seria incluído no plano de remoções. Imaginava que eles pudessem contrariar as minhas vontades ou oferecer postos ruins, mas jamais que seria chamado de volta a Brasília.”

De fato, a manobra parece contrariar a tradição do Itamaraty. “Há uma expectativa normal dos jovens diplomatas de ocuparem ao menos dois postos no exterior antes de regressar ao Brasil”, explica Amorim. “Um diplomata deve respeitar hierarquia, mas também exercer o espírito crítico, indispensável à execução da política externa”, emenda o ex-chanceler.

Após a destituição de Dilma Rousseff, instalou-se uma política de “caça às bruxas” no serviço diplomático, iniciada pelo então chanceler José Serra, antecessor e colega de partido de Nunes Ferreira. Uma das primeiras vítimas foi Milton Rondó Filho.
Em março de 2016, o diplomata enviou telegramas a embaixadas e representações brasileiras no exterior sobre a possibilidade de um golpe de Estado no Brasil. Recebeu uma advertência do Itamaraty, ainda sob a liderança de Mauro Vieira, chanceler de Dilma.
Em junho, um mês após Temer assumir interinamente a Presidência, Rondó Filho foi exonerado da chefia da área de combate à fome do Ministério de Relações Exteriores.

Em julho de 2016, uma semana antes do início das Olimpíadas, o governo decidiu destituir o chefe do cerimonial, o embaixador Fernando Igreja, responsável pela recepção dos chefes de Estado da Rio 2016. O motivo? Internamente, o diplomata era visto como “simpático” ao governo Dilma, no qual foi o chefe do cerimonial do Itamaraty por três anos e meio. Após a dispensa, o “dilmista” foi enviado para Cuba.

A mesquinharia não tem limites. Contrariado com uma entrevista concedida por Rubens Ricupero à Folha de S.Paulo, Temer ordenou ao Itamaraty o cancelamento da festa de lançamento do livro do embaixador, A Diplomacia na Construção do Brasil: 1750-2016 (Versal Editores), uma das mais completas e atualizadas obras sobre a história da política externa nativa.
Ex-ministro da Fazenda de Itamar Franco, integrante do corpo diplomático de 1961 a 2004, Ricupero afirmou ao jornal o óbvio: nenhum líder mundial desejava posar ao lado de Temer para uma foto.
“Hoje a imagem do Brasil não é nem pessimista nem otimista, corresponde à realidade: trata-se de um país com uma corrupção terrível, um presidente com uma segunda denúncia, ministros sendo investigados, uma crise que é a mais grave da história”, disse à jornalista Patrícia Campos Mello.

Se a crítica está interditada, o puxa-saquismo está liberado. Primeiro-secretário lotado no departamento de Europa Central e Oriental, Igor Abdalla publicou o artigo “Temos de volta o Itamaraty!”, logo após a consumação do impeachment, no site do Instituto Teotônio Vilela, ligado ao PSDB.
Filiado ao partido, ele celebrava o fim do ciclo “lulopetista” na diplomacia. Não consta que tenha sido alvo de qualquer advertência ou pedido de moderação sobre as manifestações de cunho político.
Celso Amorim: Nunes Ferreira adotou uma medida 'truculenta e desnecessária' (Foto: Antonio Araujo/Câmara dos Deputados)
Nas gestões anteriores, diversos diplomatas desfiaram críticas aos governos petistas, sem remoções ou exonerações. Atual diretor do Departamento de Serviço Exterior, Alexandre Porto foi colunista da Folha entre 2013 e 2016. Jamais poupou críticas a Dilma. Em março de 2016, escreveu a coluna “Caloteiro Ostentação”, na qual criticava os atrasos do Brasil em repasses para organismos multilaterais, enquanto o governo esbanjava dinheiro nas viagens ao exterior. De acordo com ele, não pegava bem a presidenta se hospedar em Nova York no Hotel Saint Regis, “onde uma suíte média, não a presidencial, onde ela fica, sai pela bagatela de 17 mil reais a noite”, um indício de que o diplomata pode ter obtido informação privilegiada dentro do Itamaraty para atacar Dilma.

Em 2013, Eduardo Saboia criou um incidente diplomático entre Brasil e Bolívia. Deu um jeito de trazer para o Brasil, de forma clandestina, um senador da oposição do governo de Evo Morales que estava asilado na embaixada do Brasil em La Paz. Sofreu um processo administrativo disciplinar e tomou uma breve suspensão. Hoje, é o chefe de gabinete de Nunes Ferreira.

Autor do blog Diplomatizzando, Paulo Roberto de Almeida bradou contra o “lulopetismo diplomático” por anos a fio. Recentemente, reafirmou o teor das críticas no Facebook, e emendou: “Se o governo do lulopetismo me tivesse punido ou censurado, eu teria achado absolutamente normal e legítimo, pois infringi a Lei do Serviço Exterior.
Ou seja, não me “puniram”, mas poderiam tê-lo feito com toda razão”, afirmou, antes de acusar as gestões petistas de vetá-lo para o exercício de cargos na Secretaria de Estado de Relações Exteriores.

Em nota, o Sindicato dos Servidores do Ministério das Relações Exteriores disse acompanhar o processo de remoção de Oliveira Silva do Consulado-Geral do Brasil em Nova York, além de prestar assistência jurídica ao diplomata.
“Aproveitamos o episódio para, mais uma vez, reforçar o posicionamento do Sinditamaraty em relação à falta de clareza nos processos de remoção. Critérios parciais e intempestividade expõem os servidores e seus familiares a situação vulnerável, particularmente quando lotados no exterior”, diz o texto.

Procurado pela reportagem, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que não vai se posicionar sobre o caso. Diante da falta de transparência, o deputado federal Nelson Pellegrino, do PT da Bahia, protocolou um requerimento de pedido de informações a Nunes Ferreira sobre a atípica transferência.

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Comentei o que segue no Facebook: 
"Esse pessoal da Carta (sem) Capital me ignorou durante os treze anos durante os quais eu critiquei o “lulopetismo diplomático”, com muito orgulho, aliás, pois logo detectei o seu caráter nefasto para as relações exteriores do Brasil. Agora que um de seus simpatizantes perpetrou um ataque infantil contra a política externa do atual governo, eles se lembram que eu “bradei” (sic) contra a tal “altiva e ativa”, sem nunca ter sido punido. Engano deles, e posso retificar: fui duramente punido, da forma mais vergonhosa que possa existir, mas se o tivesse sido ao abrigo da lei, não teria nada a argumentar contra. Não o fizeram porque não quiseram, mas praticaram Macartismo de esquerda."

No que se refere à primeira matéria -- "Diplomata pode criticar o governo?" -- , eu respondi da seguinte forma:
Matéria cita o meu caso, por ter, no passado, em pleno governo Lula, criticado a política externa dessa coisa que eu sempre chamei de "lulopetismo diplomático". Não apenas confirmo o que escrevi como reafirmo: se o governo do lulopetismo me tivesse punido ou censurado, eu teria achado absolutamente normal e legítimo, pois infringi a Lei do Serviço Exterior. Ou seja, não me "puniram", mas poderiam tê-lo feito com toda razão. Se não o fizeram, foi talvez por vergonha, pelo fato de eu ter sido "vetado", a palavra é essa mesma, para o exercício de cargos na SERE, o que configura aliás uma infração administrativa.
E ainda isto: 
 O autor da matéria parece lamentar que eu não tenha sido punido pelo fato de ter criticado o governo Lula, esquecendo de mencionar que eu fui punido desde o primeiro dia desse governo, ao me terem sido recusados, vetados, proibidos, quaisquer cargos na Secretaria de Estado, tendo aliás permanecido nessa situação durante os treze anos e meio dos governos lulopetistas. O autor acha que não é punição bastante?