Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
A frase do ano (a pior, quero dizer...)
O gênio que bolou esta frase merece ser lembrado, a cada dia do ano, como o maior idiota que já tivemos no marketing governamental.
A tristeza, para nós, é que somos nós mesmos que pagamos toda a reprodução visual, impressa, sonora, sobre os mares e as terras descobertas desse nosso Brasil imenso a divulgação constante, regular, incessante, irritante dessa frase que concorre ao troféu "Imbecilidade do ano", categoria governamental (e tem muita concorrência, podem acreditar).
Paulo Roberto de Almeida
6 comentários:
Professor Paulo, com todo o respeito que lhe devo - e até mesmo por ele - preciso dizer que discordo da sua opinião sobre a frase. Suponho que, se o senhor tornou essa opinião pública, é porque admite discordâncias, correto?
No meu entendimento, a frase "País rico é país sem pobreza" chama atenção para a distribuição da riqueza no país, não apenas para o seu crescimento (da riqueza). Acho que inclusive, mais uma vez sutilmente, critica a euforia irresponsável que nomeia o Brasil de "país rico" e esquece que ainda temos muito o que avançar, em todos os sentidos.
Fiz-me clara?
É só isso.
Att., Clara
Clara,
Você foi claríssima. Mas permito-me discordar de sua discordância.
A frase é de tautologia bovina, o óbvio ululante, como diria o Nelson Rodrigues.
Nenhum dos dois conceitos refere-se à distribuição de riqueza, apenas ao fato de que um país não tem pobreza. Supostamente, como diriam os jornalistas, pois um país rico, como os EUA, por exemplo, podem ter, sim, muita pobreza. Assim como um país sem pobreza pode não ser um país rico.
Mas isso é uma tergiversação, pois eu continuo achando a frase de uma rara infelicidade tanto para o marketólogo que a concebeu, quanto para o governo que a adotou.
Governos decentes, aliás, não ficam enganando o povo com propaganda e sim se empenham em eliminar a pobreza, cujo combate poderia ter mais recursos, justamente, se o governo não gastasse tanta em propagando inútil de si mesmo.
Pesquise sobre quanto o governo gaste em publicidade todo ano e veja quanto ele gasta com programas sociais. Faça a comparação e depois me diga o que encontrou.
Paulo Roberto de Almeida
Professor, entendo as críticas. Mas, ao final, elas estão voltadas à publicidade governamental e não à frase em si. Aliás, fiquei curiosa: como se dá a propaganda de governo em outros países?
Entendo que conceitualmente a frase não diga muito, mas causa uma impressão em quem a lê (ou ouve) que na minha opinião dialoga de maneira interessante com o que tanto se diz por aí sobre o Brasil ser "a bola da vez". Não acho que a frase seja um exemplar do óbvio ululante quando colocada em contexto.
Enfim, pensamentos... em suma, temos muitíssimos problemas, mas não acho que o slogan seja um dos mais graves...
Clara,
Eu já morei em muitos países, e visitei dezenas de outros. Posso lhe assegurar: só ditaduras e autocracias fazem tanta propaganda de si mesmas, e gastam tanto dinheiro em publicidade enganosa como o faz o governo brasileiro. Um horror: rios de dinheiro se gasta por aqui, com muita corrupção misturada.
Por isso minha primeira recomendação seria simplesmente fechar o Ministério da Propaganda (a tal de Secom) e empregar o dinheiro em coisas mais uteis.
Independentemente dos gastos, porém, a frase, em si, é de uma pobreza mental, de uma indigência substantiva que eu fico pensando, realmente, quem foi o gênio de publicidade que bolou tamanho absurdo.
O mínimo que eu peço desse governo gastador é um pouco de respeito pela inteligência alheia...
Paulo Roberto de Almeida
País rico é um País: com educação e cultura, saúde dignas para o cidadão; e segurança que dê o mínimo de tranquilidade aos que são honestos. Essas necessidades básicas aqui no Brasil ficaram a mercê da sorte do brasileiro. O Governo populista perdeu a oportunidade de ser maior revolucionário nessas áreas, preferiu a propaganda onerosa que a honrades de atitudes coerentes.
Prezado Paulo.
aposto que esse marqueteiro ganhou muito mais do que merecia. Duro vai ser aguentar isso por 4 ou 8 anos.
abraços,
ALlan
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