O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

Mostrando postagens com marcador SP. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador SP. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

Uma visita em souvenir de onde tudo começou: a Biblioteca Municipal Infantil Anne Frank, Itaim, SP

Uma visita em souvenir de onde tudo começou: a Biblioteca Municipal Infantil Anne Frank, Itaim, SP

O segundo dia do ano de 2025, foi dedicado a uma visita sentimental, parcialmente realizada. Fui ao local no qual minha jornada intelectual começou, antes mesmo de aprender a ler: 

Encontrei-a toda pintada, o que não era o caso quando comecei a frequentá-la, em meados dos anos 1950, primeiro para brinquedos infantis e filmes da época, depois para ler, um a um, todos os seus livros: 

O cartaz do portão principal informa que ele foi estabelecida apenas um ou dois anos depois que foram revelados os diários da jovem judia holandesa assassinada no Holocausto nazista, dois anos antes de meu nascimento: 

Este portão de entrada, onde passei centenas de vezes durante todo o meu período infantil e pré-adolescente: 

Mas, para azer nosso, ela estava fechada pelas festas de final de ano: 

Yasmin ainda atentou entrar, mas sem sucesso: 

Pretendo retornar, assim que possível...

Paulo Roberto de Almeida e Yasmin Palazzo de Almeida Ribeiro

São Paulo, 2 de janeiro de 2025

sábado, 30 de março de 2024

Departamento de Estado dos EUA e informações sobre AL - Arquivos do CEDEM (SP)

Departamento de Estado dos EUA e informações sobre AL 

CEDEM possui 66 mil páginas sobre a política externa dos EUA para o mundo 

Arquivo sobre América Latina

https://www.cedem.unesp.br/#!/noticia/657/departamento-de-estado-dos-eua-e-informacoes-sobre-al-

O Departamento de Estado dos Estados Unidos é o órgão responsável por estabelecer as relações da política externa do país. Em sua atuação pelo mundo afora, a diplomacia Norte Americana produz uma infinidade de informações sobre a região onde opera, que pode funcionar como instrumento de ação política com vistas a controlar territórios e manter a hegemonia. É o caso, por exemplo, da atuação nos países da América Latina para impedir o avanço da esquerda, resultando em golpes de estado com instituição de governos ditatoriais.   

Informações sobre os países latino-americanos, entre outros, estão fartamente documentadas em 188 rolos de microfilmes de propriedade do Centro de Documentação e Memória (CEDEM), da Unesp. São aproximadamente 66 mil páginas de dados produzidos pelo Departamento de Estado (EUA), pela Agência Central de Inteligência (CIA) e por diplomatas, importantes fontes primárias que abrangem o período de 1940 a 1985, cobrindo temas como Segunda Guerra, Guerra Fria, golpes de estado e ditaduras na América Latina.

Adquiridos junto a editora de livros acadêmicos University Publications of America (UPA), em 1991, pela biblioteca da Faculdade de Ciências e Letras (FCL), da Unesp, câmpus de Araraquara, os microfilmes foram doados ao CEDEM em 2002. O material está, em sua maioria, em língua inglesa.

Alguns conteúdos – Nos relatórios de pesquisa da CIA sobre a América Latina, no período compreendido entre 1946 a 1976, organizados por ano de produção, é possível encontrar informações sobre a época que antecedeu o golpe militar de 1964 no Brasil. Constam, por exemplo, documentos biográficos sobre os Presidentes João Goulart, Juscelino Kubitschek, sobre o chanceler Francisco Clementino de Santiago Dantas, memorandos sobre a renúncia de Jânio Quadros, movimentos comunistas, perspectivas de curto prazo para o Brasil sob Goulart, planos do Segundo e Terceiro Exércitos brasileiros para o golpe contra o governo Goulart e sobre o Brasil como instrumento de influência na África.

Nos microfilmes há, também, informações confidenciais produzidas pelo Departamento de Estado dos EUA sobre Cuba. Um deles, relativo ao período de 1955 e 1959, aborda o sistema político da Ilha, o governo, o judiciário, leis, militares, costumes, economia, finanças, agricultura, recursos naturais, indústria, comunicações e mídia de Cuba e suas relações com os Estados Unidos Estados e outras nações.

Já os Arquivos de Segurança Nacional de Presidente John F. Kennedy, que cobrem o período de 1961 a 1963, fazem um amplo relato sobre a América latina. O documento esclarece que “os pesquisadores podem estudar todos os aspectos da política externa da administração Kennedy através dos Arquivos Nacionais”.

Os arquivos foram organizados geograficamente e compostos cronologicamente por país. Eles fornecem uma noção clara da forma como a administração Kennedy encarava as principais questões de política externa e estruturava suas respostas. “A disposição cronológica permite ao pesquisador acompanhar no dia a dia a forma como a administração lidava com as crises e a evolução das principais políticas,” diz o arquivo.

A documentação cobre vinte e seis nações ou áreas latino-americanas: Argentina, Bolívia, Brasil, Guiana Inglesa, Chile, Colômbia, Costa Rica, República Dominicana, Equador, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, Jamaica, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Porto Rico, Suriname, Trinidad e Tobago, Uruguai, Venezuela e as Índias Ocidentais.

Onde pesquisar:

CEDEM
On-line: www.cedem.unesp.br
Presencial: Sede do Centro de Documentação e Memória (CEDEM), da Unesp
Praça da Sé, 108, 1 andar – São Paulo (SP)
E-mail: pesquisa.cedem@unesp.br
Tel.: 11-3116-1701


domingo, 13 de agosto de 2023

O autoengano petista - Samuel Pessôa (FSP)

O autoengano petista

O problema com o autoengano petista é que ele impede que haja aprendizado coletivo

Samuel Pessôa

Pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (FGV) e da Julius Baer Family Office (JBFO). É doutor em economia pela USP.

Folha de S. Paulo, 12.ago.2023

Voltava de Brasília. Era primeiro semestre de 2016. Senta-se ao meu lado um deputado federal do PT. Já nos conhecíamos. Pessoa correta e genuinamente preocupada com o país.

Adoro ouvir e entrevistar as pessoas. Queria saber do deputado qual era a interpretação dele da nossa grande crise. No biênio 2015-2016 o PIB caiu 6,7%; e 8,2% para o PIB per capita.

O deputado me explica que as coisas não iam tão mal em 2014. O problema foi que Aécio Neves não aceitou o resultado da eleição e produziu a maior crise. A crise era política, não econômica. A crise econômica era consequência da crise política. 

Fiquei surpreso. A fala do deputado parecia sincera. Não parecia ser fala para militância. O deputado genuinamente acreditava que a crise tinha sido culpa do Aécio.

O argumento é muito estranho. Um partido ganha quatro eleições seguidas. Outro perde as quatro. Quem ganha governa por 12 anos. Sabemos que no presidencialismo brasileiro o presidente é forte. Como se diz em Brasília, aquela caneta tem bastante tinta.

Eles tomam todas as decisões que querem. Termina na maior crise de nossa história e a culpa é do líder do partido que perdeu as quatro eleições seguidas. Somente petista consegue construir um argumento desse e acreditar. Deve ser dos casos mais extremos que se conhecem na história da humanidade de desresponsabilização coletiva.

Achei a história tão absurda que minha avaliação era que o deputado não acreditava 100% na versão que tinha para a nossa grande crise. Parece argumento da esquerda latino-americana que culpa os EUA pela pobreza da Venezuela e de Cuba.

No entanto, na campanha eleitoral, por mais de uma vez, Lula foi explícito em culpar Aécio "pela crise da Dilma". Diz-se que se deve repetir uma mentira até que ela vire uma verdade. A frase é atribuída ao chefe da propaganda da Alemanha nazista. Aqui ocorre algo diverso. Repete-se uma mentira até que ela vire um autoengano.

Hoje, para os petistas, a tese de que a nossa grande crise não tem uma base econômica, mas é consequência essencialmente da crise política e iniciou-se com o gesto de Aécio, é hegemônica.

O argumento é muito estranho. Bolsonaro não aceitou o resultado eleitoral. Aliás, foi às vias de fato em 8 de janeiro. Não me consta que nosso PIB cairá 6,7% no biênio 2023-2024.

O problema com o autoengano petista é que ele impede que haja aprendizado coletivo. Se "a culpa foi do Aécio", não há nenhuma relação de causa e efeito entre opções e escolhas de política econômica e nossa grande crise.

Todo o volume "Para não Esquecer", livro cuidadosamente editado por Marcos Mendes, com 25 capítulos em que cada um apresenta uma política que não atende ao critério de custo e benefício social, pode ser jogado no lixo.

Assim, não há problemas em manipularmos o preço da gasolina e do diesel. Não há problemas em tentarmos refazer a indústria naval. Pela quarta vez em 70 anos? Não há problemas em tirar os gastos do PAC da meta de superávit primário. Não há problemas em a Petrobras voltar a construir refinarias. Não há problemas em o governo tentar interferir na Vale do Rio Doce. Pelo andar da coisa, a lista será longa e somente crescerá.

Continuaremos a andar em círculos e a tentar provar a validade do famoso princípio da contra indução finita enunciado por Mário Henrique Simonsen: "Das mesmas causas resultarão outras consequências".

Será difícil sairmos da armadilha da renda média.