Apenas um trecho de um trabalho acadêmico, por duas autoras que são provavelmente pedagogas, recolhido de um boletim de notícias, e que reflete o debate atualmente em curso no setor da educação da Prefeitura do Rio de Janeiro a propósito de metas e métodos para melhorar a educação naquele município:
"A TAYLORIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO"!
Trecho do artigo de Cecilia Goulart - Professora da Faculdade de Educação da UFF e Doutora em Letras - e Maria Luiza Oswald - Professora da Faculdade de Educação da UERJ e Doutora em Educação - analisando a política educacional introduzida na prefeitura do Rio em 2009.
"Propostas educacionais, como a atual da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro - SME-RJ, orientadas por sistemas de avaliação focados em resultados, vêm merecendo a crítica de professores e pesquisadores que trabalham há muito tempo por um país em que a justiça se sobreponha à ordem. A taylorização do trabalho pedagógico tem levado a avaliar o conhecimento de crianças e jovens como quem analisa o sistema de produção de uma fábrica. A garantia de manter a produtividade e a “máquina” é a prioridade".
Fim de transcrição, começa meu comentário:
Por este simples pequeno trecho se pode perceber que as duas autoras em questão se posicionam frontalmente contrárias a qualquer procedimento educativo que tenha por finalidade cobrar resultados, como se isto fosse um supremo absurdo. Para elas, educação tem a ver com 'justiça', seja qual for o significado desse conceito.
Quem pode ser contra a justiça, não é mesmo? Aquele que deseja resultados, só pode ser um capitalista enrustido, interessado em transformar os alunos em operários, submisso aos ditames do Banco Mundial e a uma visão comercial, ou produtiva, da educação. Que tragédia, não é mesmo?
Consequentemente, pedagogas como estas vão se opor, com todo o apoio da máquina sindical dos professores, a qualquer reforma, ou simples procedimento, que pretenda cobrar resultados dos professores, que seria simplesmente testar por meios objetivos se os alunos estão aprendendo realmente algum conteúdo didático. Mas na visão das pedagogas, que devem ter sido educadas na pedagogia rastaquera e intelectualmente capciosa de um Paulo Freira, e seus preceitos sobre a 'pedagogia do oprimido', isso é pecado, pior, isso é visão capitalita, e assim não pode.
Essa é a tragédia educacional do Brasil: um país no qual a educação vira um 'terreno de liberdade' para o professor, e uma miséria educacional para os formandos. Com essa visão predominante -- e não tenho a menor dúvida de que ela é predominante -- a tragédia está plenamente assegurada de continuar por muitos anos mais, ou talvez pelo futuro indefinível e imprevisível.
O que se pode augurar, talvez, seja o fracasso completo dos objetivos da Secretária Municipal de Educação do Rio de Janeiro, que por acaso já trabalhou no Banco Mundial. Isso a torna absolutamente condenável, do ponto de vista de pedagogas como essas, e provavelmente para todo o professorado, pelo menos aquele orientado pelo sindicato da categoria.
Para trás, Brasil!
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