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segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Moniz Bandeira: um historiador de esquerda (1935-2017) - Paulo Roberto de Almeida

Minha nota necrológica sobre o historiador de esquerda, que passou os últimos anos de sua vida lutando por seus títulos de nobreza e defendendo o partido de esquerda que desprezava os nobres e se encarregou também de dilapidar os pobres em favor dos muito ricos, que extorquia ou que colaboravam com ele, na missão de enriquecer os esquerdistas convertidos em capitalistas promíscuos.
Minha visão de Moniz Bandeira não é leniente, e independentemente do valor (ambíguo) de sua obra, sua personalidade era execrável, mas reconheço que ele combinava com a universidade, gramsciana em espírito, anticapitalista de fato, antiamericana por princípio.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 4 de dezembro de 2017
PS.: A nota só está sendo publicada agora por não ter sido considerada aceitável em outros suportes.


Moniz Bandeira: um historiador de esquerda (1935-2017)

Paulo Roberto de Almeida

Luiz Alberto Moniz Bandeira, provavelmente um dos maiores historiadores de esquerda do Brasil, nasceu na Bahia em 1935, pouco depois da Intentona Comunista, e morreu no dia 10 de novembro de 2017, aos 80 anos do golpe de Estado Novo, quando Getúlio Vargas inaugurou a ditadura fascista que durou oito anos, especialmente dura com os comunistas de todos os matizes. Acusado de trotskista, foi preso duas vezes sob outra ditadura, a do regime militar que dominou o Brasil durante mais de duas décadas, entre 1964 e 1985. Tornou-se marxista aos 13 anos de idade, ao ler os clássicos de Marx e Lênin, passando a militar nas correntes socialistas, ao mesmo tempo em que trabalhava como jornalista nos principais jornais do Rio de Janeiro, a partir de meados dos anos 1950. Ao lado de uma prolífica obra de historiador, militou durante toda a sua vida pelas causas socialistas, com uma ênfase especial no anti-imperialismo, que ele exercia especificamente na vertente do antiamericanismo. Ironicamente, passou os últimos anos de sua vida colecionando títulos de nobreza, sendo-lhe reconhecido em 1995, em Portugal, o título de Barão de São Marcos, com direito ao uso de um brasão de armas e outros privilégios de fidalguia: tornou-se um marxista aristocrático.
Seus primeiros livros, sintomaticamente, foram dedicados à revolução russa e seus efeitos no Brasil,  assim como ao líder da revolução bolchevique, Lênin. Poucos dias depois que a revolução bolchevique de novembro de 1917 completou seu primeiro centenário, mas já desaparecido o sistema soviético desde 1991, ele morreu, não sem antes ver publicada a 4a. edição de sua biografia de Lênin, o último livro a sair em vida. Formado em Direito, obteve, já maduro, o título de Doutor em Ciência Política pela USP, tendo sua tese sobre os conflitos políticos na Bacia do Prata sido publicada posteriormente sob o título de O Expansionismo Brasileiro e a formação dos Estados  na Bacia do Prata: da colonização à  Guerra da Tríplice Aliança. Na tese, dissertou sobre as relações políticas e o equilíbrio de poderes no Cone Sul desde a ocupação ibérica até quase o final do Império no Brasil, mais exatamente até o término da guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai. Mas ele já tinha publicado, logo depois de sair de dois anos de prisão, sob o regime militar, em 1970, o livro que o tornou imediatamente famoso e até apreciado pelos militares que o prenderam: Presença dos Estados Unidos no Brasil, o primeiro de uma série na qual, com ampla base em pesquisa histórica, mas interpretações fortemente antiamericanas, ele fustiga o imperialismo americano durante praticamente toda a história independente da grande nação da América do Norte. A continuidade daquele livro foi lançada alguns anos depois: Brasil-Estados Unidos: a rivalidade emergente (1950-1988), seguido, vários anos mais tarde, por um terceiro dessa série: As relações perigosas: Brasil-Estados Unidos, de Collor a Lula, 1999-2014. Entre um e outro, seguiram-se várias obras de pesquisa histórica ou de cunho polemista, fortemente críticas ao papel dos Estados Unidos na geopolítica mundial, com um foco detalhado sobre os países da América Latina (em especial Cuba e o Cone Sul).
Em virtude de seu casamento com Margot, em meados dos anos 1990, deixou o Brasil pela Alemanha, tendo publicado alguns livros sobre esse país, tanto nas relações com o Brasil, quanto na derrocada do socialismo em sua metade oriental. Um de seus livros mais saudados tratou do governo João Goulart, no qual ele saudou a ascensão das lutas sociais no Brasil e as tentativas de reformas progressistas abortadas. Foi professor na Universidade de Brasília entre o final dos anos 1980 e o início da década seguinte, quando aprofundou suas pesquisas – basicamente nos arquivos do Itamaraty – sobre as relações diplomáticas entre os principais países do Cone Sul e o grande impacto do imperialismo americano no cenário político e econômico da região.
A despeito de ter pesquisado em arquivos históricos, sua interpretação dos processos políticos aos quais se dedicou ao longo de uma vida bastante prolífica no plano intelectual foi inevitavelmente contaminada por um marxismo acadêmico basicamente fiel aos conceitos centrais da doutrina do materialismo histórico, bem como por um conhecimento claramente insuficiente da história econômica mundial. Reproduziu, em várias de suas obras, a visão leninista e luxemburgueana da expansão capitalista e do imperialismo ocidental, com direito ao uso de todos os clichês que se podem encontrar nos estudos impregnados de marxismo clássico. Esse simplismo analítico o tornou bastante apreciado pelo público universitário e pelos gramscianos de academia, mas os pesquisadores mais sérios mantêm diversas restrições metodológicas a uma produção marcada por claras simpatias militantes. Sua obra subsistirá, dada a dominância esquerdista no ambiente universitário, mas convêm recomendar aos leitores que ajustem suas lentes para separar a informação de base histórica de sua interpretação enviesada pelo maniqueísmo anticapitalista e por um antiamericanismo renitente.

Brasília, 24 de novembro de 2017

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Venezuela-Ucrania: a enfermidade senil dos anti-americanos doentios - o caso de Moniz Bandeira

As afirmações desse historiador e pesquisador outrora razoável, atualmente apenas acometido de anti-americanismo compulsivo, e doentio, ainda são capazes de convencer os já convencidos.
Sim, os EUA estão por trás da falta de papel higiênico na Venezuela. São eles que desorganizaram completamente a economia venezuelana, causando penúrias que incomodam a dona de casa, que nem sabe, sequer desconfia, que são os EUA que estão por trás da falta de leite, farinha, eletricidade, enfim, um pouco de tudo, na vida diária. Os EUA conseguiram sabotar a economia venezuelana de maneira tão completa que não há outra maneira senão protestar. Os EUA são obviamente maquiavélicos e muito poderosos.
Os EUA também estão por trás das milhares de mortes provocadas pela delinquência generalizada. Não se sabe como, eles conseguiram dar armas aos candidatos a bandidos, e assim conseguiram instalar a situação de total insegurança vivida atualmente na Venezuela.
Os imperialistas são terríveis.
Na Ucrânia, foram os EUA que convenceram o presidente fugido a não assinar um acordo de comércio com a UE e a estreitar as relações de cooperação com a Rússia, dando assim a partida às manifestações de massa que ensanguentaram a Ucrânia nos últimos três meses.
O imperialismo americano também convenceu Putin a dar 15 bilhões de dólares como ajuda à Ucrânia, agravando assim a indignação dos ucranianos anti-russos.
Os imperialistas americanos são terríveis.
Eles conseguem fazer coisas enormes, sem que a gente saiba como
Só Moniz Bandeira sabe de tudo.
Ainda bem que o Brasil conta com sábios esclarecidos como ele para nos alertar.
A próxima vez será talvez o Brasil: os imperialistas americanos vão convencer a população que a atual equipe dirigente é incapaz de reduzir a inflação, os gastos do Estado, a corrupção generalizada.
Atenção brasileiros: os imperialistas americanos estão por trás da equipe dirigente, obrigando-a a cometer cada vez mais erros, que vão, ou que podem, resultar em sua derrota nas eleições.
Tudo será um complô imperialista, americano, claro.
Ufa! Ainda bem que temos Moniz Bandeira para nos alertar...
Paulo Roberto de Almeida

Politólogo: Venezuela é a próxima vítima dos EUA
Views fevereiro 19, 2014 

O politólogo Moniz Bandeira, autor do livro A Segunda Guerra Fria, advertiu hoje que os acontecimentos na Venezuela são um produto da mesma estratégia aplicada nos países da Eurásia, na chamada “primavera árabe” e outra vez na Ucrânia. Segundo Moniz, autor de mais de 20 livros sobre as relações dos Estados Unidos com a América Latina e agora com a Europa e a Ásia, há um esquema de Washington para subverter os regimes, que foi aperfeiçoada, desde o governo de George W. Bush, e começa com  com o treinamento de agentes provocadores.
- Tais agentes infiltrados  organizam manifestações pacíficas, com base nas instruções do professor Gene Sharp, no livro From Dictatorship to Democracy, traduzido para 24 idiomas e distribuído pela CIA e pelas fundações e ONGs. O objetivo é levar os governos a reagirem, violentamente, e assim poderem ser acusados de excessos na repressão das manifestações e de violar os direitos humanos etc., o que passa a justificar a rebelião armada, financiada e equipada do exterior e, eventualmente, a intervenção humanitária – explica o politólogo.
A estratégia, ainda segundo Moniz Bandeira, hoje residindo na alemanha,  consiste em fomentar o Political defiance, i.e., o desafio político, termo usado pelo coronel Robert Helvey, especialista da Joint Military Attaché School (JMAS), operada pela Defence Intelligence Agency (DIA), para descrever como derrubar um governo e conquistar o controle das instituições,mediante o planejamento das operações e a mobilização popular no ataque às fontes de poder nos países hostis aos interesses e valores do Ocidente.
- Ela visa a solapar a estabilidade e a força econômica, política e militar de um Estado sem recorrer ao uso da força por meio da insurreição, mas provocando violentas medidas, a serem denunciadas como “overreaction by the authorities and thus discrediting the government”. A propaganda  é “a key element of subversion” e inclui a publicação de informações nocivas às forças de segurança, bem como a divulgação de rumores falsos ou verdadeiros destinados a solapar a credibilidade e a confiança no governo, diz o politólogo brasileiro, que tem residência na  Alemanha.
Trata-se do que o coronel David Galula definiu como “cold war revolutionary”, i.e., atividades de insurgência que permanecem, na maior parte do tempo, dentro da legalidade, sem recorrer à violência.

- Assim aconteceu na Sérvia, na Ucrânia, Geórgia e em outros países, pela Freedom House e outras ONGs americanas, que instigaram e ajudaram, com o emprego de ativistas, a impulsar as demonstrações na Síria, como expus, documentadamente, em a A Segunda Guerra Fria. Agora está sendo aplicada na Venezuela e, seguramente, tentam aplicar no Brasil com os black block.