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sexta-feira, 12 de julho de 2013

Crescimento economico no Brasil: altos e baixos - Mansueto Almeida

Mais baixos do que altos, ou melhor: mesmo os períodos de alto crescimento, também podem ter sido os de inflação alta e de desorganização na economia.
Itamar, por exemplo, teve alto crescimento, mas a inflação disparou. Felizmente, delegou funções a uma excelente equipe econômica que, sob a condução do ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso, conseguiu, finalmente, estabilizar o Brasil sob o Plano Real (que foi sabotado, atacado, vilipendiado pelos companheiros, que depois se beneficiaram da estabilidade).
Dilma, por sua vez, resolveu não delegar nada a ninguém, e deu no que deu: baixo crescimento com alta inflação. Ou seja, fez o Brasil retroceder, sobretudo em termos de (má) qualidade da política econômica.
Assim é o Brasil: ciclotímico.
Abaixo a síntese preparada pelo economista Mansueto Almeida (não é meu parente).
Paulo Roberto de Almeida

Vamos resumir a história recente do Brasil? vamos olhar os dados de crescimento do PIB depois da redemocratização do Brasil para ter uma real dimensão do que está acontecendo.
PIB1
PIB2
Estimativas para PIB 2013 e 2014: 2% e 2,5%.
O governo Sarney (1985-1989) entregou um bom crescimento em um período complicado no qual o Plano Cruzado foi de um imenso sucesso a um retumbante fracasso. Mas essa taxa de crescimento de 4,4% do PIB aa não fez muita diferença porque naquela época as pessoas ainda gostavam muito de ter filhos. Inflação volta, mas mudanças institucionais estavam em curso: fim da conta movimento, criação da Secretaria do Tesouro Nacional, e inicio do processo de abertura comercial.
Collor (1990-1992) com seu plano de ajuste com “uma bala na agulha” mostrou ser um desastre. Muita gente culpou o presidente e a sua ministra da fazenda, Zélia Cardoso de Melo. Muita gente esquece que por trás deles e do plano Collor de calote na dívida pública tinha outro grupo de economistas que hoje ainda goza de relativo prestígio no mercado. Inflação volta, mas tivemos forte abertura da economia (“nossos carros são carroças”), esforço fiscal com corte de ministérios e custeio se mostrou inútil para contrabalançar crescimento do INSS e gasto com pessoal devido à nova Constituição. Não termina o mandato e o crescimento do PIB é negativo: -1,3% aa. Deixou também a herança “bendita” de um estoque de dívida pública bem menor.
Governo Itamar (1993-1994) assume com o apoio dos partidos que ajudaram a derrubar o presidente Collor. PT ajudou a derrubar o presidente, mas Lula lembra no programa Roda Viva, em 1993, porque não vai participar do novo governo: “as pessoas no Brasil precisam entender que para ajudar o país não precisa ser governo. Pode ser oposição”. Presidente Itamar convida FHC para assumir o ministério da fazenda, depois do ministério das relações exteriores, e junto com economistas da PUC faz o bem sucedido Plano Real, em 1994. Crescimento do PIB de 5% aa, mas parte era recuperação da queda do período Collor.
FHC (1995-1998) assume a presidência em 1995 e dá continuidade ao Plano Real e ao processo de modernização da economia com a privatização, ajuste do sistema financeiro (PROER e PROES), negociação das dívidas dos estados, etc. Mas no meio do caminho havia a Constituição Federal e o fim do imposto inflacionário. Os indicadores fiscais pioram, governo demora o ajuste, há medo de liberar o mercado cambial e indicadores macro pioram, mas dá tempo para o governo se reeleger. O PIB cresceu 2,5% aa.
No segundo mandato, FHC (1999-2002) aprofunda a agenda de reformas. Governo adota o famoso tripé macroeconômico: câmbio flutuante, meta de inflação e superávit primário. Aprofunda agenda de reformas (reforma parcial da previdência, reforma administrativa, Lei de Responsabilidade Fiscal, etc.). É também definida uma regra para financiamento da saúde com a Emenda Constitucional 29 de 2000. Brasil sofre com sucessivas crises em países emergentes, mas governo ainda entrega crescimento do PIB de 2,1% ao ano com várias reformas institucionais que seriam importantes para o crescimento dos pais nos próximos anos. Dívida dos entes federados foi renegociada s e o país começaria um longo período de estabilidade fiscal. Nesse período ocorre o famoso apagão, em 2001, que leva o governo a se mexer e definir o uso das termelétricas como um seguro do sistema de geração, que está sendo fundamental hoje.
Lula (2003-2006) assume o governo, em 2003, sob forte desconfiança do mercado, pois seu partido sempre falou em calote da dívida, em estatizar novamente a VALE, controlar o sistema financeiro e eram contra a LRF, etc. Lula procura economistas bons no PT e não encontrou, mas descobre um médico (Palloci) que se mostra um excelente economista (apesar da Casa dos Prazeres do Lago Sul). Governo Lula continua agenda de reformas (Lei de Falências, patrimônio de afetação, nova mini-reforma da previdência do setor público, crédito consignado, etc.). Dada a continuidade do ciclo de reformas e um cenário externo benigno, PIB cresce 3,5% ao ano.
No seu segundo mandato, Lula (2007-2010) dá forte guinada na política econômica e abraça uma agenda de colher o fruto da bonança externa e do ciclo de reformas de governos anteriores (o seu inclusive). Começa forte intervenção na economia, aumento da dívida pública para financiar BNDES e a politica industrial, novos programas de subsídios que aumentam a cada ano, forte reajuste dos salários de funcionário públicos, aumento do investimento público, etc. A ordem era gastar e não se preocupar com reformas, pois o Brasil havia entrado em uma trajetória de crescimento sustentável, diziam seus “brilhantes economistas”.  A crise de 2008/2009 foi utilizada como justificativa para maior intervenção do Estado na economia e começa o uso extensivo e abusivo da contabilidade criativa – truques fiscais para enganar o povão. O PIB cresce 4,6% ao ano, mas no meio da festa há uma nítida piora da política econômica e o pavê estava estragado com uma substância que afeta o aparelho digestivo no longo-prazo. Em 2009, começo o meu blog estimulado por um conjunto de amigos com quem converso.
Em 2011, começa o governo Dilma (2011-2014)  que segue o receituário econômico deixado pelo seu antecessor. Mas como a nossa presidente é economista, resolve ser mais ousada e passa a ser também ministro da fazenda. Começa o microgereciamento da economia, intervenção em vários setores, uma agenda confusa de novas regras para concessão de serviços públicos com controle da taxa interna de retorno dos projetos, o fetichismo do Estado pode tudo e os truques fiscais continuam. A única reforma aprovada é a regulamentação da aposentadoria dos funcionários públicos (FUNPRESP), cujo efeito será gradual e aparecerá apenas em duas décadas. No mais, piora a comunicação com o mercado e governo entra em um período de fragilidade ainda em curso que começa a apontar para um baixo crescimento do PIB de 2% ao ano. Está em gestação uma herança maldita para ela própria ou para o seu sucessor. Ninguém sabe o final exato dessa história, mas é cada vez mais certo que o país entra sala de operação depois da eleição de 2014 e o cortisona não está mais fazendo efeito positivo e aumentou os efeitos colaterais.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

O PIB subiu no telhado - Mansueto Almeida

Ou seja, está descendo a ladeira.
PRA


PIB no Brasil: o gato subiu no telhado


Mansueto Almeida, 24/05/2013
A cada semana, os dados de projeção do crescimento esperado do PIB para este ano, infelizmente, pioram. Nesta semana, a mediana das projeções do relatório FOCUS para o crescimento do PIB este ano rompeu a barreira de 3% e cravou 2,98%, É claro que essas projeções são passiveis de revisões com as divulgações dos dados pelo IBGE.
Mas, por enquanto, o cenário de crescimento é cada vez menos animador. O novo boletim de conjuntura do IBRE-FGV de maio de 2013 joga um balde de água fria quando se olha para os próximos meses. Como fala o relatório na p. 9: “Fatores transitórios explicam, em grande medida, o crescimento de 1,0% no primeiro trimestre. Mas, para o restante do ano, um cenário de crescimento morno ainda é o mais provável.”
Um dado que preocupa são as sondagens empresariais e do consumidor do IBRE-FGV. A reversão para cima dos índices de confiança setoriais ainda não ocorreu e o índice de confiança do consumidor despencou (ver os gráficos abaixo). Ou seja, empresários e famílias estão preocupados. Leiam o relatório de conjuntura do IBRE-FGV que está muito bom.
Figuras IBRE
Adicionalmente, um sinal muito claro da reversão do otimismo para o crescimento do PIB este ano foi um relatório recente do Credit Suisse. O banco era um dos mais otimistas do mercado e apostava em crescimento do PIB de 4% este ano. Mas no seu relatório desta semana, os analistas do banco já alertam que essa aposta poderá ser revista:
Reconhecemos que uma expansão do PIB no 1T13 versus o 4T12 de 1,0% ou inferior a esse patamar aumenta a probabilidade de um crescimento do PIB em 2013 inferior à nossa projeção formulada em novembro de 2012 de 4,0%. Não obstante, um crescimento do PIB no 1T13 ante o 4T12 de 1,0% indica que a expansão da economia em 2013 tende a ser, provavelmente, superior a 2,5%.” (Credit Suisse, Macro Brasil 22 de maio de 2013)
Agora, vamos torcer para que ninguém comece a namorar com 2,5% porque isso seria um completo desastre e sinalizaria mais um ano de crescimento baixo e inflação alta. A propósito, é claro que o Brasil não pode mais crescer à taxas de 7% ao ano. Mas para um país de renda média (US$ 12.000) deveríamos crescer pelo menos entre 4% a 5% ao ano, que era a expectativa de muitos de nós economistas antes de 2009.
Infelizmente, o nosso cenário de crescimento mudou, estruturalmente, para pior. Antes que alguém diga que o FMI ainda projeta crescimento do PIB no Brasil de 4% ao ano a partir do próximo ano, quero dizer que Fundo já tem como certo que sua projeção para o Brasil é otimista e, mais cedo ou mais tarde, poderá (ou deverá) rever essas projeções.
Antes que alguém diga que crescer 2,5% ao ano é melhor do que países da Europa, essa comparação é totalmente descabida. O que vamos fazer rezar ou chorar? Nenhuma das duas coisas. Vamos escrever, falar e argumentar para que o governo retome a agenda de reformas institucionais e que possamos recuperar o nosso otimismo. Se não der certo, ai sim podemos começamos a rezar e chorar.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

O pouco ufanismo dos numeros de crescimento - Samuel Pessoa

Folha de S.Paulo, 21/10/2012 - 03h00

Baixo crescimento do Brasil

Samuel Pessoa
Recentemente o FMI divulgou a atualização do relatório do panorama da economia mundial com a revisão (para pior) da taxa de crescimento para as principais economias em 2012.
Fomos informados de que o FMI espera que o crescimento econômico mundial real, isto é, controlando pela inflação nos diversos países, será de 3,3%, e não 3,5%, como se imaginava anteriormente. Os países desenvolvidos crescerão menos, o que motivou a revisão para baixo.
Não foi notado que, apesar da revisão para baixo, a taxa de crescimento de 3,3% ao ano está longe de ser um péssimo resultado. Esse foi o crescimento médio dos 20 anos de 1980 até 1999.
Editoria de Arte/Folhapress
Ou seja, as economias emergentes, quase que sozinhas, visto o péssimo desempenho da Europa e o desempenho ruim dos EUA, estão conseguindo rodar a economia mundial à mesma taxa que vigorou em boa parte do último quarto do século 20.
A divulgação das projeções do FMI é uma boa oportunidade para avaliarmos como está caminhando a economia brasileira em comparação com as demais economias latino-americanas.
Também é uma boa oportunidade para olharmos para o crescimento da economia brasileira de uma perspectiva de longo prazo.
A tabela acima apresenta a taxa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) real para a América Latina (primeira linha), para o Brasil (quarta linha) e para os demais países da América Latina excluindo os países da América Central para diversos períodos.
Na coluna 1, considerei o período que coincide com o mandato do presidente FHC; na coluna 2, o período que coincide com o mandato do presidente Lula; e, na coluna 3, os dois últimos anos, incluindo a previsão para 2012 do FMI, que coincide com os primeiros dois anos do mandato da presidente Dilma.
Além do Brasil, a tabela considera dez outros países latino-americanos: Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, México, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela.
Três fatos se depreendem da tabela. Primeiro, tanto no governo FHC quanto no governo Lula, o crescimento do Brasil foi muito próximo do crescimento da América Latina: 0,1 ponto percentual a mais para o governo FHC e 0,1 ponto percentual a menos para o governo Lula.
Ou seja, toda a aceleração de crescimento que houve do governo FHC para o governo Lula foi compartilhada pela América Latina.
Segundo, se compararmos o crescimento da economia brasileira com os demais dez países da tabela, houve piora significativa do governo FHC para o governo Lula.
No governo FHC, o crescimento da economia brasileira foi maior do que o crescimento de 6 dos 10 países da tabela. No governo Lula, somente ficamos à frente do México. Todos os demais nove países apresentaram um desempenho de crescimento superior ao nosso.
Terceiro, nosso desempenho no biênio 2011-2012 está bastante aquém do desempenho da América Latina: 2,1% para nós em comparação a 3,8% para a América Latina. Novamente, dos dez outros países da tabela, nosso desempenho só não é pior do que o do Paraguai.
Assim, parece que algo ocorreu nos últimos anos que aparentemente reduziu a capacidade de crescimento da economia brasileira a valores significativamente inferiores aos da América Latina. Esse é um tema que certamente motivará muita pesquisa nos próximos anos.
De qualquer forma, para todos os períodos, o desempenho foi relativamente ruim. Há sinais de que os governos têm sido ruins? Em particular, é sinal de desempenho ruim da atual administração? Não necessariamente.
O fato de o atual governo e de o anterior serem extremamente populares sugere que a prioridade da sociedade não tem sido o máximo crescimento econômico. Outros fatores devem determinar a forma como o eleitor tem escolhido os governantes.
Penso que o eleitor mediano tem priorizado governos que reduzam a desigualdade e elevem a renda e o consumo. Esse objetivo tem sido compatível com o desempenho medíocre de crescimento da economia brasileira. Não sabemos até quando. Mas me parece que só haverá alteração do padrão de escolha política da sociedade quando esse modelo de baixo crescimento e melhora da desigualdade, da renda e do consumo testar seus limites.
SAMUEL PESSÔA é doutor em economia e pesquisador associado do Instituto Brasileiro de Economia da FGV.
Escreve aos domingos nesta coluna.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Cronica de um desastre economico anunciado: Brasil recua - EditorialEstadao

O desastre da indústria
03 de fevereiro de 2013
Editorial O Estado de S.Paulo

O grande tombo da indústria, principal componente do fiasco econômico do ano passado, está confirmado e medido oficialmente. A produção industrial diminuiu 2,7% em 2012, segundo informou na sexta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi o primeiro resultado negativo desde o recuo de 7,4% registrado em 2009, quando se manifestaram plenamente, em todo o mundo, os efeitos recessivos do estouro da bolha financeira nos mercados de crédito americano e europeu. Mas a pior parte da notícia é outra. É preciso ir aos detalhes para encontrar o significado econômico da crise industrial brasileira e entender o estrago causado por erros políticos acumulados em muitos anos. Os números de 2012 servem tanto para um exame do passado quanto para uma avaliação dos problemas à frente. O mau desempenho em 2012 limita as possibilidades de crescimento do País em 2013 e nos anos seguintes e impõe desafios enormes ao governo e ao empresariado.

O recuo de 2,7% foi o resultado médio de todo o setor industrial. A produção da indústria extrativa diminuiu apenas 0,3%. A do setor manufatureiro encolheu 2,8%. É esse o canal mais importante de irradiação de tecnologia e de criação de empregos decentes.

É também o mais exposto à concorrência internacional. Quando se decompõe a atividade segundo as categorias de uso, aparece um quadro especialmente sombrio. A produção de bens de consumo diminuiu apenas 1%, porque o governo reduziu impostos sobre veículos e eletrodomésticos e, além disso, o emprego e o poder de compra das famílias permaneceram elevados. A demanda foi em parte suprida por importações competitivas e isso explica o resultado negativo da atividade interna.

Mas a fabricação de bens de capital encolheu 11,8%. Vale a pena, de novo, notar alguns detalhes. A produção de máquinas e equipamentos (nomenclatura do IBGE) recuou 3,6%. A de máquinas para escritório e equipamentos de informática recuou 12,7%. A de máquinas, aparelhos e materiais elétricos caiu 5,4%.

A queda de produção do setor de bens de capital é um péssimo prenúncio. O investimento, como qualquer outro uso de recursos, influencia o crescimento a curto prazo, mas seu efeito mais importante é outro.

O potencial de expansão da economia depende, a médio e a longo prazos, do valor investido em máquinas e equipamentos de vários tipos, em instalações de produção de bens e serviços e em infraestrutura (estradas, portos, armazéns, centrais elétricas, redes de transmissão e distribuição de energia e sistemas de comunicação).

No Brasil, o total do investimento desse tipo, também conhecido como formação bruta de capital fixo, continua inferior a 20% do PIB. Em outros países latino-americanos, está nas vizinhanças de 30%. Na Ásia, há taxas maiores e até próximas de 40%, financiadas principalmente por elevados níveis de poupança interna.

Também é muito importante o dinheiro investido em capital humano, isto é, o dinheiro aplicado nos vários tipos de educação e nos cuidados de saúde. Mas esses valores são raramente explicitados nas contas oficiais do investimento, assim como os recursos destinados à pesquisa e ao desenvolvimento de produtos e processos.

Mas os resultados são facilmente observáveis no desempenho das empresas e das economias nacionais. Em todos esses itens o Brasil fica muito atrás da maior parte dos demais países. Também é preciso levar em conta, naturalmente, a qualidade do investimento, um item quase sempre negligenciado nas avaliações da atividade econômica brasileira. Muito dinheiro perdido em maus projetos e corrupção acaba incluído na conta de investimentos.

Economistas de várias instituições têm estimado em 3,5%, pouco mais ou menos, o potencial de crescimento econômico do Brasil. É um cálculo complicado e impreciso, mas um ponto é indiscutível: o potencial brasileiro, nesta altura, é muito menor que o de outros emergentes. Mas o governo insiste em políticas fracassadas, continuando a atribuir à crise externa e às ações de autoridades estrangeiras (a tal "guerra cambial", por exemplo) os males do Brasil.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

PIB: tirar o G da equacao melhora o calculo - Mises Daily

Governos, como se sabe, não produzem um centavo de riqueza. Podem até ajudar a criar, se forem bem comportados (o que não é o caso do nosso), mas costumam cobrar um preço pesado por isso.
Está na hora de tirar o G da equação do PIB, onde nunca deveria ter entrado.
Paulo Roberto de Almeida


NationalAccounts

by Robert Higgs
Mises Daily,December 20, 2012

In the 1930s and 1940s, when the modern system of national income and product accounts (NIPA) was being developed, the scope of national product was a hotly debated issue. No issue stirred more debate than the question, Should government product be included in gross product? Simon Kuznets (Nobel laureate in economic sciences, 1971), the most important American contributor to the development of the accounts, had major reservations about including all government purchases in national product. Over the years, others have elaborated on these reasons and adduced others.
Why should government product be excluded? First, the government’s activities may be viewed as giving rise to intermediate, rather than final products, even if the government provides such valuable services as enforcement of private property rights and settlement of disputes. Second, because most government services are not sold in markets, they have no market-determined prices to be used in calculating their total value to those who benefit from them. Third, because many government services arise from political, rather than economic motives and institutions, some of them may have little or no value. Indeed, some commentators—including the present writer—ultimately went so far as to assert that some government services have negative value: given a choice, the people victimized by these “services” would be willing to pay to be rid of them.
When the government attained massive proportions during World War II, this debate was set aside for the duration of the war, and the accounts were put into a form that best accommodated the government’s attempt to plan and control the economy for the primary purpose of winning the war. This situation of course dictated that the government’s spending, which grew to constitute almost half of the official GDP during the peak years of the war, be included in GDP, and the War Production Board, the Commerce Department, and other government agencies involved in calculating the NIPA recruited a large corps of clerks, accountants, economists, and others to carry out the work.
After the war, the Commerce Department, which carried forward the national accounting to which it had contributed during the war (since 1972 within its Bureau of Economic Analysis [BEA]), naturally preferred to continue the use of its favored system, which treats all government spending for final goods and services as part of GDP. Economists such as Kuznets, who did not favor this treatment, attempted for a while to continue their work along their own, different lines, but none of them could compete with the enormous, well-funded statistical organization the government possessed, and eventually almost all of them gave up and accepted the official NIPA.[1]
Thus did government spending become lodged in the definition and measurement of GDP in a way that ensuing generations of economists, journalists, policy makers, and others considered appropriate and took for granted. Nonetheless, the issues that had been disputed at length in the 1930s and 1940s did not disappear. They were simply disregarded as if they had been resolved, even though they had not been resolved intellectually, but simply swept under the Commerce Department’s expansive (and expensive) rug. In particular, the inclusion of government spending in GDP remained extremely problematic.
Generations of elementary economics students since World War II have come away from Economics 101 having learned, if anything, that gross domestic product is defined as
GDP = C + I + G + (X - M).
That is, GDP for a given period, usually a year, is the sum of spending for final goods and services by domestic private consumers, domestic private investors, and governments at all levels, plus foreign purchases of U.S. exports minus American purchases of U.S. imports.
This sort of accounting supplies the basic framework for the Keynesian models that swept the economics profession in the 1940s and 1950s, from which a key policy conclusion was derived—that the government can vary its spending to offset shortfalls or excesses of private spending and thereby stabilize the economy’s growth while maintaining “full employment.” From the beginning, the most emphasized part of this conclusion was that increases in government spending can offset declines in private spending and thereby prevent or moderate macroeconomic contractions.
Much of the increase in government spending in recent decades has taken the form of increased transfer payments—payments for which the government receives no current good or service in return—such as Social Security pensions, disability benefits, and payments via Medicare or Medicaid to subsidize program beneficiaries’ health-care services. In 2000, such payments amounted to 56 percent of all federal spending; in 2011, they were more than 61 percent. Transfer payments do not enter the computation of national income and product; only purchases of final goods and services do so. Keynesian economists argue, however, that government may use increases in transfer payments to cushion business slumps in the same way that it may use increases in its purchases of final goods and services because increases in transfer payments augment personal income and stimulate greater consumption spending, hence greater investment spending, and therefore, from both sources, an increase in GDP.
The foregoing issues have taken on special cogency during the past five years, as the federal government has greatly increased its total spending. Real total federal outlays increased by 32 percent, from $2,729 billion to $3,603 billion (in chained 2005 dollars), between fiscal years 2007 and 2011. Although much of this increase has taken the form of increases in transfer payments, the part that is included in GDP has also risen substantially—at the federal level, it increased by 15.6 percent (in real dollars) between 2007 and 2011. Some of this increase was offset by a decrease in state and local government purchases of final goods and services, which fell by 3 percent during this period. (Data come from BEA, Table 1.1.6, Real Gross Domestic Product, Chained Dollars.)
As the basic Keynesian model implies, the recent increases in government spending appear to have prevented an even greater decline in real GDP during the recession that began in the winter of 2007-2008. But however that may be, because so much of this spending may have had little or no value—or even negative value—in itself, the question remains as to whether, despite what the official GDP figures show, the population’s true economic well-being might have suffered a greater contraction than mainstream economists, journalists, policy makers, and others for the most part believe.
To resolve this question, I have computed what I call gross domestic private product (GDPP), which is simply the standard real GDP minus the government purchases part of it. (Data come from BEA, Table 1.1.6, Real Gross Domestic Product, Chained Dollars.) The figure shows the movement of this variable from 2000 to 2011, the most recently completed year.
Real Gross Domestic Private Product (billions of chained 2005 dollars)
If real GDPP had grown at its long-run average rate of about 3 percent per year during the period from 2000 to 2011, it would have increased by about 38 percent. In reality, however, GDPP increased during this period by only 18 percent, or by about 1.5 percent per year on average. (Real GDP, by comparison, increased by about 1.6 percent per year on average, producing a small increase in the government share of GDP.) So, during this period of more than a decade, private product grew at only about half of its historical average rate. Between 2002 and 2007, while the housing bubble was giving rise to seemingly buoyant growth even beyond the housing sector, the good times appeared to have returned, but the inevitable bust from 2007 to 2009 and the slow recovery since 2009 pulled the intermediate-run growth rate for 2000-2011 back to an anemic level. The recovery of the period 2009-2011 brought the GDPP back only to its 2007 level, signifying four years in which no net gain had been made and much suffering had occurred between the beginning and the end of the period.
Perhaps the most positive statement we can make about the private economy’s performance during this twelve-year period is that it has been somewhat better than complete stagnation. But private product has lost ground relative to total official GDP. Moreover, many of the measures taken to deal with the contraction—the government’s huge run-up in its spending and debt; the Fed’s great expansion of bank reserves, its allocation of credit directly to failing companies and struggling sectors, and its accommodation of the federal government’s gigantic deficits; and the government’s enactment of extremely unsettling regulatory statutes, especially Obamacare and the Dodd-Frank Act—have served to discourage the private investment needed to hasten the recovery and lay the foundation for more rapid economic growth in the long run. To find a similar perfect storm of counter-productive government fiscal, monetary, and regulatory policies, we must go back to the 1930s, when the measures taken under Herbert Hoover and Franklin D. Roosevelt turned what probably would have been an ordinary, short-lived recession into the Great Depression.[2] If the government and the Fed persist in the kind of destructive policies they have undertaken since 2007, the potential for another great depression will remain. Even without such a catastrophe, the U.S. economy presents at best the prospect of weak performance for many years to come.
Notes:
[1] Robert Higgs, Depression, War, and Cold War: Studies in Political Economy (New York: Oxford University Press, 2006), pp. 64-68; and Ellen O’Brien, “How the ‘G’ Got into the GNP,” in Perspectives on the History of Economic Thought, vol. 10, Method, Competition, Conflict and Measurement in the Twentieth Century, ed. Karen I. Vaughn. (Aldershot, England: Edward Elgar, 1994), p. 242.
[2] Robert Higgs, Crisis and Leviathan: Critical Episodes in the Growth of American Government (New York: Oxford University Press, 1987), pp. 159-95; Higgs, Depression, War, and Cold War, pp. 3-29.


quinta-feira, 7 de junho de 2012

PIB do Brasil tem ENORME aumento...

Bem, não se trata exatamente daquele PIB que vocês estão pensando, mas da Produção Intensa de Bobagens, o que nunca falta no Brasil, mas por vezes acelera mais...
Paulo Roberto de Almeida 

Discurso não resolve crises

Editorial O Estado de S.Paulo, 07 de junho de 2012
Quando mais se espera que, não podendo mais deixar de reconhecer o tamanho dos problemas, o governo Dilma adote um plano articulado para debelar os efeitos mais nocivos da crise mundial sobre a economia brasileira, o que se vê é a repetição do que tem feito até agora, sem resultados concretos: vender otimismo, ameaçar os pessimistas e construir um cenário cada vez mais distante da realidade. Utilizam-se promessas para enfrentar problemas.
Embora tivesse demonstrado, no início da semana, grande preocupação com a situação - sobretudo depois da constatação, pelo IBGE, da estagnação da economia no primeiro trimestre -, a ponto de convocar uma reunião de emergência com os principais ministros e auxiliares da área econômica para decidir ações imediatas, na terça-feira a presidente Dilma Rousseff parecia ter descoberto um novo quadro econômico. Na sua avaliação, a expansão da economia em 2012 não será menor do que a registrada no ano passado (quando o PIB cresceu 2,7%), como está sendo previsto pela maioria dos economistas do setor privado, porque o governo vai lançar mão dos instrumentos necessários para estimular os investimentos e sustentar o crescimento do consumo.
"Quem aposta na crise, como (fez) há quatro anos, vai perder de novo", profetizou Dilma, na solenidade do Dia Mundial do Meio Ambiente. Repetiu a bravata feita pelo presidente Lula em 2009, que disse que quem apostasse que a crise internacional iniciada no ano anterior quebraria o Brasil acabaria "quebrando a cara". O País, disse Dilma, tem um "arsenal de providências" que podem ser colocadas em prática. "Sistematicamente, tomaremos medidas para expandir o investimento público, estimular o investimento privado e o consumo das famílias."
É o que se espera que seja feito, mas de maneira eficiente. Em tese, esse tripé sustentará a atividade econômica e propiciará o crescimento mais rápido dentro de algum tempo. Mas, na prática, há superdimensionamento de um dos pés e atrofia dos outros dois. O que o governo tem feito com grande insistência é estimular o consumo, por meio da ampla oferta do crédito, a juros menores. É uma política cuja eficácia está limitada pela capacidade de endividamento das famílias e pela disposição dos bancos de emprestar. O aumento do comprometimento da renda das famílias com despesas financeiras e o crescimento dos índices de inadimplência indicam que essa política terá efeitos cada vez menores.
As incertezas do cenário internacional e os impactos da crise na economia brasileira paralisaram os investimentos privados. Por isso, é o momento adequado para o governo utilizar seu "arsenal de providências" e acelerar os investimentos públicos. Até agora, porém, o governo Dilma mostrou pouca aptidão para isso. Os investimentos federais neste ano são os menores dos últimos três anos (para o período janeiro-maio), como mostrou o Estado, ontem.
Demonstrando despreocupação com o quadro econômico, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que a economia registrará em maio e junho índices de crescimento "muito maiores" do que em abril e o resultado do segundo trimestre será melhor do que o do primeiro. Na sua avaliação, a economia superou a fase de estagnação e entrou numa rota positiva. "Teremos crescimento do PIB e da produção industrial", destacou, referindo-se ao setor que, em abril, apresentou resultados decepcionantes. Citou a indústria automobilística, que tem grande peso na composição do PIB, e que, na sua opinião, "agora vai crescer mais do que outros setores".
Igualmente sem demonstrar preocupação com o cenário, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, defendeu as medidas adotadas pelo governo para estimular o crédito e o consumo das famílias. Num momento em que caberia à autoridade monetária no mínimo apontar os riscos do contínuo estímulo aos financiamentos quando diminui a capacidade financeira do consumidor e cresce a inadimplência, Tombini tem-se limitado a defender as ações do governo - com o qual mostrou perfeito alinhamento durante a audiência pública na Câmara dos Deputados.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Brevissima aula cambial para uso dos neofitos...

Um leitor me solicita uma opinião -- pois não poderia ser outra coisa -- a respeito desta questão:


Bom dia Paulo!
Não fosse o Real valorizado perante o Dollar, qual seria a classificação do nosso PIB?



Eis o que respondi: 



Difícil especular com valores tão cambiantes quanto taxas de crescimento, estimativas de PPP e taxas de câmbio, mas posso lhe dar uma ideia com base na experiência pregressa do Brasil.
Na valorização anterior do Real -- sabe?, aquela neoliberal dos traidores, submissos e vendidos ao FMI, como foram os reacionários dos tucanos, no Ancien Régime (coisas velhas, você sabe, entre 1995 e 1998) --, o Brasil saiu da 12 posição na economia mundial, para a oitava, ou mesmo sétima, com um PIB que na época beirava os 800 bilhões de dólares. Os companheiros, obviamente, criticavam o "populismo cambial" e recomendavam controles de capitais, desvalorização, políticas ativas nos planos industrial e comercial, enfim, essas coisas que eles sempre recomendam. Não importa se gente da classe D ou mesmo E estava comendo frango, iogurte, e que a classe C já estava indo até para Miami, isso era errado, e a sobrevalorização, como se dizia, iria "matar a nossa indústria".
Aí então veio a crise, mais deslanchada pelo Itamar Franco do que pelos especuladores de Wall Street, mas que importa, o real despencou, e nós passamos de um câmbio a 1,26 para mais de 2,3 em pouco tempo.
Não preciso dizer que nosso PIB despencou para menos de 500 bilhões de dólares, e o Brasil passou a ser a 12, 13 ou até 14a economia mundial, veja como são essas coisas.


Pois bem, como todo político gosta mesmo de valorização cambial, de populismo cambial, os companheiros atuais, mesmo cometendo todos os demais equívocos econômicos, deixaram o câmbio se valorizar como nunca antes neste país, muito mais do que era no Ancien Régime tucanês. O nouveau régime petista levou o dólar a baixarias nunca vistas antes.
Com isso, a economia chegou a esse espetacular patamar de ser a 6a ou 7a economia mundial, e a classe média volta novamente a gastar dinheiro indo duas vezes por ano a DisneyWorld.
Que maravilha, não é?
Como vai acabar isso? 
Provavelmente numa crise cambial e desvalorização forçada por esses mercados perversos, como sempre ocorre e como foi das outras vezes.
Ruim? Depende!
Os industriais não estão pedindo desvalorização? Os companheiros -- mesmo sem ter feito nada -- vão dizer que atenderam esses desejos nada secretos.
E tome protecionismo em todas as instâncias, antes, durante e depois.
Assim vai o Brasil dos ingênuos iluminados.
Paulo Roberto de Almeida 

terça-feira, 6 de março de 2012

PIB, crescimento, poupanca 2011 - IBGE


Em 2011, PIB cresce 2,7% e totaliza R$ 4,143 trilhões

Em relação ao terceiro trimestre de 2011, o PIB a preços de mercado do quarto trimestre do ano passado cresceu 0,3%, levando-se em consideração a série com ajuste sazonal. A agropecuária (0,9%) e os serviços (0,6%) registraram aumento, enquanto a indústria (-0,5%) caiu.
Na comparação com o quarto trimestre de 2010, o PIB cresceu 1,4%, sendo que o valor adicionado a preços básicos aumentou 1,2%, e os impostos sobre produtos, 2,0%. Dentre as atividades econômicas, a agropecuária (8,4%) e os serviços (1,4%) registraram crescimento, enquanto aindústria (-0,4%) registrou queda.
No ano de 2011, em relação a 2010, o PIB aumentou 2,7%, fruto do crescimento de 2,5% no valor adicionado e 4,3% nosimpostos. Nessa comparação, a agropecuária (3,9%), os serviços (2,7%) e a indústria (1,6%) cresceram. Assim, segundo as informações das Contas Nacionais Trimestrais, em 2011, o PIB em valores correntes alcançou R$ 4,143 trilhões. O PIB per capita ficou em R$ 21.252, apresentando uma alta de 1,8%, em volume, em relação a 2010.
A publicação completa da pesquisa pode ser acessada na página www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/pib/defaultcnt.shtm
Em relação ao 3º tri de 2011, crescimento da agropecuária é destaque
O PIB cresceu 0,3% na comparação do quarto trimestre contra o terceiro trimestre de 2011, na série com ajuste sazonal, sendo que as variações por atividade econômica foram: agropecuária, 0,9%; serviços, 0,6% e indústria, -0,5%.
Todos componentes da demanda interna apresentaram variações positivas no último trimestre de 2011. A Despesa de Consumo das Famílias cresceu 1,1%, enquanto que a Despesa de Consumo da Administração Pública e a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, ou investimento) apresentaram expansão de 0,4% e 0,2%, respectivamente.
Pelo lado do setor externo, as Importações de Bens e Serviços cresceram em ritmo superior ao das Exportações: 2,6% contra 1,9%.
Na comparação com 4º tri de 2010, agropecuária também é destaque
Na comparação do quarto trimestre de 2011 com o quarto trimestre de 2010, o PIB cresceu 1,4%. Dentre as atividades que contribuem para a geração do Valor Adicionado a Preços Básicos, destaca-se o crescimento da Agropecuária (8,4%). O valor adicionado de Serviços cresceu 1,4%. Já a Indústria, que nesta base de comparação vem apresentando trajetória de desaceleração desde o segundo trimestre de 2010, teve variação negativa de -0,4%.
A taxa da agropecuária (8,4%) pode ser explicada pelo aumento da produtividade e pelo desempenho de alguns produtos da lavoura que possuem safra relevante no trimestre, como por exemplo, fumo (22,0%), mandioca (7,3%), feijão (10,9%) e laranja (2,8%), e pelo crescimento na produtividade, de acordo com o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola - LSPA.
Entre os serviços (1,4%), todas as atividades que o compõem registraram variações positivas, com destaque para os Serviços de informação (4,6%). As demais variações foram: Intermediação financeira e seguros (1,5%); Administração, saúde e educação pública(1,5%); Transporte, armazenagem e correio (que engloba transporte de carga e passageiros, 1,4%); Comércio (atacadista e varejista, 1,3%); Serviços imobiliários e aluguel (1,3%) e Outros serviços (0,7%).
A variação negativa da indústria (-0,4%) foi puxada pela queda de -3,1% na Indústria de transformação. As demais atividades industriais apresentaram crescimento: Extrativa mineral (3,8%), Construção civil (3,1%) e Eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (3,0%). O resultado da Indústria da transformação foi influenciado, principalmente, pela redução da produção de têxteis, artigos do vestuário, calçados e máquinas e equipamentos.
Dentre os componentes da demanda interna, a despesa de consumo das famílias cresceu 2,1%, a 33ª variação positiva seguida nessa base de comparação. A formação bruta de capital fixo aumentou 2,0% e a despesa de consumo da administração pública cresceu 1,3%.
As Exportações e as Importações de Bens e Serviços apresentaram crescimento de 3,7% e 6,4%, respectivamente, no quarto trimestre de 2011, em relação ao mesmo período de 2010.
No ano, PIB cresce 2,7% e PIB per capita varia 1,8%
Em 2011, o PIB brasileiro variou 2,7% em relação a 2010. Em 2010, o crescimento acumulado no ano havia sido de 7,5%. Em função deste crescimento, o PIB per capita alcançou R$ 21.252 (em valores correntes), após ter registrado variação, em volume, de 1,8% em relação a 2010. O PIB per capita é definido como a divisão do valor corrente do PIB pela população residente no meio do ano.
A expansão do PIB resultou do aumento de 2,5% do Valor Adicionado a preços básicos e do crescimento de 4,3% nos Impostos sobre Produtos líquidos de Subsídios. O aumento dos impostos reflete, principalmente, o crescimento em volume de 11,4% do Imposto sobre Importação e do aumento de 4,7% do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), sendo este último puxado pela venda de máquinas e equipamentos. O resultado do Valor Adicionado neste tipo de comparação refletiu o desempenho das três atividades que o compõem: Agropecuária (3,9%), Serviços (2,7%) e Indústria (1,6%).
O crescimento da agropecuária (3,9%) se deve ao aumento de produção de várias culturas importantes da lavoura e aos ganhos de produtividade. Influenciada pelas condições climáticas favoráveis, a agricultura brasileira apresentou safra recorde de cereais, leguminosas e oleaginosas em 2011 (159,9 milhões de toneladas), tendo como destaque as seguintes culturas: algodão (72,6%), fumo (22,0%), arroz (19,0%), soja (9,2%) e mandioca (7,3%).
Já nos serviços (2,7%), os destaques positivos foram Serviços de informação (4,9%) e Intermediação financeira e seguros (3,9%).Comércio cresceu 3,4%, seguido de Transporte, armazenagem e correio (2,8%). Ao longo de todo o ano de 2011, o crescimento da população empregada e da massa real de salários, ao lado da expansão do crédito ao consumo, sustentaram o crescimento das vendas no comércio, principalmente o varejista, em ritmo superior ao registrado pela atividade industrial. Por fim, Outros serviços eAdministração, saúde e educação pública cresceram, ambas, 2,3%, seguidas por Serviços imobiliários e aluguel (1,4%).
Na indústria (1,6%), o destaque foi o crescimento no ano de Eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (3,8%) e da Construção civil (3,6%). O desempenho da construção civil em 2011 é confirmado pelo aumento da população ocupada no setor, que acumulou crescimento de 3,9% segundo a Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, e pelo desempenho do crédito direcionado. A Extrativa mineralacumulou expansão de 3,2%, com destaque para a extração de minério de ferro. A Indústria de transformação, por sua vez, apresentou estabilidade em relação ao ano anterior, com variação de 0,1%, influenciado, principalmente, pela redução do Valor Adicionado de artigos do vestuário e acessórios; artigos de plástico; metalurgia; máquinas, aparelhos e material elétrico; e automóveis.
Na análise da demanda, a despesa de consumo das famílias cresceu 4,1% em 2011, oitavo ano consecutivo de aumento. A Despesa do Consumo da Administração Pública aumentou 1,9% e a Formação Bruta de Capital Fixo, por sua vez, apresentou expansão de 4,7%.
No âmbito do setor externo, as exportações tiveram crescimento de 4,5%, e as importações se expandiram 9,7%. Contribui para este quadro a valorização do Real ocorrida entre 2010 e 2011. A taxa de câmbio (medida pela média anual das taxas de câmbio R$/US$ de compra e venda) variou de 1,76 para 1,67.
A taxa de investimento no ano de 2011 foi de 19,3% do PIB, inferior à taxa referente ao ano anterior (19,5%). A taxa de poupança alcançou 17,2% em 2011 contra 17,5% em 2010.
Comunicação Social
06 de março de 2012