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quarta-feira, 30 de junho de 2021

Estagnação econômica, retrocesso na renda per capita - Renée Pereira (OESP)

 PIB SOBE, MAS ÍNDICE DE BEM-ESTAR DA POPULAÇÃO É O PIOR DESDE 2002!


Renée Pereira 
O Estado de S. Paulo, 26/06/2021

 Apesar dos dados positivos sobre a retomada econômica, com crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre deste ano, a realidade da população brasileira não traduz essa melhora. O sentimento de bem-estar continua em baixa e pode piorar ainda mais até o terceiro trimestre deste ano, conforme um estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE/FGV).

Elaborado pelos economistas Aloisio Campelo Junior e Anna Carolina Gouveia, o trabalho mostra a evolução do índice de desconforto econômico brasileiro, medido pela agregação das taxas de desemprego e de inflação. O indicador no período da pandemia, entre fevereiro de 2020 e março de 2021, é o maior desde o ciclo entre outubro de 2002 e junho de 2003 – 103,8 ante 128,3.

“Recentemente temos visto notícias de um PIB maior, melhora na área fiscal e retomada de alguns setores econômicos. Mas isso não corresponde ao bem-estar da população”, diz Anna Carolina. Segundo ela, hoje o País tem um mercado de trabalho ruim e que deve se manter com taxas elevadas no curto prazo por causa do retorno das pessoas na procura por emprego.

O dado mais negativo, segundo a economista, é que o nível de desconforto do brasileiro tem persistido em patamar elevado há muito tempo. Em 2002, por exemplo, o índice atingiu um pico por causa da inflação elevada e da taxa de desemprego, que estava em torno de 10% e 11%. Mas o indicador cedeu logo. “Agora essa patamar esta alto há alguns anos. Mal saímos da crise de 2015/2016, com crescimento baixo nos últimos anos, e já caímos em nova recessão por causa da pandemia. É um acúmulo de mal-estar”, diz Anna Carolina.

De acordo com o trabalho, historicamente, “a manutenção de níveis elevados de desconforto por muito tempo termina levando a pressões por mudanças de política econômica, além de consequências de natureza social e política”. A análise feita por Campelo e Anna Carolina mostra que a persistência do desconforto econômico no período entre 2014 e 2021 é o pior dos últimos 25 anos.

Avaliação ampla. Para avaliar mais profundamente a sensação de desconforto da população, já que a dimensão subjetiva de bem-estar não está contemplada no índice, o IBRE/FGV calculou outros dois indicadores. “Procuramos resolver essa carência com a introdução de uma variável que reflete a porção do Índice de Confiança do Consumidor da FGV que não é determinada por fatores econômicos”, diz a economista, no estudo.

Assim, o Índice de Desconforto 2 incluiria aspectos de natureza não econômica como, por exemplo, o medo da pandemia e a tendência à depressão devido às medidas de isolamento social, entre outros fatores. O resultado foi pior do que o Índice 1, que só inclui desemprego e inflação. Se no primeiro, o indicador era de 103,8, no segundo, chegou a 118,4.

“A pandemia não está controlada, e o ritmo de vacinação é lento. Isso faz o sentimento de mal-estar continuar alto. Quanto mais a pandemia demora, mais tempo vai levar para o nível de desemprego diminuir”, diz Anna Carolina.

No Índice de Desconforto 3, a economista conta que incluiu dados do PIB per capita e do consumidor. Nesse caso, os níveis máximos da série ocorreram durante a recessão de 2014-16 e em junho de 2020, quando a confiança dos consumidores, em média móvel trimestral, alcançou o menor nível histórico.

De acordo com o estudo, entre o final de 2020 e março de 2021, todos os indicadores de desconforto subiram, influenciados pelo aumento da inflação, queda lenta do desemprego, fim dos auxílios emergenciais e o recrudescimento da pandemia no Brasil.

quarta-feira, 19 de maio de 2021

Os dinossauros estão de volta: voto impresso na era do pré-cambriano - Editorial do OESP

Atentado contra a democracia

A difusão de desinformação sobre as urnas eletrônicas é fato grave, que atenta contra o regime democrático

Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 

19 de maio de 2021 | 03h00 


Atendendo a apelos bolsonaristas, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), determinou a criação de comissão especial para discutir a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 135/19, que propõe a volta do voto impresso. Apresentada em 2019 pela deputada Bia Kicis (PSL-DF), a proposta exige a impressão de cédulas em papel na votação e na apuração de eleições, plebiscitos e referendos no País. 

No dia 13 de maio, ao lado de Arthur Lira, o presidente Jair Bolsonaro saudou a criação da comissão na Câmara. “O voto impresso tem nome, né? A mãe é a deputada Bia Kicis, lá de Brasília; o pai é o Arthur Lira, que instalou a comissão no dia de ontem. Parabéns, Arthur!”, disse Jair Bolsonaro. 

Dias antes, o presidente Jair Bolsonaro havia mencionado a aprovação da PEC 135/19. “Com toda certeza, nós aprovaremos isso no Parlamento e teremos, sim, uma maneira de auditar o voto por ocasião das eleições de 22”, disse no dia 9 de maio. 

Em meio à pandemia de covid-19, com uma grave crise sanitária, social e econômica a abater o País, é um inteiro disparate a promoção da bandeira do voto impresso. Trata-se de mais uma demonstração da irresponsabilidade e do negacionismo do governo de Jair Bolsonaro.  

No entanto, a movimentação de Jair Bolsonaro a favor do voto impresso é muito mais grave do que mera indiferença pelas circunstâncias do País e da população – o que, por óbvio, já é extremamente preocupante. A tentativa de dar ao voto impresso um caráter de prioridade nacional, como se a lisura das eleições estivesse em risco por causa das urnas eletrônicas, é um atentado contra a democracia. 

De forma contínua e sem nenhum fundamento, o presidente Jair Bolsonaro tem difundido dúvidas sobre o atual sistema eleitoral. Por exemplo, no ano passado, prometeu apresentar provas de supostas fraudes nas eleições de 2018. “Pelas provas que tenho em minhas mãos, que vou mostrar brevemente, eu tinha sido, eu fui eleito no primeiro turno, mas no meu entender teve fraude”, disse em março de 2020. Até agora, Jair Bolsonaro não apresentou nenhuma prova. 

A difusão de desinformação sobre as urnas eletrônicas é fato grave, que atenta contra o regime democrático. No dia 9 de maio, por exemplo, ao falar da PEC 135/19, Jair Bolsonaro insistiu na ideia de que o atual sistema não é confiável: “Ganhe quem ganhar, mas na certeza e não na suspeição da fraude”. Ora, não existe nenhuma suspeita de fraude no atual sistema de votação eletrônica. 

A rigor, o quadro que se tem é o oposto do que Jair Bolsonaro difunde. No ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou, por unanimidade, decisão liminar de 2018, reconhecendo que a obrigatoriedade de impressão de registros de votos depositados de forma eletrônica na urna – prevista na reforma eleitoral de 2015 – era inconstitucional, tanto pelos riscos de manipulação como pela desproporção do custo econômico da medida. 

“Esse modelo de votação (com urnas eletrônicas), introduzido aqui há mais de 20 anos, fez com que o Brasil se tornasse referência mundial no assunto. Nessa perspectiva, não há qualquer risco de fraude objetivamente evidenciado que justifique a introdução de um mecanismo adicional de fiscalização cuja operacionalização envolve grandes dificuldades e custos”, disse, em seu voto, o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 

Tendo em vista que Jair Bolsonaro não tem nenhuma prova contra as urnas eletrônicas, fica evidente que a sua insistência a respeito do voto impresso não é uma tentativa de aumentar a confiabilidade das eleições. Tal como fez Donald Trump nos Estados Unidos, seu objetivo é precisamente disseminar a desconfiança no sistema eleitoral, para que seus apoiadores rejeitem a futura derrota nas urnas.

Cabe ao Congresso rejeitar esse atentado contra a democracia. A PEC 135/19 é uma explícita manobra do bolsonarismo contra as eleições. Não há respeito ao voto, não há regime democrático, sem respeito ao resultado das urnas.

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sexta-feira, 9 de abril de 2021

Argentina e Brasil: dois países condenados ao retrocesso? - Paulo Roberto de Almeida

 Desculpem me repetir, mas vivo angustiado com nossos retrocessos, frutos da ESTUPIDEZES dessas elites MEDÍOCRES!

Argentina: o caso mais trágico na história econômica mundial - Paulo R. de Almeida, Instituto Mises: https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/04/argentina-o-caso-mais-tragico-na.html - Conheço a Argentina muito bem e os argentinos, em especial, e lamento pela decadência auto-infligida. Trágico!

Espero que o IDIOTA do Bolsovirus não se converta num Perón de araque e destrua o Brasil como Perón fez com o seu país! 

Em toda a minha vida de estudo da história econômica mundial, eu nunca encontrei um caso mais dramático como a Argentina. Talvez a China imperial, mas ela foi foi esquartejada pelo império czarista, pelos colonialistas europeus e depois pelos bárbaros japoneses, ao passo que a Argentina conseguiu se suicidar por seus próprios meios, inteiramente destruída pela ação de estúpidos nacionais (como talvez o Brasil agora), corporativos militares , mafiosos sindicais, mandarins do Estado, todos unidos, inconscientemente, no saque e na dilapidação da riqueza nacional, exatamente como estamos sendo saqueados agora pelos mandarins do Estado, pelos corruptos da política, pelos barões ladrões do empresariado, pelos gigolôs do sistema bancário, por todos os oportunistas de todos os matizes.

Lamento, sinceramente, mas estamos em uma trajetória de DECADÊNCIA que se situa entre Grécia, Itália e Argentina.

A menos que consigamos reagir. Seremos capazes?

Duvido muito: nossas elites são muito MEDIOCRES!

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 9/04/2021


segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Mini-reflexão sobre o estado da desinteligência no Brasil atual - Paulo Roberto de Almeida

Mini-reflexão sobre o estado da desinteligência no Brasil atual

Paulo Roberto de Almeida

Em poucas épocas da história, métodos e procedimentos próprios à ciência foram tão rebaixados quanto agora, quando opiniões e crenças sem fundamentação empírica são aceitos como verdadeiros, apenas porque algum guru alucinado pretende que seja assim. Quem não concorda é atacado.

Em lugar de atirar contra um pesquisador como este que aqui escreve, os seguidores do guru expatriado poderiam provar, pelos métodos usuais da ciência, onde, quando, como esse monstro metafísico do globalismo, retirou soberania dos Estados membros da ONU. Se eu quiser falar com o globalismo, telefono para quem?

A agressividade, a truculência, o negacionismo, a mentira deliberada se transformaram em métodos habituais do governo, no caso alimentados por indivíduos sem qualquer qualificação técnica ou científica, mas se arvoram em especialistas do que nunca foram. Isso se chama retrocesso.

Existem militantes tão sem argumentos sobre qualquer assunto que se comprazem unicamente (é a única coisa que sabem fazer) em ofender supostos defensores de teses adversas. Não discuto o caráter das pessoas, apenas faço debate de ideias. Mas quando certas pessoas divulgam grandes bobagens, aumentando a ignorância ou a desinteligência geral na sociedade, é preciso defender a verdade, mesmo contra os donos do poder.

Apenas pessoas totalmente desinformadas (mas de má-fé, pois que existe a mídia fiável) ou então cegas pelo militantismo tosco conseguem ver qualquer sucesso na postura do governo na frente externa, quando o Brasil vem sendo objeto de reações negativas por parte da maior parte dos governos. Nunca a diplomacia brasileira se submeteu a um rebaixamento tão amplo quanto o atual.

Como diplomata de carreira, ouso denunciar temas e métodos da antidiplomacia atual, criticar as posturas que estão rebaixando a imagem e o crédito do Brasil no plano internacional, assim como vou continuar expressando minha opinião – apoiada em fatos – a propósito dessa destruição da inteligência no Itamaraty e de prejuízos reais que estão sendo construídos contra os interesses nacionais do Brasil.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 28 de setembro de 2020