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segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

O perfil do novo ajudante de ordens da area economica: Empiricus Research

Quem é Nelson Barbosa?
Por Rodolfo Amstalden
Eimprcus, 21/12/15

Barbosa, por Barbosa
Você pode aguardar pelas notícias do conference call, agendado para meio-dia.
Nele, Barbosa tentou convencer investidores de que é tão disciplinado quanto Levy, embora mais progressista.
Eu pulo esse conference call, que é fruto da ocasião, e faço o que o próprio Barbosa faria no meu lugar, como um “estruturalista”.
Investigaremos aqui qual é a estrutura de pensamento do novo ministro.

Economia de laboratório
Ainda antes do meio-dia, o CDS (vulgo risco-País) rompeu o nível crítico de 500 pontos-base, precificando a mudança na Fazenda.
Conforme explicado por Barbosa no artigo acadêmico A Inflexão do Governo Lula:
“Um ponto básico é igual a um centésimo de ponto percentual. Logo, quando uma taxa de juro sobe de 5,00% para 5,25%, significa um aumento de 25 pontos básicos”.
Esclarecido esse conceito altamente complexo, Nelson está pronto para avaliar os legados intervencionistas do período 2003-2010.
Sua conclusão?
"É fundamental reconhecer o papel dos governos de testar os limites”.
“Governo Lula demonstra, no âmbito da política econômica, as imensas oportunidades abertas ao desenvolvimento nacional por meio de uma experimentação responsável”.

Letra morta
Entremos agora em artigo mais recente, submetido em agosto de 2014: O desafio macroeconômico de 2015-2018.
O ministro escreve:
“A desaceleração do crescimento da economia tem dificultado o cumprimento das metas fiscais do governo nos últimos anos”.
Não há sequer menção à óbvia causalidade inversa, de que a farra fiscal é que arruinou o crescimento.

Barbosa fala também em "incentivos fiscais e tributá­rios necessários para atenuar a perda de competitividade da indústria e incentivar o investimento”.
E defende ainda que "o gasto [público] continuou a crescer acima do crescimento do PIB devido à ampliação da rede de proteção social via transferências de renda e ao aumento do gasto público com habitação, saúde e educação”.
Se você acredita que Barbosa tem compromisso firme com o ajuste fiscal, você simplesmente não leu o que ele escreveu ao longo de toda a sua vida acadêmica.

Alguém tem que ceder
Quando Levy era ministro, lamentávamos sua falta de poder.
A partir de agora, damos graças à falta de poder que impede Barbosa de atuar livremente.
Dilma não tem Legislativo para aprovar aumentos de tributos, e não quer cortar gastos.
Resta então, mais uma vez, testar limites por meio de experimentação.
Mas, quando alguém testa limites, os limites também testam esse alguém.

Prisma oblíquo
Ao menos Levy nos deixou como herança o Relatório Prisma, que coleta expectativas de mercado sobre as principais variáveis fiscais.

Projeções de momento:
- Déficit primário de R$ 53 bilhões em 2016.
- Dívida bruta do Governo Central a 74% do PIB.

Por favor, anote esses números em um lugar confiável, para que não virem letra morta.
Daqui a um mês de Barbosa no cargo, voltaremos a acessá-los.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Chapolim Colorado descolora na crise brasileira - Rodolfo Amstalden (Empiricus)

O analista de negócios revela ser um admirador do Chávez, não o aloprado bolivariano, obviamente, mas o simpático heroi mexicano dos fracos e oprimidos.
Pois é: quem poderá nos salvar?
No momento ninguém.
Então vamos rir um pouco, pelo menos dos títulos...
Paulo Roberto de Almeida


Empiricus - Rodolfo Amstalden

00:06 - Quem poderá me defender?

Há quem diga que o pior já passou.

Reforma ministerial de repente é tratada como a solução de todos os problemas da nação.

Isso para mim é um grande mistério.

Será que a troca de ministros seria capaz de animar as expectativas de mercado?

Segundo o Focus publicado pela manhã:

- IPCA esperado 2015 aumentou para 9,32%; é a 17ª semana consecutiva de alta.

- IPCA esperado 2016 aumentou para 5,43%, embora o Bacen ignore essa variável irrelevante.

- PIB em contração de -1,97% em 2015 e zerado em 2016.

Há também um risco gigantesco de que o Brasil vire junk.

E, depois do employment report de sexta, Wall Street passa a ver 56% de probabilidade de juros americanos elevados em setembro.

01:15 - Sigam-me os bons

O contrato DI de janeiro de 2017 disparou 88 pontos na semana passada, em seu maior salto semanal desde o ocasionado pelos protestos de 2013.

Papéis pós-fixados de dez anos rendem em torno de 14% ao ano, a segunda maior taxa de mercados emergentes, perdendo apenas para a Nigéria.

NTN-B (Tesouro IPCA) passou a oferecer juros reais acima de 7,00% ao ano.

Quem é que vai bater essa renda fixa tão gorda?

A Bolsa brasileira precisa ceder um pouco mais para se equiparar às gostosuras do Tesouro Direto.

02:23 - Ninguém tem paciência comigo

Ibovespa começa a semana negociando um pouco acima de 11x os lucros esperados para 2015.

Está suficientemente barato?

A média histórica dos últimos cinco anos descreve um múltiplo de 10x.

Teríamos que nos situar pelo menos em cima dessa média.

Como agravante, a tal média histórica dos últimos cinco anos não competia com juros de 14%.

Logo, teríamos que nos situar pelo menos um pouco abaixo dessa média.

Portanto, 11x lucros não é uma coisa assim que se diga, supimpa, mas que ótimo trabalho! - mas é melhor do que nada.

03:22 - Você me deixa louco

Nossa Bolsa se divide entre o Bom Ibovespa e o Mau Ibovespa.

Quem a considera barata ao valuation de 11x entende que o Mau Ibovespa, por ser cíclico, um dia se recupera.

Afinal, ainda existe muito petróleo e minério de ferro para se extrair do solo brasileiro.

Fico pensando no que isso significa a médio prazo.

No século XIX, a Califórnia se destacava pelas jazidas repletas de toneladas de ouro.

No século XXI, a Califórnia se destaca pelo Vale do Silício, cujo valor independe inclusive de reservas de silício.

A riqueza não se esconde mais debaixo da terra; está na cabeça das pessoas e no uso eficiente de tecnologia.
 
04:26 - Não são pedras, são aerolitos

A Receita Federal publicou novas classes de estatísticas das declarações de imposto de renda - talvez fomentada por demandas pikettyanas.

Descobriu-se o óbvio.

Existe um grupo de contribuintes muito pequeno - de apenas 71 mil pessoas - que ganha mais de 160 salários mínimos por mês.

São pessoas que possuem participação acionária em empresas, recebendo lucros e dividendos “não-tributáveis” (pois já são tributados no âmbito corporativo).

Ao conhecer essa informação, você pode reagir de três formas:

1) Morrer de inveja.

2) Tributar ainda mais essas pessoas, comprometendo empregos e investimentos.

3) Tornar-se uma dessas pessoas.

A terceira alternativa é - de longe - a que me parece mais inteligente.