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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

"É preciso leiturizar"!!! - Seria verdade??? -- destruindo a educacao no Brasil

Que tal se as pedagogas brasileiras simplesmente recomendassem o aprendizado da leitura, ao velho estilo, tradicional?
Acho que a educação brasileira está nesse estado lastimável em que ela se encontra -- e tenham certeza de que a qualidade do ensino, no Brasil, é muito, mas muuuuito pior do que vocês possam sequer imaginar -- em grande medida devido a essas pedagogas de araque, que vivem teorizando sobre o nada, em lugar de se concentrar naquilo que é realmente essencial: ensinar Português básico, matemáticas elementares e ciências nos seus aspectos essenciais, apenas isso.
As pedagogas freireanas que "leiturizam" muito estão destruindo a educação brasileira.
Graças a elas, o ensino é essa porcaria que é.
Chego a ter dó de nossas crianças.
Cada vez que encontro um artigo desses que vai, lamentavelmente, transcrito abaixo, tenho absoluta certeza de que vamos passar por todas as (piores) fases da Lei de Murphy: o que já é ruim continuará piorando, da pior forma possível, pelo tempo mais longo imaginável.
Aguardem: teremos pela frente mais 20 anos de decadência educacional, pelo menos, com gente como essa nossa "leiturizadora".
Lamentem, chorem, resignem-se...
Paulo Roberto de Almeida

É preciso leiturizar
Araci Asinelli-Luz *
Gazeta do Povo (PR), 21/02/2011

É preciso buscar interpretar e descobrir o que está além do que aparece, o que está além do que está dito e feito.

O termo leiturização foi apresentado por Jean Foucambert, do Instituto de Pesquisas Pedagógicas da França, em entrevista à Revista Nova Escola (1993). Suas preocupações estavam centradas em como se dá o processo de alfabetização que, frequentemente, coloca a criança diante da transcrição oral da escrita e, quase nunca, ante o funcionamento real da escrita, reduzindo em muito as possibilidades de se formarem leitores, ou seja, pessoas capazes de aprender que a linguagem escrita não é a representação da realidade e sim um ponto de vista sobre essa realidade.

Seus escritos permitem identificar três comportamentos diante do texto ou realidade a ser lida: o ledor/a ledora, aquele e aquela que decifra linearmente os códigos e signos apresentados da linguagem escrita, sem qualquer sinal de proatividade e interação com a mensagem ali expressa. Um bom exemplo de ledor é o sujeito que faz a "leitura" da água em minha casa. Observa o relógio da água, digita alguma coisa em uma maquininha que traz consigo e em seguida me entrega um protocolo onde está impresso o quanto foi consumido de água no período e o quanto devo pagar na data que ali se encontra. Sua função não lhe permite ler, além disso. É incapaz de perceber que na casa de uma professora não pode ter um consumo de água nesse valor, alguma coisa deve estar errada. É também o personagem da televisão, o Zeca Diabo, que sabia ler de "carreirinha".

Há também o leitor/a leitora, a maioria das pessoas que teve acesso a um bom processo de alfabetização e letramento e, na escola formal, teve oportunidade de ler textos diferenciados e literatura interessante. A leitora e o leitor entendem perfeitamente a mensagem expressa no texto e são capazes de interpretar e resumir o que o autor quis expressar. Quando muito hábeis vão um pouco além e costumam posicionar-se sobre o texto, expressando sua crítica. Um bom exemplo são os universitários, os pós-graduandos e suas produções acadêmicas a partir das "revisões de literatura".

Foucambert, no entanto, propõe que sejamos leiturizadores. A leiturização exige uma leitura crítica de intenções, dos entremeios, das entrelinhas, sob suspeição. "Olhar um texto é forçosamente se perguntar o que pretende a pessoa que o escreveu". Exige mais do que interpretar, exige se perguntar o porquê daquela palavra, daquela forma de expressar a mensagem, o que pode advir dos significados ali expressos. "Não significa que todos os textos tenham más intenções", mas é preciso ir além da linearidade do que está dito ou escrito.

Paulo Freire falava em "leitura de mundo", para exercer a cidadania plena e postulava a educação como ato político. Em se tratando de política, com a interdependência entre os políticos que temos, o que dizem e fazem, as políticas públicas e a rede de múltiplos fatores que aí se encontram, é necessário leiturizar. Um bom exemplo é buscar interpretar e descobrir o que está além do que aparece, o que está além do que está dito e feito. Assim, compartilho um exercício para aprendizagem: o que pretende um político vaidoso autodenominar-se benemérito ao tentar transformar um fato imoral em ato formal de caridade? Que intenções estão por trás da anunciada "moralização da Assembleia" se quem a escreve até pouco tempo era contrário a ela?

Como gerar motivação para o trabalho nomeando líderes com histórias em que falta a ética no trabalho? Como acreditar em valorização da educação se a acolhida dos estudantes no seu primeiro dia de escola é cheia de vazios? Como entender a não criação da Defensoria Pública no Estado, em nome da contenção de gastos, e aprovar aumentos questionáveis em causa própria? Como interpretar a gratificação aos policiais que protegem deputados em detrimento aqueles que protegem toda uma população?

Se "ler o mundo", com seus desastres bioecológicos, seus sistemas de governo, suas alianças políticas e de poder, a generosidade dos povos frente às catástrofes, a beleza da natureza como dádiva de Seu Criador, a inteligência humana na ciência, nas tecnologias e nas inovações, ainda é muito complexo para grande parte da população, leiturizar o mundo vai exigir muito esforço, reflexões e intencionalidade. O resultado? Quem sabe um Brasil mais ético, mais criterioso e menos desigual.

*Araci Asinelli-Luz, professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), é doutora em Educação.

6 comentários:

Mário Machado disse...

Vem cá é preciso esse neologismo? Isso que chamam de leiturizar já não é o que se faz numa revisão bibliográfica. Por sinal qualquer pessoa, creio eu, que saiba ler. Avalia os motivos de cada palavra em um texto e para que ele se pretende.

No final ficou claro que é a intenção é mesmo ensinar ideologia...

Cassiana disse...

Não conseguem ensinar as crianças a ser "ledores" ou "leitores", por que diabos almejar a formação de "leiturizadores"? A falta de foco e prioridades é assustadora.

Formei-me na modalidade Licenciatura numa universidade federal brasileira, e por isso tive de cursar algumas disciplinas de Pedagogia. Esse texto resume tudo o que li e ouvi -com horror- nas aulas dessas matérias.

Mais vinte anos de derrocada é um cenário desanimador, mas me parece realista. As coisas vão piorar antes de melhorar. Será que elas vão melhorar?

Paulo Roberto de Almeida disse...

Cassiana,
Você foi mais pessimista que eu. Eu previ 20 anos porque parto do princípio de que se necessita de pelos menos 15 anos para corrigir nossas mazelas educacionais.
Mas isso, apenas se começarmos a corrigir agora.
Como isso não vai ocorrer, porque os mesmos energúnemos e energúmenas freireanos continuam no MEC, estou jogando a coisa para cinco anos mais à frente, mas não tenho certeza de que em 2014 tenhamos gente sensata à frente do MEC.
Assim que você pode ter razão: a mediocrização e a decadência da educação no Brasil podem continuar pelo futuro indefinico e imprevisível.
Triste não?
Paulo Roberto de Almeida

blackroses disse...

Estou estupefato.

Apenas senti vontade de compartilhar aqui alguns de meus pensamentos momentâneos. Senhor Paulo Roberto com todo o respeito, doutor em Ciências Sociais e bastante radical(rs). Eu rio internamente porque mesmo sendo estudante do curso de PEDAGOGIA, pretendendo seguir vida acadêmica(mestrado/doutorado) na área de educação, compartilho de algumas de suas opniões. Até o momento não vetaram minhas resenhas críticas falando que Akiko Santos ou Edgar Morin são apenas teóricos do "bla bla bla", honestamente eu me canso de ler as técnicas para a qualidade do ensino sendo que desde o topo da pirâmida até os educadores em sala, que formam a base, todos se recusam a aplicar a teoria. Definitivamente o Brasil necessita desses vinte anos ou mais, enquanto os doutores letrados escrevem livros cheios de possibilidades e novos horizentes, os alunos continuam recebendo o mesmo B+A=BA!

A propósito "leiturizar" é de Foucambert e não de Paulo Freire, mas quem se importa! Pedagogas Freireanas...

Saulo Bergamo
(saulobergamo@hotmail.com)

Anônimo disse...

Estou estupefato.

Apenas senti vontade de compartilhar aqui alguns de meus pensamentos momentâneos. Senhor Paulo Roberto com todo o respeito, doutor em Ciências Sociais e bastante radical(rs). Eu rio internamente porque mesmo sendo estudante do curso de PEDAGOGIA, pretendendo seguir vida acadêmica(mestrado/doutorado) na área de educação, compartilho de algumas de suas opniões. Até o momento não vetaram minhas resenhas críticas falando que Akiko Santos ou Edgar Morin são apenas teóricos do "bla bla bla", honestamente eu me canso de ler as técnicas para a qualidade do ensino sendo que desde o topo da pirâmida até os educadores em sala, que formam a base, todos se recusam a aplicar a teoria. Definitivamente o Brasil necessita desses vinte anos ou mais, enquanto os doutores letrados escrevem livros cheios de possibilidades e novos horizentes, os alunos continuam recebendo o mesmo B+A=BA!

A propósito "leiturizar" é de Foucambert e não de Paulo Freire, mas quem se importa! Pedagogas Freireanas...

Saulo Bergamo
(saulobergamo@hotmail.com)

Paulo Roberto de Almeida disse...

Saulo,
Grato pelo comentário. Eu apenas fiz uma introdução rápida, sem muita elaboração teórica ou outras considerações de ordem prática, a um artigo propriamente debiloide, que reproduz, imagino, o universo mental dos milhares de trabalhadores em pedagogia pelo Brasil afora.
Minha opinião verdadeira, mesmo sem ser um especialista no assunto, é a pior possível, pois acredito que a educação no Brasil é bem mais mediocre do que eu e você possamos imaginar, um caso extremo de deterioração dos padrões nos últimos 40 anos.
O conceito pode até ser de Foucambert, como está dito aliás no artigo, mas eu me refiro mesmo às novas saúvas do Brasil, as pedagogas freireanos, todas elas produto desse idiota fundamental que foi Paulo Freire.
Não tenho nenhuma hesitaçao em dizer que vamos continuar indo para o brejo pelos proximos 20 anos, talvez mais...
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Paulo R. de Almeida