Blog Ricardo Noblat, 29/07/2013
Os programas sociais determinam o voto popular? A resposta é não.
Os programas sociais do governo atingem, hoje, aproximadamente 18% do eleitorado. Dos beneficiados, 2/5 se encontram no grupo de renda familiar mensal de até 01 salário mínimo, e 3/5 entre 01 e 05 salários mínimos.
75% da população aprovam os programas sociais do governo federal. Com aprovação tão alta, seria lícito pensar que voto é então determinado para o governo. Em verdade, a maioria da população apoia os programas sociais porque não seria “politicamente correto” dizer que não, o que na prática não implica necessariamente na alocação do voto.
Se a aprovação de 75% dos programas sociais garantisse o voto, Dilma não estaria hoje com somente com 30% nas pesquisas.
Da mesma forma que Dilma Rousseff há pouco apresentava aprovação de governo da ordem de 65% caindo para 30%, a aprovação de 75% da população em relação ao programas sociais do governo não é firme, mas bamba.
Se os movimentos sociais brasileiros não tivessem ocorrido, Dilma veria minguar paulatinamente a sua popularidade ao longo do período pré-eleitoral e eleitoral, chegando aos percentuais atuais.
Nos grupos de discussão das pesquisas qualitativas existe um forte cansaço em relação aos programas sociais do governo, naquilo que os participantes dos grupos chamam de “Bolsa Tudo”.
Reclama-se por mais fiscalização, e o consenso é de que os programas sociais não se constituem em soluções econômicas para o país, mas paliativos à espera de soluções permanentes. Os programas sociais devem ser mantidos, mas como política coadjuvante ao desenvolvimento e renda.
Margareth Tatcher, na Inglaterra, teve a ousadia de colocar as políticas sociais do Partido Trabalhista à época como empecilhos ao desenvolvimento econômico, com ganhos eleitorais e restituição do Reino Unido à condição de uma das economias de mercado de maior vigor do planeta.
A solução encontra-se na educação e na saúde, tão demandadas pelos movimentos sociais brasileiros, e tão mal atendidas pelo governo federal. A educação de qualidade é o instrumento básico para a geração da mobilidade social e renda, e a saúde é a depositária última do bem estar social e da garantia da continuidade da família.
É digno de se notar que nas eleições para prefeito de 2010 os candidatos do PT perderam em capitais significativas do país, como Porto Alegre, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Fortaleza.
Em São Paulo, a eleição se deu por exclusão, onde o candidato de menor rejeição foi finalmente eleito, apesar de estar sua rejeição em níveis proibitivos de mais de 40%. O ponto de equilíbrio do voto nessas eleições mudou.
Dilma Rousseff apresenta, hoje, aprovação de governo de 30% e intenções de voto em 30%, com rejeição de 45%, proibitiva para a sua reeleição.
As oposições irão crescer, de acordo com a aceitação de suas propostas.
Ricardo Guedes, Ph.D. em Ciências Políticas pela Universidade de Chicago, é Diretor-Presidente do Instituto de Pesquisa Sensus.