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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

100 anos da Semana de Arte Moderna: chamada para artigos na Revista de História (DH-FFLCH-USP)

 Chamada - Dossiê 1922/2022: O Século da Semana (balanços e perspectivas)

Revista de História - USP

A Semana de Arte Moderna, no Brasil de 1922, foi uma atividade patrocinada por homens endinheirados (Paulo Prado, René Thiolier e outros), realizada num ambiente de pessoas endinheiradas (Teatro Municipal de São Paulo) e assistida por um público de homens e mulheres endinheirados (ingressos pagos, trajes pomposos). Seu alcance ultrapassou esse universo social e estadual, astúcia das Artes, fez-se História também criticamente, às vezes sem o querer.

Vanguardas europeias se interessaram por linguagens de povos de fora da Europa. Para o Brasil, “fora da Europa” era aqui mesmo: indígenas, africanos, múltiplos imigrantes repaginados, “contribuição milionária de todos os erros”, de acordo com Oswald de Andrade no Manifesto Antropófago. Conforme os Modernistas o demonstraram, ao resolverem essa auto-redefinição nacional, tais “erros” podiam ser acertos...

Embora Modernistas não se confundissem com Regionalismos, o contato dos primeiros com artistas e intelectuais de diferentes estados brasileiros foi cultivado, especialmente por Mario de Andrade, que tanto se dedicou à Epistolografia. Essas relações são importantes para a compreensão de que nem tudo, na Modernidade brasileira, se reduziu a São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro; havia uma produção intelectual e artística em diferentes partes do Brasil que também começava a refletir sobre Cultura e Sociedade em novas bases, inclusive a contatar Cultura e Artes de múltiplos países. Isso não diminui o peso da produção modernista naqueles três primeiros núcleos, apenas realça que não vale a pena manter o adjetivo “regional” para os demais nem os considerar meros seguidores de paulistas, mineiros e cariocas.

A Modernidade popular, no Brasil, não dependeu apenas daquela produção artística e intelectual nascida em 1922, em São Paulo & Cia. Movimentos sociais, desde meados do século XIX, evidenciavam lutas por novos direitos, nascidas entre escravos, libertos e imigrantes pobres, a falar sobre Greves, Educação, Mulheres, Moradia, Estado Laico, Divórcio e outros tópicos. E nomes como Machado de Assis, Cruz e Sousa e Lima Barreto foram modernos bem antes de 1922. O Brasil se fez moderno a partir de diferentes sujeitos, artistas ou não. As Artes não apenas falam de pobres e ricos, existem num mundo de ricos e pobres, tema e destino de seus produtos. O poder das Artes vai além da fala dos que já são, política, econômica e socialmente, dominantes.

PRAZO PARA ENVIO DOS ARTIGOS - 31/03/2022 (somente pelo Portal de Periódicos USP)

como submeter o artigo

https://www.revistas.usp.br/revhistoria/about/submissions


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