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quinta-feira, 3 de março de 2022

O papel dos BRICs na economia mundial - Paulo Roberto de Almeida

 O papel dos BRICs na economia mundial

(corrigindo alguns equívocos de compreensão)

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 26 novembro 2006

Postado no blog Diplomatizzando (28/05/2011; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2011/05/os-brics-antes-de-existirem-os-brics.html)

 

Os BRICs

Muito se tem falado sobre os BRICs, um suposto grupo de países emergentes dinâmicos, composto pelo Brasil, Rússia, Índia e China, com perspectivas relevantes na futura economia mundial. Em vista, porém, das baixas taxas de crescimento econômico do Brasil, vários jornalistas têm retirado o Brasil desse grupo, convertendo-o em RICs, apenas. 

A verdade, entretanto, é que esse BRIC não existe. Trata-se de uma construção arbitrária, que não se sustenta em nenhum arranjo político-diplomático, em nenhuma configuração efetiva internacional. É um exercício puramente intelectual de um banco de investimentos, o Goldman Sachs, que criou essa figura, sem justificativa em si, a não ser pelo peso específico de cada um desses países. 

Com efeito, na maior parte do tempo, os supostos BRICs não interagem entre si, não atuam de forma coordenada para fins desse exercício feito pelo banco, que é a emergência econômica, como massa atômica específica, de cada um desses países na economia mundial. Ou seja, eles terão inevitavelmente um grande peso, inclusive o Brasil, que é pouco dinâmico, mas cada um por sua própria conta. 

A rigor, há também a Indonésia, que está um pouco diminuída hoje, mas que vai voltar a crescer e emergir, não apenas na região da Ásia Pacífico. Há ainda a África do Sul, o México, todos grandes países que, somados à China, à Índia e ao Brasil, conformariam um G-11 ou G-13 da economia mundial. 

Isso é relevante, em termos de coordenação da agenda econômica mundial, mas não há nenhum exercício político-diplomático de coordenação entre BRICs, ou RICs. Cada um tem uma forma específica de inserção na economia mundial. Cada um tem interesses nacionais, que não são necessariamente divergentes, mas não são coincidentes. 

Não existe, sobretudo, para fins de qualquer classificação diplomática com respeito ao possível alinhamento desses BRICs na política mundial, uma natural identificação dos supostos integrantes desse grupo com os demais países em desenvolvimento ou com alguma diplomacia do Sul. Para todos os efeitos de inserção na economia mundial, a Rússia, a Índia e a China fazem parte do hemisfério norte, assim como, do ponto de vista estritamente político, a Rússia integra plenamente as estruturas de dominação e controle típicos dos países do hemisfério norte.

A Rússia é relevante por seu poderio atômico. Não foi incorporada ao G-7 por ser uma economia de mercado, o que obviamente ela não era, mas porque poderia causar problemas. Ela não faz parte do G-7 econômico, mas do G-8 político, que adota resoluções um pouco inócuas. A Rússia não conta economicamente, a não ser por sua energia. Como ela é importante no equilíbrio geopolítico asiático e europeu e no plano energético mundial, ela faz parte desses esquemas de coordenação. Mas o processo de reformas internas deve ser intensificado para que ela possa ser plenamente incorporada à OMC e à OCDE.

Tampouco existe, para fins de comércio internacional, um realinhamento radical dos fluxos, ainda que seja previsível e até natural um crescimento mais intenso dos intercâmbios entre os próprios países do Sul. A “nova geografia comercial”, que se anuncia como relevante para o Sul, na verdade já existe: são os emergentes asiáticos exportando para o Norte desenvolvido – Estados Unidos e Europa – ou para outros países em desenvolvimento de sua própria esfera geográfica, como é o caso da China e sua imensa esfera de intercâmbios na própria Ásia Pacífico. 

 

A China e a Índia

Para todos os efeitos imagináveis, o destino econômico da China está intimamente ligado ao dos Estados Unidos. Os americanos dependem da transferência de recursos asiáticos para continuar sustentando a sua avidez de consumo. A China depende enormemente da capacidade comercial deficitária americana, ou seja, que os Estados Unidos continuem comprando dela. Do catálogo do Wal Mart, 80% ou mais é chinês ou pode ser feito na China. 

A China exerce hoje um papel deflacionista extremamente importante na economia mundial. Assim como a Inglaterra no século 19 ofereceu mercadorias baratas a todo o mundo, a China desempenha hoje esse papel. É importante porque permite que mesmo os trabalhadores desempregados pela concorrência chinesa nos mercados de manufaturados da Europa e dos EUA continuem a consumir produtos, a partir de suas bonificações-desemprego, que de outra forma não estaria ao seu alcance, se fossem fabricados aos preços da Europa e dos EUA. 

A Índia também está intimamente integrada aos Estados Unidos, pelas redes de engenheiros, pelos seus executivos que trabalham na Califórnia ou na Costa Leste, que vão alimentar a nova economia da inteligência e do conhecimento. A China é basicamente um laboratório, um ateliê ou uma fábrica. A Índia é basicamente um escritório de concepção e desenho. Os indianos desenham aquilo que lhes foi encomendado desde o Vale do Silício, podendo inclusive agregar algo mais.

Mas o que é desenhado na Califórnia também o é por engenheiros indianos. Há uma simbiose completa entre concepção e desenho americano, ou ocidental, e a nova Índia, que está emergindo paulatinamente e vai ser uma potência em software e em conhecimento também.

Trata-se, obviamente, de uma “pequena Índia”, pois se está falando da incorporação de uma parte apenas da imensa população da Índia na economia de mercado. A  exclusão social da maior parte dos indianos dessa economia dinâmica pode até representar algum fator de pressão interna contra as reformas e uma maior inserção na globalização, mas esse é um fator interno que tem de ser resolvido na política indiana. O fato é que a Índia vai continuar com milhões de miseráveis durante muito tempo, assim como a China. 

O que esse dois países já fizeram, em termos de crescimento econômico, é propriamente extraordinário. A China tirou 200 ou 300 milhões de camponeses de uma miséria abjeta para uma pobreza aceitável, e os transformou em operários. A Índia também tirou algumas centenas de milhares de pessoas da miséria. Mas a miséria indiana ainda é monumental, e vai continuar pelas décadas futuras. Mas isso não importa para a economia mundial, e sim os grandes fluxos transnacionais de comércio, bens, serviços.

Os analistas ocidentais e, sobretudo, os políticos americanos argumentam que, no caso da China, isso foi obtido ao custo de um câmbio artificialmente baixo e de salários baixos, até para o poder de compra chinês. Entretanto, esses são fatores conjunturais. A China tem uma boa manipulação de sua política econômica, inclusive para efeitos cambiais e comerciais. Tem uma boa manipulação da sua agenda financeira – reservas, investimentos externos. Mas tudo isso é superestrutura, é espuma. 

O mais importante, todavia, é o papel da China como produtora de bens correntes no mundo globalizado. Para fazer isso, ela simplesmente se inseriu na divisão internacional do trabalho. Quando acabou o socialismo, no fim dos anos 80, o impacto da incorporação dos ex-socialistas na economia mundial não foi muito grande, porque esses países eram pouco competitivos - tinham uma participação ridícula no comércio de bens e de tecnologia internacional - e inexistentes no plano financeiro. O impacto econômico da inserção do ex-bloco socialista no PIB mundial foi de 10% ou 15%, se tanto. Agora, o impacto da incorporação do exército industrial de reserva ex-socialista na divisão mundial do trabalho provavelmente supera um quarto da mão-de-obra total do mundo. 

Tudo isso é muito relevante no plano da alocação de investimentos para fins de produção, montagem de produtos, enfim, tudo o que requer mão-de-obra. A China, também, em algum momento, vai ficar um pouco cara, e aí outros países vão ser incorporados. No que se refere ao setor industrial, a China manterá a sua preeminência mundial nas próximas décadas. 

De certa forma, ela está repetindo a história japonesa de copiar para depois criar. Mas, não se trata de equiparar a China a um novo Japão. A história é sempre diferente. A China produz mais engenheiros do que qualquer país do mundo. Quem produz patentes, inovação tecnológica, são engenheiros. A China vai construir um poder econômico nos seus próprios termos, que não necessariamente vai se dar no vácuo ou na decadência ocidental, e sim em extrema osmose com o Ocidente. 

As teses de hegemonias, declínios e substituição de impérios não são muito válidas hoje, porque não se tem mais uma economia baseada apenas nas matérias-primas ou na força bruta das máquinas. Como a economia é do conhecimento, tudo isso tende a se disseminar. Quem está perdendo, na verdade, são os operários americanos e ocidentais. Mas as empresas ocidentais vão continuar tão fortes quanto antes, inclusive utilizando mão-de-obra chinesa, claro, para o que for necessário.

 

E o Brasil nesse processo?

O Brasil vai continuar sendo um grande fornecedor de commodities, o que é bom, e um grande fornecedor de energias renováveis, o que é excelente. Mas o Brasil é hoje, reconhecidamente, um país de lento crescimento, a despeito de ser um país moderno. 

O fato é que todos os nossos problemas são made in Brazil. Nenhum deles tem algo a ver com a globalização. Nada do que é externo é estratégico para os problemas brasileiros atuais. São deficiências próprias: previdenciárias, educacionais, organizacionais, corrupção, gastos públicos. A globalização até ajudaria na tarefa de reforma. Mas como o Brasil é um pouco avestruz, introvertido, recusa a competição externa e novos acordos comerciais com países desenvolvidos, sua indução à reforma vai ser bem mais lenta. Tanto o Mercosul como os acordos hemisféricos são menos importantes para o Brasil, enquanto acesso a mercados, do que enquanto estabilização econômica e indução à reforma, à competição e à inovação. Como o Brasil continua relativamente introvertido, o processo de reformas vai ser muito lento. Não é que não haja consenso entre as elites quanto a uma agenda de reformas. Não há sequer consciência de que a reforma é necessária, nos planos tributário, fiscal e educacional.

Na globalização, o papel da educação é extremamente relevante. Com a baixa qualidade atual do seu ensino fundamental, o Brasil simplesmente não pode pensar em se inserir na economia mundial de forma competitiva. Achamos que nossos problemas econômicos são graves, por causa da falta de uma agenda de reformas. No plano educacional, é pior do que possamos imaginar, e tendente à deterioração. A situação é muito pior do que as estatísticas revelam. Não é apenas do ponto de vista organizacional e de investimentos, mas no plano mental, de preparação dos professores. Temos enormes problemas pela frente, que não serão resolvidos facilmente. 

Não se deve ser muito otimista quanto às possibilidades do Brasil de concorrer numa economia globalizada, na medida em que sua situação educacional é pavorosa. O Brasil não está preparado para capacitar a mão-de-obra, no plano puramente industrial, nem para enfrentar as exigências da modernidade, da inovação tecnológica. No plano científico, existe muita capacidade: os cientistas brasileiros são tão bons ou até melhores que os estrangeiros. Mas a vinculação do sistema científico com o tecnológico é muito precária. Não há um sistema inovador autogerado. É tudo muito induzido pelo Estado. 

O Estado brasileiro deixou de ser uma solução e passou a ser um problema enorme. Um estudo com países da OCDE para o período 1960 a 1996 mostra que o ritmo de crescimento está correlacionado à carga fiscal. Países com carga fiscal de até 25% do PIB tiveram crescimento anual de 6,6%; aqueles com carga fiscal superior a 60% do PIB, de apenas 1,6%. Isso ocorre porque simplesmente não existem recursos para o investimento. A despoupança estatal é um fator extremamente negativo. E, no plano tributário, a incidência sobre o lucro e o trabalho é fator de desemprego, informalidade e não-crescimento. 

Pode-se mencionar aqui o caso da Irlanda. Trata-se de um país que saiu do perfil europeu típico de alta imposição fiscal e enveredou pelo caminho da eficiência, da baixa tributação sobre os lucros e sobre o trabalho. Em menos de uma geração, em aproximadamente 17 anos, ela saltou de metade da renda per capita européia para acima da média. A China impressiona porque é grande. Mas a Irlanda, em termos de transformação estrutural, é um caso único na história econômica mundial. 

O Brasil poderia parar de olhar tanto para a China e para a Índia e verificar o que fizeram, por exemplo, Irlanda e Chile, em termos de reforma econômica e inserção no processo de globalização. Para todos os efeitos, não importa muito o tamanho dos países e sim a qualidade de suas políticas econômicas.

 

Para maiores esclarecimentos quanto à natureza dessas políticas econômicas, remeto a meu artigo “Uma verdade inconveniente (ou sobre a impossibilidade de o Brasil crescer 5% ao ano)”, disponível neste link do blog Diplomatizzando: (https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2006/11/637-uma-verdade-inconveniente_11.html.


Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 26 novembro 2006

quinta-feira, 29 de abril de 2021

Pandemias e a economia mundial - Norman Gall (Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial)

 

Caros amigos,
 
Em março de 2020, no começo da pandemia do Covid-19, estava preso em casa pela quarentena, pensando o que fazer com todo esse tempo disponível. Resolvi começar uma abordagem sintética do desenvolvimento da pandemia de forma acessível para os membros de nosso Instituto e para o nosso público. A pandemia está indo muito além do previsto. Sigo acompanhando os acontecimentos diariamente, com suas muitas novidades, para produzir uma abordagem atual e abrangente. Por isso, dividimos esse ensaio em várias partes, a ser publicadas quinzenalmente na internet.

Aguardamos seus comentários e sugestões.

Norman Gall

Acesse o PDF



quinta-feira, 2 de julho de 2020

A Ordem Econômica Mundial e a América Latina: um novo livro - Paulo Roberto de Almeida

Meu novo livro, pronto e revisto, desta vez em Kindle, já publicado:


A ordem econômica mundial e a América Latina
ensaios sobre dois séculos de história econômica



Índice

Apresentação

1. As ideias e as realidades: a economia mundial do século XIX ao XX
     1.1. A força das ideias: os novos conceitos da história global
     1.2. A força das realidades: desenvolvimento desigual entre regiões e países
     
2. Economia mundial: de onde viemos, para onde vamos? 
     2.1. Existe uma economia mundial?
     2.2. Da Grande Divergência para uma modesta Convergência?

3. O equilíbrio europeu de poderes e os imperialismos 
     3.1. O retorno ao colonialismo, com tinturas imperialistas
     3.2. A importância econômica das colônias
     3.3. O novo exclusivo colonial e as restrições comerciais

4. O que move o mundo? A energia e suas transformações
     4.1. Uma história econômica essencial: a energia, sob todas as suas formas
     4.2. Todas as revoluções industriais são também revoluções energéticas
     4.3. A era do petróleo, e dos grandes conflitos globais
     4.4. Grandes mudanças institucionais, e políticas, no terreno energético 
     4.5. Brasil: acertos e equívocos em suas erráticas políticas energéticas
4.6. Quais perspectivas futuras na geopolítica da energia?

5. Os cinquenta anos que mudaram o mundo 
     5.1. As alavancas da grande transformação
     5.2. A divergência na prática

6. Sobressaltos da globalização, da belle époque ao entre guerras 
     6.1. O “mundo de ontem” foi de fato melhor?
     6.2. A segunda onda da globalização e o grande retrocesso
     6.3. Uma primeira desglobalização
     6.4. Inflação, desvalorização, depressão

7. Economia mundial: do livre comércio ao protecionismo 
     7.1. O eterno debate entre livre comércio e protecionismo
     7.2. Todas as nações são mais favorecidas, antes do retrocesso
     7.3. Justificativas oportunistas para o retorno ao protecionismo
     7.4. Antes da guerra real, a ‘guerra das tarifas’
     7.5. Do escudo tarifário à muralha dos contingenciamentos
     7.6. O impossível cálculo econômico na comunidade capitalista
     7.7. O pensamento econômico da diplomacia brasileira

8. As grandes mudanças da ordem econômica mundial desde o século XIX
     8.1. Do liberalismo clássico ao neoliberalismo contemporâneo
     8.2. Intervencionismo estatal e multilateralismo econômico no pós-guerra
     8.3. Existem analogias atuais com o mundo econômico do passado?
8.4. Existem lições a tirar, partindo dos grandes desastres do passado?

9. Os dois grandes conflitos globais: impactos econômicos 
     9.1. O espírito guerreiro, quase feudal, do início do século XX
     9.2. O nacionalismo belicoso
     9.2. Os orçamentos das guerras
     9.3. Consequências econômicas das guerras
     9.4. A grande mudança nas políticas econômicas

10. Finanças internacionais: do padrão ouro às desvalorizações agressivas 
     10.1. Construção e desconstrução do sistema financeiro internacional
     10.2. A grande transformação nas finanças internacionais
     10.3. Formação progressiva e percalços do padrão ouro
     10.4. Descoordenação monetária e cambial: as dívidas da guerra
     10.5. Novos tremores, e a descida para a anarquia monetária

11. Fundamentos de uma nova ordem econômica mundial: Bretton Woods
     11.1. O aprofundamento da desorganização econômica mundial
     11.2. Bretton Woods começou no Brasil, em 1942

12. A grande divergência e a América Latina, 1890-1940
     12.1. A concentração industrial na origem da grande divergência
     12.2. A lógica da economia malthusiana e a disparidade de rendas no mundo
     12.3. A difusão diferenciada de tecnologias inovadoras ao redor do mundo
     12.4. A América Latina começa a ficar para trás
     12.5. Rico como um argentino? Apenas por algum tempo...
12.6. As divergências se aprofundam, inclusive para o Brasil
12.7. Divergências também entre os próprios latino-americanos
12.8. Por que o mundo todo não é desenvolvido?

13. A América Latina na ordem econômica mundial desde o século XIX
     13.1. O itinerário da América Latina em dois séculos
     13.2. Como o mundo mudou, do século XIX ao século XXI?
     13.3. A América Latina no contexto da Grande Divergência
13.4. Final do século XIX: progressos modestos e inserção internacional
     13.5. A grande catástrofe de 1914-18 e suas consequências estruturais
     13.6. Padrões de convergência e de divergência ao longo do século XX
     13.7. A Ásia começa a tomar o lugar da América Latina
     13.8. A América Latina também começa a divergir internamente
            13.8.1. Os globalizados
            13.8.2. Os reticentes
            13.8.3. Os bolivarianos
     13.9. O que mudou, o que permaneceu, no longo prazo?
     13.10. Lições de um século perdido?

14. Dinâmicas da economia no século XX 
     14.1. As grandes tendências da economia mundial
     14.2. Transformações econômicas na primeira metade do século XX
     14.3. Expansão e crise econômica no pós-II Guerra Mundial
14.4. Tendências do comércio mundial: liberalismo, protecionismo, multilateralismo e neoprotecionismo
14.5. Tendências das finanças mundiais: padrão-ouro, padrão ouro-dólar e flutuação generalizada de moedas
14.6. A globalização capitalista e as desigualdades estruturais
14.7. A estrutura institucional da economia internacional

15. O Bric e a substituição de hegemonias: um exercício duvidoso
15.1. Por que o Bric e apenas o Bric?
15.2. Bric: uma nova categoria conceitual ou apenas um acrônimo apelativo?
15.3. O Bric na ordem global: papel relevante, ou apenas instância formal?
15.4. O Bric e a economia política da ordem mundial: contrastes e confrontos
15.5. Grandezas e misérias da substituição hegemônica: lições da História
15.6. Um acrônimo talvez invertido

16. O Brasil no Brics
16.1. O Brasil e os principais componentes de sua geoeconomia elementar
16.2. O sistema político brasileiro e sua posição na geopolítica mundial
16.3. Potencial e limitações da economia brasileira no contexto mundial
16.4. A emergência econômica e a presença política internacional do Brasil
16.5. A política externa brasileira e sua atuação no âmbito do Brics
16.6. O que busca o Brasil nos Brics? O que deveria, talvez, buscar?

17. A longa trajetória da América Latina na economia mundial
17.1. Da independência política à dependência econômica
17.2. A integração latino-americana no contexto da economia mundial
17.3. O Mercosul e a sub-regionalização da integração
17.4. A América Latina troca de lugar com a Ásia Pacífico
17.5. A América Latina começa uma fase de declínio na economia mundial
17.6. A América Latina e o fantasma do “neoliberalismo”
17.7. Por que a América Latina não decola? Alguma explicação plausível?
17.8. Avanços e recuos da América Latina: diagnóstico e prescrições
       17.8.1. Estabilidade macroeconômica
17.8.2. Microeconomia competitiva
17.8.3. Boa governança, instituições sólidas, regras estáveis
17.8.4. Alta qualidade dos recursos humanos, via educação geral e especializada
17.8.5. Abertura ao comércio internacional e aos investimentos estrangeiros
17.9. Aprofundamento do declínio ou superação dos impasses? 


Apêndices:
Livros publicados pelo autor
Nota sobre o autor 


Índice de tabelas e ilustrações: 

     1.1. Desempenho econômico em diferentes épocas, 1500-1980
     1.2. Crescimento da população, do PIB e do PIB per capita, 1870-1950
1.3. Evolução da população, do PIB e do PIB per capita, 1870-1950

     3.1. Importância econômica das colônias, 1913
     3.2. Domínios coloniais e semicoloniais em 1914
     3.3. Comércio dentro dos impérios (formais e informais), 1929-1938
     
     5.1. Indicadores econômicos de base das grandes potências, 1913-1940
     5.2. Evolução da renda per capita nas grandes potências, 1890-1945

     6.1. Evolução da produção de petróleo, 1890-1938
     
     7.1. Preços de commodities selecionadas, 1883-1913
     7.2. Tarifas sobre bens manufaturados, 1902-2000
     7.3. Tarifas médias de manufaturados importados, 1875 e 1913
     7.4. Tarifas Gerais e de Manufaturados, 1913 e 1925
     7.5. Tarifas médias ad valorem aplicadas a produtos manufaturados, 1913
     7.6. Declínio nos valores do comércio internacional, 1928-1938
     7.7. Declínio nos valores e recuperação nos volumes do comércio mundial, 1929-1937

     9.1. Valores per capita dos gastos militares (inclusive navais), 1870-1914
9.2. Despesas militares em % do PIB 1a. e 2a. guerras mundiais

     10.1. Estrutura internacional do padrão-ouro, final do século XIX
     10.2. EUA: Empréstimos estrangeiros insolventes, 31/12/1936

11.1. Valores das ações, setembro-dezembro 1929

     12.1. Potencial industrial total, 1880-1938
     12.2. Potencial industrial dos países em % do mundo, 1880-1938
     12.3. Renda per capita e crescimento econômico no mundo, 1700-1820
     12.4. Renda per capita no mundo e como % da Europa ocidental, 1820-1913
     12.5. Renda per capita e crescimento econômico no mundo, 1913-1940
     12.6. Tempo de difusão internacional, em anos, de tecnologias inovadoras
     12.7. Exportações líquidas de fios e tecidos de algodão, 1910
     12.8. População mundial e renda, % por regiões, 1879-1913
     12.9. Taxas de crescimento do PIB per capita, 1890-1929
     12.10. PIB per capita nas Américas, 1890-1940
     12.11. Crescimento econômico em países da América Latina, 1870-1950
     12.12. Concentração de exportações na periferia, 1900
     12.13. Estrutura da proteção comercial em 1913
     12.14. Taxas de matrículas no ciclo primário, 1830-1975
     12.15. Desigualdade na América Latina e na Europa ocidental pré-industriais
     12.16. Desigualdade de renda na América Latina, 1870-1970

     13.1. Renda per capita e crescimento econômico por regiões, 1700-1820
     13.2. Tarifas Aduaneiras Comparadas, 1865-1913
     13.3. Tarifas protecionistas e tarifas normais, 1913
     13.4. Integração de países da América Latina na economia mundial, 1913
     13.5. PIB per capita da América Latina em % do PIB per capita dos EUA
     13.6. Termos de intercâmbio, produtos primários
13.7. Comércio exterior da América Latina, 1913-1938
13.8. PIB per capita e taxas anuais de crescimento nas Américas, 1850-1989
13.9. Desempenho do PIB per capita em três fases do desenvolvimento capitalista
13.10. PIB per capita em % do PIB per capita dos EUA
13.11. América Latina e Ásia dinâmica comparadas

     15.1. Brics: posições no ranking mundial, indicadores selecionados, 2008
     15.2. Brics: dados macroeconômicos fundamentais, 2003-2010
     15.3. Brics: transações internacionais
     15.4. Brics: PIB em PPC em proporção do PIB mundial (%)
15.5. G7 e Brics: participação no PIB agregado, nas exportações de bens e serviços e na população mundial, 2008
     
16.1. A primeira divisão do mundo entre portugueses e espanhóis, 1493, 1494
16.2. A linha de Tordesilhas e o alargamento posterior do Brasil
16.3. Constituições e regimes políticos no Brasil, 1824-2014
16.4: Indicadores econômicos em duas fases do regime militar, 1970-1984
16.5. Indicadores econômicos nos governos FHC: 1995-2002
16.6. Indicadores econômicos nos governos Lula: 2003-2010
16.7. Indicadores econômicos agregados para as presidências FHC e Lula
16.8. Indicadores econômicos do governo Dilma Rousseff: 2011-2014
16.9. Brasil: taxas de crescimento médio anual cumulativo, 1995-2013
16.10. Quadro SWOT para o Brasil
16.11. Resultados do PISA 2012 para os países do Brics
16.12. Brics: receitas públicas em % do PIB, 2013
16.13. Doing Business, 2013, países e indicadores selecionados
16.14. Índice de Competitividade Global, 2014, países selecionados
16.15. Poupança nos Brics, 2013
16.16. Índice de preços de todas as commodities, 2000-2014

17.1. Taxas decenais de crescimento médio anual por regiões, 1980-2020


A história econômica da América Latina nos últimos dois séculos é de desenvolvimento: sua população e o produto per capita cresceram enormemente. Embora ocorrendo mais lentamente, também são observadas melhorias na expectativa de vida ao nascer e na educação. A porcentagem da população que vive em condições de pobreza tem caído substancialmente, embora com notáveis altos e baixo.
A história da região é também de instabilidade, tanto pela volatilidade do financiamento externo e dos termos de troca internacionais como pelos resultantes ciclos de atividade produtividade, com períodos de progresso sucedidos por outros de relativa estagnação ou retrocesso. É igualmente uma história de modificações frequentes e profundas nas políticas e nos modelos de desenvolvimento, em resposta a processos econômicos, sociais, políticos e a ideologias.
Finalmente, e muito importante, é uma história de desigualdade, que não apenas se expressa nas bem conhecidas desigualdades dentro de cada país, mas também naquela existente entre países latino-americanos e, mais ainda, entre esses últimos e os líderes da economia mundial.

Luis Bértola e José Antonio Ocampo: 
O desenvolvimento econômico da América Latina desde a Independência
Rio de Janeiro, Elsevier, 2015; Prefácio, p. xi-xii.