Recuerdos da Nova República
Paulo Roberto de Almeida
Pois é, em 1989 muita gente votou em Collor contra o Lula.
Depois, em 2002, votaram no Lula contra o Serra.
Depois, em 2010, na Dilma pelo Lula.
Depois, em 2018, no Bolsonaro contra o Lula.
Em 2022 será certamente contra o Bolsonaro, em qualquer um que se apresentar, menos o Lula, obviamente, o que poderia permitir a reeleição do genocida.
E o Brasil afundando, com todos esses “contras”…
Só não se enxerga um estadista.
Ah, sim, teve o FHC em 1994, por obra e graça de uma brilhante equipe de economistas, que entregaram pronto o Plano Real. Que só não foi perfeito porque o Itamar impediu um ajuste fiscal que nos evitaria os problemas que tiveram de ser resolvidos em 1999.
Mas o FHC cometeu o grande CRIME da reeleição em 1997. E depois um outro, em 2005, quando passou o pano no Mensalão do Lula. Que resultou no Petrolão, na Lava-Jato, no Eduardo Cunha, no impeachment da Dilma, na JBS do Temer e, finalmente, no genocida que está aí.
Esqueci algum episódio mais palpitante?
Sim, tem algo muito mais grave do que a própria CPI da Pandemia que ocorre atualmente, que levará a pedidos de indiciamento, que serão solenemente ignorados pelo Desprocurador Particular da republiqueta bolsonarista: eu me refiro ao “orçamento paralelo” da República do Centrão (essa sim, com R maiúsculo).
O chamado “orçamento paralelo” é o MAIOR CRIME que se comete contra o Estado de Direito, contra qualquer noção que se tenha de orçamento numa democracia digna desse nome: trata-se de uma PERVERSÃO MONSTRUOSA do que seja legalidade, recuando o Brasil a tempos sombrios, anteriores até mesmo à Magna Carta, 806 anos atrás.
O Brasil recua, imperceptivelmente para a maioria, mas não para mim, com meus modestos conhecimentos de história.
Sempre será útil recordar esses fatos, mesmo sabendo que outros países conseguem retroceder ainda mais, alguns até de forma recorrente, pelos mesmos erros.
Não sei se é o caso do Brasil: tenho a impressão de que sempre cometemos novos erros. Mas eles são persistentes.
Azar o nosso, não é?
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 13/06/2021