Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
quinta-feira, 29 de julho de 2010
Ditadura militar-governo do PT: tudo a ver - o mesmo projeto do Brasil Grande Potencia
Será que o DNA dos dois grupos combinam?
Deixa eu ver: o mesmo espírito autoritário, a mesma vontade de aplastar os inimigos e afastar os óbices que se interpõem no caminho da grandeza, a mesma vocação para afirmar o Brasil grande potência, a mesma definição unilateral em favor da liderança regional e de um grande papel mundial, essa coceira danada para interferir em todos os assuntos da agenda mundial, mesmo naqueles que não têm a ver, diretamente, com os interesses nacionais, a mesma sensação de onipotência, talvez até de onisciência.
Pois é, parece que o projeto do PT é reproduzir o Brasil da era da ditadura militar, talvez uma ditadura civil, mas uma ditadura, ainda assim.
Vejam bem o que fellor traveller do PT disse: "O Brasil não tem a opção de ser uma potência média." Vai ver que é isso: passar de país em desenvolvimento (o que ainda é aceito por todos eles) a grande potência é um mero passito, fruto da vontade unilateral.
Basta querer, e se impor sobre os outros e as barreiras...
Esse pessoal não se corrige. O gene autoritário é de nascença...
Tem também aquela atitude de "menino birrento", sempre procurando briga com os grandes, como escrito na matéria: "...foi esse o caminho que o país escolheu a partir do governo Lula: a opção por "desobedecer" às potências mundiais..."
Parece que é isso: basta desobedecer às potências imperiais que a política externa se define assim mesmo: pela capacidade de dizer não. Pessoal contraditório esse...
Mas, não para por aí: parece que em relação à Venezuela, a assessoria presidencial "ajudou a frear a monumental confusão instaurada no país". Justo: depois da nossa ajuda a Venezuela melhorou muito, e está cada vez mais democrática. Nada de estranho: o critério democrático é o do PT, ou seja, dos cubanos...
Imaginem se a gente iria permitir um reles golpe de Estado em Honduras: não, de forma alguma, a solução ali era apoiar o projeto chavista, amplamente democrático...
Leiam, divirtam-se...
Paulo Roberto de Almeida
Política externa: De novo no palco
Thiago Camelo
Ciência Hoje On-line, 28.07.2010
Em evento promovido pelo Instituto Ciência Hoje na Reunião Anual da SBPC, cientista social fala com otimismo sobre a política externa brasileira nos oito anos do governo Lula
No Irã, na Bolívia, Venezuela, Colômbia, Suíça, em Honduras. O mundo ouviu falar do Brasil nos últimos anos. Oposição e situação concordam aqui: nos anos do governo Lula, seja pelo carisma e pela história do presidente, seja pela competência de quem comanda a política externa, o país atingiu novo patamar diante dos olhos estrangeiros.
- Nós sempre estaremos insatisfeitos. Mas não podemos desconhecer os avanços do país. O mundo não desconhece o que o Brasil vem realizando no plano da política externa.
A afirmação acima é do cientista social e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Sebastião Velasco e Cruz. Ele esteve no evento promovido pelo Instituto Ciência Hoje na reunião anual da SBPC.
Apresentado à plateia por Renato Lessa, Velasco e Cruz falou por quase uma hora, sem interrupção, sobre a política externa do Brasil contemporâneo. E a frase final do cientista social dá o tom de toda a sua palestra: "Otimismo é uma atitude. E eu sou otimista."
Oito anos de mudança
De fato, a visão de Velasco e Cruz sobre o rumo que o país tomou é otimista. Para ele, passada a terrível crise econômica da década de 1980 e a retomada da estabilidade financeira da década de 1990, com o Plano Real, havia a necessidade de afirmação internacional.
- O Brasil não tem a opção de ser uma potência média. Se for assim, seremos derrotados pelo nosso empenho. A única opção é avançar. Resolver os problemas sociais e econômicos - diz Velasco e Cruz. E complementa. - Se fizermos isso, pelo tamanho e pelas características do país, seremos um protagonista do cenário internacional.
Segundo Velasco e Cruz, foi esse o caminho que o país escolheu a partir do governo Lula: a opção por "desobedecer" às potências mundiais - caso fosse necessário - em nome de interesses internos. Cita, como exemplo dessa defesa do país, o rechaço às negociações de uma Área de Livre Comércio das Américas (Alca).
- Esse governo tem a capacidade de dizer não. E também tem a disposição de se manifestar nas questões atuais, como no caso do Irã.
Cronologia de eventos-chave
Para Velasco e Cruz, algumas ações do governo Lula marcam essa vontade de estar no centro das decisões mundiais. A primeira delas, ainda no primeiro mandato - em 2002 -, teria servido como uma espécie de carta de intenções: no auge de uma crise que poderia colocar a Venezuela em guerra civil, o Brasil se posicionou e, com a mediação do assessor especial da presidência da República Marco Aurélio Garcia, ajudou a frear a monumental confusão instaurada no país.
Em 2003, foi a vez de ser contrário - de modo oficial - à invasão norte-americana ao Iraque. No mesmo ano, uma nova rodada na Organização Mundial de Comércio (OMC), realizada em Cancún (México), mostrou que o Brasil não aceitaria as mudanças propostas pelas grandes potências.
- Naquele momento, foi a consolidação do G20, que mostra a força dos países emergentes - explica Velasco e Cruz.. - Índia e Brasil se apresentaram como novas potências mundiais, capazes de discutir questões cruciais da geopolítica do planeta.
Daí em diante, houve uma sucessão de fatos que, segundo o cientista social, teriam sido consequências dessas ações do primeiro mandato. A intervenção no golpe em Honduras ou a negociação da questão do petróleo na Bolívia, por exemplo, seriam parte de um mesmo pensamento: o plano de um país grande.