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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
quinta-feira, 31 de outubro de 2019
PCdoB ainda não se livrou do trauma do Araguaia: autor do livro sobre a guerrilha, Hugo Studart, novamente atacado pelo partido
Um comentário, por Paulo Roberto de Almeida
Dois anos atrás, o jornalista Hugo Studart procurou-me na direção do IPRI – onde eu me divertia intelectualmente, antes de ser defenestrado por um chanceler sem qualquer senso de humor – para mostrar-me sua tese de doutorado em História, na UnB, sobre a guerrilha do Araguaia.
Imediatamente constatei a qualidade da pesquisa, o rico conteúdo descritivo, objetivo, factualíssimo, embora recheada, a tese, de inúmeros academicismos supérfluos, que atrapalhavam a leitura de uma excelente história sobre uma das grandes tragédias da luta armada no Brasil, a insana aventura "maoísta" do PCdoB nas selvas do Araguaia, e a terrivelmente cruel operação (em três fases) das FFAA para extirpar completamente aquele "quisto" do território brasileiro, mesmo ao custo de execuções sumárias, assassinatos a frio, equivalentes a crimes contra a humanidade, pelos quais os verdadeiros chefes da contra-guerrilha, não apenas seus simples operadores, nunca foram punidos.
Recomendei a "limpeza" da tese de suas superfluidades acadêmicas e a publicação como um simples, mas poderoso livro de história. Já antecipava a contrariedade do PCdoB, o promotor daquela tragédia, junto com o Exército, que nunca fez autocrítica, nem sequer se explicou, por ter enviado à morte um punhado de jovens idealistas, além de alguns militantes e guerrilheiros profissionais. Expliquei isso ao autor, que caberia adicionar um texto sobre a responsabilidade política do PCdoB, que o partido sempre se recusou a fazer.
Ele então me convidou para escrever algo a respeito, o que fiz, de forma displicente, ou seja, um texto puramente opinativo, no estilo "falta alguém em Nuremberg", mas que ainda assim ele insistiu por colocar em posfácio ao livro já planejado.
Eis o meu registro de minha colaboração ao livro, sendo que o posfácio publicado apenas resumia meu texto original, razão pela qual eu disponibilizei a versão integral em meu blog:
1285. “Uma tragédia brasileira: a loucura amazônica do PCdoB”, Posfácio a Hugo Studart: Borboletas e Lobisomens: vidas, sonhos e mortes dos guerrilheiros do Araguaia (Rio de Janeiro: Editora Francisco Alves, 2018, 660 p.; ISBN: 978-85-265-0490-5; pp. 503-507). Versão original publicada no blog Diplomatizzando (9/07/2018; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/07/golpes-revolucoes-e-movimentos-armados.html).
Agora, depois de muitos ataques do PCdoB ao livro e ao seu autor, e ainda querendo esconder a verdade, o "historiador oficial" – esse título parece um escárnio, mas combina com as mentalidades ainda stalinistas do partido – vem com mais pedras na mão protestar contra o fato de que o livro entrou na lista dos finalistas do prêmio Jabuti. É seu direito.
Como também é direito do autor expor claramente o que está acontecendo, depois de todas as campanhas que o PCdoB fez contra a obra (que eu julgo uma excelente ajuda involuntária em termos de marketing, o que vale um exemplar grátis para o partido sortear entre os seus aguerridos e stalinistas membros).
Transcrevo, pois, o texto que me foi enviado por Hugo Studart, e não recomendo a leitura da "resenha" do stalinista, ops, historiador oficial do PCdoB, mas cada um é livre para escolher suas melhores leituras.
Paulo Roberto de Almeida
São Paulo, 31 de outubro de 2019
Nota de Hugo Studart sobre mais um ataque do PCdoB ao seu livro:
O Partido Comunista do Brasil, PCdoB, publicou manifesto violento em seu site oficial, o Vermelho.com.br, protestando contra a indicação a finalista do Prêmio Jabuti de Literatura 2019 do livro "Borboletas e Lobisomens - Vidas, sonhos e mortes dos guerrilheiros do Araguaia", de minha autoria.
Trata-se do 25º artigo-manifesto do partido contra a obra, resultado de minha Tese de Doutorado em História pela Universidade de Brasília. Assinado pelo historiador oficial do partido, Osvaldo Bertolino, são usados mais de 20 xingamentos ou adjetivos desqualificativos contra a obra, o autor e jornalistas que porventura tenham escrito artigos elogiosos (ou neutros): "livro farsa", "caluniador", "mentiras cabeludas", "crápula", "poço de imundice", "vazio de inteligência" e "pastel de camarão".
Eis um trecho do manifesto:
O autor optou por mobilizar um séquito de figurões moralmente subqualificados da mídia para defendê-lo. As palavras mentirosas surgiram das bocas e mãos de gente como — entre tantos outros — Alexandre Garcia (ex-Globo e ditadura militar), José Nêumanne Pinto (O Estado de S. Paulo), José Roberto Guzzo (revista Veja) e Augusto Nunes (Rádio Jovem Pan). Eles se esforçaram para tentar salvar a obra farsesca de Studart, mas o que saiu foi a velha semântica anticomunista, esvaziada por frases retorcidas e intelectualmente indigentes.
O partido também já organizou quatro atos de escracho públicos; piquete contra o lançamento no Rio de Janeiro; além de publicar 5 horas de gravações no YouTube (quase uma minissérie). Um grupo de militantes procurou a reitora da UnB pedindo para que cassasse meu título de Doutor e, sobretudo, cancelasse o Prêmio UnB de Teses de Doutorado, do qual fui vencedor. Obviamente, ela jamais cometeria tamanha sandice, nem poderia.
Em outro trecho, o manifesto do PCdoB compara "Borboletas e Lobisomens" à obra "A Terra", de Emile Zola:
"Ele tentou escrever um livro que impressionasse pela brutalidade dos detalhes, pelas cenas de vulgaridades que beiram a lascívia e chegam à fronteira do mau gosto. Seu séquito teve uma reação contrária à dos cinco discípulos mais fiéis de Emile Zola, que lançaram um manifesto de repúdio ao seu livro La Terre (A Terra), no qual se diziam escandalizados. Supomo-nos, ao lê-lo, diante de um tratado de escatologia: o mestre desceu ao fundo do poço da imundície. Anatole France também se pronunciou: “Escrevendo A Terra, o senhor Emile Zola nos deu as geórgicas da crápula.” “Jamais um homem fez tamanho esforço para aviltar a humanidade”, completou.
"Na verdade, a obscenidade alegada na obra de Emile Zola pode ser vista na produção do séquito de Studart. Não pela lascívia, mas pela libertinagem política e ideológica. Eles são mestres na arte de burlar os fatos para roubar a cena".
O jornalista Alexandre Garcia foi especialmente atacado no manifesto -- aliás, tanto quanto este autor. Assim, peço desculpas públicas a Alexandre por ter sido o indutor (ainda que involuntário) de tamanha covardia.
Os amigos podem optar por ler o artigo na íntegra, no link abaixo) Contudo, prefiro que avaliem o conteúdo lendo "Borboletas e Lobisomens":
A obra pode ser adquirida pelo site guerrilhadoaraguaia.com.br (envio com dedicatória)
... ou nas principais redes de livrarias do país, tais como as Livrarias da Vila, Cultura, Martins Fontes, Leitura, Travessa e Argumento. Desde já, grato pela leitura.
Hugo Studart
https://www.vermelho.org.br/noticia/323929-1?fbclid=IwAR1Yq70VfeNU9vgtnEj7VkkYHVKOnhQowwa3KiUZDsbIW8d9otS5sbH08RY
quarta-feira, 15 de agosto de 2018
Os "mortos-vivos" da guerrilha do Araguaia no livro de Hugo Studart - Carlos Brickamnn
ESTÃO VIVOS MAS MORRERAM
COLUNA CARLOS BRICKMANN
EDIÇÃO DOS JORNAIS DE QUARTA-FEIRA, 15 DE AGOSTO DE 2018
Carmen Navarro Rivas recebeu todos os documentos que atestam a morte de seu filho, Hélio Luiz Navarro de Magalhães. Mas, há mais de 40 anos, tem certeza de que ele continua vivo, com nova aparência e outro nome. Hélio Luiz, diz o jornalista e professor Hugo Studart, em livro ontem lançado no Rio, é um morto-vivo: foi preso na Guerrilha do Araguaia e delatou os velhos companheiros para continuar vivendo. Borboletas e Lobisomens, o livro, diz que, apesar da ordem do presidente Médici de matar todos, seis outros guerrilheiros foram poupados em troca de colaboração. E, para que não fossem mortos como vingança, anunciou-se que mortos já estariam.
O livro provocou duros protestos de famílias dos guerrilheiros citados: dizem que é falso. O jornalista Fernando Portela, autor de ótimos livros sobre a guerrilha, disse que jamais ouvira falar de guerrilheiros poupados: todas as suas fontes garantiram que nenhum sobrevivera. Mas é difícil, prossegue, dizer que é falso um livro tão detalhado, com tantas fontes.
Há informações que são verificáveis, como: “Com o falecimento de seu pai, em 1999, Hélio Luiz se apresentou à Receita Federal, em 8 de agosto de 2001, com sua verdadeira identidade, a fim de regularizar o CPF e liberar inventário. Ato contínuo, forneceu à Justiça documento no qual abria mão dos direitos sobre o imóvel no qual seu pai residia com a segunda mulher, Elza da Costa Magalhães”. Há documentos? É buscá-los.
A guerrilha
O PCdoB, Partido Comunista do Brasil, defendia a luta armada contra o regime militar; e organizou a Guerrilha do Araguaia, que resistiu a duas ofensivas militares convencionais e foi destruída pela terceira, na qual a ordem era extrair informações dos guerrilheiros aprisionados, fosse como fosse, e depois matá-los, levando os corpos para destino desconhecido. Diz Studart, no livro, que num pequeno hiato de poder, quando Médici passou a presidência para Geisel, houve gente poupada em troca da delação.
Todos os detalhes
O capítulo 19 do livro de Studart, em que narra essa história, com nome, codinome e fotos dos guerrilheiros apontados como mortos-vivos, está em http://www.chumbogordo.com.br/20390-sonata-para-carmen-siga-a-pista-e-leia-esse-capitulo-para-o-incrivel-trabalho-do-historiador-hugo-studart/
Sonata para Carmen.
Siga a pista (e leia esse capítulo) para o incrível trabalho do historiador Hugo Studart
CONHEÇA TODO O EXCELENTE TRABALHO DE STUDART, QUE TAMBÉM É JORNALISTA, ALÉM DE HISTORIADOR.
Operação Mortos Vivos, a história dos guerrilheiros que fizeram delação premiada e trocaram de identidade
SONATA PARA CARMEN¹
quarta-feira, 18 de julho de 2018
A Guerrilha do Araguaia: livro de Hugo Studart lançado em Brasilia
Aqui está o convite. Logo abaixo a minha colaboração e a capa do livro. Depois o meu texto, oferecido como posfácio.
segunda-feira, 9 de julho de 2018
Golpes, revolucoes e movimentos armados no Brasil - Paulo Roberto de Almeida
Meu texto é muito sociológico, para ser atraente, e eu o tinha elaborado apenas para ser usado sem caracterização de autoria pessoal, mas ainda assim, o autor e o editor quiseram colocá-lo no livro, como posfácio, o que só me deixa lisonjeado. Alerto, no entanto, que toda a parte histórica das duas primeiras páginas foi severamente reduzida, com cortes em parágrafos sucessivos.
Ainda não conferi a versão final, que já deve ter sido impressa.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 9/07/2018