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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Prata da Casa: meu bestseller editorial, continua "vendendo"...

 Não é para me vangloriar, mas parece que caiu no gosto do público.
Pelo menos aquela obrigado a enfrentar as questões do CESPE ( um bando de...) para ingressar na carreira...
Vou fazer uma edição 2015, revista, atualizada, aumentada...
Paulo Roberto de Almeida

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quarta-feira, 29 de abril de 2015

Boletim ADB: miniresenhas de livros de diplomatas - Paulo Roberto de Almeida

Acabo de receber este boletim da Associação dos Diplomatas Brasileiros, com capa e matéria principal dedicadas aos 450 anos do Rio de Janeiro (com algumas rugas aqui e ali, ao que parece):

Como também sempre acontece, traz as minhas seis mini-resenhas habituais de livros de diplomatas, até aqui publicadas clandestinamente, e que agora passam a ter autoria identificada (agora os autores poderão envenar o resenhista, se não gostarem do que eu falei sobre os seus respectivos livros...).
Estes são os livros resenhados, já postados aqui, mas agora na ordem correta em que foram publicados.

2773. “Prata da Casa, Boletim ADB – 1ro. trimestre 2015”, Hartford, 15 fevereiro 2015, 3 p.;. Notas sobre os seguintes livros: 1) Diogo Ramos Coelho: Mundo em crise: a história da crise financeira, seus impactos nas relações internacionais e os atuais desafios (Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2014, 324 p.; ISBN 978-85-230-1137-6); 2) Elias Luna Almeida Santos: Investidores soberanos, política internacional e interesses brasileiros (Brasília: Funag, 2013, 345 p.; ISBN: 978-85-7631-426-4); 3) Celso Amorim: Breves Narrativas Diplomáticas (São Paulo: Benvirá, 2013, 168 p.; ISBN: 978-85-8240-025-8); (4) Watanabe Patriota, Erika Almeida: Bens Ambientais, OMC e o Brasil (Brasília: Funag, 2013, 452 p.; ISBN 978-85-7631-476-9; Coleção CAE); 5) Santos, Luís Cláudio Villafañe G.: A América do Sul no discurso diplomático brasileiro  (Brasília : FUNAG, 2014, 248 p.; ISBN 978-85-7631-525-4; Coleção CAE); 6) Centro de História e Documentação Diplomática: II Conferência da Paz, Haia, 1907: a correspondência telegráfica entre o Barão do Rio Branco e Rui Barbosa (Brasília : FUNAG, 2014, 272 p.; ISBN 978-85-7631-508-7). Mini-resenhas 2 e 3, elaboradas originalmente sob n. 2498, colocadas novamente por terem sido censuradas pelo Diretor da ADB à época. Boletim da Associação dos Diplomatas Brasileiros – ADB (ano 22, n. 88, janeiro-fevereiro-março 2015, p. 31-32; ISSN: 0104-8503). Postado no Blog Diplomatizzando (4/04/2015; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2015/04/prata-da-casa-mini-resenhas-de-livros.html). Relação de Publicados n. 1170.

 Agora as resenhas, para quem ainda não tinha lido:


Watanabe Patriota, Erika Almeida:
Bens Ambientais, OMC e o Brasil
(Brasília: Funag, 2013, 452 p.; ISBN 978-85-7631-476-9; Coleção CAE)


            Bens ambientais parecem estar no centro das angústias comerciais das próximas décadas, já que o planeta agora, para estar politicamente correto, precisa se guiar pelas regras do desenvolvimento sustentável. O Brasil tem, justamente, uma grande interface com o assunto, pelo seu potencial produtor e exportador desses bens (ainda que existam dúvidas sobre sua competitividade e avanços tecnológicos em energia solar e eólica). A tese mapeia as discussões multilaterais a respeito, a atuação da China e da Índia, as posições assumidas pelo Brasil e as implicações da regulação no lado doméstico da equação. A autora acha que as premissas da OCDE, entre elas a liberalização comercial, tendem a prejudicar os países em desenvolvimento: seria mais uma manifestação da velha teoria conspiratória que sempre coloca os ricos contra os interesses dos pobres?



Santos, Luís Cláudio Villafañe G.:
A América do Sul no discurso diplomático brasileiro
 (Brasília : FUNAG, 2014, 248 p.; ISBN 978-85-7631-525-4; Coleção CAE)


            A América do Sul é a nossa circunstância regional, imposta pela geografia; nem sempre essa evidência foi traduzida na agenda diplomática, mas desde a criação do Mercosul a região foi sendo incorporada ao discurso e nas prioridades nacionais, com altos e baixos no processo de integração regional, que assume, aliás, variadas formas. Esta tese de CAE, defendida em 2005, e agora publicada com nova introdução, percorre a evolução do conceito e seus aspectos práticos no relacionamento externo do Brasil. A região, como projeto político, também sofre o efeito das mudanças de orientação política no contexto interno, o que ficou amplamente evidenciado a partir de 2003, quando se fez tudo para afastar a região do Big Brother ao norte e deixá-la circunscrita aos próprios vizinhos do Sul: foi uma boa escolha? O livro deixa a questão em aberto.
 
Centro de História e Documentação Diplomática:
II Conferência da Paz, Haia, 1907: a correspondência telegráfica entre o Barão do Rio Branco e Rui Barbosa
(Brasília : FUNAG, 2014, 272 p.; ISBN 978-85-7631-508-7)


            Carlos Henrique Cardim, que apresentou tese e tem livro publicado sobre Rui diplomata, assina um prefácio de 18 páginas para introduzir o intercâmbio mantido a propósito do que ele chama de “estreia do Brasil no mundo”, consubstanciada na defesa da “dignidade da nação”, nas palavras de Rio Branco, que Rui interpretou como defesa intransigente da igualdade soberana das nações, entrando por isso em choque com as posições das nações mais poderosas. Seguem 240 páginas de telegramas entre os dois homens, desde 13 de março, ainda no Brasil, até 26 de dezembro, no Recife, a caminho do Rio, depois dos meses passados em Scheveningen, com trocas diárias de mensagens, informações e impressões de ambos sobre as posições dos demais participantes e sobre a que convinha ao país adotar. Matéria prima indispensável para os estudiosos.



Diogo Ramos Coelho:
Mundo em crise: a história da crise financeira, seus impactos nas relações internacionais e os atuais desafios
(Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2014, 324 p.; ISBN 978-85-230-1137-6)


O capitalismo está em crise, à beira da morte? Muitos pensam assim. O livro trata da crise financeira e das reações dos governos; o autor acha que as democracias não têm sabido realizar as reformas necessárias, pois existem custos políticos e sociais, que também atingem países em desenvolvimento. A diversidade de interesses dificulta uma globalização plena e a coordenação de respostas. Quais são os desafios? Conciliar democracia e mercados, o que não é fácil, como demonstra cada nova crise. E o Brasil? Se ele não sofreu tanto com a crise de 2008 (a despeito da queda em 2010), sofre agora com erros de política econômica doméstica. Mas o Brasil aparece mais no prefácio de Matias Spektor, e brevemente na introdução do autor, do que no resto do texto. Trata-se, em todo caso, de excelente introdução ao estudo da grande depressão que anda por aí.



Elias Luna Almeida Santos: Investidores soberanos, política internacional e interesses brasileiros (Brasília: Funag, 2013, 345 p.; ISBN: 978-85-7631-426-4)


O trabalho tem qualidades inegáveis, ao apontar as inúmeras dificuldades no tratamento dos fundos soberanos. Mas, à diferença do que diz o prefaciador, o FSB não está voltado para o gerenciamento das reservas brasileiras (tarefa a cargo do Banco Central), e sim tem sido usado mais para fins de economia doméstica (como a sustentação da Petrobras). O Brasil, aliás, tem todas as condições para NÃO ter um fundo desse tipo, já que não tem excedentes fiscais ou de transações correntes. Seja como for, esta tese de CAE ilumina o funcionamento desses fundos e os problemas a eles associados. Se e quando o Brasil dispuser de um fundo verdadeiro, a obra oferece desde já um panorama muito claro de como se movimentar no intrincado cenário de ganhos econômicos e ambições políticas que caracteriza sua existência corrente.


Celso Amorim: Breves Narrativas Diplomáticas (São Paulo: Benvirá, 2013, 168 p.; ISBN: 978-85-8240-025-8)


Dos cadernos do ex-ministro, notas sobre momentos cruciais, de 2002 a 2004 (e alguns desdobramentos ulteriores), da diplomacia “ativa e altiva”, como ele designa a sua gestão; mais adiante se acrescentou “soberana” à dita política externa. Trata-se de uma explicação e uma justificativa, pro domo sua, de alguns episódios desses anos: a invasão do Iraque pelos EUA, as tribulações do coronel Chávez, a implosão da Alca, o golpe de truco em Cancun, a aliança com a Índia e a África do Sul, as origens da Unasul e as andanças pela África. A história completa ainda vai ser contada, mas os escritos do ministro, entre eles Conversas com Jovens Diplomatas (2011), podem ser fontes primárias, desde que se confronte interpretações pessoais com análises independentes: a historiografia serve, justamente, para filtrar tais tipos de relatos.


 Durmam tranquilos, até o segundo trimestre. Ops, já estamos nele, preciso terminar a minha segunda Prata da Casa do ano...
Paulo Roberto de Almeida

sábado, 4 de abril de 2015

Prata da Casa: mini-resenhas de livros de diplomatas: Boletim ADB 1/2015 - Paulo Roberto de Almeida

Saindo do Forno agora...
Paulo Roberto de Almeida


1170. “Prata da Casa, Boletim ADB – 1ro. trimestre 2015”
Notas sobre os seguintes livros: 
1) Diogo Ramos Coelho: Mundo em crise: a história da crise financeira, seus impactos nas relações internacionais e os atuais desafios (Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2014, 324 p.; ISBN 978-85-230-1137-6); 
2) Elias Luna Almeida Santos: Investidores soberanos, política internacional e interesses brasileiros (Brasília: Funag, 2013, 345 p.; ISBN: 978-85-7631-426-4); 
3) Celso Amorim: Breves Narrativas Diplomáticas (São Paulo: Benvirá, 2013, 168 p.; ISBN: 978-85-8240-025-8); 
(4) Watanabe Patriota, Erika Almeida: Bens Ambientais, OMC e o Brasil (Brasília: Funag, 2013, 452 p.; ISBN 978-85-7631-476-9; Coleção CAE);  
5) Santos, Luís Cláudio Villafañe G.: A América do Sul no discurso diplomático brasileiro (Brasília : FUNAG, 2014, 248 p.; ISBN 978-85-7631-525-4; Coleção CAE);  
6) Centro de História e Documentação Diplomática: II Conferência da Paz, Haia, 1907: a correspondência telegráfica entre o Barão do Rio Branco e Rui Barbosa (Brasília : FUNAG, 2014, 272 p.; ISBN 978-85-7631-508-7). 
Boletim da Associação dos Diplomatas Brasileiros – ADB 
(ano 22, n. 88, janeiro-fevereiro-março 2015, p. 30-32; ISSN: 0104-8503). 
Relação de Originais n. 2773.

Prata da Casa - Boletim ADB: 1ro. trimestre 2015

Paulo Roberto de Almeida
Boletim da Associação dos Diplomatas Brasileiros - ADB
(ano 22, n. 88, janeiro-fevereiro-março 2015, p. 30-32; ISSN: 0104-8503)

(1) Diogo Ramos Coelho:
Mundo em crise: a história da crise financeira, seus impactos nas relações internacionais e os atuais desafios
(Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2014, 324 p.; ISBN 978-85-230-1137-6)


O capitalismo está em crise, à beira da morte? Muitos pensam assim. O livro trata da crise financeira e das reações dos governos; o autor acha que as democracias não têm sabido realizar as reformas necessárias, pois existem custos políticos e sociais, que também atingem países em desenvolvimento. A diversidade de interesses dificulta uma globalização plena e a coordenação de respostas. Quais são os desafios? Conciliar democracia e mercados, o que não é fácil, como demonstra cada nova crise. E o Brasil? Se ele não sofreu tanto com a crise de 2008 (a despeito da queda em 2010), sofre agora com erros de política econômica doméstica. Mas o Brasil aparece mais no prefácio de Matias Spektor, e brevemente na introdução do autor, do que no resto do texto. Trata-se, em todo caso, de excelente introdução ao estudo da grande depressão que anda por aí.

(2) Elias Luna Almeida Santos: Investidores soberanos, política internacional e interesses brasileiros (Brasília: Funag, 2013, 345 p.; ISBN: 978-85-7631-426-4)


O trabalho tem qualidades inegáveis, ao apontar as inúmeras dificuldades no tratamento dos fundos soberanos. Mas, à diferença do que diz o prefaciador, o FSB não está voltado para o gerenciamento das reservas brasileiras (tarefa a cargo do Banco Central), e sim tem sido usado mais para fins de economia doméstica (como a sustentação da Petrobras). O Brasil, aliás, tem todas as condições para NÃO ter um fundo desse tipo, já que não tem excedentes fiscais ou de transações correntes. Seja como for, esta tese de CAE ilumina o funcionamento desses fundos e os problemas a eles associados. Se e quando o Brasil dispuser de um fundo verdadeiro, a obra oferece desde já um panorama muito claro de como se movimentar no intrincado cenário de ganhos econômicos e ambições políticas que caracteriza sua existência corrente. 

(3) Celso Amorim: Breves Narrativas Diplomáticas (São Paulo: Benvirá, 2013, 168 p.; ISBN: 978-85-8240-025-8)


Dos cadernos do ex-ministro, notas sobre momentos cruciais, de 2002 a 2004 (e alguns desdobramentos ulteriores), da diplomacia “ativa e altiva”, como ele designa a sua gestão; mais adiante se acrescentou “soberana” à dita política externa. Trata-se de uma explicação e uma justificativa, pro domo sua, de alguns episódios desses anos: a invasão do Iraque pelos EUA, as tribulações do coronel Chávez, a implosão da Alca, o golpe de truco em Cancun, a aliança com a Índia e a África do Sul, as origens da Unasul e as andanças pela África. A história completa ainda vai ser contada, mas os escritos do ministro, entre eles Conversas com Jovens Diplomatas (2011), podem ser fontes primárias, desde que se confronte interpretações pessoais com análises independentes: a historiografia serve, justamente, para filtrar tais tipos de relatos.

(4) Watanabe Patriota, Erika Almeida:
Bens Ambientais, OMC e o Brasil
(Brasília: Funag, 2013, 452 p.; ISBN 978-85-7631-476-9; Coleção CAE)


            Bens ambientais parecem estar no centro das angústias comerciais das próximas décadas, já que o planeta agora, para estar politicamente correto, precisa se guiar pelas regras do desenvolvimento sustentável. O Brasil tem, justamente, uma grande interface com o assunto, pelo seu potencial produtor e exportador desses bens (ainda que existam dúvidas sobre sua competitividade e avanços tecnológicos em energia solar e eólica). A tese mapeia as discussões multilaterais a respeito, a atuação da China e da Índia, as posições assumidas pelo Brasil e as implicações da regulação no lado doméstico da equação. A autora acha que as premissas da OCDE, entre elas a liberalização comercial, tendem a prejudicar os países em desenvolvimento: seria mais uma manifestação da velha teoria conspiratória que sempre coloca os ricos contra os interesses dos pobres?

(5) Santos, Luís Cláudio Villafañe G.:
A América do Sul no discurso diplomático brasileiro
 (Brasília : FUNAG, 2014, 248 p.; ISBN 978-85-7631-525-4; Coleção CAE)


            A América do Sul é a nossa circunstância regional, imposta pela geografia; nem sempre essa evidência foi traduzida na agenda diplomática, mas desde a criação do Mercosul a região foi sendo incorporada ao discurso e nas prioridades nacionais, com altos e baixos no processo de integração regional, que assume, aliás, variadas formas. Esta tese de CAE, defendida em 2005, e agora publicada com nova introdução, percorre a evolução do conceito e seus aspectos práticos no relacionamento externo do Brasil. A região, como projeto político, também sofre o efeito das mudanças de orientação política no contexto interno, o que ficou amplamente evidenciado a partir de 2003, quando se fez tudo para afastar a região do Big Brother ao norte e deixá-la circunscrita aos próprios vizinhos do Sul: foi uma boa escolha? O livro deixa a questão em aberto.



(6) Centro de História e Documentação Diplomática:
II Conferência da Paz, Haia, 1907: a correspondência telegráfica entre o Barão do Rio Branco e Rui Barbosa
(Brasília : FUNAG, 2014, 272 p.; ISBN 978-85-7631-508-7)


            Carlos Henrique Cardim, que apresentou tese e tem livro publicado sobre Rui diplomata, assina um prefácio de 18 páginas para introduzir o intercâmbio mantido a propósito do que ele chama de “estreia do Brasil no mundo”, consubstanciada na defesa da “dignidade da nação”, nas palavras de Rio Branco, que Rui interpretou como defesa intransigente da igualdade soberana das nações, entrando por isso em choque com as posições das nações mais poderosas. Seguem 240 páginas de telegramas entre os dois homens, desde 13 de março, ainda no Brasil, até 26 de dezembro, no Recife, a caminho do Rio, depois dos meses passados em Scheveningen, com trocas diárias de mensagens, informações e impressões de ambos sobre as posições dos demais participantes e sobre a que convinha ao país adotar. Matéria prima indispensável para os estudiosos.



Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 15 de fevereiro de 2015

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Prata da Casa: os livros dos diplomatas (ultimo trimestre de 2014) - Paulo Roberto de Almeida

Já havia colocado aqui as mini-resenhas do último trimestre de 2014 que fiz na seção Prata da Casa do Boletim ADB. Mas agora acabo de receber este boletim, cuja capa vai abaixo, e posso reproduzir novamente o material, na ordem correta.


Prata da Casa - Boletim ADB: 4ro. trimestre 2014
[Notas sobre os seguintes livros: 
(1) Mesquita, Paulo Estivallet de: A Organização Mundial do Comércio (Brasília: Funag, 2013, 105 p.; ISBN 978-85-7631-472-1; Coleção Em Poucas Palavras)
(2) Goertzel, Ted; Almeida, Paulo Roberto de (eds.): The Drama of Brazilian Politics: From Dom João to Marina Silva (Amazon; Kindle Book, 2014, 278 p.; ISBN: 978-1-4951-2981-0); 
 (3) Florencio, Sergio: Os Mexicanos (São Paulo: Contexto, 2014, 240 p.; ISBN 978-85-7244-827-7); 
(4) Mariz, Vasco: Nos bastidores da diplomacia: memórias diplomáticas (Brasília: Funag, 2013, 296 p.; ISBN 978-85-7631-471-4; Coleção Memória Diplomática);  
(5) Almino, João: Free City (Londres: Dalkey Archive Press, 2013, 206 p.; ISBN 978-1-56478-900-6; trad. De Rhett McNeil, de Cidade Livre; Rio de Janeiro: Record, 2010); (6) Escorel, Lauro: Introdução ao Pensamento Político de Maquiavel (3a. ed.; Rio de Janeiro: Ouro Sobre Azul, FGV, 2014, 344 p.; ISBN: 978-85-88777-59-0)] 
Boletim da Associação dos Diplomatas Brasileiros – ADB (ano 21, n. 87, outubro-novembro-dezembro 2014, p. 30-32; ISSN: 0104-8503). Relação de Originais n. 2682; Publicados n. 1157.


Prata da Casa - Boletim ADB: 4ro. trimestre 2014

Paulo Roberto de Almeida
Boletim da Associação dos Diplomatas Brasileiros
(ano 21, n. 87, outubro-novembro-dezembro 2014, p. 30-32; ISSN: 0104-8503)

(1) Mesquita, Paulo Estivallet de:
A Organização Mundial do Comércio
(Brasília: Funag, 2013, 105 p.; ISBN 978-85-7631-472-1; Coleção Em Poucas Palavras)


            Parece difícil resumir em menos de 100 pequenas páginas a teoria do comércio internacional, a evolução prática do próprio, o estabelecimento do sistema multilateral de comércio, desde o Gatt e seus caminhos tortuosos, até chegar na OMC e todos os seus acordos e funcionamento. Uma proeza realizada por este engenheiro agrônomo que se fez diplomata, e que aplica o rigor da sua ciência de origem à análise dos problemas das relações econômicas internacionais, com ênfase no comércio e nos seus conflitos. O sistema parece uma bicicleta: é preciso avançar, pois qualquer parada pode significar retrocesso, não estabilidade. A interrupção da Rodada Doha, o recuo no protecionismo em alguns grandes países (alguns até próximos) são desafios graves, mas os acordos de livre comércio não são a resposta ideal. Só faltou a bibliografia para uma obra perfeita.

(2) Goertzel, Ted; Almeida, Paulo Roberto de (eds.):
The Drama of Brazilian Politics: From Dom João to Marina Silva
(Amazon; Kindle Book, 2014, 278 p.; ISBN: 978-1-4951-2981-0)


         O ebook, editado por um brasilianista, já autor de biografias dos presidentes FHC e Lula, e por um diplomata conhecido por seus muitos outros livros, parece aproveitar a conjuntura para reunir artigos sobre a política brasileira. Não é bem assim; a despeito da maioria dos capítulos tratar da situação presente, desde as manifestações de 2013, o capítulo inaugural por Goertzel cobre o que o subtítulo promete: o drama político brasileiro desde o Império até as eleições atuais. O segundo capítulo, pelo diplomata Almeida, segue as mudanças de regime econômico em função das políticas econômicas adotadas desde a abertura dos portos até o atual baixo crescimento. De certa forma, constitui uma continuidade de seus outros trabalhos de pesquisa histórica sobre as relações econômicas internacionais do Brasil, aliás, um país muito introvertido.


(3) Mariz, Vasco:
Nos bastidores da diplomacia: memórias diplomáticas
(Brasília: Funag, 2013, 296 p.; ISBN 978-85-7631-471-4; Coleção Memória Diplomática)

           Livro saborosíssimo, sem ser memórias, estrito senso, mas causos de uma vida rica em episódios, encontros e desencontros com grandes e pequenos atores da cena internacional e da vida diplomática brasileira: nada menos do que oito páginas de índice onomástico, com referências à crème de la crème da política mundial e à “feijoada” brasileira de quem já esteve nas colunas sociais. Ele também assinou ou organizou 66 livros, certamente o diplomata mais prolífico de todos os tempos e, provavelmente, o mais longevo: 93 anos e ainda ativo. Serviu na segunda metade do século 20, mas também estaria bem na belle époque, no Renascimento, ou em qualquer época, pela sua cultura universal e pelos dotes de musicólogo e historiador. Deve ter histórias ainda mais picantes e sensíveis do que as reveladas aqui: oxalá deixe escritos pós-publicáveis.


(4) Florencio, Sergio:
Os Mexicanos
(São Paulo: Contexto, 2014, 240 p.; ISBN 978-85-7244-827-7)
  

            Você sabia que os mexicanos têm uma lista dos mais amados (Benito Juarez e Pancho Villa, entre eles), mas também dos mais odiados (Cortez, obviamente, e também Porfírio Díaz) personagens da sua história? Sabia que somos parecidos com eles? Este livro, por quem foi embaixador no México, apresenta uma história diferente do país que é apresentado como competidor do Brasil; de fato é, mas não como esperado: buscam os dois a prosperidade, a partir de bases sociais e comportamentos econômicos similares. Uma análise exemplar, feita do ponto de vista de um brasileiro que é fino observador das qualidades e idiossincrasias de um povo dotado de uma rica história de realizações, mas também de frustrações. Os desafios parecem semelhantes; serão também as soluções? Descubra um México diferente num livro em que o Brasil está presente.

(5) Almino, João:
Free City
(Londres: Dalkey Archive Press, 2013, 206 p.; ISBN 978-1-56478-900-6; trad. De Rhett McNeil, de Cidade Livre; Rio de Janeiro: Record, 2010)


            Depois de ter iniciado uma carreira de “escritor” de ciência política, João Almino enveredou pela arte da novela (As Cinco Estações do Amor) e pelo ensaísmo literário – Escrita em contraponto: ensaios literários, por exemplo – mas é nos romances semi-biográficos que ele se expressa melhor, como nesta tradução de seu aclamado relato em torno da construção de Brasília. Trata-se, na verdade, de uma ampla obra, enfeixada sob o rótulo comum de Quarteto de Brasília, talvez para aproximá-lo do autor do Quarteto de Alexandria. Free City é o terceiro do ciclo, um romance vibrante, no qual coexistem tanto os modestos construtores da cidade quanto personagens da política mundial ou do universo literário (vinculadas de alguma forma a Brasília), em idas e vindas entre o passado e o presente. Um dos melhores novelistas diplomatas...

(6) Escorel, Lauro:
Introdução ao Pensamento Político de Maquiavel
(3a. ed.; Rio de Janeiro: Ouro Sobre Azul, FGV, 2014, 344 p.; ISBN: 978-85-88777-59-0)


            Escrito em 1956, publicado pela primeira vez em 1958, novamente em 1979, este clássico da maquiavelística brasileira é agora apresentado por um acadêmico e complementado por uma conferência de 1980 do autor, que se tornou “maquiavélico” ao servir na capital italiana em meados dos anos 1950. Para Escorel, “as observações de Maquiavel sobre a política externa dos Estados continuam a apresentar... uma extraordinária atualidade” (329-30). O florentino foi o primeiro grande teórico da política do poder.  Mas no plano interno também, Escorel segue Maquiavel em que a política é um “regime de precário equilíbrio entre as forças do bem e as forças do mal, em que estas muitas vezes superam aquelas...” (34). Os dois colocam o “problema cruciante das relações da política com a moral”, que está no centro da obra do italiano.

Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 1 Outubro 2014