Nota preliminar PRA: Lula deve ter ficado com raiva da repercussão negativa da imprensa sobre o seu desempenho em Hiroshima e cancelou a exportação de ambulâncias-blindadas Guarani para a Ucrânia, que antes era dada como certa.
Brasil–Ucrânia: Lula, os blindados ambulância e o G7
Editor DefesaNet, 22 de maio de 2023
Atualização
De acordo com informações recebidas da diplomacia brasileira, o Departamento de Assuntos de Defesa do Itamaraty deu parecer contrário a exportação dos veículos blindados Guarani na versão ambulância.
A autorização era dada como certa por fontes do MD e MRE e pode ter sido travada após o fracasso da visita de Lula a Hiroshima, durante reunião do G7. Ainda não se sabe se houve uma ordem expressa do Governo Brasileiro.
O Editor
Matéria original:
Durante a visita de Celso Amorim à Ucrânia ele informou ao presidente Volodymir Zelensky de que “não haveria óbices” para a exportação das viaturas blindadas 6×6 Guarani, fabricados no Brasil.
Segundo fontes do Itamaraty, o primeiro-ministro da Holanda Mark Rutte afirmou que a assinatura do contrato para a compra de cinco KC-390 da EMBRAER dependeria da mudança de postura do Brasil em relação a guerra na Ucrânia e a autorização de venda das viaturas blindadas. (A posição brasileira também poderá comprometer outras vendas internacionais em negociação.)
Durante entrevista coletiva com o primeiro-ministro holandês, Lula chegou a dizer a um jornalista que a solicitação da Ucrânia por blindados Guarani na versão ambulância era fake news, sendo que o documento oficial havia sido protocolado no Ministério da Defesa havia quase duas semanas.
Os blindados Guarani poderiam ser pagos pelos governos dos EUA, Itália, Alemanha, França e Suécia; países que fornecem material militar ao Brasil e possuem grandes contratos militares em andamento. O Guarani é um veículo competitivo no mercado internacional devido ao seu valor de venda ser relativamente baixo se comparado aos principais concorrentes e ter uma proteção básica que garante a sobrevivência naquele Teatro de Operações, e no caso da exportação para Ucrânia, viriam equipados com rádios e sistemas de comunicação fabricados no Brasil e poderia ser entregues com urgência com unidades das encomendas e estoques que o Exército Brasileiro tem para receber.
Tanto o Exército Brasileiro quanto Ministério da Defesa enxergam de forma positiva a exportação do Guarani. Resta uma decisão final que deverá ser anunciada nos próximos dias.
O futuro da indústria de defesa brasileira depende dessa exportação. Uma fonte do Itamaraty disse que os europeus, que veem a invasão russa como a maior ameaça à paz e a estabilidade na Europa desde o fim da Segunda Guerra Mundial, planejam somente a retomada das negociações para o acordo União Europeia- Mercosul, após a concretização do negócio. A mensagem dos sócios europeus é clara. Quando existe uma ameaça existencial a civilização europeia e a violação da Carta Magna das Nações Unidas, da qual o Brasil é signatário, não existe neutralidade. Ou o Brasil compreende e apoia a vítima Ucrânia e a Europa, ou estará do lado do agressor.
Na arena externa, Lula foi eleito graças ao apoio do presidente dos Estados Unidos Joe Biden e das principais lideranças europeias, como Olaf Schols e Emanuel Macron. Sem o apoio deles, Lula vai isolar o Brasil e seu governo e poderá ser visto como um traidor do ideal democrático que esses países representam. A situação do Brasil e do próprio presidente na área internacional ficaria difícil, sem saída. Esse é o dilema dos blindados e seu simbolismo, tanto para Lula quanto para política externa brasileira.
Duas perguntas ainda permanecem sem resposta pelo governo brasileiro:
A primeira é porque as gestões petistas deixaram a Rússia armar a Venezuela e quebrar o balanço do poder regional, colocando as forças armadas brasileiras em situação de fragilidade tecnológica e operacional, sobretudo na região amazônica.
A segunda pergunta, feita por um diplomata ucraniano, perguntando se a Amazônia fosse invadida por uma potência estrangeira, se o Brasil resistiria e se defenderia ou aceitaria negociar a perda do território em troca da paz. A pergunta nunca antes feita por um diplomata estrangeiro foi sentida como uma pressão numa ferida aberta. A reposta do governo brasileiro poderia abrir um processo de impeachment contra o presidente, e colocaria em risco sério a segurança nacional brasileira. Mais fácil para o governo seria responder como se deve: o Brasil é um país soberano e seu território é inviolável, e protegido pelas Forças Armadas.
Surge uma terceira pergunta: após o resultado desastroso para a diplomacia brasileira da participação do presidente Lula na reunião do G7 – 2023, Hiroshima: qual o curso de ação do Planalto?