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terça-feira, 7 de abril de 2009

1055) Um mito a ser desmontado: o golpe de 1964

Acabo de publicar mais um texto da série "Falácias Acadêmicas", desta vez sobre os mitos históricos em torno do governo Goulart e do golpe militar de 1964.
Leiam aqui:

Falácias acadêmicas, 7: os mitos em torno do movimento militar de 1964
Brasília-Rio de Janeiro, 20 março 2009, 23 p.
Continuidade do exercício, tocando no maniqueísmo construído em torno do golpe ou da revolução de 1964, condenando a historiografia simplista que converteu-se em referencia nos manuais didáticos e paradidáticos.
Espaço Acadêmico (ano 9, n. 95, abril 2009; link; pdf).

2 comentários:

Gláucia disse...

Li com interesse. Só me parece que o título tem pouco a ver com o conteúdo. Você faz uma revisão adequada dos mitos sobre Goulart, embora ponha na boca do homem idéias e princípios que gostaria de criticar hoje - e que, o fundamental, muitas vezes não se encontram nos textos que você mesmo apresenta, e são meramente deduzidos de uma suposta 'lógica dessa gente de esquerda'.


Por outro lado, você pouco diz para desmistificar o golpe em si. Limita-se a criticar o 'outro lado', dizendo que tampouco eles queriam a democracia - uma crítica deslegitimadora, típico argumento 38 de Schopenhauer, que tem pouca ou nenhuma relevância para a questão em causa mas visa a atacar os (supostos) interlocutores.


Ou seja, as questões em causa acerca do golpe permanecem irrespondidas: foi ou não foi apoiado pelos poucos detentores da maior parte da riqueza nacional? houve ou não houve a dispensa coletiva para criar uma impressão de movimento de massas? teve ou não teve o apoio explícito do governo dos EUA?


De forma que, pra quem pretende refundar a historiografia sobre o golpe de uma forma isenta, você simplesmente apresenta podres do tal 'outro lado', demonstra um certo declínio econômico e critica as teorias econômicas do governo. Dá a impressão de achar que, com duas visões parciais, cria-se um ponto de vista neutro. Não se cria. Cria-se esse flaflu ideológico nacional do qual até hoje não conseguem se livrar nossos tristes trópicos.


(vide revistas Veja e Carta Capital, quer coisa mais triste do que um país em que ninguém está minimamente preocupado com qualquer grau de objetividade jornalística?)

Paulo Roberto de Almeida disse...

Agradeço os comentários da Glaucia, que critica minha abordagem sobre os desvios historiograficos em torno do golpe de 1964. Não pretendi, em poucas paginas, esgotar um assunto tão complexo.
As questões que me parecem chaves são as seguintes:
1) Até hoje a historiografia é maniqueista: se tem de um lado alguns poucos defensores do golpe, de maneira canhestra, mas totalmente marginais na bibliografia disponível, e de outro, a massa condenatória do golpe, como se o Brasil de 1964 tivesse sido tomado de assalto por um bando de militares a serviço do Tio Sam e dos latifundiparios, com a burguesia assistindo atônita a esse estupro da Nação.
2) Existe uma tolerância implícita, nessa subliteratura, com o Governo Goulart, considerado um governo democrático e popular, quando ele era incompetente, corrupto e inconsequente.
3) De toda forma, devo deixar claro minha posição: o golpe foi de toda forma condenável, pois interrompeu um processo democrático que estava em curso. Se os militares tivesse tido paciência, as eleições de 1965, um ano e meio depois, teriam trazido de volta JK e suas políticas conciliatórias.
O problema é que os militares também abominavam JK, pois o achavam, a despeito de ser do PSD, comprometido com os trabalhistas varguistas e tudo o que isso representava.
Enfim foi uma tragédia, sem dúvida alguma, mas tragédia maior, do ponto vista historiográfico e intelectual, é ver, ainda hoje, tanta gente defendendo uma visáo deformada do processo de 1964, com tanto simplismo e maniqueismo prestando um desserviço ao conhecimento histórico.
Tratei apenas do Governo Goulart. Falta tratar do golpe de 1964 (que teve o apoio americano, mas isso é secundário no processo político brasileiro, e não tem a importância que a esquerda lhe atribui) e faltou sobretudo tratar do regime de 1964, o que farei em próxima oportunidade.
PAULO ROBERTO DE ALMEIDA
(Indianapolis, 11.04.2009)