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segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Maquiavel: aos 500 anos do Principe, um livro de Paulo Roberto de Almeida

Revisei, atualizei e adaptei minha releitura do clássico de Maquiavel, O Príncipe, e optei por republicar esse livro em formato Kindle, como indicado abaixo.
Disponível: http://www.amazon.com/dp/B00F2AC146

O Príncipe, revisitado: Maquiavel para os contemporâneos 


(Portuguese Edition) [Kindle Edition]


Paulo Roberto Almeida 

Digital List Price:$4.35 What's this? 
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Book Description

 September 8, 2013
Se, por alguma fortuna histórica, Maquiavel retornasse, hoje, ao nosso convívio, com as suas virtudes de pensador prático, quase meio milênio depois de redigida sua obra mais famosa, como reescreveria ele o seu manual hiperrealista de governança política?
Seriam os Estados modernos muito diversos dos principados do final da Idade Média? Provavelmente não; certo já não se manda mais apunhalar os inimigos políticos na missa dominical, mas traições e golpes escusos ainda fazem parte do cardápio dos candidatos a condottieri.
Este Maquiavel revisitado, voltado para a política contemporânea, dialoga com o genial pensador florentino, segue seus passos naquelas recomendações que continuam aparentemente válidas para a política atual, mas não hesita em oferecer novas respostas para velhos problemas de administração dos homens.
Se na época do diplomata florentino, a tarefa básica do príncipe era a construção de um Estado moderno, a missão principal dos estadistas contemporâneos consiste em defender os direitos dos cidadãos, justamente contra a intrusão e a prepotência dos Estados.


Product Details

  • File Size: 388 KB
  • Print Length: 186 pages
  • Publisher: Autor; 1 edition (September 8, 2013)
  • Sold by: Amazon Digital Services, Inc.
  • Language: Portuguese
  • ASIN: B00F2AC146
  • Lending: Enabled
O Sumário, na versão impressao do livro, tem esta distribuição: 


Sumário



Prefácio
pág. 15

Dedicatória
pág. 21

1. Dos regimes políticos:
os democráticos e os outros
pág. 29

2. Das velhas oligarquias
e do Estado de direito
pág. 33

3. Da variedade de estados capitalistas
pág. 39

4. Do governo pelos homens e
do governo pelas leis
pág. 50

5. Da transição política nos
regimes democráticos
pág. 57

6. Da conquista do poder:
a liderança política
pág. 66

7. Da eficácia do comando e
da manutenção do poder
pág. 83

8. Da ilegitimidade política:
da demagogia e da força
pág. 91

9. Das repúblicas democráticas
e sua base econômica
pág. 100

10. Das forças armadas e das
alianças militares
pág. 109

11. Do estado laico e da
força das religiões
pág. 121




12. Da profissionalização
das forças militares
pág. 129

13. Dos gastos com defesa e
da soberania política
pág. 135

14. Da preparação estratégica
do líder político
pág. 139

15. Do exercício da autoridade
pág. 144

16. Da administração econômica
da prosperidade
pág. 147

17. Do uso da força em política
pág. 152

18. Da mentira e da sinceridade
em política
pág. 156

19. Da dissimulação como forma de arte
pág. 162

20. Da dissuasão e da defesa do estado
pág. 166

21. Da construção da imagem:
verdade e propaganda
pág. 172

22. Dos ministros e secretários
de estado
pág. 179

23. Dos aduladores e dos
verdadeiros conselheiros
pág. 187

24. Da arte pouco nobre de
arruinar um estado
pág. 190

25. Do acaso e da necessidade em política
pág. 195

26. Da defesa do Estado contra
os novos bárbaros
pág. 201

Carta a Niccolò Machiavelli
pág. 213

Apêndice
O que nos separa de Maquiavel?
pág. 219

Recomendações de leituras
pág. 221

Outros livros de Paulo Roberto de Almeida
pág. 224

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  • File Size: 388 KB
  • Print Length: 186 pages
  • Publisher: Autor; 1 edition (September 8, 2013)
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  • ASIN: B00F2AC146
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sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Maquiavel: 500 anos da publicacao de O Principe: um pastiche moderno, por Paulo Roberto de Almeida

Cinco séculos depois de Maquiavel ter escrito sua obra, o diplomata e cientista político Paulo Roberto de Almeida segue os passos do secretário diplomático da República de Florença para atualizar O Príncipe. A partir da constatação de que a obra permanece atual, o autor utiliza a mesma estrutura e até títulos da obra do florentino para estudar a ciência de governar nos dias de hoje. Nesta obra singular por sua natureza original de pastiche e, ao mesmo tempo, de independência de pensamento, Almeida dialoga com o genial pensador, segue seus passos naquelas recomendações que continuam aparentemente válidas para a política atual, mas oferece inquietações sobre cenários contemporâneos para os velhos problemas de administração dos homens. Maquiavel preocupou-se com a estrutura de um Estado moderno, enquanto o brasileiro busca defender os direitos dos cidadãos, justamente contra a intrusão e a prepotência dos Estados. 

O moderno Príncipe: Maquiavel revisitado

R$15,00
Em estoque


sábado, 29 de junho de 2013

Maquiavel e a Arte da Guerra - Marco Cepik

Arte da guerra

A questão militar ocupa um lugar central nas preocupações de Maquiavel, que acredita que os conflitos são próprios à natureza da política. Sua contribuição singular para o pensamento político está na dimensão ética da articulação entre fins e meios.
Por: Marco Cepik
Ciência Hoje, 26/06/2013
Arte da guerra
No sexto artigo desta série, que comemora os 500 anos de 'O príncipe', o cientista político Marco Cepik apresenta as ideias de Maquiavel sobre o fazer da guerra. (arte: Ampersand)
Escrito entre 1519 e 1520, A arte da guerra foi publicada enquanto Maquiavel (1469-1527) ainda vivia. Suas máximas concisas e conselhos práticos ao príncipe e aos cidadãos são semelhantes a passagens encontradas no general e filósofo chinês Sun Tzu. Entretanto, apesar de sua influência sobre líderes e pensadores, a obra nunca rivalizou em popularidade com O príncipe, o livro mais conhecido de Maquiavel, muito menos com o Ping-Fa, de Sun Tzu, ambos encontráveis nas prateleiras de qualquer livraria de aeroporto ao redor do mundo. Vejamos então por que é importante conhecer as ideias de Maquiavel sobre o fazer da guerra.
Em primeiro lugar, a mensagem mais importante de Maquiavel nesse livro ecoa um tema presente nas demais obras histórico-políticas do autor: a intencionalidade da ação, o seu planejamento, uma visão que hoje se convencionou chamar de estratégica. Tudo isso aparece como uma qualidade da ‘virtú’ e uma necessidade de se construir meios consistentes com os fins para enfrentarmos as surpresas da ‘fortuna’, dois conceitos que atravessam seu pensamento.
Nas palavras de Maquiavel, aqui transcritas da edição da Editora Universidade de Brasília, “(...) quem pretende fazer alguma coisa deve primeiramente preparar-se de modo que, surgindo a ocasião, tenha condições de satisfazer suas intenções”.
A queda do governo republicano da cidade, em 1512, e o banimento de Maquiavel da vida governamental tornaram mais claro ainda esse princípio. Nas obras que escreveu nesse período, como destacou Newton Bignotto em Maquiavel republicano, evidencia-se a sua convicção de que o “processo de fundação e conservação de uma república não é independente da escolha de sua estratégia de defesa”.
Livro 'A arte da guerra'Seja em O príncipe (1513), nos Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio (1513-1519) ou na Arte da guerra (1519-1520), a questão militar ocupa um lugar central nas preocupações de Maquiavel, cuja contribuição singular para o pensamento político reside no realismo de sua concepção sobre as relações existentes entre força e convencimento, bem como na dimensão ética da articulação entre fins e meios.
Como observou o autor Félix Gilbert, longe de tentar eliminar os conflitos, inclusive a guerra, Maquiavel os considera próprios à natureza da política, encontro da liberdade humana com a natureza e as necessidades. A conquista e a conservação dos objetivos políticos são possíveis, mas o poder da fortuna limita a liberdade de ação e não permite o conhecimento completo. Portanto, a ética é constituída pela própria conduta na ação política, pelo conteúdo dos fins estabelecidos, pela maneira de lidar com as necessidades e pelo resultado objetivo que a ação ajuda a estruturar no tempo e no espaço.

O papel dos cidadãos

O segundo motivo mais importante para se ler A arte da guerra com atenção ainda hoje diz respeito ao papel dos cidadãos na defesa da república. O crescimento das empresas militares privadas no mundo contemporâneo e as recomendações para a conformação de forças armadas “enxutas e profissionais” atualizam a questão.
Escrevendo no alvorecer da era moderna, o secretário florentino ocupou-se da guerra e da organização militar desde 1500, quando uma nova fase da guerra entre Pisa e Florença levou-o a defender a criação de milícias regulares, não mais compostas principalmente por mercenários.
O segundo motivo mais importante para se ler A arte da guerra com atenção ainda hoje diz respeito ao papel dos cidadãos na defesa da república
Na verdade, a partir de 1505 dedicou-se pessoalmente a executar planos para o rearmamento de Florença. Dentre outros escritos, destaca-se o seu Discurso sobre a preparação militar florentina, de 1506. Nomeado para o Conselho dos Dez das Milícias, concentrou-se nas tarefas práticas de organização de uma força militar consistente com o duplo requisito da estabilidade dos Estados: a justiça e as armas.
Interpretando fatos da época e reinterpretando a história da República romana, Maquiavel estava convicto de que não se poderia fundar e manter uma República moderna confiando apenas em mercenários e senhores da guerra (condittieri), pois somente um exército de conscritos poderia garantir a independência das cidades-estado italianas.
Os aspectos financeiros, logísticos, táticos e morais do exército de conscritos também não escaparam à Maquiavel. Não apenas afirma ele que “na guerra, a disciplina pode mais do que o ímpeto”, mas vê no armamento e na conscrição de elementos urbanos e rurais, bem como nas formas de treinamento e comando de tal força pública, um elemento de enfraquecimento relativo das classes abastadas e de amalgamento de elementos populares ao tecido institucional, moral e social do qual é feito o governo.
“A descoberta de Maquiavel não é, portanto, a da importância de uma boa milícia, mas sim de que uma boa milícia exige uma forma democrática de governo”, escreve Bignotto. O apelo ao patriotismo dos cidadãos-soldados só é possível se as instituições militares são consistentes com as instituições políticas. Portanto, se refaz o nexo entre o chefe militar e o chefe político (que o subordina), seja ele o príncipe ou o povo, conforme o tipo de Estado e de regime do país.

Aceitação questionável

Por outro lado, também é possível mencionar pelo menos dois elementos que dificultam a aceitação das ideias de Maquiavel sobre a guerra por parte do leitor contemporâneo. Em primeiro lugar, o fato mesmo de que as suas prescrições e lições não chegam a configurar uma teoria moderna da guerra, entendida como um programa de pesquisa científico, o qual desenvolve-se apenas no século 19, especialmente a partir da obra de Clausewitz (1780-1831).
O autor de Vom Krieg conhecia e respeitava as posições de Maquiavel, mas ainda que tenha deixado sua obra inacabada, uma leitura mais cuidadosa mostra a recusa de Clausewitz em subordinar a análise conceitual e empírica da guerra a preceitos gerais de caráter normativo que teriam validade universal, erro incorrido por Maquiavel e que o leva, por exemplo, a não considerar adequadamente o papel revolucionário da artilharia e das armas de fogo, focado que estava na evocação da infantaria e da condução dos assuntos militares na República romana antiga como contraponto à prioridade dada à cavalaria no fazer a guerra da aristocracia medieval.
Armas de fogo
Alguns pontos relacionados à conduta de Maquiavel podem levar ao questionamento de suas ideias sobre a guerra. Um deles foi o fato de não considerar adequadamente o papel revolucionário da artilharia e das armas de fogo na época. (imagem: Wikimedia Commons)
Em segundo lugar, a própria forma utilizada por Maquiavel para redigir A arte da Guerra dificulta o acesso do leitor contemporâneo. A obra é dividida em um prefácio e sete livros (capítulos), na forma de um diálogo socrático que ocorre nos jardins construídos na década de 1490 para os aristocratas e humanistas florentinos.
O diálogo ocorre entre Cosimo Rucellai e Fabrizio Colonna (alter-ego de Maquiavel?) com outros patrícios e capitães da então recente república florentina, remetendo aos méritos das legiões romanas e procurando refutar a asserção de que a artilharia tornaria obsoletos os métodos clássicos.
Seja como for, vale estudar Maquiavel depois de 500 anos, lembrando, para citar palavras suas, que “os bons comandantes nunca se empenham numa batalha se a necessidade não os impele, ou a oportunidade não os chama”.

Marco Cepik
Diretor do Centro de Estudos Internacionais sobre Governo (CEGOV)
Universidade Federal do Rio Grande do Sul

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Maquiavel: quase 500 anos - Paulo Roberto de Almeida

Aqui, minha homenagem a Maquiavel, um texto de síntese quando terminei de reescrever O Príncipe, no qual eu reflito sobre a atualidade do inventor da ciência política e pergunto: o que nos separa de Maquiavel?.
O Moderno Príncipe: Maquiavel revisitado
Paulo Roberto de Almeida 

Se, por alguma fortuna histórica, Maquiavel retornasse, hoje, ao nosso convívio, com as suas virtudes de pensador prático, quase meio milênio depois de redigida sua obra mais famosa, como reescreveria ele o seu manual “hiperrrealista” de governança política? Seriam os Estados modernos muito diversos dos principados do final da Idade Média?

Este Maquiavelrevisitado, voltado para a política contemporânea, dialoga com o genial pensador florentino, segue seus passos naquelas “recomendações” que continuam aparentemente válidas para a política atual, mas não hesita em oferecer novas respostas para velhos problemas de administração dos homens. Aqui, como em outros aspectos, a constância dos “príncipes” nos desacertos é notável. Essa capacidade de errar e de provocar danos aos cidadãos não parece ter evoluido muito, desde então.

De fato, Maquiavel permanece surpreendentemente atual – com o que concordariam os filósofos e cientistas políticos da atualidade –, mesmo (talvez sobretudo) nos traços malévolos exibidos pelos condottieri contemporâneos e pelos cappi dei uomine. Ainda que envenenamentos encomendados e assassinatos por adagas, tão comuns no Renascimento italiano, não estejam mais na moda – pelo menos fora do âmbito dos serviços secretos –, e que eles tenham sido substituídos por outros métodos para se desembaraçar de concorrentes e de adversários políticos, as técnicas para se apossar do poder e para mantê-lo exibem uma notável continuidade com aquelas descritas pelo experiente diplomata da repubblica fiorentina do Quatrocento.

O que pode estar ultrapassado, no seu “manual” de 1513, é meramente acessório, pois a essência da arte de comandar os homens revela-se plenamente adequada aos dias que correm, confirmando assim as finas virtudes de psicólogo político – avant la lettre – do perspicaz pensador do Cinquecento.

Este Príncipe Moderno representa, antes de tudo, uma singela homenagem ao diplomata italiano que “inventou” a ciência política, ainda que ele o tenha feito nas difíceis circunstâncias do ostracismo, na sua condição de funcionário de Estado “cassado” pelos novos donos do poder em Florença.

Obra de um momento político – talvez não muito diverso daqueles tempos vividos pelo segretario de cancelleria –, este novo Príncipe, que se pretende tão universal em seu escopo e motivações quanto seu modelo de cinco séculos atrás, oferece novos argumentos em torno dos velhos problemas da administração estatal. A bem refletir sobre a política contemporânea, pouco nos separa de Maquiavel, se não é algum desenvolvimento institucional e uma maior rapidez nas comunicações. Quanto aos homens, tanto os condottieri quanto o popolo, eles não parecem ter mudado muito...


Paulo Roberto de Almeida é cientista social e diplomata, com obras publicadas sobre temas de história diplomática, de relações internacionais e de política externa do Brasil.

Leia o prefácio, a dedicatória e uma carta a Maquiavel, neste link: