Nossos “defensores” e quem nos defende deles
Paulo Roberto de Almeida
Entendo
os que se preocupam com o excesso de poder dos procuradores e juízes, não
apenas entendo como compartilho da preocupação. Mas enquanto o legislativo e o
executivo parecerem mais com uma gangue tentando proteger os seus do que com
poderes da república a tendência é que o judiciário e o ministério público
cresçam e abocanhem mais poder. Apenas um Congresso e um inquilino do Planalto
que pareçam não agir apenas em causa própria poderão reverter a tendência de
enquadramento do executivo e do legislativo pelo judiciário e pelo MP.
Agora, meu argumentos sobre a mesma questão:
Aprovo e compartilho os
argumentos de Roberto Ellery. Quando a sociedade, que somos nós, se sente não
apenas desprotegida e desamparada, em face de bandidos comuns, que nos assaltam
e ameaçam nossas vidas com revólveres e facas, mas sobretudo quando nos
sentimos reféns e dilapidados em face de bandidos de alto coturno e de
colarinhos brancos, que não contentes de nos extorquirem legalmente, via uma
miríade de impostos, taxas e contribuições, ainda nos expropriam ilegal e
criminosamente, via fraudes orçamentárias, superfaturamentos em compras
governamentais, propinas incorporadas aos contratos públicos, quando tudo isso
acontece, é absolutamente normal que se recorra ao uso vigoroso dos únicos
instrumentos legais que restam à cidadania na defesa de nossas vidas e
patrimônio. Setores do MPF, do Judiciário (não todos, pois também existem
comportamentos extrativistas e corporativos que desviam recursos para seus
membros) e da Polícia Federal podem representar essa última barreira de
contenção ao roubo organizado por meliantes de todos os tipos, sendo os mais
perigosos justamente aqueles que dizem nos representar.
Fora disso, só anarquia e
a anomia, de que padece, por exemplo, a Venezuela atual, cujo povo vem sendo
cruelmente assaltado e oprimido por uma gangue de criminosos políticos que
assaltou o poder. O Brasil, mesmo depois de ter extirpado do poder a
organização criminosa que o havia tomado de assalto em 2003, ainda não se
livrou das várias gangues de criminosos políticos que continuam assaltando o
Estado e a nós cidadãos, desde muito tempo, mas pelo menos estamos livres do
desastre venezuelano, graças justamente a esses setores de "última
instância" a que se refere Roberto Ellery. Eles são o nosso último
recurso, junto com o "Fora Todos" e a renovação COMPLETA da classe
política.
Mas, sempre fica a
questão crucial e eterna: Quem nos Defende de nossos Defensores?
Ou seja, não cabe confiar
todo o poder ao "poder moderador" do momento, que são os bravos
paladinos da República de Curitiba (em seu sentido metafórico). Em todo caso,
melhor eles do que a guarda pretoriana e as instituições castrenses de
antigamente, que também recorriam ao arbítrio dos que possuem a força para
combater a corrupção e o caos político, num ambiente de autoritarismo (quando
não de ditadura) que também é inaceitável (mas que alguns julgam ser
necessário, como os defensores de certo candidato saudosista do regime
militar).
Ou, como também se diz: o
preço da liberdade é a eterna vigilância.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 16 de Setembro de 2017