O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

Mostrando postagens com marcador Tom Mitchell. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Tom Mitchell. Mostrar todas as postagens

sábado, 16 de janeiro de 2016

China: concentracao de renda estilo brasileiro, ou africano? - Gabriel Wildau e Tom Mitchell (FT)

Desigualdade de renda na China já é das maiores
Por Gabriel Wildau e Tom Mitchell
Financial Times, de Xangai e Pequim, 15/01/2016

A China comunista tem um dos níveis mais altos de desigualdade de renda no mundo, e o 1% de famílias mais ricas detém um terço da riqueza do país, diz um relatório da Universidade de Pequim. Os 25% mais pobres entre os lares chineses detém apenas 1% da riqueza total do país, segundo o estudo.

O Coeficiente de Gini chinês referente à renda, uma medida amplamente usada para mensurar desigualdade, ficou em 0,49 em 2012, diz o estudo. O Banco Mundial considera que um coeficiente acima de 0,40 indica desigualdade de renda grave. Entre os 25 maiores países em população monitorados pelo Banco Mundial, só a África do Sul e o Brasil são mais elevados, com 0,63 e 0,53, respectivamente. O número dos EUA é 0,41, ao passo que o da Alemanha é 0,3.

O estudo do Instituto de Pesquisas em Ciências Sociais da universidade provavelmente reforçará os apelos por uma tributação mais progressiva e por um aumento dos gastos com bem-estar social no país nominalmente comunista. O Coeficiente de Gini chinês na década de 1980 era de cerca de 0,3.

"Não há dúvida de que a diferença de renda está ficando cada vez maior", disse Zhou Xiaozheng, professor de sociologia na Universidade de Renmin, em Pequim. "Os pobres estão ficando mais pobres e os ricos, mais ricos".

Embora a desigualdade de renda da China seja mais grave do que outros grandes países, a desigualdade de riqueza é pior nos EUA. O 1% de famílias americanas mais ricas detinha 42% de toda a riqueza nos EUA em 2012, segundo pesquisa de Emmanuel Saez, economista da Universidade da Califórnia, em Berkeley.

Corrupção desenfreada e rendas não declaradas são obstáculos à formulação de estimativas sobre os níveis de renda e riqueza na China. Os números são substancialmente maiores do que as estimativas oficiais.

A agência de estatísticas chinesa disse no ano passado que o Coeficiente de Gini no país havia caído ligeiramente, para 0,469 em 2014, de 0,477 em 2011. Outra estimativa, de economistas respeitados na Universidade do Sudoeste de Finanças e Economia, em Chengdu, apontam que o Coeficiente de Gini ficou em 0,61 em 2010. O mais recente relatório é baseado numa pesquisa envolvendo cerca de 15 mil famílias em 25 províncias.

Por outro lado, o Relatório Hurun divulgou ontem que o número de milionários na China cresceu 8% em relação ao ano passado, para 3,14 milhões.

De acordo com a Lista dos Chineses Mais Ricos (2015), do Hurun, existem 596 bilionários (em dólares) no país, mais do que nos EUA.

O governo chinês comprometeu-se em atacar a desigualdade.

"Nós queremos fazer o bolo crescer continuamente e, ao mesmo tempo, assegurar que ele seja dividido corretamente. A sociedade chinesa mantém há muito tempo o lema: 'Não se preocupe com a quantidade, preocupe-se que todos tenham a mesma quantidade', escreveu Xi Jinping, o presidente chinês, no "Diário do Povo", jornal que é porta-voz do governo, em 2014.