Tomo carona nesta postagem de meu amigo de resistência intelectual e colega blogueiro Orlando Tambosi, que postou o artigo abaixo de Leandro Narloch a propósito de um subintelequitual uspiano, para fazer algumas considerações sobre o que pode ter motivado esse indivíduo -- um fake Lênin de pacotilha -- a recusar-se a ver a realidade do crescimento econômico, e seu papel na redução da pobreza, como indica o texto de Narloch.
Não pode ter sido por ignorância, ainda que essa espécie de gente costuma ser caracterizada por uma cegueira voluntária, por viseiras ideológicas auto-impostas, mas se supõe que essa gente leia jornal todos os dias, não é, pelo menos a Folha de S.Paulo, que costuma publicar esse tipo de lixo confusionista.
Não deve ser por estupidez primária, digamos assim, ainda que a estupidez seja congenital a certos tipos de ideólogos anacrônicos.
Vou arriscar uma outra hipótese, que tem ver com os arcanos da alma humana, como diria Freud.
No fundo, no fundo, esse sujeito, se ele não é totalmente estúpido, sabe que deve sua existência, seu salário, sua existência mesmo, aos capitalistas que ele tanto despreza (por estupidez, aqui sim). Ele deve saber, ou pelo menos deveria, que toda a USP, todas as academias do Brasil (e em boa parte do mundo) vivem de impostos, ou seja, da riqueza produzida pelos capitalistas (que ele tanto despreza, como já dito) e pelos trabalhadores (que ele pensa ajudar, pregando que os trabalhadores deveriam tomar o "poder" dos capitalistas e implantar a sua "ditadura do proletariado", uma bobagem monumental).
Ele sabe disso, e não gosta, pois seu papel -- para fazer figura de ideólogo de esquerda -- é pregar contra o capitalismo, contra os mercados, contra o "Estado burguês".
Isso nos remete a Freud, e suas teorias, geralmente inadequadas, mas algumas até razoáveis.
Freud dizia que toda criança apresenta, instintivamente, uma revolta contra o pai, aquele que possui a mãe, que é, sempre segundo Freud (esse pessoal acredita em qualquer coisa), o desejo secreto de todo garoto inseguro.
Esse cara, no fundo, é uma criança, e se revolta contra o pai capitalista que lhe paga os salários, e possui toda a riqueza e poder (pelo menos ele acredita nisso), e ele, secretamente, tem inveja de tudo isso.
Acho que a minha "teoria freudiana" pode explicar o fato desse Lênin subtropical publicar uma besteira desse tamanho, como relata Narloch.
Pode ser uma razão plausível.
Se não for isso, então o cara é deliberadamente de má-fé, um fraudador consciente. Seria esse o caso?
Paulo Roberto de Almeida
Vladimir Safatle, o Lênin da USP, leva uma boa sarrafada do jornalista Leandro Narloch. O pupilo de Marilena Chaui - aquela que odeia a classe média e se sente iluminada diante de Lula - gosta mesmo é de ideologia. É um típico representante da miséria acadêmica reinante no Brasil lulista, com espaço garantido na Folhona:
Por que intelectuais como Vladimir Safatle desprezam a receita mais eficaz, testada e aprovada para a redução de pobreza? Falo do crescimento econômico. Qualquer país que vive uma ou duas décadas de altas consecutivas do PIB vê massas humanas deixarem a miséria.
China: 680 milhões de miseráveis a menos desde que as fábricas capitalistas apareceram, há 35 anos. Indonésia: redução de pobreza de 54% para 16% em 18 anos. Coreia do Sul: tão pobre quanto a Índia em 1940, virou um dos países mais ricos do mundo depois de crescer em média 8% ao ano entre 1960 e 1980.
Essa receita deu tão certo que levou o mundo a superar, cinco anos antes do previsto, a meta estabelecida pela ONU, em 2000, de cortar pela metade o número de pessoas que viviam com menos de US$ 1,25 por dia. Quase tudo isso aconteceu sem cotas sociais, sem Bolsa Família, sem alta de impostos. Só com geração de riqueza.
É uma excelente notícia, que deveríamos comemorar --mas por que Safatle não participaria da festa conosco? No artigo "Demagogia" (29/4), na Folha, ele reclama de quem prefere discutir o crescimento econômico em vez de se concentrar no "caráter insuportável" dos arcaísmos brasileiros (mas a expansão da economia é melhor arma contra esses arcaísmos!). Noutro artigo, diz que a atividade econômica só faz produzir desigualdade.
Dá pra entender o desprezo. Admitir a importância da alta do PIB na redução da pobreza implica em reconhecer verdades dolorosas. A primeira é que quem atrapalha o crescimento da economia atrapalha os pobres. Afugentar investidores resulta em menos negócios, menos vagas, menores salários.
Outra é que os interesses das classes nem sempre divergem. PIB em alta faz bem para pobres, remediados e magnatas. Os anos recentes do Brasil são um exemplo disso. Entre 2007 e 2012, vivemos uma impressionante redução da miséria. Enquanto isso, o número de milionários subiu de 120 mil para 165 mil. Não há motivo para fomentar conflito entre motoboys e donos de jatinhos.
Mas o fato mais difícil de reconhecer é que os filósofos de palanque e os bons mocinhos tiveram um papel irrelevante na redução da pobreza. Se crescimento da economia ajuda os pobres, isso se deve a seus protagonistas, ou seja, os homens de negócio, alguns deles ricos, quase todos interessados somente em botar dinheiro no bolso.
Pior ainda, Safatle teria que admitir que os negociantes aliviaram a condição dos pobres fazendo justamente aquilo que mais incomoda os intelectuais ressentidos: lucrar explorando mão de obra barata. Capitalistas costumam atrair competidores, criando uma concorrência por empregados, elevando salários.
Intelectuais costumam reservar para si um lugar mais elevado que o de comerciantes na sociedade. É difícil terem generosidade para admitir que uma de suas causas mais nobres depende de negociantes mundanos. Por isso, o filósofo prefere ficar do lado da ideologia, e não do lado dos pobres, o que me faz acreditar que ele é movido por um ressentimento contra os ricos, talvez um desejo puritano de conter seus excessos. E não uma vontade genuína de reduzir a pobreza. (Folha de São Paulo).