Mini-reflexão sobre o estado da desinteligência no Brasil atual
Em poucas épocas da história, métodos e procedimentos próprios à ciência foram tão rebaixados quanto agora, quando opiniões e crenças sem fundamentação empírica são aceitos como verdadeiros, apenas porque algum guru alucinado pretende que seja assim. Quem não concorda é atacado.
Em lugar de atirar contra um pesquisador como este que aqui escreve, os seguidores do guru expatriado poderiam provar, pelos métodos usuais da ciência, onde, quando, como esse monstro metafísico do globalismo, retirou soberania dos Estados membros da ONU. Se eu quiser falar com o globalismo, telefono para quem?
A agressividade, a truculência, o negacionismo, a mentira deliberada se transformaram em métodos habituais do governo, no caso alimentados por indivíduos sem qualquer qualificação técnica ou científica, mas se arvoram em especialistas do que nunca foram. Isso se chama retrocesso.
Existem militantes tão sem argumentos sobre qualquer assunto que se comprazem unicamente (é a única coisa que sabem fazer) em ofender supostos defensores de teses adversas. Não discuto o caráter das pessoas, apenas faço debate de ideias. Mas quando certas pessoas divulgam grandes bobagens, aumentando a ignorância ou a desinteligência geral na sociedade, é preciso defender a verdade, mesmo contra os donos do poder.
Apenas pessoas totalmente desinformadas (mas de má-fé, pois que existe a mídia fiável) ou então cegas pelo militantismo tosco conseguem ver qualquer sucesso na postura do governo na frente externa, quando o Brasil vem sendo objeto de reações negativas por parte da maior parte dos governos. Nunca a diplomacia brasileira se submeteu a um rebaixamento tão amplo quanto o atual.
Como diplomata de carreira, ouso denunciar temas e métodos da antidiplomacia atual, criticar as posturas que estão rebaixando a imagem e o crédito do Brasil no plano internacional, assim como vou continuar expressando minha opinião – apoiada em fatos – a propósito dessa destruição da inteligência no Itamaraty e de prejuízos reais que estão sendo construídos contra os interesses nacionais do Brasil.
Brasília, 28 de setembro de 2020