Sobre determinadas ações impensadas na frente externa
Paulo Roberto de Almeida
Algumas pessoas não inteiradas sobre os procedimentos formais de ação diplomática indagam se o Itamaraty pode desobedecer a uma "ordem legal" do Presidente. Não é assim.Em qualquer questão posta na agenda internacional que exige, requer ou sugere uma tomada de posição do Brasil, a prática tradicional do Itamaraty é a seguinte: faz-se uma "informação ao PR", com a devida fundamentação jurídica, e se sugere uma determinada linha de ação, uma vez que o PR não é especialista e não é obrigado a saber de tudo (tratados, quadro jurídico, tradição da diplomacia brasileira, memória histórica, etc.).
O Itamaraty sempre agiu assim.
Agora o que parece vigorar é muita improvisação política presidencial, que não é necessariamente legal, pois ignora as implicações profundas da questão: essa é a pior forma possível de política externa, e a diplomacia presidencial exagerada, o personalismo extremo, podem levar a erros monumentais que diminuem a credibilidade da diplomacia brasileira.
Aparentemente, os chefes do Itamaraty têm medo de instruir o PR sobre a correta postura a ser assumida pelo Brasil.
Hierarquia e disciplina não podem representar submissão à ignorância ou burrice.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 13/01/2024
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comentários são sempre bem-vindos, desde que se refiram ao objeto mesmo da postagem, de preferência identificados. Propagandas ou mensagens agressivas serão sumariamente eliminadas. Outras questões podem ser encaminhadas através de meu site (www.pralmeida.org). Formule seus comentários em linguagem concisa, objetiva, em um Português aceitável para os padrões da língua coloquial.
A confirmação manual dos comentários é necessária, tendo em vista o grande número de junks e spams recebidos.