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quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Terras raras na China: um assunto raramente estudado pelos academicos -WSJ



Em busca de terras-raras fora da China




Quando a americana Rare Earths Inc. começar suas operações de mineração na fronteira dos Estados de Montana e Idaho, em cerca de dois anos, os Estados Unidos vão ganhar uma nova fonte doméstica, não-chinesa de minerais essenciais para a fabricação de eletrônicos e componentes de armamento.
Mas, no momento, não há praticamente nenhum lugar além da China que processe esses minerais para que possam ser utilizados industrialmente.
A participação da China na produção mundial de terras-raras vem diminuindo recentemente à medida que as mineradoras de outras regiões tiram vantagem dos temores de que os chineses têm um controle excessivo sobre a oferta global. Mesmo assim, a China ainda domina as etapas complexas – e muitas vezes poluidoras – que transformam o material extraído das minas em ingredientes úteis, incluindo metais e ímãs. A China fornece, por exemplo, cerca de 80% dos ímãs especializados produzidos com ingredientes de terras-raras como o neodímio, que são usados em tudo, de elevadores a mísseis.
"É incrível que as pessoas não tenham conectado os pontos", diz o diretor-presidente da Rare Earths, Kevin Cassidy. A empresa pretende construir instalações nos EUA para lidar com estágios mais complexos de processos, mas a iniciativa será cara e exigirá uma série de aprovações regulatórias.
James T. Areddy/The Wall Street Journal
Wan Qin, empregado da Feller Magnets, opera dezenas de máquinas que transformam blocos magnéticos com terras-raras em lâminas circulares que segundo a empresa são usados na fabricação de celulares.
Há três anos, a China chocou a indústria de alta tecnologia do mundo todo ao elevar os controles sobre a exportação de um grupo de 17 elementos chamados de terras-raras, o que provocou um disparo nos preços, que subiram até dez vezes, e levou a então secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, a chamar a situação de um "sinal de alerta".
As mineradoras responderam apressando a busca por novas fontes de terras-raras nos EUA e em outros lugares. Dudley Kingsnorth, uma autoridade da indústria, diz que essas novas fontes já reduziram a participação da China no fornecimento global, de 93% para 86%, entre 2011 e 2012. As políticas de exportação da China são tema de uma disputa permanente entre Pequim, Washington e outros na Organização Mundial do Comércio. Em outubro, a OMC considerou ilegais algumas restrições sobre as exportações de terras-raras chinesas, embora a previsão seja de que Pequim recorrerá da decisão, que em grande parte é simbólica.
Mas quando se trata do processamento de terras-raras, a China enfrenta bem pouca concorrência — e as mãos engorduradas de Wang Qin ilustram o porquê. O maquinista de 41 anos da Feller Magnets Corp., na cidade de Shenzhen, no sul do país, opera dezenas de máquinas que cortam blocos magnéticos feitos com terras-raras em discos extremamente finos que, segundo a empresa, serão instalados em telefones celulares.
Embora suas serras computadorizadas cumpram as especificações de precisão dos clientes de alta tecnologia da Feller, as máquinas também cobrem o chão da fábrica com óleo. Recipientes cheios de ácidos e calor extremo também fazem parte do cenário da planta. A empresa, que informa que metade de sua produção é vendida na China hoje, comparado a 30% nos últimos anos, não respondeu a um pedido de comentário sobre as condições da fábrica.
O domínio da China numa área com um histórico ambiental preocupante ilustra uma das formas que o país desempenha globalmente um papel-chave no setor manufatureiro em geral. Os executivos dizem que a infraestrutura oferecida pela China em setores intermediários, incluindo o processamento de terras-raras, lhe permite atrair negócios relacionados que dependem dos produtos, aprofundando assim sua importância para as cadeias globais de fornecimento.
Em 2010, Pequim restringiu significativamente as exportações de minerais de terras-raras, citando razões ambientais para limpar uma indústria caótica. Vendo um disparo nos preços dos elementos, os investidores financiaram dezenas de projetos de exploração de minas em todo o mundo.
Desde então, surgiram uma mina na Califórnia e uma na Austrália, com outras na África do Sul, Vietnã, Índia e Cazaquistão agora na fase de construção, de acordo com Gareth Hatch, um investidor e diretor da Technology Metals Research LLC indústria, que tem sede em Illinois. Mas ele diz que muitas mineradoras que se apressaram depois de 2010 para aumentar a oferta no mercado se equivocaram ao presumir que "se você constrói uma mina, a cadeia de processamento vai surgir magicamente fora da China".
A Associação de Indústrias Aeroespaciais dos EUA aponta para um relatório de setembro do Serviço de Pesquisa do Congresso americano, que conclui que "a maior parte do processamento de materiais de terras-raras é executado na China, o que dá ao país uma posição dominante que pode afetar o abastecimento e os preços em todo o mundo".
Um porta-voz do Departamento de Defesa disse que os militares monitoram continuamente a situação, citando uma "cadeia de abastecimento interno e global de materiais de terras-raras cada vez mais diversificada e robusta". Um relatório militar de março de 2012 destacou tendências positivas "para um mercado capaz de atender a demanda futura do governo dos EUA".
Embora Kingsnorth, diretor-presidente da Industrial Minerals Company of Australia, estime que a participação da China na produção mundial possa cair para 63% em 2016, ele ressalta que a China continua a dominar as nove etapas entre a mineração de terras-raras e produção de bens com o material.
Depois que o minério é extraído do solo, ele é peneirado para que minerais indesejados sejam retirados e um concentrado de minerais seja criado, complexos tratamentos com ácidos e químicos são necessários para separar as terras-raras individuais em quantidades que sejam utilizáveis. Muitos dos 17 elementos de terras-raras compartilham propriedades físicas semelhantes o que dificulta a separação de cada elemento individual e levar vários meses e até 1.000 tratamentos químicos.
Fora da China, poucos lugares têm a capacidade industrial para separar os elementos. Empresas nos EUA, Rússia, França, Japão e em outras regiões lidam com algumas das etapas do processo, mas a China é o único país que tem capacidade industrial para executar todas as etapas.
Entre as novas produtoras está a americana Molycorp Inc. MCP -0.82% Mas a empresa exporta parte do neodímio e do samário que extrai de sua jazida gigantesca no deserto de Mojave, na Califórnia, para sua usina de processamento na China.
"As operações de processamento levam mais tempo para desenvolver", diz Constantino Karayannopoulos, que até este mês, era diretor-presidente interino da Molycorp e hoje é vice-presidente do conselho.
A Molycorp informa que gastou US$ 1,5 bilhão para construir uma usina de separação na Califórnia, e Karayannopoulos estima que entre um quarto a um terço desse custo está relacionado à garantia de que fábrica atenda aos altos padrões ambientais, que incluem a reciclagem de águas residuais. Ainda assim, a Molycorp afirma que é mais barato produzir parte de seus materiais em suas instalações na China. Karayannopoulos também estima que cerca de 60% dessa produção seja vendida para empresas multinacionais já presentes na China.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Commodities: bye-bye preços altos? - Wall Street Journal

Inovação e investimentos desfazem bolhas globais de commodities


The Wall Street Journal, December 10, 2013

Ningde, China
O preço do níquel, metal usado na fabricação de aço inoxidável para coisas que vão de panelas a cordas de guitarra, disparou em 2007 para mais de US$ 50.000 a tonelada, comparado com menos de US$ 10.000 apenas alguns anos antes.
Como grande parte da produção de níquel é controlada por firmas ocidentais, a alta deixou a pujante economia da China particularmente vulnerável — até que algumas siderúrgicas do país descobriram como produzir um "ferro-gusa de níquel" de menor grau, gerando uma enorme oferta de metal barato.
A inovação derrubou os preços do níquel para menos de US$ 14.000 a tonelada e transformou a China num dos principais produtores do metal no mundo. O país agora produz mais de 400.000 toneladas de ferro-gusa de níquel por ano, o equivalente a 20% da demanda mundial.
Os economistas alertaram por anos que a crescente demanda da China e outros mercados emergentes por recursos naturais superaria a oferta, provocando escassez de bens como níquel, carvão, cobre e milho. Mas um período notável de inovação e investimento produziu um quadro diferente. A expansão da oferta ajudou a moderar os preços das commodities nos últimos doze meses, após dez anos de aumento da demanda da China terem levado muitos preços à estratosfera.
O índice do Fundo Monetário Internacional que reúne todos os preços das commodities caiu cerca de 12% desde picos recentes. Ele tinha quase triplicado entre 2000 e 2011. O preço do cobre recuou 28% desde que atingiu um recorde, em 2011, enquanto o do carvão mineral caiu mais da metade ante seu pico de 2008.
A queda de preços é também resultado de uma demanda mais fraca, especialmente devido à desaceleração da economia chinesa. E os preços de muitas commodities, como o petróleo, permanecem muito acima de sua média de 10 ou 15 anos atrás.
Mas o panorama global da oferta é o melhor em anos. "A escassez sempre induz algum tipo de inovação", diz David Jacks, um professor da Universidade Simon Fraser, no Canadá, que estudou os ciclos de commodities no século passado.
A inovação mais conhecida se deu na indústria petrolífera com o chamado fraturamento hidráulico, ou "fracking", uma técnica de injeção de água e outros materiais em rochas que possibilitou o boom da exploração de petróleo e gás de xisto. Na agricultura, os produtores estão tendo acesso a mais terra arável e usando sementes híbridas que permitem uma produtividade maior.
No setor de mineração, empresas agora usam brocas de diamante para alcançar maiores profundidades. Empresas que misturam produtos químicos com minerais para criar metais desejados hoje extraem mais material do que nunca de depósitos de menor grau de pureza.
E muitos projetos que foram financiados anos atrás — incluindo minas novas ou ampliadas de cobre, prata e níquel — já começaram a produzir.
Com tudo isso, a produção dos principais metais quase dobrou ou triplicou ao longo dos últimos 20 anos, segundo a Agência de Pesquisa Geológica dos Estados Unidos e outras organizações. Entre 2000 e 2012, a produção de alumínio aumentou de 24,7 milhões de toneladas para 45,7 milhões, segundo a consultoria Raw Materials Group, de Estocolmo. A produção de minério de ferro foi de 975 milhões de toneladas para 2 bilhões no período.A produção mundial de milho, por sua vez, aumentou em cerca de 270 milhões de toneladas ao longo dos últimos dez anos, de acordo com a Organização das Nações Unidas.
Todo esse incremento com frequência se dá com custos ambientais, como poluição, desmatamento e contaminação da água por produtos químicos. Ainda não está claro como o mundo poderá sustentar os ganhos na produção de commodities necessários para atender a demanda futura. O consumo per capita de energia e outros recursos na China continua menor que no Ocidente e deve subir à medida que a economia chinesa cresce. Muitas fontes de minerais mais fáceis de explorar foram esgotadas, o que deve aumentar os custos de produção no futuro.
Mas as inovações dos últimos dez anos mostram como os sinais do mercado ajudam a criar nova oferta.
A produção de níquel da China é um dos exemplos mais drásticos dessa nova tendência. No início de 2000, os preços estavam abaixo de US$ 10.000 a tonelada. Aí a economia da China decolou, criando uma nova demanda para o aço inoxidável, que exige níquel e ferro. Os preços do níquel ultrapassaram US$ 51.000 a tonelada em meados de 2007.
A maior parte da produção mundial de níquel na época era dominada por empresas como a Vale, a BHP Billiton Ltd. BHP.AU +0.14% e a MMC Norilsk NickelNILSY +0.36% . E a maior parte do metal vinha dos chamados depósitos de sulfeto em regiões como Canadá e Rússia, onde as minas estavam se esgotando.
Havia uma abundância de depósitos de laterita na Indonésia e outros lugares. Ela podia ser refinada em ferro-gusa de níquel, que contém uma porção relativamente pequena de níquel, geralmente inferior a 15%, misturado com ferro. Mas seu processamento demandava muita energia e era muito poluente.
Analistas calculavam em pelo menos US$ 20.000 o custo de produzir uma tonelada de ferro-gusa de níquel, mais que o dobro do preço de mercado do níquel no início dos anos 2000.
Quando o preço do níquel subiu, a China identificou uma vantagem competitiva: ela ainda tinha dezenas de altos-fornos velhos e ineficientes. Com ajustes, eles poderiam refinar minério laterítico para produzir ferro-gusa de níquel. Com a alta dos preços, o ferro-gusa de níquel se tornou economicamente viável e fornos em toda a costa leste da China foram acionados.
A Tsingshan Holding Group, uma das maiores produtoras de aço inoxidável da China, precisava de muito níquel. Ela começou a testar fornos elétricos rotativos, que usam menos energia do que altos-fornos e podem extrair mais níquel do minério de ferro. O processo deu certo, reduzindo o consumo de eletricidade em até 40%, segundo sua subsidiária em Xangai. A Tsingshan agora produz ferro-gusa de níquel com 11% de níquel, informa a firma, ante 2% ou menos quando usava as velhas técnicas. Ela afirma que hoje recebe cerca de metade do níquel que precisa da sua própria produção de ferro-gusa.
Os avanços da Tsingshan foram replicados em toda a China. Como a tecnologia de ferro-gusa de níquel melhorou, dizem os analistas, o custo de processamento caiu até US$ 12.500 por tonelada.
Isso "certamente destruiu o mundo" do níquel tradicional, disse Jim Lennon, consultor do australiano Macquarie BankMQG.AU +1.22% acrescentando que a oferta poderia voltar a cair no futuro.
Enquanto isso, as mineradoras ocidentais lutam para lidar com a nova disponibilidade do produto no mercado. Analistas estimam que até 40% da indústria de mineração de níquel está perdendo dinheiro hoje.
Ivan Glasenberg, diretor-presidente da Glencore GLNCY +0.50% -Xstrata, quarta maior produtora de níquel do mundo, disse no início do ano que estava pessimista sobre o preço do metal. Em outubro, a empresa anunciou que fecharia uma mina na República Dominicana, por causa da queda dos preços.
(Colaboraram Yue Li e James T. Areddy.)
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segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Bolivia, no caminho do Afeganistao - Mary Anastasia O'Grady (WSJ)

Bolívia, o próximo Afeganistão?
O país andino tornou-se um centro do crime organizado e um porto seguro para terroristas
Por Mary Anastasia O'Grady
The Wall Street Journal, 4 de novembro de 2013

Nos anos que se seguiram à brutal ocupação soviética, que durou dez anos, o Afeganistão se transformou numa incubadora do crime organizado, da radicalização política e do fundamentalismo religioso, um lugar tão propício que Osama bin Laden instalou lá suas operações.
Agora, algo parecido pode estar ocorrendo na Bolívia. O governo é um defensor dos produtores de cocaína. A presença iraniana está crescendo. E relatos que chegam do país sugerem que extremistas africanos também estão se juntando à luta.
O presidente boliviano, Evo Morales, que também é o presidente eleito da confederação de produtores de coca, e seu vice-presidente, Álvaro García Linera, um ex-militante do Exército Guerrilheiro Túpac Katari, começaram a construir um narco-Estado repressivo quando chegaram ao poder em 2006.
O primeiro passo foi a criação de uma cultura do medo. Vários grupos de intelectuais, tecnocratas e ex-funcionários do governo foram hostilizados e muitos fugiram. José María Bakovic, de 75 anos e ex-especialista em infraestrutura do Banco Mundial, foi um dos que foram atacados, mas que se negou a ceder. Como presidente da Comissão de Rodovias, entre 2001 e 2006, ele havia criado um sistema de leilões de concessões concebidos para reduzir a corrupção na construção de estradas. Isso frustrou Morales. Bakovic foi preso duas vezes e teve que comparecer a tribunais mais de 250 vezes, acusado de "delitos administrativos", segundo fontes a par do caso. Nunca nada foi provado.
No começo de outubro, promotores públicos convocaram Bakovic para mais um interrogatório em La Paz. Cardiologistas disseram que a altitude iria matá-lo. O governo não quis ouvir as objeções médicas, efetivamente decretando sua sentença de morte. Bakovic foi a La Paz em 11 de outubro, sofreu um ataque cardíaco e morreu no dia seguinte em Cochabamba.
Com a oposição intimidada, Morales tem transformado a Bolívia num centro internacional do crime organizado e num refúgio seguro para os terroristas. A agência para o controle de drogas dos Estados Unidos (DEA, na sigla em inglês) foi expulsa do país. Dados da ONU mostram que a produção de cocaína aumentou na Bolívia desde 2006 e há relatos não confirmados de que delinquentes mexicanos, russos e colombianos têm viajado ao país para conquistar uma parte do negócio. O mesmo ocorre com os militantes que querem arrecadar fundos e operar no Hemisfério Ocidental.
A conexão com Teerã não é segredo algum. O Irã é membro sem direito a voto da ALBA (Aliança Bolivariana das Américas). Os membros com direito a voto são Cuba, Bolívia, Equador, Nicarágua e Venezuela.
Em seu testemunho perante à Comissão de Segurança Nacional da Câmara de Deputados dos EUA, em julho passado, o especialista em assuntos de segurança global Joseph Humire descreveu o interesse do Irã na ALBA: "O Irã compreendeu que a onda de populismo autoritário conhecido como 'Socialismo do Século XXI' que vinha se expandindo pela região oferecia à República Islâmica um ambiente permissivo para ela levar a cabo sua agenda global contra o Ocidente." A Bolívia é terreno fértil.
O Irã pode ter financiado total ou parcialmente a construção de uma nova base de treinamento militar da ALBA na região de Santa Cruz. De acordo com Humire, a embaixada do Irã em La Paz supostamente "tem pelo menos 145 funcionários iranianos registrados". Há também apoio boliviano a radicais convertidos ao islamismo, como o argentino Santiago Paz Bullrich, um discípulo do imã iraniano Mohsen Rabbani e cofundador da primeira Associação Islâmica Xiita em La Paz.
O Irã pode estar usando sua rede boliviana para contrabandear minerais estratégicos como o tântalo (que é usado no revestimento de mísseis), Humire disse ao Congresso americano. Pode, inclusive, estar contrabandeado pessoas. Informações não confirmadas, mas vindas de fontes confiáveis, descrevem altos funcionários ordenando a emissão de documentos de identidade e passaportes para numerosos jovens "turcos", uma maneira informal de descrever pessoas do Oriente Médio na América Latina. Uma testemunha disse a uma de minhas fontes na Bolívia (que pediu para ficar no anonimato por motivos de segurança), que os estrangeiros eram iranianos, mas não eram diplomatas.
O jornal boliviano "La Razón" informou que o potencial cônsul boliviano no Líbano foi preso pelas autoridades bolivianas por supostamente tentar contrabandear 392 kg de cocaína para Gana.
Graças a uma demanda estável de cocaína, a economia boliviana está inundada de dinheiro. A África está na principal rota do tráfico de cocaína para Europa. Isso pode explicar a presença cada vez maior de somalianos, etíopes e sul-africanos em Santa Cruz, que não é um destino comum para a imigração africana. Em abril deste ano, o corpo parcialmente queimado e mutilado de um homem negro foi encontrado perto da fronteira com o Brasil, o que pode sugerir um negócio com drogas que deu errado. Uma marca inusitada foi feita na coxa direita da vítima, como se os vilões quisessem crédito pela brutalidade.
Poucos dias depois, o jornal espanhol "ABC" reportou o caso de um espanhol que também foi torturado com uma inscrição em sua perna e que foi encontrado na mesma área. Uma fonte que não quis ser identificada me informou que a vítima tinha dito à polícia que o homem negro assassinado era seu amigo e africano. Segundo minha fonte, uma testemunha também disse que quando estava morrendo o homem teria murmurado as palavras "al-Shabaab", o nome do grupo terrorista somaliano.
Um boliviano que conheço diz ter visto na cerimônia de posse de Evo Morales, em 2006, Mohamed Abdelaziz, o secretário geral do grupo separatista "Frente Polisario", que tem liderado um longo conflito com o Marrocos.
A África do Norte está se convertendo numa incubadora para a violência. Circulam rumores de insurgência e de alianças terroristas. Caso Abdelaziz tenha realmente visitado La Paz, surgem novas questões sobre política externa da Bolívia.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

A insustentavel lerdeza do crescimento brasileiro

ENunca, em nenhum lugar do mundo, um país cresceu de maneira sustentável, na base de estímulos ao consumo, em lugar de investimentos na infraestrutura e na produção. Os sábios econômicos companheiros achavam que tinham inventado o moto perpétuo.
Paulo Roberto de Almeida


Dívida dos brasileiros é alerta para outros países emergentes

Odete Meira da Silva teve que interromper a construção de sua casa por causa das dívidasPhoto: Rodrigo Marcondes para o The Wall Street Journal

Como milhões de pessoas pobres fizeram durante o boom de dez anos da economia brasileira, Odete Meira da Silva tomou empréstimos para acelerar a sua ascensão à classe média. Mãe solteira, ela comprou um computador, uma TV de tela plana e começou a construir uma casa num bairro violento da periferia de São Paulo.
Mas a farra dos gastos acabou. Essa pequena comerciante de 56 anos de idade está agora preocupada com um lado menos charmoso da vida da classe média: as dívidas. Depois que suas contas de cartão de crédito ultrapassaram o valor que conseguia pagar, Silva reduziu todas as despesas e interrompeu a construção da casa. Recentemente, via-se na sua casa uma escada rústica de cimento se erguendo da sala de estar até um segundo andar inacabado. É uma imagem da sua própria escalada na economia brasileira: só até a metade.
"Ainda pretendo terminar a casa, mas isso vai ter que ser feito pouco a pouco, talvez em mais três anos", disse ela.

Os problemas de Odete Silva com suas dívidas ajudam a explicar por que o crescimento brasileiro, antes impressionante, vem perdendo fôlego e não deve se recuperar tão cedo. Muitos estrangeiros imaginam que o Brasil, um dos maiores produtores mundiais de soja e minério de ferro, seja um país pobre que depende da venda de commodities para sobreviver. Mas são os novos consumidores como Odete Silva que alimentaram boa parte da recente expansão econômica do país, enquanto o crédito ao consumidor mais que dobrou, para cerca de US$ 600 bilhões em cinco anos.
Agora, muitos desses novos compradores estão sofrendo com o uso excessivo do cartão de crédito. Alguns estão atrasando os pagamentos dos cartões, que chegam a cobrar 80% de juros anuais ou mais. Diante da inadimplência crescente, os bancos agora hesitam em emprestar.
Como resultado, o índice de aumento do consumo é o menor desde 2004. Isso está se juntando a outros problemas, incluindo exportações mais fracas para a China e uma queda na produção industrial causada pela valorização do real , fatores que já estavam desacelerando a economia brasileira. Com a confiança do consumidor em declínio, o PIB brasileiro deve crescer 2,4% este ano, após atingir 7,5% em 2010.
Para complicar as coisas, a explosão do consumo no Brasil provocou uma inflação de 6% ao ano, com a demanda pelos bens superando a capacidade da economia de fornecê-los. Isso colocou o Banco Central na incômoda posição de ter que aumentar os juros para controlar a inflação em meio a uma economia já lenta — iniciativa que pode desacelerar ainda mais o crescimento. Os economistas esperam que o BC eleve a taxa de juros básica, a Selic, que já está em elevados 9% ao ano, em meio ponto percentual na reunião de hoje.
Os problemas do Brasil representam um alerta a outros mercados emergentes envolvidos numa das mais fascinantes narrativas econômicas dos últimos dez anos: a ascensão dos consumidores à classe média nos países em desenvolvimento.
Do Brasil à Indonésia e à África do Sul, o crescimento mais rápido tirou milhões da pobreza nos últimos dez anos, trazendo mais pessoas para a classe média e iniciando muitas delas no crédito. Mas enquanto os economistas em geral veem essa expansão do crédito como um fato positivo, o caso brasileiro mostra como o crescimento da classe média também pode sair dos trilhos devido a dívidas em excesso.
Na Tailândia, a dívida das famílias aumentou 88% entre 2007 e 2012, em parte devido aos programas governamentais de estímulo às vendas de automóveis. Na África do Sul, os empréstimos ao consumidor chegaram a quase 40% do PIB, mais que o dobro da média de outros países em desenvolvimento. Os consumidores russos gastaram quase 80 % a mais nos seus cartões de crédito em 2012 do que no ano anterior.
Por outro lado, na China, onde os trabalhadores são conhecidos pelo hábito de poupar, não de tomar empréstimos, o governo agora tenta incentivar a população a consumir mais para prolongar sua expansão econômica.
Mas os problemas do Brasil com o crédito ao consumidor se destacam entre as grandes economias em desenvolvimento. O crédito à pessoa física cresceu a uma taxa média anual de 25% nos quatro anos após a crise financeira mundial de 2008. Em junho de 2013, cerca de 5% dos empréstimos a pessoas físicas estavam com 90 dias de atraso, o dobro da taxa da Índia e maior que a do México, África do Sul e Rússia, segundo a Fitch Ratings.
"Todas essas pessoas estão gastando mais do que têm, criando uma ilusão de crescimento econômico", disse Vera Pereira, diretora executiva do Procon de São Paulo.
Parte do problema, dizem alguns economistas, é que o Brasil se concentrou demais em políticas destinadas a aumentar o consumo em vez de construir portos e estradas que beneficiem a produção econômica no longo prazo. Os brasileiros compraram muitas TVs de tela plana durante o boom, mas os portos do país continuam tão congestionados que alguns navios dão meia volta e vão embora em vez de esperar.
"O endividamento externo do Brasil foi gasto em viagens para a Disneilândia e malas cheias de compras vindas diretamente de Nova York ou Miami", disse Paulo Leme, que dirige os negócios do Goldman Sachs no Brasil. "Isso terá consequências no futuro."
As autoridades brasileiras dizem que pôr a culpa dos recentes problemas econômicos do país em políticas equivocadas é é absurdo. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e outros dizem que a economia brasileira simplesmente foi apanhada numa desaceleração mundial e que a situação estaria ainda pior sem os incentivos ao consumo.
Não se espera que os problemas de crédito do Brasil façam o país voltar a uma crise como as que destruíram a classe média em gerações passadas, dizem os economistas. O total de empréstimos bancários pendentes no Brasil, incluindo as dívidas comerciais e de consumo, chega a cerca de 55% do PIB, índice baixo pelos padrões internacionais.
Além disso, os bancos brasileiros têm grandes reservas de capital, o que deve ajudar o país a enfrentar uma crise mais profunda. As reservas do Banco Central, de US$ 372 bilhões, são dez vezes maiores que há dez anos.
Mesmo assim, as preocupações com as dívidas dos consumidores levaram muitos a repensar até onde a nova classe média brasileira vai crescer e com qual rapidez. O percentual da renda familiar destinada a pagar dívidas é extraordinariamente alto: no Brasil, chega a mais de 20% da renda familiar, segundo dados do banco central, em comparação com 10% nos EUA, de acordo com o banco central americano.
Isso acontece, em grande parte, porque as taxas de empréstimos no Brasil são altíssimas, uma herança de muitas crises econômicas. Os juros de um empréstimo típico é de 37% ao ano.
Além disso, o perfil da dívida brasileira não é tão saudável como em países como os Estados Unidos. Grande parte do endividamento nos EUA consiste em hipotecas, algo visto como economicamente mais saudável, já que o preço dos imóveis pode subir. Mas no Brasil o mercado de hipotecas habitacionais é muito pequeno. O consumidor brasileiro se endividou, em grande parte, para comprar carros e eletrodomésticos — bens que se desvalorizam.
As vendas de automóveis mostram bem o que ocorreu com a explosão do crédito. Os empréstimos para compra de veículos mais que triplicaram entre 2004 e 2010, para cerca de US$ 70 bilhões por ano, à medida que consumidores ansiavam por ter um carro – um dos principais símbolos da vida de classe média. Os bancos estavam financiando carros sem entrada, prática antes impensável no país.
No ano passado foram emplacados 2,9 milhões de carros novos no Brasil, um aumento de 130% em relação a dez anos atrás.
O governo se esforçou para expandir o consumo na esperança de reduzir a diferença, historicamente muito grande, entre ricos e pobres no Brasil. A estratégia ajudou a elevar o padrão de vida e estimulou o crescimento.
Mas o governo não acompanhou suas iniciativas favoráveis ao consumo com medidas para melhorar a produtividade e o crescimento de longo prazo, segundo muitos economistas.
Resultado: o consumo continuou crescendo, mesmo quando o restante da economia dava sinais de fraqueza devido ao declínio nos preços das commodities e à supervalorização da moeda. Em 2012, os turistas brasileiros, muitos viajando para o exterior pela primeira vez, foram dos que mais gastaram entre todos os turistas estrangeiros em Nova York, segundo autoridades da cidade. No Brasil, porém, a produção industrial encolheu, com as empresas perdendo terreno para concorrentes globais.
Esse descompasso entre a demanda dos consumidores e a produção econômica alimentou a inflação, dizem economistas.
"O governo insiste em incentivar as pessoas a consumir, mas por outro lado a oferta, as indústrias, as empresas, não vêm produzindo tanto assim", disse Samy Dana, professor da Fundação Getúlio Vargas.
E o governo já sinalizou planos para continuar estimulando o consumo. A presidente anunciou há pouco um aumento do salário mínimo e um plano para fornecer mais US$ 8 bilhões em crédito para famílias de baixa renda.
O BNDES informou que o montante dos seus empréstimos vai subir 22% este ano, depois de aumentar 12,3% em 2012.
A presidente Dilma Rousseff anunciou em setembro que o governo emprestou cerca de US$ 500 milhões ao longo de três meses para que os beneficiários do programa "Minha Casa, Minha Vida", de moradia subsidiada, pudessem comprar também seus eletrodomésticos.
Mesmo assim, pessoas como Odete Silva têm que encontrar maneiras de cortar os gastos. Para construir a casa, ela acumulou dívidas em três cartões de crédito, comprando aparelhos domésticos e materiais de construção. Com as altas taxas de juros, essa dívida aumentou de R$ 11.000 para R$ 25.000.
Ela agora fez acordos com seus credores, que concordaram em reduzir seus pagamentos e baixar as dívidas. Ela diz que não está preocupada. "Acho que as coisas estão melhorando."

sábado, 24 de agosto de 2013

Universidades, caras e fora da realidade - entrevista com Richard Vedder (Wall Street Journal)

Richard Vedder: The Real Reason College Costs So Much

The expert on the economics of higher education explains how subsidies fuel rising prices and why there's a 'bubble' in student loans and college

The Wall Street Journal, August, 23, 2013
Another school year beckons, which means it's time for President Obama to go on another college retreat. "He loves college tours," says Ohio University's Richard Vedder, who directs the Center for College Affordability and Productivity. "Colleges are an escape from reality. Believe me, I've lived in one for half a century. It's like living in Disneyland. They're these little isolated enclaves of nonreality."
Mr. Vedder, age 72, has taught college economics since 1965 and published papers on the likes of Scandinavian migration, racial disparities in unemployment and tax reform. Over the last decade he's made himself America's foremost expert on the economics of higher education, which he distilled in his 2004 book "Going Broke by Degree: Why College Costs Too Much." His analysis isn't the same as President Obama's.
This week on his back-to-school tour of New York and Pennsylvania colleges, Mr. Obama presented a new plan to make college more affordable. "If the federal government keeps on putting more and more money in the system," he noted at the State University of New York at Buffalo on Thursday, and "if the cost is going up by 250%" and "tax revenues aren't going up 250%," at "some point, the government will run out of money."
Note that for the record: Mr. Obama has admitted some theoretical limit to how much the federal government can spend.

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His solution consists of tieing financial aid to college performance, using government funds as a "catalyst to innovation," and making it easier for borrowers to discharge their debts. "In fairness to the president, some of his ideas make some decent, even good sense," Mr. Vedder says, such as providing students with more information about college costs and graduation rates. But his plan addresses just "the tip of the iceberg. He's not dealing with the fundamental problems."
College costs have continued to explode despite 50 years of ostensibly benevolent government interventions, according to Mr. Vedder, and the president's new plan could exacerbate the trend. By Mr. Vedder's lights, the cost conundrum started with the Higher Education Act of 1965, a Great Society program that created federal scholarships and low-interest loans aimed at making college more accessible.
In 1964, federal student aid was a mere $231 million. By 1981, the feds were spending $7 billion on loans alone, an amount that doubled during the 1980s and nearly tripled in each of the following two decades, and is about $105 billion today. Taxpayers now stand behind nearly $1 trillion in student loans.
Meanwhile, grants have increased to $49 billion from $6.4 billion in 1981. By expanding eligibility and boosting the maximum Pell Grant by $500 to $5,350, the 2009 stimulus bill accelerated higher ed's evolution into a middle-class entitlement. Fewer than 2% of Pell Grant recipients came from families making between $60,000 and $80,000 a year in 2007. Now roughly 18% do.
This growth in subsidies, Mr. Vedder argues, has fueled rising prices: "It gives every incentive and every opportunity for colleges to raise their fees."
Many colleges, he notes, are using federal largess to finance Hilton-like dorms and Club Med amenities. Stanford offers more classes in yoga than Shakespeare. A warning to parents whose kids sign up for "Core Training": The course isn't a rigorous study of the classics, but rather involves rigorous exercise to strengthen the gluts and abs.
Fred Harper
Or consider Princeton, which recently built a resplendent $136 million student residence with leaded glass windows and a cavernous oak dining hall (paid for in part with a $30 million tax-deductible donation by Hewlett-Packard CEO Meg Whitman). The dorm's cost approached $300,000 per bed.
Universities, Mr. Vedder says, "are in the housing business, the entertainment business; they're in the lodging business; they're in the food business. Hell, my university runs a travel agency which ordinary people off the street can use."
Meanwhile, university endowments don't pay taxes on their income. Harvard's $31 billion endowment, which has been financed by tax-deductible donations, may be America's largest tax shelter.
Some college officials are also compensated more handsomely than CEOs. Since 2000, New York University has provided $90 million in loans, many of them zero-interest and forgivable, to administrators and faculty to buy houses and summer homes on Fire Island and the Hamptons.
Former Ohio State President Gordon Gee (who resigned in June after making defamatory remarks about Catholics) earned nearly $2 million in compensation last year while living in a 9,630 square-foot Tudor mansion on a 1.3-acre estate. The Columbus Camelot includes $673,000 in art decor and a $532 shower curtain in a guest bathroom. Ohio State also paid roughly $23,000 per month for Mr. Gee's soirees and half a million for him to travel the country on a private jet. Such taxpayer-funded extravagance has not made its way into Mr. Obama's speeches.
Colleges have also used the gusher of taxpayer dollars to hire more administrators to manage their bloated bureaucracies and proliferating multicultural programs. The University of California system employs 2,358 administrative staff in just its president's office.
"Every college today practically has a secretary of state, a vice provost for international studies, a zillion public relations specialists," Mr. Vedder says. "My university has a sustainability coordinator whose main message, as far as I can tell, is to go out and tell people to buy food grown locally. . . . Why? What's bad about tomatoes from Pennsylvania as opposed to Ohio?"
Mr. Vedder notes that, by contrast, "you don't have to worry about this at the University of Phoenix. One thing about the for-profits is that they are laser-like devoted to instruction." Although for-profits like the University of Phoenix and DeVry spend more money on marketing, they don't contain as much administrative overhead.
'The Obama administration has been beating up on [for-profits] pretty hard for the past two to three years," Mr. Vedder says. "It's true that drop-out rates are disproportionately higher at the for-profits, but it's also true that the for-profits are reaching the exact audience that Obama wants to reach"—low-income minorities, many of whom are the first in their family to attend college.
Today, only about 7% of recent college grads come from the bottom-income quartile compared with 12% in 1970 when federal aid was scarce. All the government subsidies intended to make college more accessible haven't done much for this population, says Mr. Vedder. They also haven't much improved student outcomes or graduation rates, which are around 55% at most universities (over six years).
Mr. Vedder is skeptical about the president's proposal to tie federal aid to graduation rates, among other performance metrics. "I can tell you right now, having taught at universities forever, that universities will do everything they can to get students to graduate," he chuckles. "If you think we have grade inflation now, you ought to think what will happen. If you breathe into a mirror and it fogs up, you'll get an A."
A better idea, Mr. Vedder suggests, would be to implement a national exam like the GRE (Graduate Record Examination) to measure how much students learn in college. This is not on Mr. Obama's list.
Nor is the president addressing what Mr. Vedder believes is a fundamental problem: too many kids going to college. "Thirty-percent of the adult population has college degrees," he notes. "The Department of Labor tells us that only 20% or so of jobs require college degrees. We have 115,520 janitors in the United States with bachelor's degrees or more. Why are we encouraging more kids to go to college?"
Mr. Vedder sees similarities between the government's higher education and housing policies, which created a bubble and precipitated the last financial crisis. "In housing, we had artificially low interest rates. The government encouraged people with low qualifications to buy a house. Today, we have low interest rates on student loans. The government is encouraging kids to go to school who are unqualified just as it encouraged people to buy a home who are unqualified."
The higher-ed bubble, he says, is "already in the process of bursting," which is reflected by all of the "unemployed or underemployed college graduates with big debts." The average student loan debt is $26,000, but many graduates, especially those with professional degrees, have six-figure balances.
Mr. Obama wants to help more students discharge their debts by capping their monthly payments at 10% of their discretionary income and forgiving their outstanding balances after 20 years. Grads who take jobs in government or at nonprofits already can discharge their debt after a decade.
"Somehow working for the private sector is bad and working for the public sector is good? I don't see on what basis one would make that conclusion," Mr. Veder says. "If I had to make some judgment, I would do just the opposite."
He adds that the president's approach "creates a moral hazard problem. What it signals to current and future loan borrowers is that I don't have to take these repayment of loans very seriously. . . . I don't have to worry too much about getting a high-paying job." It encourages "sociology and anthropology majors compared with math and engineering majors."
Can online education, which is being pioneered in some science disciplines, substantially reduce costs? Mr. Vedder says it can, but government won't do the innovating. "First of all, the Department of Education, to use K-12 as an example, has been littered with demonstration projects, innovation projects, proposals for new ways to do things for decades. And what has come out? Are American students learning any more today than a generation ago? Are they doing so at lower cost than a generation ago? No."
Innovation, he says, is being driven by entrepreneurs like Stanford computer science Prof. Sebastian Thrun, who founded the for-profit company Udacity that offers "massive open online courses" (MOOCs). Mr. Thrun began teaching artificial intelligence, first at Stanford and then at Udacity. Mr. Vedder notes that he quickly got "200,000 people to sign up for it. And it's a great course and people are learning like crazy."
Where the government can help, Mr. Vedder says, is to get out of the way of progress and encourage slow-moving accreditors to allow innovations to move forward more rapidly. But ultimately, the way to improve college affordability is for the government to disinvest in higher ed and wean students from subsidies.
Mr. Obama is dead set against that. "He wants to maintain that world" of nonreality in which demand is impervious to cost, Mr. Vedder sighs. "That world has to change."
Ms. Finley is an editorial writer for the Journal.
A version of this article appeared August 23, 2013, on page A9 in the U.S. edition of The Wall Street Journal, with the headline: The Real Reason College Costs So Much.