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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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segunda-feira, 12 de abril de 2021

O balanço de uma gestão catastrófica: a Era dos Absurdos no Itamaraty - Paulo Roberto de Almeida

Como eu me havia proposto, uma análise das mentiras propagadas pelo ex-chanceler acidental em seu balanço fraudulento da pior gestão da história do Itamaraty, e dos anais da diplomacia mundial.


O balanço de uma gestão catastrófica: a Era dos Absurdos no Itamaraty

 


Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor de Economia Política no Uniceub.

(www.pralmeida.orgdiplomatizzando.blogspot.com;

https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida)

 

 

Nota introdutória: diplomatas costumam preparar textos para seus superiores, para discursos ou artigos, ou notas para entrevistas. Eu fiz isso dezenas de vezes em minha carreira e tenho um lista completa (não divulgada) de textos que fiz para presidentes (nenhum da ditadura), chanceleres ou chefes de secretarias ou departamentos do Itamaraty. Geralmente escolhemos adjetivos e qualificativos positivos, justificando de forma inteligente aquilo que os acadêmicos e jornalistas poderiam criticar como sendo pouco compatível com a realidade ou ações que nem sempre deram os resultados esperados. O tom geral, como todos sabem, é defender a verdade oficial e apresentar uma versão rósea da política externa, como sendo a melhor possível nas circunstâncias dadas. Creio ter feito rascunhos para todos os presidentes e chanceleres desde a redemocratização, menos para o ministro (duas vezes) Celso Lafer, que gostava ele mesmo de preparar seus pronunciamentos (mas me lembro de ter participado em reuniões de gabinete com Luiz Felipe Lampreia (sobre problemas da dívida externa) e com Celso Lafer (sobre questões do Mercosul). Tampouco ofereci subsídios aos patronos da diplomacia lulopetista, pois que eles dispensaram meus serviços à Casa, o que me deu o lazer de ler muito na Biblioteca do Itamaraty e até de preparar alguns livros (entre eles o de 2014, Nunca antes na diplomacia, que não deve ter feito muito sucesso entre eles). 

De volta ao trabalho, depois do impeachment de 2016, colaborei o melhor que pude como diretor do think tank do Itamaraty, o Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais, tendo deixado um relatório, ao final de 2018, listando as dezenas e dezenas de encontros com acadêmicos e outros profissionais ao longo de dois anos e meio à frente do IPRI. Tão pronto conhecido o resultado das eleições de outubro daquele ano, e escolhido o chanceler, tinha certeza de que seria exonerado do cargo, e instrui meus auxiliares a buscarem “abrigo” em outros setores da Secretaria de Estado ou no exterior. Vários colegas me recomendaram que eu tratasse de conseguir um posto no exterior, mas preferi continuar à frente do IPRI enquanto fosse possível. Logo no primeiro dia da nova administração, em janeiro de 2019, fui instruído a “não fazer nada” (assim mesmo), até que as novas chefias decidissem sobre um programa de trabalho que já estava aprovado pelo Conselho da Funag desde o ano anterior. Estávamos entrando no regime da censura oficial, o que me lembrou os tempos do regime militar, quando eu fui fichado pelo SNI como “diplomata subversivo” e tive de escrever artigos sob outros nomes. Uma revista com a qual eu havia colaborado, e que tinha ficado pronta em dezembro de 2018, 200, dedicada ao bicentenário da independência, foi sequestrada pelos novos censores, antes mesmo da inauguração do novo regime, e depois ordenada sua eliminação, pura e simples (um prejuízo material de mais de R$ 70 mil, ademais da perda cultural e intelectual). Tempos duros viriam.

Fui exonerado, como previsto, e submetido à humilhação de passar à chefia de um secretário na Divisão de Comunicações e Arquivos, onde obviamente não havia exatamente uma missão para mim. Dediquei-me, como sempre faço nesses momentos de travessia do deserto, a leituras na Biblioteca e à preparação de novos livros, contemplando regularmente todos os desastres diplomáticos em curso, sob a gestão aparente do chanceler acidental, mas totalmente submisso aos ineptos que possuíam controle absoluto sobre todas as suas ações e dizeres. Tratou-se, se ouso a expressão, do primeiro capacho de que temos notícia na história bissecular de ministros de Estado das Relações Exteriores, tão desastrosa a sua gestão que sua demissão era regularmente anunciada pela imprensa e ansiada pelos diplomatas.

Agora que terminou, o capacho exemplar vem, supostamente, prestar contas de sua catastrófica gestão à frente do Itamaraty, do qual foi escorraçado por revolta senatorial, repúdio dos homens de negócio e total desprezo por parte dos colegas. A peça fantasiosa, falaciosa e mentirosa segue abaixo, mas tive o cuidado de colocar o texto na coluna da esquerda, por acaso a primeira, reservando a coluna da direita, não por isso, a meus comentários críticos e até indignados, dado o manancial de inverdades, exageros e mistificações do pior chanceler da história. Peço que desculpem minha acrimônia, mas existem duas coisas que me dão alergia e que não consigo suportar: burrice e desonestidade intelectual. Neste caso, se trata mesmo de estupidez consumada e de indignidade “subintelequitual”. Já perdi muito tempo com um sujeito que só trouxe vergonha ao Itamaraty, à diplomacia brasileira e à imagem externa do Brasil. Nesse período em que estive afastado de tarefas executivas na Secretaria de Estado escrevi quatro livros e incontáveis artigos e notas de um ciclo que não deveria ter sequer existido, não fossem minha revolta e minha indignação com o horror a que assistimos nos dois anos e três meses de um desastre completo a frente do Itamaraty. Espero não ter de voltar a esse horror!

 

 

Ernesto Araújo

Paulo Roberto de Almeida

Um Itamaraty pela liberdade e pela grandeza do Brasil: balanço de gestão

[Ernesto Araújo]

Metapolítica 17: contra o globalismo, 10/04/2021

https://www.metapoliticabrasil.com/post/um-itamaraty-pela-liberdade-e-grandeza-do-brasil-balan%C3%A7o-de-gest%C3%A3o

O Itamaraty não teve nenhuma liberdade sob a gestão do chanceler acidental e o Brasil foi reduzido a um status de pária internacional, como reconhecido pelo próprio autor de um blog “contra o globalismo” (sic).

(...)

Ler a íntegra neste link: 

https://www.academia.edu/46617441/3889_Balanco_de_uma_gestao_catastrofica_a_Era_dos_Absurdos_no_Itamaraty_2021_

(...)

Recordo-me sempre do discurso do Presidente Jair Bolsonaro na noite da vitória, em 28 de outubro de 2018, quando enunciou, entre seus objetivos de governo: "Vamos libertar o Itamaraty." Estou certo de haver tudo feito para cumprir esse objetivo, para libertar o Itamaraty das masmorras da cleptocracia e colocá-lo junto ao povo.

Ufa! Finalmente o Itamaraty se livrou de um dos cleptocratas do pensamento racional, do mais alucinado discípulo de um guru destrambelhado, que vinha conspurcando seus valores e princípios duramente construídos ao longo dos últimos dois séculos. Já não era sem tempo. Estamos livres!

Ernesto Araújo

Brasília, 10 de abril de 2021

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 11 de abril de 2021

 

 

 

Nota final: O novo chanceler, o embaixador Carlos França, no primeiro policy statement, o que inaugurou sua gestão em 6 de abril de 2021, precisou de meras três páginas e menos de 30 parágrafos substantivos para explicar a que vinha, enunciando três grandes desafios, objetivamente descritos, como as diretivas centrais para o seu trabalho, junto com a diplomacia profissional, no próximo ano e meio. 

O ex-chanceler precisou de mais de dez páginas, e aborrecidos 73 parágrafos, para desenvolver, quatro dias depois, sua defesa, canhestras justificativas nas quais revelou seu nítido desconforto com sua gestão desastrosa. Ele próprio não deve ter se dado conta de que se despede do modo mais ridículo que poderia, tendo de explicar, por vezes com detalhes insignificantes, como tentou, paradoxalmente, fazer o pior que pode para diminuir o Itamaraty, rebaixar o conceito do Brasil no exterior, prejudicar concretamente os interesse nacionais. Pelo menos não tivemos de ler, desta vez, nenhuma citação de algum filósofo obscuro, nem mesmo o astrólogo que o colocou na cadeira, para a infelicidade geral da nação e do Itamaraty em particular.

Eu tive de perder um dia inteiro para desmantelar todas as suas mentiras, falcatruas e distorções, numa tarefa realmente enfadonha, mas que não encerra tudo o que seria preciso dizer sobre a mais HORROROSA gestão de um chanceler brasileiro, desde 1821 (José Bonifácio já estava encarregado dos negócios estrangeiros desde a regência de D. Pedro). Isso no quadro do pior governo que tivemos no Brasil desde 1549, ou seja, desde o desembarque na Bahia do primeiro governador-geral, D. Tomé de Souza. Ambos se merecem na ruindade e na desgovernança. Ficou faltando destacar todas as suas não realizações, todas as suas ações e omissões que envergonharam a diplomacia profissional brasileira, mas que já tive o tremendo desconforto de tratar, de expor e criticar nos meus quatro livros de um ciclo, ao qual espero nunca mais voltar, que não deveria existir, e que não deveria ter continuidade. 

Ainda temos um Cronista Misterioso, com o nom de plume de Ereto da Brocha, que imortalizou estes tristes tempos com seus petardos irônico-acrimoniosos, um a cada semana, de quem não tenho notícias diretamente, mas que imagino talvez venha a encerrar o seu ciclo de lastimáveis críticas que também não precisavam existir.

Meus escritos, as entrevistas de embaixadores aposentados, as crônicas do nosso Batman do Itamaraty oferecem um triste testemunho de uma das fases mais deprimentes da diplomacia nacional. Ainda não superamos a ignorância e a estupidez, mas acredito que não mais recairemos no opróbio universal, pelo menos do lado diplomático. Espero poder encerrar esse desvio que tive de enfrentar nos últimos 28 meses (sim, eu comecei antes da posse do chanceler execrável), e voltar para escritos mais consistentes, aqueles trabalhos que podem ser enquadrados na categoria dos scholarly works, não na infeliz categoria das diatribes indesejadas. Vale!

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 11 de abril de 2021