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segunda-feira, 12 de maio de 2014

O subintelequitual da USP e sua revolta contra o pai: Freud explica - Leandro Narloch (via Orlando Tambosi)

Tomo carona nesta postagem de meu amigo de resistência intelectual e colega blogueiro Orlando Tambosi, que postou o artigo abaixo de Leandro Narloch a propósito de um subintelequitual uspiano, para fazer algumas considerações sobre o que pode ter motivado esse indivíduo -- um fake Lênin de pacotilha -- a recusar-se a ver a realidade do crescimento econômico, e seu papel na redução da pobreza, como indica o texto de Narloch.
Não pode ter sido por ignorância, ainda que essa espécie de gente costuma ser caracterizada por uma cegueira voluntária, por viseiras ideológicas auto-impostas, mas se supõe que essa gente leia jornal todos os dias, não é, pelo menos a Folha de S.Paulo, que costuma publicar esse tipo de lixo confusionista.
Não deve ser por estupidez primária, digamos assim, ainda que a estupidez seja congenital a certos tipos de ideólogos anacrônicos.
Vou arriscar uma outra hipótese, que tem ver com os arcanos da alma humana, como diria Freud.
No fundo, no fundo, esse sujeito, se ele não é totalmente estúpido, sabe que deve sua existência, seu salário, sua existência mesmo, aos capitalistas que ele tanto despreza (por estupidez, aqui sim). Ele deve saber, ou pelo menos deveria, que toda a USP, todas as academias do Brasil (e em boa parte do mundo) vivem de impostos, ou seja, da riqueza produzida pelos capitalistas (que ele tanto despreza, como já dito) e pelos trabalhadores (que ele pensa ajudar, pregando que os trabalhadores deveriam tomar o "poder" dos capitalistas e implantar a sua "ditadura do proletariado", uma bobagem monumental).
Ele sabe disso, e não gosta, pois seu papel -- para fazer figura de ideólogo de esquerda -- é pregar contra o capitalismo, contra os mercados, contra o "Estado burguês".
Isso nos remete a Freud, e suas teorias, geralmente inadequadas, mas algumas até razoáveis.
Freud dizia que toda criança apresenta, instintivamente, uma revolta contra o pai, aquele que possui a mãe, que é, sempre segundo Freud (esse pessoal acredita em qualquer coisa), o desejo secreto de todo garoto inseguro.
Esse cara, no fundo, é uma criança, e se revolta contra o pai capitalista que lhe paga os salários, e possui toda a riqueza e poder (pelo menos ele acredita nisso), e ele, secretamente, tem inveja de tudo isso.
Acho que a minha "teoria freudiana" pode explicar o fato desse Lênin subtropical publicar uma besteira desse tamanho, como relata Narloch.
Pode ser uma razão plausível.
Se não for isso, então o cara é deliberadamente de má-fé, um fraudador consciente. Seria esse o caso?
Paulo Roberto de Almeida

SEGUNDA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2014

Safatle e a filosofia de palanque

Vladimir Safatle, o Lênin da USP, leva uma boa sarrafada do jornalista Leandro Narloch. O pupilo de Marilena Chaui - aquela que odeia a classe média e se sente iluminada diante de Lula - gosta mesmo é de ideologia. É um típico representante da miséria acadêmica reinante no Brasil lulista, com espaço garantido na Folhona:


Por que intelectuais como Vladimir Safatle desprezam a receita mais eficaz, testada e aprovada para a redução de pobreza? Falo do crescimento econômico. Qualquer país que vive uma ou duas décadas de altas consecutivas do PIB vê massas humanas deixarem a miséria.

China: 680 milhões de miseráveis a menos desde que as fábricas capitalistas apareceram, há 35 anos. Indonésia: redução de pobreza de 54% para 16% em 18 anos. Coreia do Sul: tão pobre quanto a Índia em 1940, virou um dos países mais ricos do mundo depois de crescer em média 8% ao ano entre 1960 e 1980.

Essa receita deu tão certo que levou o mundo a superar, cinco anos antes do previsto, a meta estabelecida pela ONU, em 2000, de cortar pela metade o número de pessoas que viviam com menos de US$ 1,25 por dia. Quase tudo isso aconteceu sem cotas sociais, sem Bolsa Família, sem alta de impostos. Só com geração de riqueza.

É uma excelente notícia, que deveríamos comemorar --mas por que Safatle não participaria da festa conosco? No artigo "Demagogia" (29/4), na Folha, ele reclama de quem prefere discutir o crescimento econômico em vez de se concentrar no "caráter insuportável" dos arcaísmos brasileiros (mas a expansão da economia é melhor arma contra esses arcaísmos!). Noutro artigo, diz que a atividade econômica só faz produzir desigualdade.

Dá pra entender o desprezo. Admitir a importância da alta do PIB na redução da pobreza implica em reconhecer verdades dolorosas. A primeira é que quem atrapalha o crescimento da economia atrapalha os pobres. Afugentar investidores resulta em menos negócios, menos vagas, menores salários.

Outra é que os interesses das classes nem sempre divergem. PIB em alta faz bem para pobres, remediados e magnatas. Os anos recentes do Brasil são um exemplo disso. Entre 2007 e 2012, vivemos uma impressionante redução da miséria. Enquanto isso, o número de milionários subiu de 120 mil para 165 mil. Não há motivo para fomentar conflito entre motoboys e donos de jatinhos.

Mas o fato mais difícil de reconhecer é que os filósofos de palanque e os bons mocinhos tiveram um papel irrelevante na redução da pobreza. Se crescimento da economia ajuda os pobres, isso se deve a seus protagonistas, ou seja, os homens de negócio, alguns deles ricos, quase todos interessados somente em botar dinheiro no bolso.

Pior ainda, Safatle teria que admitir que os negociantes aliviaram a condição dos pobres fazendo justamente aquilo que mais incomoda os intelectuais ressentidos: lucrar explorando mão de obra barata. Capitalistas costumam atrair competidores, criando uma concorrência por empregados, elevando salários.

Intelectuais costumam reservar para si um lugar mais elevado que o de comerciantes na sociedade. É difícil terem generosidade para admitir que uma de suas causas mais nobres depende de negociantes mundanos. Por isso, o filósofo prefere ficar do lado da ideologia, e não do lado dos pobres, o que me faz acreditar que ele é movido por um ressentimento contra os ricos, talvez um desejo puritano de conter seus excessos. E não uma vontade genuína de reduzir a pobreza. (Folha de São Paulo).

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quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Vladimir Lenin Safatle: o professor mais caro do mundo, pela indigencia teorica de seus artigos...

Leiam o artigo abaixo, de um professor da USP que tem um certo ar leninista, com sua barbicha ruiva e sua careca frontal. Não creio que tenha escrito nada comparável ao Estado e a Revolução, ou mesmo ao Que Fazer?, mas certamente escreveu, continua escrevendo e ainda escreverá muitas outras bobagens, do tamanho ou maior desta que segue abaixo, e que vocês podem tentar entender (mas não se preocupem se não conseguirem: não tem nenhuma importância).
Para mim se trata do professor mais caro do mundo, no sentido em que existe uma enorme desproporção entre o que ele recebe, como professor da USP, ou até da Folha, por seus artigos mal escritos, e o que valem, de fato, suas aulas e artigos, que não valem nada, este abaixo, pelo menos, não vale o papel em que foi impresso.
O neoleninista pretende contradizer aqueles que acham que o Brasil está caro -- o que é um fato, relativa e absolutamente, e qualquer um que viaje ao exterior pode comprovar, até ele mesmo, que certamente já comprou eletrônicos no exterior, talvez o seu iPhone ou o seu iPad -- e por isso ele tenta descartar os fatores habituais: carga tributária, custo do trabalho, etc.
Como seu mestre Lênin -- que era um gênio em política, mas um idiota completo em economia -- Vladimir Safatle também é um idiota em economia, ou melhor, um ignorante crasso, sem obviamente ser um gênio em política; longe disso, pois ele demonstra cabalmente sequer conhecer que Lula nunca teve qualquer "engenharia econômica", mas roubou todo o software de política econômica do governo anterior, sem pagar direitos autorais, e ainda chamando aquela política, que ele aplicou sem pestanejar, de neoliberal. Vladimir Safatle deve exibir a mesma desonestidade fundamental e também achar que Lula era um neoliberal enrustido, e que o Brasil merece mesmo uma política econômica de esquerda, que obviamente não pode ser a NEP dos neoliberais petralhas e seus economistas keynesianos de botequim. O novo Lênin tropical passa por cima disso, demonstrando que é também, como o Lênin original, um total rústico em economia, para não dizer um ignaro completo.
Ele acha, por exemplo, que a razão dos preços altos no Brasil tem apenas duas explicações, e nenhuma delas tem a ver com os impostos, que ele acha moderados, comparados com outros países (de forma completamente estúpida, registre-se desde já).
As duas explicações dele são: oligopólios -- que de fato existem no Brasil, mas ele não diz quais são e onde estão -- e a desigualdade (não sabe bem como a desigualdade causaria preços altos, mas isso o nosso Lênin de cera de sebo também não explica).
Ele compara alhos com bugalhos, ou maçãs e bananas, ou ainda, pretende equiparar um rato a uma montanha.
Vejamos. Para ele, o brasileiro até paga pouco imposto, apenas 4 mil dólares, per capita, quando o americano paga 13.550. Parece uma diferença enorme, não é?
A matemática desse professor é de alienado mental, ou ele exibe um grau de indigência mental que arrisca ser transmitido para os seus alunos. Neste caso, se trata de simples aritmética, ou seja reportar esses valores a seus contextos de PIB per capita.
Talvez ele não saiba que a renda per capita de um brasileiro é de 10 mil dólares, o que faz com que a carga fiscal represente exatamente 40 por cento desse valor (na prática é maior, pois com 40% ou mais de carga fiscal, um sueco, ou francês ou alemão, recebem de volta serviços públicos compatíveis, enquanto um brasileiro precisa ainda gastar um pouco-bastante mais de sua renda para comprar esses serviços no mercado). Ou seja, o brasileiro deixa mais de dois quintos de tudo quanto produz, de toda a sua renda, para o novo ogro famélico da derrama nacional.
Já o americano que (segundo a informação do nosso gênio matemático) paga 13.550, tem uma renda per capita de mais de 50 mil dólares, o que faz com que sua carga fiscal seja quase duas vezes menor do que a do brasileiro, para um renda cinco vezes maior, mas não estou seguro que seja bem isso ( pois seria preciso separar taxação sobre os fluxos de renda pessoal e os impostos indiretos, como o sales tax); de toda forma, como sabe todo brasileiro que já viajou aos EUA (menos o nosso Lênin, que deve ter preconceito contra o império), os preços dos produtos vendidos nos EUA são bem mais em conta, por ser aquele mercado totalmente aberto e competitivo e ter um sales tax (na faixa  de 4 a 6%) inferior à TVA europeia (como sabe qualquer viajante ao velho continente, onde nosso Lênin já deve ter ido, pelo menos para visitar o seu êmulo embalsamado).
As outras considerações "econômicas" que ele faz em seu artigo são de chorar de rir, tamanho o grau de delírio que ele exibe ao falar de preços, rendas e salários. Eu recomendaria um simples manual elementar de economia, que os imperialistas chamam de Economics 101 (mas pode ser também o Economy for Dummies, ou o Idiot's Guide to Economics).
Concluindo.
Para mim, esse professor é o mais caro do mundo: jamais mereceria o salário que recebe, nem os honorários da Folha de S. Paulo tamanha a indigência "subintelequitual" de sua argumentação.
Chego a sentir pena dos seus alunos, e vergonha por aquela que foi a minha primeira faculdade, a "Fefelech", da USP, que já teve professores melhores, ou que, pelo menos, na época, não abrigava estupores desse quilate.
Esse professor não vale meio salário mínimo, ou, no máximo, vale meia Bolsa-Família, já que este seria o seu valor máximo de mercado... (se alguém se dispuser a pagar por baboseiras, claro...).
Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 4 de dezembro de 2013

O mais caro do mundo
Vladimir Safatle
Folha de S.Paulo, 03/12/2013

Ao que parece, chegou a hora de saudar o Brasil como o novo país "do mais caro do mundo". Foram necessárias décadas para alcançar tamanha conquista e, ao que parece, desta vez ela veio para ficar. Afinal, anos de trabalho árduo permitiram aos brasileiros ter o prazer de pagar o dobro no mesmo carro que outros mortais compram sem tanto sacrifício.
Atualmente, ser brasileiro é ter a satisfação de levar para casa o console Xbox mais caro do mundo. É poder humilhar os estrangeiros ao dizer o preço que pagamos em passagens aéreas, escolas, aluguéis e imóveis arrebentados em lugares com fios elétricos na frente da janela.
Para chegar a este estágio, foi necessário não apenas um conjunto substantivo de equívocos econômicos. Foi preciso muita cegueira ideológica para engolir a ladainha de que nosso troféu de "o mais caro do mundo" foi conquistado exclusivamente através dos impostos mais elevados e dos altos custos trabalhistas.
Não, meus amigos. Só em um mundo (como esse em que alguns liberais vivem) sem países como França, Alemanha ou Suécia o Brasil teria os impostos mais altos. Se nos compararmos aos EUA, veremos que a contribuição fiscal per capita de um brasileiro (US$ 4.000) é bem menor do que a de um norte-americano (US$ 13.550).
Na verdade, depois que se inventa o inimigo, é mais fácil esconder o verdadeiro responsável. Nosso troféu de "o mais caro do mundo" deve ser dedicado a esses batalhadores silenciosos do desastre econômico, a esses companheiros de todos os governos brasileiros: o oligopólio e a desigualdade.
A desigualdade econômica, esta tudo mundo conhece. Ela fingiu por um momento que estava se deixando controlar, mas deu não mais que uma unha para permanecer com todos os gordos dedos. Sempre se combateu desigualdade com revolução fiscal que taxasse os ricos, punisse radicalmente a evasão fiscal e limitasse os grandes salários. Mas, no país "do mais caro do mundo", o tema é tabu. Assim, uma classe de milionários pode empurrar alegremente os preços para cima porque não tem problema algum em pagar pelo mesmo o seu dobro, desde que as lojas ofereçam manobrista VIP e água com gás na saída do estacionamento.
Já a nova onda de oligopólios é uma das grandes contribuições da engenharia econômica do lulismo: os únicos governos de esquerda da galáxia que contribuíram massivamente para a cartelização de todos os setores-chaves da economia. Com uma política de auxiliar a formação de oligopólios via empréstimos do BNDES, o governo conseguiu fazer uma economia para poucos empresários amigos. Nela, não há concorrência. Assim, os preços descobriram que, no Brasil, o céu é o limite.

Vladimir Safatle é professor livre-docente do Departamento de filosofia da USP (Universidade de São Paulo). Escreve às terças na Página A2 da versão impressa.