Passado um ano, agora, seria preciso fazer um novo balanço, mas haveria grandes coisas a dizer? Talvez: um pouco de avanço na reforma laboral, ainda nada na Previdência, negociações com os Estdados, mas a máquina mesmo do governo ficou mais e mais enrolada nos inúmeros casos de corrupção, dentro e fora do governo.
O Brasil parece um país à deriva. Ou estarei exagerando?
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 9 de junho de 2017.
As reformas desenhadas em abril, e o que foi feito até
novembro de 2016
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N.
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Reformas indicadas em abril 2016
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Situação em novembro
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1
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Redução radical do peso do
Estado na vida da nação, começando pela diminuição à metade do número de
ministérios, com a redução ou eliminação concomitante de uma série de outras
agências públicas;
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Nenhuma
eliminação, apenas fusão de meia dúzia de agências públicas, sem redução real
da máquina pública;
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2
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Fim do Fundo Partidário e
financiamento exclusivamente privado dos partidos políticos, como entidades
de direito privado que são;
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Nada foi feito;
o Congresso até aumentou os recursos para esse Fundo;
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3
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Redução e simplificação da
carga tributária, com seu início mediante uma redução linear, mas geral, de
todos os impostos atualmente cobrados nos três níveis da federação, à razão
de 0,5% de suas alíquotas anualmente, até que um esquema geral, e racional de
redução ponderada seja acordado no Congresso envolvendo as agências
pertinentes das unidades da federação dotadas de capacidade arrecadatória;
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Não existe
qualquer projeto de redução ou de introduzir a simplificação de impostos; o
governo parece se dar por contente ao dizer que não pretende criar novos
impostos ou aumentar os existentes, mas é isso que vem ocorrendo, sutilmente;
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4
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Eliminação da figura
inconstitucional do contingenciamento orçamentário pelo Executivo; a lei
orçamentária deve ser aplicada tal como foi aprovada pelo Parlamento, e toda
e qualquer mudança novamente discutida em nível congressual; fica também
eliminadas as emendas individuais ou dotações pessoais apresentadas pelos
representantes políticos da nação; todo orçamento é institucional, não
pessoal;
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A grande
iniciativa do governo, aparentemente boa, foi a emenda constitucional da
limitação dos gastos, mas o aumento nominal é fixado a partir da taxa (real)
da inflação, não de uma meta de inflação moderada, como deveria ser;
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5
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Extinção imediata de 50% de
todos os cargos em comissão, em todos os níveis e em todas as esferas da
administração pública, e designação de comissão parlamentar, com participação
dos órgãos de controle e de planejamento, para a extinção do maior volume
possível dos restantes cargos, reduzindo-se ao mínimo necessário o provimento
de cargos de livre nomeação; extinção do nepotismo cruzado;
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O governo se
contentou em eliminar alguns poucos cargos e em transformar o provimento de
alguns outros como privativo de titulares de cargos públicos por concurso; o
governo não tem coragem de despedir;
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6
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Eliminação total de
qualquer publicidade governamental que não motivada a fins imediatos de
utilidade pública; extinção de órgãos públicos de comunicação com verba
própria: a comunicação de temas de interesse público se fará pela própria
estrutura da agência no âmbito das atividades-fim, sem qualquer possibilidade
de existência de canais de comunicação oficiais;
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Nada foi feito;
o governo já não mente mais como o anterior, mas continua gastando dinheiro
nosso em publicidade, sem extinguir os caríssimos, e inúteis, órgãos de
propaganda governamental;
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7
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Criação de uma comissão de
âmbito nacional para estudar a extinção da estabilidade no setor público, com
a preservação de alguns poucos setores em que tal condição funcional seja
indispensável ao exercício de determinadas atribuições de interesse público
relevante;
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O governo não
parecer ter nenhuma intenção de fazer qualquer movimento nesse sentido; na
verdade, ele tem a intenção de sequer tocar nessa questão;
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8
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Início imediato de um
processo de reforma profunda dos sistemas previdenciários (geral e do setor
público), para a eliminação de privilégios e adequação do pagamento de
benefícios a critérios autuarias de sustentabilidade intergeracional do
sistema único;
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Ufa; finalmente,
depois de seis meses, o governo decidiu dar início a um processo de reforma
mais ou menos razoável, mas deixou os militares de forma (?!);
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9
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Reforma radical dos
sistemas públicos de educação, nos três níveis, segundo critérios
meritocráticos e de resultados;
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Nada semelhante,
apenas o início de uma reforma meia sola no nível médio;
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10
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Reforma do Sistema Único de
Saúde, de forma a eliminar gradualmente a ficção da gratuidade universal, com
um sistema básico de atendimento coletivo e diferentes mecanismos de seguros
de saúde baseados em critérios de mercado;
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Esta parece ser
uma não questão, pois o governo não pretende modernizar e racionalizar o SUS;
vai continuar gastando...;
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11
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Revisão dos sistemas de
segurança pública, incluindo o prisional-penitenciário, por meio de uma
Comissão Nacional de especialistas do setor;
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A coisa deve se
mover tão lentamente, que a impressão é que não se faz nada...;
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12
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Eliminação de todas as isenções
fiscais e tributárias, ou privilégios exorbitantes, associados a entidades
religiosas;
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Nada, nadinha,
os políticos são todos evangélicos, budistas, cristãos, etc...
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13
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Reforma da Consolidação da
Legislação do Trabalho, no sentido contratualista, e extinção imediata do
Imposto Sindical e da unicidade sindical, conferindo liberdade às entidades
associativas, sem quaisquer privilégios estatais para centrais sindicais; no
limite, extinção da Justiça do Trabalho, que é, ela mesma, criadora de
conflitos e de extrema litigiosidade, impondo um custo enorme à sociedade;
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Até aqui só se
falou da necessidade de reformas, mas não se adiantou absolutamente nada
quanto ao conteúdo do que se pretende fazer; os sindicatos vão continuar
chantageando o governo, que ficará quieto;
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14
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Revisão geral dos contratos
e associações do setor público, nos três níveis da federação, com
organizações não governamentais, que em princípio devem poder se sustentar
com recursos próprios, não com repasses orçamentários oficiais;
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Nada parece ter
mudado nessa área. O Brasil continua tendo o maior número de ONGGs, ou seja,
ONGs vivendo de dinheiro público;
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15
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Privatização de todas as
entidades públicas não vinculadas diretamente a uma prestação de serviço
público sob responsabilidade exclusiva do setor público.
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Nada concreto
até aqui, apenas intenções; processos de concessão avançam muito lentamente.
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Fonte:
Elaboração Paulo Roberto de Almeida, 7/12/2016
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