Brilhante iniciativa e todos os encômios a Carlos Goes, de Mercado Popular.
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Esse
texto recomenda quatro artigos e livros para que você comece a entender
a extensa obra de Milton Friedman. Os textos são resumidos e, quando
disponíveis, colocamos alguns links para que você possa ter acesso aos
textos originais quando disponíveis pela rede.
CAPITALISMO E LIBERDADE, com Rose Friedman
(
baixe em português).
Este é um dos livros de Friedman para o público geral – e não para
economistas. Mas isso não o impede de tratar de temas profundos e
controversos. O livro começa relatando como a
liberdade econômica e a liberdade política são duas faces da mesma moeda.
O exemplo que Friedman usa é: imagine que você vive em um país onde em
tese há liberdade de manifestação, mas onde tudo é do governo. Você pode
protestar contra o governo, mas você teria que convencer o gerente da
gráfica do governo a publicar seus panfletos, o chefe da seção de
locação de caminhões do governo a lhe emprestar um carro de som e o
diretor da rádio do governo a divulgar sua marcha contra o governo…
No
fim das contas, você teria que convencer diversas partes do governo a
deixar que você tente mudá-lo. Interesses privados e corporatistas
impediriam toda mudança. Neste livro, Friedman também advoga o
fim das licenças governamentais para advogados e médicos como método de
aumentar a concorrência e baixar preços – o que significaria o
fim da Ordem dos Advogados do Brasil e do Conselho Federal de Medicina
aqui no Brasil. Ele também introduz a ideia de substituir o sistema de
assistência social tradicional por um modelo de “imposto de renda
negativo”, em que as pessoas que tivessem renda menor a determinado
patamar recebessem impostos ao invés de pagar.
Esse modelo de política social pró-mercado é tido como a inspiração para o Bolsa Família –
inclusive pelo ex-Senador Eduardo Suplicy. Por fim, ele traz uma de suas grandes contribuições: a ideia de que
a educação estatal pode ser substituída por vouchers educacionais
em que os pais podem ir ao mercado escolher em qual escola privada eles
querem matricular seus filhos. Esse modelo foi implementado por países
tão diversos quanto Colômbia, Chile, Estados Unidos e Suécia.
UMA HISTÓRIA MONETÁRIA DOS ESTADOS UNIDOS, com Anna Schwartz
(
baixe em português). A
História Monetária é provavelmente o
livro acadêmico mais influente de Milton Friedman. Ele
revolucionou a interpretação padrão que se dava às causas da Grande Depressão.
Até a publicação deste livro, predominavam a visão de que a Grande
Depressão tinha sido causada por “crises de superprodução” (na linha de
JK Galbraith) ou por erros naturais causado pelas
irracionalidades dos investidores (de acordo com
John Maynard Keynes). Friedman e Schwartz mostram que
a Grande Depressão foi causada por erros políticos do Banco Central americano
(Fed). Ao invés de perseguir uma regra de política monetária que
mantivesse a quantidade de dinheiro circulante na economia estável (ou
ligeiramente crescente), o Fed fez com que essa quantidade caísse
fortemente – e transformou o que seria uma recessão breve na maior crise
econômica da história. Em 2002,
o próprio ex-presidente do Fed Ben Bernanke reconheceu isso, ao dizer: “Milton e Anna, vocês estavam certos. Nós somos responsáveis – e devemos desculpas.”
INFLAÇÃO E DESEMPREGO. (palestra de aceitação do Prêmio Nobel em Economia): (
baixe em inglês). Nesse texto, Milton Friedman resume sua
refutação
teórica à teoria econômica prevalente à época que era utilizada como
justificativa para inflação mais alta e mais intervenção governamental
discricionária: a Curva de Phillips.
A Curva de Phillips presume uma associação negativa entre desemprego e
inflação (o que implica em que crescimento econômico necessariamente
deveria ser acompanhado de inflação mais alta).
Friedman demonstrou que no longo prazo o desemprego não responde à inflação e é possível haver recessão econômica e inflação.
Durante os anos 1970, os EUA entraram em recessão inflacionária
(chamada de “estagflação”) e as teses de Friedman e seus amigos de
Chicago (Ed Prescott, Bob Lucas e Ed Phelps) se mostaram corretas.
O GOVERNO TEM ALGUMA FUNÇÃO EM GERIR A MOEDA?, com Anna Schwartz (
baixe em inglês). Neste artigo, que faz uma interessantíssima revisão do pensamento monetário de dois séculos, passando por
Alfred Marshall e
Friederich Hayek,
os
autores explicam porque eles acham que um sistema privado de moedas não
existe, embora eles entendam que provavelmente este seria mais
eficiente do que um sistema de moedas monopolísticas. A
conclusão é que barreiras políticas, o costume histórico da população e a
vantagem de ter um único meio para trocas é o que leva a uma tendência
ao
status quo. Mas ele dizia que isso podia mudar no futuro –
e até previu em 1999 que surgiria algo como Bitcoins para substituir o papel moeda!
Ao contrário do que dizem alguns dos críticos de Friedman, ele não preferia o sistema de bancos centrais governamentais
– afinal, ele construiu sua carreira apontando os maiores erros
históricos do Fed. Ele simplesmente tentava sugerir as melhores
políticas a partir da presunção de que ele não poderia alterar a base do
sistema monetário. E este texto mostra isso claramente.