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terça-feira, 25 de maio de 2021

Sun Tzu e Tucídides: da arte da guerra aos erros da diplomacia - Paulo Roberto de Almeida

 Um possível ensaio reflexivo sobre uma das grandes paranoias contemporâneas, não muito diferente, talvez, da ridícula teoria conspiratória sobre a dominação do mundo e a subtração das soberanias nacionais pelo monstro metafísico do globalismo. A primeira lição da História, inventada pelos gregos, é que os homens não aprendem nada com as lições da História...


Sun Tzu e Tucídides: da arte da guerra aos erros da diplomacia

Paulo Roberto de Almeida 

Uma releitura da obra do mestre chinês em estratégia, que é bem mais uma profunda reflexão sobre as virtudes da diplomacia como meio de evitar um tipo de guerra que foi apenas relatado, com os dotes de verdadeiro estadista pelo genial historiador grego da Antiguidade, não teorizado, e transformado em suposta “armadilha”, por cientistas políticos contaminados pela arrogância míope de um império pretensamente hegemônico. 

Analogias históricas são atraentes, mas geralmente, ou inevitavelmente, falsas. A História não se repete, nem como tragédia, nem como farsa. 

Sun Tzu ainda tem muito a ensinar aos contemporâneos, sobretudo aos que equivocadamente imaginam que o mundo gira em torno de seus interesses nacionais. Esse novo tipo de “geocentrismo” está destinado a falhar, como falharam os infelizes equívocos diplomáticos dos atenienses, no trato com seus aliados, tomados que foram pela conhecida  “hubris” sobre a qual alertavam os mesmos gregos da Antiguidade.

A História pode fornecer lições, mas uma das principais é a de que os homens enfrentam algumas dificuldades para aprender com as lições da História. 

Será que a diplomacia não fez grandes progressos desde a guerra de Troia? As paixões e os interesses continuam a prevalecer sobre a modesta racionalidade da ciência histórica, criada pelos mesmos gregos, da poesia de Homero às cruéis realidades descritas por Heródoto e, finalmente, refletidas de forma ponderada por Tucídides? 

Cabe, portanto, destacar, as virtudes do mestre chinês da Grande Estratégia diplomática, em face das deformações militaristas de aprendizes de pequenas estratégias equivocadas, e portanto condenadas ao fracasso. Os paranoicos da “armadilha” inventada fariam bem em aprender com Sun Tzu, em primeiro lugar sua lição principal: a grande sabedoria está em ganhar a “guerra” sem precisar combater.


Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 25/05/2021