As duas faces do trumpismo
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As duas faces do trumpismo

Uma mudança profunda ocorre em Washington sem que muitas pessoas se preocupem com a destruição do modelo político norte-americano. Muitos ainda veem os Estados Unidos como uma referência democrática apesar de que a primeira potência mundial não seja mais um caso exemplar de prática democrática. Muito pelo contrário agora se faz necessário analisar com maior cuidado os desvios de Washington desde a instalação do trumpismo como aponta o último número da revista inglesa The Economist . O aumento das desigualdades na América e o combate de ideologias inconciliáveis mostra o perigo do totalitarismo que ameaça as instituições dos Estados Unidos.

Essa ameaça institucional se baseia nas paixões políticas violentas exacerbadas pelas tropas de Donald Trump. Em seis de janeiro de 2021 vimos esse grupo de pessoas atacar o templo da legitimidade nacional, o Congresso.

Esse caos instalado por essas hordas não desapareceu do cenário político das Américas e continua a germinar apesar das resistências democráticas como aliás e também o caso do Brasil. Esse episódio, como em Brasília, revelou o nível de gravidade dessa fratura política, ideológica e identitária. Foi uma cena emblemática de um certo tipo de guerra civil que se estende agora já por vários anos.

Tal grupo de pessoas quer impor pela força uma carta soberania popular contra a soberania do Legislativo. Trump manipulou essas pessoas em seu projeto político e agora voltou ao poder pela segunda vez com o apoio de grupos econômicos poderosos. Essa psicopatia de eleição roubada mostra a gravidade dessa fratura nas Américas. Uma constituição não é apenas um conjunto de leis mas também um modelo de texto a seguir para padrões civilizados de convivência política. Esses novos bárbaros acreditam que podem impor suas ideias pela força bruta e pela violência política.

As sociedades precisam estar atentas para a defesa e a manutenção dos princípios democráticos sob pena de vitória da barbárie sobre a civilização. Não custa lembrar em 2025 que o preço da liberdade e a eterna vigilância.

No caso dos Estados Unidos as fraturas da sociedade transcendem a luta entre o partido democrático e o republicano. Essa fissura vai além do campo político e confronta duas visões inconciliáveis de sociedade. O campo conservador se vê cada vez mais sequestrado pelo trumpismo com defensores radicais de posições racistas , totalitárias e violentas.

Esses grupos pretendem exportar essas ideias bárbaras e ditatoriais e se impor até pela força nos Estados Unidos e em outros países como é o caso hoje do Brasil diante das ameaças a nossa soberania por parte do trumpismo. Hoje o momento histórico parece confrontar dois planetas que não tem chance de reconciliação.

Esses escorregões do que poderíamos chamar de pós democracia não podem ser toleradas pelo poder de corrosão das instituições democráticas. Essa patologia política nos ameaça a todos e exige respostas à altura para preservar a manutenção do nosso processo democrático e os padrões mínimos de uma sociedade civilizada em 2025.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal iG